quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Paradoxos vivos

Como bem, mas sinto fome
        porque há um ser humano que está faminto.
Bebo água fresca, mas tenho a garganta seca
        porque há um ser humano que está sedento.
Posso sorrir, mas soltam-se-me as lágrimas
        porque há um ser humano profundamente triste.
Tenho um corpo são, mas sinto-me mal
        porque há um ser humano que está doente.
Tenho boa visão, mas encontro-me na escuridão
        porque há um ser humano que está cego.
Tenho uma mente esclarecida, mas as ideias fogem-me
        porque há um ser humano que é analfabeto.
Tenho amigos, mas vivo a solidão com angústia
        porque há um ser humano que está abandonado.
Tenho mais que uma casa, mas sinto-me à intempérie
        porque há um ser humano sem abrigo.
Procuro a pureza, mas sinto-me culpado
        porque há um ser humano refém do pecado.
Sou livre, mas é como se as minhas janelas tivessem grades
        porque há um ser humano encarcerado.
Visto-me segundo a moda, mas sinto-me coberto de trapos
        porque há um ser humano que está nu.
Desfruto da comodidade, mas não tenho descanso
        porque há um ser humano necessitado.

Myrtle Householder, in Cristo Jovem

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