terça-feira, 22 de novembro de 2011

África, Portugal, o Papa e o mundo

Ainda que o português não seja uma língua oficial da ONU (...), Bento XVI deu em África um contributo inquestionável para a sua divulgação e afirmação internacional
 
 
        Bento XVI foi ao Benim levar uma mensagem de esperança num continente que ainda não aprendeu a confiar nas suas próprias capacidades e no potencial que tem para participar ativamente na construção de um novo mundo – embora esse estado de coisas seja mantido, também, por pressões externas, de quem lucra com o subdesenvolvimento e o amesquinhamento dos africanos.
       Relativamente ignorada pelos media nacionais, a visita confirmou o português como uma língua da Igreja, particularmente em África, onde o testemunho de milhares de missionários foi homenageado pelo Papa.
       O Benim conserva ainda uma fortaleza portuguesa, precisamente numa das duas cidades que foram visitadas, na ‘costa dos escravos’, memória histórica daquilo que, de pior, a humanidade é capaz, mas, acima de tudo, um alerta para as novas escravaturas e formas de colonialismo (incluindo o dos mercados) a que o novo documento papal – um verdadeiro mapa para o futuro da Igreja africana – aludiu.
       Ainda que o português não seja uma língua oficial da ONU, por enquanto, Bento XVI deu em África um contributo inquestionável para a sua divulgação e afirmação internacional. O Benim - berço do vudu, como foi por várias vezes designado -, recebeu o Papa com o respeito devido aos mais velhos, nas culturas africanas, como um sábio que trouxe palavras de paz e apelos à reconciliação, essenciais para que o futuro possa ser diferente das guerras e crises que marcaram a África pós-independências.
       O clima foi, em vários momentos, muito semelhante ao célebre mundial de futebol da África do Sul (o das vuvuzelas), com cantos e manifestações constantes de quem esperava para ver Bento XVI, nem que fosse de passagem.
       A resposta do Papa, que valorizou por diversas vezes a “tradição” africana, esteve à altura das circunstâncias e pode servir como ponto de referência para um diálogo nem sempre bem conseguido com a modernidade, que saiba promover a interculturalidade e a coexistência pacífica entre os povos de África, com as suas várias religiões.

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