segunda-feira, 19 de março de 2012

A casa de José é o lugar onde os afetos...

       ... antes que fossem viver juntos... 
       A casa que não é apenas habitação, mas também lugar onde acontecem os eventos decisivos da vida.
       Os factos mais importantes da vida não são alguns acontecimentos «extra-ordinários», mas quando nos sentimos tocados pelos outros. E é mais do que estar simplesmente próximo.
       Quem te toca entrou em ti; doravante, tu hospeda-lo em tua casa; mas ele traça sulcos, trabalha o teu terreno, extirpa raízes, dá sementes, solicita e desperta as nascentes da vida. Somente aqueles que te tocam estão em condições de mudar a tua vida. fazer casa é deixar-se tocar pelo outro e tocá-lo. Fazer casa significa construir comunicação e ternura, gerar futuro juntos.
       Porque este é o sonho de Deus: que ninguém esteja só na vida e que nenhuma casa esteja sem festa no coração. Esta é a bênção para toda a terra, que queiramos e nos queiram bem, pessoa a pessoa, coração a a coração, casa por casa, até envolver a cidade inteira do homem. É este o milagre que devemos implorar sempre: estender ao nível de massa as relações calorosas e perfumadas da família...
        Em casa, Deus perpassa por ti, toca-te. Fá-lo nu, dia em que estás ébrio de alegria e de amor que dizes às criaturas que amas palavras torais, absolutas e que se querem eternas; toca-te num dia de lágrimas, no abraço do amigo, ou quando no deserto do sempre-igual, esbarra contigo de modo inaudito.
       A casa de José é o lugar onde os afectos e a dimensão emocional toda inteira podem ser vividos e permutados de modo mais livre e adequado. A dimensão emocional é fundamental para o equilíbrio da pessoa, necessária para a alegria de viver, para experimentar o humilde prazer de existir. Porque o homem, sozinho, é levado a duvidar de si mesmo.

ERMES RONCHI, As casas de Maria

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