sábado, 18 de agosto de 2012

XX Domingo do Tempo Comum - B - 19 de agosto

       1 – O maior DOM de Deus à humanidade é JESUS CRISTO. Deus faz-Se homem no seio da Virgem Imaculada, pela graça do Espírito Santo, e assume a nossa humanidade, no tempo e prepara-nos para a eternidade.
       Ele é o pão que desce do Céu. E o pão que Ele nos dá é a Sua carne, o Seu Corpo, a Sua vida por inteiro. Retomando o Salmo 40, a epístola aos Hebreus ilumina o DOM que é o Corpo de Jesus. “Tu não quiseste sacrifício nem oferenda, mas preparaste-me um corpo. Não te agradaram holocaustos nem sacrifícios pelos pecados. Então, Eu disse: Eis que venho... para fazer, ó Deus, a tua vontade... Suprime, assim, o primeiro culto, para instaurar o segundo. E foi por essa vontade que nós fomos santificados, pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre” (Heb 10, 1-10).
       O cordeiro pascal agora é Jesus Cristo, que Se sacrifica pela humanidade inteira e de uma vez para sempre. Não mais holocaustos ou sacrifícios de animais, mas CRISTO.
       Adensa-se o clima.
“Os judeus discutiam entre si: «Como pode ele dar-nos a sua carne a comer?»… «Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós… A minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e eu nele... Este é o pão que desceu do Céu; não é como o dos vossos pais, que o comeram e morreram: quem comer deste pão viverá eternamente»”.
       Ele dá-nos o Seu corpo, a Sua vida, para nossa salvação, para que tenhamos a vida em abundância, até à vida eterna.

       2 – A primeira leitura convida ao alimento, que é corporal, mas que aponta para o mundo espiritual, um pão que sacia a fome e que anima o espírito para caminhar.
“A Sabedoria edificou a sua casa e levantou sete colunas. Abateu os seus animais, preparou o vinho e pôs a mesa. Enviou as suas servas a proclamar nos pontos mais altos da cidade: «Quem é inexperiente venha por aqui». E aos insensatos ela diz: «Vinde comer do meu pão e beber do vinho que vos preparei. Deixai a insensatez e vivereis; segui o caminho da prudência»”.
       Atente-se na clareza do texto: o pão (e o vinho), símbolo de todo o alimento, não é apenas pão, é mais que pão. Releia-se: Vinde comer... deixai a insensatez e vivereis, segui o caminho da prudência!
       O alimento que Deus nos dá há de orientar-nos para o bem, dando sentido às nossas escolhas, fundamentando a nossa esperança, cuidando do nosso peregrinar.
       Nos domingos anteriores, as primeiras leituras, retiradas do Antigo Testamento, apresentavam o alimento como dom de Deus, que dá o pão e o ânimo (alma). Eliseu, reza sobre os pães e distribuiu-os pelos presentes, e do pouco pão se multiplica para muitos, relembrando a passagem do Evangelho da multiplicação dos pães. O povo que caminha pelo deserto é atendido nas suas murmurações, e Deus dá-lhe alimento, o maná e as codornizes, o pão descido do céu. O povo, na certeza que Deus o escuta, caminha doravante mais confiante. Elias, que vagueia pelo deserto, desanimado, pedindo a morte a Deus, é surpreendido pela presença do Anjo do Senhor, que o desperta, lhe oferece o alimento e o desafia a caminhar.

       3 – Nestes domingos que temos vindo a escutar o quarto evangelho, Jesus apresenta-Se despudoradamente como o PÃO da VIDA, o verdadeiro alimento que vem de Deus. É a água que sacia. É o Pastor que guarda, protege e guia. É o pão descido do Céu. E o pão que nos dá é a Sua carne, o Seu sangue, o Seu corpo, a Sua vida por inteiro.
       E se verdadeiramente O acolhemos como alimento, todo o nosso ser se abrirá à Sua graça infinita. Não estamos sós. Nunca mais. Ele está connosco. Do nosso lado. Veio para ficar. Deixa-nos o Seu corpo, a Sua vida. Não Se divide em dois, nem no tempo nem na eternidade. Não se reparte em metades, uma junto de Deus e outra junto de nós. Ele está realmente nos Sacramentos e especialmente no Sacramento da Caridade, na Eucaristia, neste memorial de vida eterna.
       Uma comparação entre a presença de Cristo na cruz e na Eucaristia, que nos foi relembrada numa recente pregação, pode ajudar-nos a compreender o grande mistério do Pão que se nos dá como Corpo de Cristo. Nos crucifixos vemos Jesus Cristo mas Ele não está (o crucifixo é apenas uma imagem). Na Eucaristia não Se vê mas Ele está realmente presente, como o está nos outros Sacramentos, pela força do Espírito Santo.

       4 – Se verdadeiramente acolhemos Jesus Cristo como o verdadeiro Pão que Deus nos dá, ALIMENTO de salvação, então a nossa vida muda. Muda como quando gostamos de alguém e queremos ser-lhe agradáveis, fazendo muitas vezes não o que mais gostamos e nos é mais fácil, mas o que sabemos ser do agrado da pessoa amada, que queremos fazer feliz. É isso que define e autentica o amor. Não amo o outro para ele me fazer feliz, mas quando amo o outro tudo faço para que ele seja feliz.
       A Palavra de Deus faz-nos passar rapidamente do alimento para o compromisso. Comemos para trabalhar. Alimentamo-nos para vivermos, para caminharmos. Em sentido espiritual, o alimento que é Cristo há de levar-nos a agir como Ele agiu, a amar como Ele amou, a sermos parte do Seu Corpo, a darmo-nos como Ele Se nos deu.
       “Guarda do mal a tua língua e da mentira os teus lábios. Evita o mal e faz o bem, procura a paz e segue os seus passos”. Como no Salmo, saboreamos a presença de Deus em nós e, por conseguinte, evitamos todo o mal e perseguimos todo o bem.
       Do mesmo jeito, o apóstolo São Paulo, mostra-nos como nos configurarmos ao Corpo de Cristo, que é a Igreja e do qual somos membros:
“Não vivais como insensatos, mas como pessoas inteligentes. Aproveitai bem o tempo, porque os dias que correm são maus… procurai compreender qual é a vontade do Senhor. Não vos embriagueis… mas enchei-vos do Espírito Santo,… dando graças, por tudo e em todo o tempo, a Deus Pai, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”.
       O alimento corporal é essencial, mas essencial é também a vida, a graça de Deus, a sabedoria, a companhia, a beleza, a presença dos irmãos, sentirmo-nos parte de algo maior e mais duradouro. Como é bom e belo e agradável sermos Corpo de Cristo.

Textos para a Eucaristia (ano B): Prov 9,1-6; Sl 33 (34); Ef 5,15-20; Jo 6,51-58.

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