sábado, 3 de setembro de 2011

XXIII Domingo do Tempo Comum - 4 de Setembro

       1 – Ouçamos as doutas palavras de São Paulo: "Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei".
       Num dos diálogos com os doutores da lei, os especialistas da religião judaica, Jesus deixara claro que o maior dos mandamentos é amar a Deus sobre todas as coisas, colocar Deus sempre em primeiro lugar, antes e acima de tudo, e em todas as escolhas, e ao próximo como a si mesmo. Estes dois mandamentos contêm e resumem toda lei e os profetas, todos os preceitos necessários para viver na fidelidade à palavra/vontade de Deus.
       Não é necessário inventar nada. Está tudo nestes dois mandamentos.
       É nesta linha que escutamos o Apóstolo a desafiar-nos para que a nossa única dívida seja o amor, a caridade. Quem ama cumpre toda a lei. Toda a Lei, no que diz respeito à nossa relação com os outros, consiste na caridade, em amar-nos uns aos outros, tendo como referência e modelo o próprio Jesus Cristo.

       2 – A caridade, o amor ao próximo, concretiza-se no perdão, na solidariedade, na partilha, na delicadeza para com aqueles que nos rodeiam.
       Como tantas vezes se acentua, não basta amar os que estão a milhas de distância, ainda que muitas vezes sejamos chamados a solidarizar-nos com ajudas monetárias, mas importa amar os que estão perto de nós, que fazem parte das nossas relações familiares, profissionais, sociais. É aqui que se testa o nosso amor.
       É sempre demasiado fácil amar os que não nos incomodam, os que nos são indiferentes, os que não conhecemos. Amar os que nos podem contrariar e contradizer, os que são diferentes de nós e no entanto convivem connosco, em casa, no trabalho, na comunidade, já se torna mais difícil e sobretudo amar aqueles que nos incomodam, de quem não gostamos tanto. É um desafio permanente para os seguidores de Jesus.
       Diz-nos Jesus: "Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano".
       O mesmo escutamos na primeira Leitura: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte»".
       Não devemos desistir de perdoar, e de tentar conciliar-nos com os irmãos, uma e outra vez, e outra vez. Não demos o caso como perdido à primeira contrariedade. E veremos como é saudável apostarmos positivamente nos outros. Faz-nos bem à saúde.
       3 – Obviamente que a vivência da caridade não é um capricho ou uma escolha acessória para a nossa vida de cristãos, é um compromisso que assenta no seguimento de Jesus Cristo, procurando, em tudo, e em todas as circunstâncias, imitar Aquele que amamos e seguimos, Aquele que nos identifica como comunidade, como Igreja. Somos, cada um a seu modo, parte integrante do Corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja. Pertencemos-Lhe, somos cristãos, somos d’Ele, o Cristo. Ele faz parte de nós. É como o sangue que circula nas veias e que nos mantém vivos. Assim há-de circular em nós a vontade de Deus, a postura de Jesus Cristo, a disponibilidade de dar a vida pelos outros. Será isso que nos mantém como pedras vivas.
       Ressoa, destarte, a palavra de Deus que devemos escutar e acolher em nosso coração, na nossa vida. A Palavra de Deus é alimento, é luz que nos guia para Ele, é dinamismo que nos aproxima dos outros e de Deus. "Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações»".
       A escuta da Palavra de Deus conduz-nos à oração, à intimidade com Ele e com os outros. É na oração que nos tornámos comunidade: "Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles».
       Daí a insistência na oração, na medida em que nos abre o coração para Deus e para os outros e nos prepara para escutar a palavra de Deus, iluminando-nos para cumprirmos com fidelidade a Sua vontade.

Textos para a Eucaristia (ano A): Ez 33,7-9; Sl 94 (95); Rom 13,8-10; Mt 18,15-20.

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