terça-feira, 14 de setembro de 2010

Morar na casa do amor

       "Esta é uma imagem muito particular para o amor. Ele não é somente um sentimento que logo desaparece, mas um espaço no qual se pode permanecer. Não obstante, Jesus também indica a condição para a permanência neste amor: "Se seguirdes meus mandamentos, permanecereis no meu amor" (Jo 15,10).
       Não podemos desfrutar sozinhos do amor de Deus, mas precisamos deixá-lo fluir para outras pessoas. Caso contrário ele é interrompido, acabando seu espaço de ação. O amor de Jesus não retém, como muitas vezes nosso amor o faz; ele doa. Por um amor assim, que liberta e entrega, que por nós morre e se dá sem limites, aspiramos na profundeza de nosso coração.
       Diante do Cristo crucificado sentimos que somos incapazes de amar de verdade. Nosso amor muitas vezes se mistura com o desejo de "ter o outro para nós", de possuí-lo. Queremos segurá-lo para que jamais nos abandone, não percebendo como lhe tiramos o ar de que precisa para respirar, como lhe roubamos a possibilidade de continuar se desenvolvendo, a fim de que possa se tornar ele mesmo. Queremos, muitas vezes, moldar a pessoa amada e coagi-la a entrar na forma que nos parece mais aprazível.
       O gesto da cruz expressa o contrário: é um amor que nos permite ser livres; que nos convida a deixarmos ser abraçados, mas que também nos deixa soltos para trilhar nosso próprio caminho em liberdade."
Anselm Grün, in Abrigo dos Sábios.

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