sábado, 22 de janeiro de 2011

III Domingo do Tempo Comum - 23/Janeiro

       1 – "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz se levantou. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento... Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor".
       O texto de Isaías, proclamado na primeira leitura é assumido no Evangelho de Mateus, que nos diz que "assim se cumpria o que o profeta Isaías anunciara". Jesus toma conhecimento que João Baptista foi preso. Deixa a Galileia, sai de Nazaré e vai habitar em Carfarnaum, cumprindo os desígnios proféticos.
       Como vimos nos domingos anteriores, o Baptismo de Jesus inaugura um tempo novo, a missão de João Baptista, como preparação, dá lugar ao acontecimento, o Reino de Deus no meio de nós, em Jesus Cristo, o Ungido do Senhor, o Messias de Deus.
       Os evangelistas mostram-nos esta passagem de testemunho, de João para Jesus, do Precursor para o Filho de Deus. Na expressividade de João evangelista, a indicação clara: Eis o Cordeiro de Deus... é Ele o Filho de Deus... Em Mateus, a informação da prisão do Baptista é mais um sinal impulsionador da hora de Jesus Cristo. Doravante deixará o seu retiro de Nazaré, a família mais estrita, humana, para fazer da Sua casa as diversas terras por onde passará a pregar o reino de Deus, na assimilação da família de Deus, formada por todos, a começar pelos excluídos da sociedade, da política e da religião.

       2 – O centro do Reino de Deus é Jesus Cristo. Aliás, para nós crentes cristãos, o Reino de Deus é o próprio Jesus Cristo. Com Ele, chega até nós o Reino de Deus, reino de verdade, de justiça e de amor. A pregação de Jesus centraliza a chegada do Reino de Deus, num convite permanente à conversão: "Desde então, Jesus começou a pregar: «Arrependei-vos, porque o reino de Deus está próximo»... ". Só desta forma é possível reconhecer a presença de Jesus Cristo no mundo, na palavra de Deus, na Sua Igreja, nos Sacramentos.
       O caminho do cristão é Jesus Cristo.
       Para chegar a Cristo, o cristão assumirá uma atitude de arrependimento e conversão permanentes. O orgulho e auto-suficiência afastam-nos dos outros e do Outro, que para nós, em Jesus Cristo, é o Totalmente Próximo.
       A humildade e a conversão conduzem-nos a Deus, abrem-nos as portas da eternidade, possibilitam o diálogo, a partilha e a comunhão com o nosso semelhante, na certeza que nesse encontro se dá o enriquecimento mútuo e o reconhecimento da presença de Deus. Cada irmão é rosto do Deus Altíssimo. Cada um de nós poderá testemunhar a alegria e esperança de Deus em nós.
       3 – No acolhimento à Mensagem de Jesus, tornar-nos-emos, levando a sério o que escutámos, mensageiros de Jesus Cristo, vivendo da Sua vida, procurando que actue em nós e através de nós. Somos por Ele chamados e enviados. Como reflectíamos nos domingos anteriores, o baptismo dá lugar ao chamamento, dá lugar à missão. O que vale para Jesus Cristo, vale para cada um de nós.
       Assim, com a força do Espírito Santo, Jesus passará de uma a outra terra, pregando, anunciando a Boa Nova de que Deus nos ama. Entretanto, chama os Seus Apóstolos, os Seus discípulos, daquele e deste tempo, para que a Sua missão continue a frutificar através dos tempos, através das gerações.
       No Evangelho vemos como Jesus "convida" ao seguimento: "Disse-lhes Jesus: «Vinde e segui-Me e farei de vós pescadores de homens»..."
       No mar revolto, daquele e deste tempo, os discípulos de Jesus são pescadores de homens, serão ocasião de salvação, instrumentos ao serviço do Evangelho de Jesus. Com a palavra e com a vida, podem e devem, ou melhor, podemos e devemos, fazer com que a agitação das águas não leve, uns e outros, ao fundo do mar, pelo contrário, mesmo na agitação mais feroz, sejamos trampolim para que o nosso semelhante encontre em Jesus Cristo a terra firme que procura, por vezes, às apalpadelas.

       4 – A nossa missão não é individual. Cada um, dando o melhor de si, poderá contribuir para que a presença de Deus nas nossas vidas, no mundo actual, seja mais significativa. Mas como parte de um todo. Juntos, somos mais fortes, animámo-nos na caridade de Deus, fortalecemo-nos mutuamente na fé que recebemos, espelhamos mais facilmente a esperança que Deus nos dá em Jesus Cristo pelo Espírito Santo, que nos habita e que habita a Igreja.
       As palavras de São Paulo, na segunda leitura para hoje, são disso testemunho e desafio: "Rogo-vos, pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma linguagem e que não haja divisões entre vós, permanecendo bem unidos, no mesmo pensar e no mesmo agir" (segunda Leitura).
       Se fomos baptizados pelo mesmo Espírito, no mesmo Baptismo de Jesus, então também vivemos e anunciamos o mesmo Cristo, o mesmo Espírito de Amor.
       Num mundo dilacerado pela discórdia, presente também nas comunidades cristãs, a Igreja deverá assumir-se cada vez mais como rosto da Unidade de Deus, que em Três Pessoas, vive a plena comunhão de vida e de amor. A Igreja nasce da Trindade e desemboca na mesma Trindade.
       Mais uma vez a urgência da conversão, não a esta ou àquela verdade, mas a conversão sincera a Jesus Cristo, morto e ressuscitado. A nossa comunhão em Cristo, une-nos a todos os que d'Ele se aproximam com fé.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 8,23-9,3; 1Cor 1,10-13.17; Mt 4,12-23

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