quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Solenidade de Todos os Santos - reflexão Pe. João Carlos

       A comunhão dos santos ocupa um lugar muito importante na liturgia da Igreja. Já desde o século V que se faz a memória dos santos na oração eucarística e ao longo do ano em todas as paróquias se fazem festas aos patronos ou se celebra a memória de santos particularmente ligados à devoção de cada comunidade.
       Contudo, ao longo dos tempos, numerosas pessoas simples e humildes deixaram àqueles que viveram à sua volta o testemunho autêntico e admirável da santidade. É justo celebrá-los ao lado daqueles que estão inscritos na lista das canonizações.
       A liturgia celebra o Deus três vezes santo rodeado de todos os eleitos santificados pela sua graça. Cada um não reflete senão uma parte ínfima da santidade infinita de Deus. A adoração de Deus é o centro da celebração de todos os santos e a solenidade faz-nos tomar consciência da multidão de todos os resgatados que nos precederam e do mundo invisível que nos espera. Por solidariedade, eles intercedem por nós.
       A Vida dos santos tem um valor pedagógico, ela encaminha-nos para Cristo. Os santos são o evangelho encarnado. O mistério da Igreja é a comunhão fraterna que existe entre os vivos e os mortos através da oração e dos sacramentos. Nós formamos um só corpo do qual Cristo é a cabeça. Que a intercessão e o exemplo dos santos nos ajudem a libertar o santo que se esconde em nós como um bloco de mármore, ainda não esculpido, que o amor de Deus quer cinzelar para que apareça a sua imagem.
       Celebramos a Solenidade de Todos os Santos no início do Ano da Fé que, fazendo memória do cinquentenário do início do concílio Vaticano II, nos convida a aprofundarmos a nossa fé, revisitando os artigos do Credo que nos pede que reafirmemos que acreditamos na ressurreição da carne e na vida que há de vir. Por isso, o mesmo Concílio afirma na Constituição Lumem Gentium:
“Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho” (LG 11).
       Ou seja, o Vaticano II lembra que a santidade é um caminho acessível a todos (é um direito) e, mais adiante, afirma que desde o batismo todos somos chamados (é um dever) à santidade:
“A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é indefetivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o Espírito o único Santo, amou a Igreja como esposa, entregou-se por ela, para a santificar (cf. Ef. 5, 25-26) e uniu-a a Si como seu corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para Glória de Deus. Por isso, todos na Igreja são chamados à santidade (LG 39).
       A Solenidade de todos os Santos é inseparável da comemoração dos defuntos. A primeira celebração é vivida na alegria; a segunda está mais ligada à recordação daqueles que amamos. Não devemos nunca esquecer que o céu eternizará todos os atos de amor e de serviço que os homens cumpriram neste mundo. Sempre que os homens se convertem e fazem obras de justiça, de liberdade e de respeito pelos outros, o Reino de Deus deixa-se já ver e antecipa a pátria eterna para onde todos caminhamos.

Pe. João Carlos

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Editorial Boletim Voz Jovem - outubro 2012

       No fim de semana de 13 e 14 de outubro iniciámos o ANO DA FÉ na nossa comunidade paroquial, tendo sido inaugurado no Vaticano, pelo Papa Bento XVI, no dia 11 de outubro, 50.º aniversário da abertura do Concílio Ecuménico Vaticano II e 20.º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, durante a XIII assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, entre 7 e 28 de outubro, sobre a “Nova evangelização para o transmissão da fé cristã”, no qual participa D. António Couto.
       Ao lema pastoral proposto pelo nosso Bispo, acrescentámos, como sufixo, a companhia de Maria. É a nossa padroeira. Será sempre a referência fundamental deste pedaço de Igreja em Tabuaço, sabendo que a Festa da Imaculada Conceição é um dos momentos mais extraordinários de vivência comunitária da fé cristã, com a novena e o dia da festa, com a solene Eucaristia e a Procissão por algumas das ruas da nossa paróquia. É nossa padroeira. É padroeira de Portugal. É padroeira/madrinha dos Bombeiros Voluntários de Tabuaço.
       Sem grande esforço concluímos que Ela sempre caminha connosco, aponta-nos para Jesus Cristo, Seu Filho – Fazei o que Ele vos disser –, é-nos dada por Mãe, somos-lhe entregues como filhos, no alto da Cruz – Eis o teu filho, eis a tua Mãe – (Jo 19, 26-27). Se até ao momento da Cruz, Maria é Mãe de Jesus e modelo de acolhimento da vontade de Deus, depois da morte e ressurreição Ela torna-se a Mãe de todos os crentes, guardiã da esperança e da unidade. É à volta da Mãe que os apóstolos perseveram unidos à espera do Messias morto, e que voltará. Sem Ela seria o descalabro. Desta hora em diante, como discípulos amados do Senhor, levemo-l’A connosco, para casa, para a vida. Deixemos que Ela nos envolva e nos invada com o Seu olhar de Mãe. Fixemo-nos, como Ela, no olhar de Jesus. Vivamos, como Ela, alimentados pelo Espírito de Deus. Confiemos, como Ela, em Deus que é Pai, ainda que vivamos momentos dolorosos.
       Vamos juntos construir… Depois da Visita Apostólica de Bento XVI a Portugal, a Conferência Episcopal lançou um desafio: “Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal”. Diz o nosso Bispo, D. António Couto, na Carta Pastoral que nos é dirigida, e a toda a Diocese de Lamego:
“Convoco todos os Padres e toda a Diocese para abrirmos de par em par as portas da escuta qualificada da Palavra de Deus, da formação, da fração do pão, da comunhão e da oração. Escolas de fé, acolhimento, formação da fé, vivência e transmissão da fé constituem o grito que mais se levantou no chão eclesial aquando da auscultação das pessoas no processo sinodal «Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal» (n.º 8).
       E juntos vamos construir uma CASA comum, a Casa da Fé e do Evangelho, procurando que cada coração e cada família, cada grupo e cada comunidade, sejam extensão da Casa da Fé e do Evangelho, melhor, sejam parte integrante, ramificações do CORAÇÃO de Jesus que pulsa em nós.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tabuaço: Plano Pastoral Paroquial

       O Papa Bento XVI propõe a toda a Igreja a vivência do ANO DA FÉ, com início no dia 11 de outubro de 2012, 50.º aniversário do início do Concílio Vaticano II e 20.º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e com o seu termo no dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo REI do Universo.
       Cada Diocese procurará responder ao desafio do Bento XVI, enquadrando o ANO da FÉ nos planos pastorais respetivos.
       A DIOCESE de LAMEGO, enquadra o Ano da Fé, a Nova Evangelização, sendo que o nosso Bispo é o respondável da Comissão Epsicopal da Nova Evangelização, partindo do projeto sinodal que a Conferência Episcopal preconiza: "Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal". Para este efeito D. António Couto publicou a Sua primeira CARTA PASTORAL, onde faz o enquadramento da proposta à Diocese: VAMOS JUNTOS CONSTRUIR A CASA DA FÉ E DO EVANGELHO.
“Convoco todos os Padres e toda a Diocese para abrirmos de par em par as portas da escuta qualificada da Palavra de Deus, da formação, da fração do pão, da comunhão e da oração. Escolas de fé, acolhimento, formação da fé, vivência e transmissão da fé constituem o grito que mais se levantou no chão eclesial aquando da auscultação das pessoas no processo sinodal «Repensar juntos a Pastoral da Igreja em Portugal» (n.º 8).
       Na paróquia Nossa Senhora da Conceição, acrescentamos uma nuance à proposa de D. António Couto, propondo a referência fundamental de Nossa Senhora, como Padroeira e guia e intercessora:

COM MARIA VAMOS JUNTOS CONSTRUIR A CASA DA FÉ E DO EVANGELHO

       Abaixo poderá fazer o download da calendarização das atividades pastorais da paróquia, na aberura para Diocese de Lamego e suas atividades.
 
Faça o donwload da calendarização pastoral paroquial: AQUI - FORMATO PDF
ou clique sobre as imagens

domingo, 28 de outubro de 2012

Escola da Fé - CREIO EM DEUS PAI - Pe. Ricardo Barroco

       No dia 26 de outubro, sexta-feira, como previamente divulgado, a "primeira aula" da Escola da Fé, prevista para todos os meses, com acentuação formativa e/ou orante.
       Estando no ANO DA FÉ, respondendo ao desafio do nosso Bispo, D. António Couto, laçamos bases para que estes encontros sejam uma verdadeira escola de fé, aprofundando as razões da nossa fé, motivações para a alegria e para a esperança, rezando a vida, com um Deus que em Jesus nos mostra a face de um Deus meigo, amigo, companheiro, e fazendo a experiência de fé com os outros.
       Os temas, na acentuação formativa, partirão da formulação do CREDO, o que nos identifica como comunidade cristã. O primeiro tema - CREIO EM DEUS PAI.
       Para nos ajudar nesta primeira reflexão/formação, contamos com a presença do Pe. Ricardo Jorge Barroco, que será também o pregador da Novena e Festa da Imaculada Conceição. A novena, como retiro aberto, é também uma verdadeira escola de fé.
       O Pe. Ricardo procurou desmontar as imagens tradicionais de Deus, como bombeiro, como juiz, Deus "General", "Génio da Lâmpada", "Estrela de cinema", Deus "sádico", "Intelectual",... para nos mostrar o Pai e sobretudo Amigo com que Deus é revelado em Jesus. Por outro lado, vincando a urgência das nossas celebrações, e a nossa vida toda, espelhar a alegria da salvação.
       Abaixo algumas imagens deste encontro:
 
Para mais fotografias deste encontro consultar o perfil da:

sábado, 27 de outubro de 2012

XXX Domingo do Tempo Comum - ano B - 28 de outubro

       1 – “Quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho”.
        O paralelismo desta passagem com a do domingo passado é notável, como então sublinhou o nosso Bispo, D. António, na Sua proposta de reflexão dominical:
“É a vez de Tiago e João, que vão no CAMINHO desde o princípio, agora que o CAMINHO se aproxima do seu termo, se aproximarem de Jesus com um estranho pedido. Vão de pé no CAMINHO, mas querem SENTAR-SE em lugares de destaque. O narrador diz-nos que os outros Dez ficaram indignados. Entenda-se: não tanto pelo pedido em si, mas porque também pensavam a mesma coisa, e se viram antecipados”.
       Diz D. António, na mesma reflexão mas apontando para o evangelho deste Domingo: 
“O Cego está sentado (a posição ansiada por João e Tiago e pelos outros dez!) à beira do caminho. Grita porque, sendo cego, é um excluído. Mas aí está o Mestre pró-ativo: PÁRA, descendo ao nível do cego, e CHAMA, incluindo o excluído. Sem hesitação, o cego atira logo fora o manto, que constitui a sua subsistência, a sua vida, e, com um salto, de forma decidida e enérgica, fica no lugar certo, junto de Jesus. Jesus faz-lhe a mesma pergunta que fez a João e a Tiago: «Que queres que Eu te faça?» Resposta óbvia do cego: «Que eu veja!» Ordem de Jesus: «VAI!»
       2 – Se olharmos atentamente para o relato do Evangelho deparamo-nos com um quadro completo, uma luminosa catequese sobre a conversão e o chamamento/seguimento de Jesus.
       O Mestre dos Mestres sai de Jericó em direção a Jerusalém, encaminha-Se para o fim, para o calvário, para a Sua morte, chegará breve o termo do CAMINHO.
       No caminho de Jesus vão muitos, os discípulos e uma grande multidão. Nem todos estão seguros do caminho em que se encontram.
       À beira do caminho, fora do caminho, à margem, sem caminho, descaminhado, um cego, sentado, sem luz, sem orientação, descrente, desiludido. Mais um dos muitos excluídos da sociedade. Há excluídos por que assim o querem e há os excluídos obrigados a serem-no. Tendo alguma enfermidade seria sempre um excluído forçado. Não poderia pôr-se a caminho de Jerusalém. Não entraria no templo sagrado.
       Mas não é uma cegueira definitiva, nele ainda existe uma réstia de esperança, o seu coração ainda não secou completamente. O tumulto que vem lá desperta o seu desejo de caminhar, de se erguer, de ver o dia. O que o inquieta não é tanto o murmúrio que se vai tornando ensurdecedor, mas quem vem lá, Jesus de Nazaré. É a LUZ ao fundo do túnel, tão intensa que ele grita: Jesus, Filho de David, tem piedade. Não formula, não sabe, uma oração muitas vezes repetida e muitas vezes repetida sem alma, grita a sua vida, a sua vontade de ver. Estava longe de todas as convenções sociais, culturais, religiosas. Grita e irrita. Os que rodeiam Jesus sentem-se perturbados e querem fazer com que aquela voz incomodativa desapareça rapidamente.
       Como é diferente a postura de Jesus. Para. Ajusta o Seu CAMINHO para que nele possa também prosseguir o cego e outros que estejam distraídos e/ou excluídos. Não quer que ninguém fique para trás, abre o caminho para todos. Manda chamá-lo. O Seu coração está aberto para acolher aquele e outros gritos.
       3 – A atitude daquele cego provoca-nos. Excluído, sabendo-se chamado por Jesus, cuja inquietação ardia em seu coração, entra em espiral de conversão: lança fora a capa - os preconceitos, o medo de ser exposto, a cegueira em que se encontra –, dá um salto – começa a acreditar, é uma forma de ver, não hesita, aposta em Jesus de Nazaré –, e vai ter com Jesus – abandonou a beira e coloca os pés e a vida no Caminho de Jesus.
       Jesus chama-o e agora envia-o: vai. A cura está no envio e no seguimento. E o cego que agora vê a LUZ que lhe dá Jesus, segue-O como CAMINHO, para Jerusalém.
       4 – Jesus é constituído Sumo-sacerdote a favor de todos e não apenas de uns poucos. Abre-nos o caminho, o Céu, ainda que tenhamos de O acompanhar até Jerusalém, até ao alto da Cruz, gesto de amor supremo por nós.
“Todo o sumo-sacerdote, escolhido de entre os homens, é constituído em favor dos homens, nas suas relações com Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Ele pode ser compreensivo para com os ignorantes e os transviados, porque também ele está revestido de fraqueza; e, por isso, deve oferecer sacrifícios pelos próprios pecados e pelos do seu povo. Ninguém atribui a si próprio esta honra, senão quem foi chamado por Deus, como Aarão” (segunda leitura).
       Com Ele não traz um código de obrigações, nem primeiramente se preocupa com um conjunto de ensinamentos, Jesus traz-nos o Céu, traz-nos Deus, é acontecimento que nos salva. Não queremos mais estar à beira do caminho, sem ver e sem luz e sem vida e sem guia, Ele faz-nos entrar no CAMINHO, chama-nos, abre-nos os olhos e o coração, incendeia a nossa vontade de apreciar cada momento que nos dá, com os outros.
       O profeta Jeremias, na primeira leitura, antecipa a alegria da vinda do Messias, e também como a Sua vida mudará a história, o mundo, a vida das pessoas. Ele salvará todo o povo. A cruz em nada disfarçará a alegria do amor e da ressurreição e do regresso a Deus.
Eis o que diz o Senhor: «Soltai brados de alegria por causa de Jacob, enaltecei a primeira das nações. Fazei ouvir os vossos louvores e proclamai: ‘O Senhor salvou o seu povo, o resto de Israel’. Vou trazê-los das terras do Norte e reuni-los dos confins do mundo. Entre eles vêm o cego e o coxo, a mulher que vai ser mãe e a que já deu à luz. É uma grande multidão que regressa. Eles partiram com lágrimas nos olhos e Eu vou trazê-los no meio de consolações».


Textos para a Eucaristia (ano B): Jer 31, 7-9; Hebr 5, 1-6; Mc 10, 46-52.


quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Editorial Voz Jovem - setembro 2012

       A comunidade cristã está em constante processo de conversão e de transformação, procurando ser fiel, em cada tempo e situação, a Jesus Cristo e ao seu Evangelho, vivendo a fé como oportunidade e espaço de conforto, de diálogo, de provocação e de envolvimento, de todos os seus membros.
       A proposta da Diocese – Vamos juntos construir a casa da Fé e do Evangelho – remete-nos para o ANO da FÉ, que se inicia no dia 11 de outubro de 2012, nos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II e 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica (CIC). Neste âmbito, a realização da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, em Roma, sobre a Nova Evangelização para a Transmissão da Fé cristã
       D. António Couto dirigiu a toda a Diocese a Sua primeira Carta Pastoral, com a seguinte proposta: Vamos juntos construir a Casa da Fé e do Evangelho, transcorrendo nas suas páginas o Ano da Fé e a necessidade e urgência da Nova Evangelização. 
       Bastará fixarmo-nos no lema para nele encontrarmos sumo para a vivência diocesana, paroquial e familiar.
       VAMOS juntos – atitude de quem se coloca em marcha, abrindo caminhos, rasgando avenidas no coração do outro, trilhando os tempos novos inaugurados por Jesus. Vamos JUNTOS, uns com os outros. Em Igreja, é importante a arte, a beleza, a criatividade e até a competência, mas muito mais se estiver ao serviço dos outros, da comunhão, da partilha, da vida fraterna. Mais do que fazer para os outros – por melhor que se seja – é curial fazer com os outros, dando e recebendo, ensinando e aprendendo, em partilha e comunhão.
       CONSTRUIR – de que adianta olhar na mesma direção se não for para construir, edificar, colocar pedra sobre pedra, fazermos algo de bom e de belo e de duradouro, uns com os outros.
       Construir a CASA, a família. A casa-mãe, a Igreja e as ramificações em cada casa, em todos os corações, como refere D. António, na Carta Pastoral, “É uma comunidade bela, fecunda e feliz,… luz que alumia os que estão na casa… luz que alumia os que entram na casa”. A Casa é espaço de bênção, de acolhimento, de proteção, e também de envio e de missão. Levar da casa a alegria e a paz que nela se encontra.
       Não é uma casa qualquer, mas Casa da FÉ e do EVANGELHO – referência concreta ao Ano da Fé e à Nova Evangelização –. É na fé que nos descobrimos e encontramos como irmãos em Jesus Cristo, filhos do mesmo Deus, e é no Evangelho que alimentamos a nossa fome e sede de sermos luz uns com os outros, neste mundo que é o nosso.
       Na nossa paróquia o lema será alargado, com a envolvência de Nossa Senhora da Conceição, assumindo a dinâmica diocesana:

“COM MARIA, vamos juntos construir a Casa da Fé e do Evangelho”.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Nem sequer os santos compreendem os santos...

        Jesus está a afastar-se de casa. Como tantos, talvez como todos os progenitores, Maria e José sentem que, afinal, os filhos não são seus, mas pertencem a Deus, ao mundo, à sua missão, aos seus amores, à sua vocação, aos seus sonhos e, até, às suas limitações...
       Maria e José são óptimos pais e, contudo, não compreendem o filho; até são profetas, visitados pelos anjos, mas não compreendem o que acontece em sua própria casa. Nem sequer os santos compreendem os santos...
       Nem a melhor das famílias está isenta da incompreensão mútua.
       Mas há uma diferença: eles vão juntos a Jerusalém, regressam juntos a Nazaré e juntos procuram o filho. Juntos. Este gesto cada vez mais raro para estas família, onde cada um vive o seu caminhos, as suas metas, os seus segredos; onde não se faz quase nada juntos, muito menos as coisas do Pai.
       E mais uma diferença. Maria pergunta: «Porque nos fizeste isto?» Inicia um diálogo, mas um diálogo sereno, sem ressentimentos, sem acusações, que sabe interrogar e escutar, e até sabe acolher uma resposta incompreensível....

ERMES RONCHI, As casas de Maria

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Os cinco macacos

        Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula.
      No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado em cima dos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
        Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e afinal o último dos veteranos, foi substituído. Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
       - Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui.

domingo, 21 de outubro de 2012

Início do Ano da Fé - em imagens

       No fim de semana de 13/14 de outubro, a Paróquia iniciou o Ano da Fé, na comunhão com toda a Igreja, dando início ao ano pastoral e à catequese paroquial. Pelas 15h00, como habitualmente, os ensaios do Grupo Coral da Catequese; pelas 16h00, no Centro Paroquial, a Catequese. No primeiro encontro de sábado, todas as crianças e adolescentes se juntaram no espaço exterior, para um momento mais descontraído, com a animação juvenil. Pelas 17h00, a celebração da Eucaristia, utilizando elementos simbólicos para o lema pastoral - Com Maria, vamos juntos construir a Casa da Fé e do Evangelho.
       No Domingo, a celebração da Eucaristia contou com simbologia idêncitca, ainda que em momentos diferentes da celebração, para que todos fossem sensibilizados para o Ano da Fé e para a orientação diocesana e paroquial.
       Abaixo poderá ver um conjunto de imagens, em formato do vídeo/diaporama, com o Hino Oficial do Ano da Fé como música de fundo.


Para ver as fotos poderá também visitar-nos no facebook: paróquia de Tabuaço.

sábado, 20 de outubro de 2012

XIX Domingo do Tempo Comum - ano B - 21 de outubro

        1 – Jesus é, por excelência, o Vendedor de Sonhos. É uma vida por inteiro a consumir-Se pela humanidade, no olhar, no anúncio, em cada encontro, gesto, prodígio, em cada palavra; da Encarnação à Paixão; vem de Deus, caminha connosco, eleva-nos para a eternidade de Deus.
       A Sua missão é revolucionar a nossa história a partir de dentro, do coração, reensinando-nos a viver humanamente. É uma reconstrução completa, alicerces, pilares, estrutura, telhado, e todos os compartimentos.
       É fácil visualizar uma casa antiga quase a cair, que bem pintada no exterior passará por uma casa imponente. Entra-se (dentro) e cada passo cada susto. Conforme as possibilidades vão-se fazendo reformas, renova-se aqui e acolá, mas a casa continua a ameaçar ruir. Muitas vezes a única solução, ou pelo menos a mais fiável, é deitar abaixo e da raiz estruturar toda a casa. Ela será nova, bela e segura e acolhedora. É isso que Cristo quer fazer connosco.
       2 – O sonho que nos vende entranha-Se até à medula, ao mais íntimo de nós, no recanto onde nos encontramos com Deus, com a nossa identidade original. A revolução de Jesus reconstrói-nos a partir do coração.
       As revoluções, ao longo da história da humanidade, que resultam de guerras, violência, de imposição, de convulsões sociais, políticas, económicas e religiosas, operam-se em horas, dias, ou meses. Muito rapidamente se passa de uma a outra situação. Mudam-se os protagonistas. No entanto nem sempre muda o sistema. Há a clara noção que implantar ideias novas, formas de pensar inovadoras e criativas, leva muito mais tempo. Demasiado tempo para muitos.
       A mudança de mentalidades e de paradigma leva uma vida inteira, ou leva gerações, ou leva a vida de cada um.
       Em três anos de vida pública, Jesus arrastou multidões. Como atualmente nas manifestações populares contra o governo, contra a troika, contra a austeridade, são muitas as motivações, como o eram nas multidões que se abeiravam de Jesus: umas para serem curadas, outras porque sim, outras por mera curiosidade, outras querendo dar um sentido novo à sua vida, outras procurando ser beneficiados se os ventos mudassem de direção, outros sem saber porquê, outros arrastados pelos ajuntamentos.
       Também os discípulos seguem Jesus motivados por aquilo que está para chegar e que no seu entender lhes dará um lugar privilegiado, serão favorecidos porque andam com Ele. Daí a sua irritação quando alguém se aproxima mais, pois julgam que podem ser prejudicados.

       3 – Depois do puxão de orelhas a Pedro – afasta-te de Mim Satanás –, surgem novas situações em que os discípulos deixam vir ao de cima outros sonhos, bem mais a prazo que o sonho de Jesus. Eles estão preparados para uma revolução física, imediata, material, com a garantia que estarão nos melhores lugares.
       Ora vejamos:
Tiago e João, filhos de Zebedeu, disseram a Jesus: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis… Sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
       Este episódio mostra de forma crua como os discípulos estão muito longe do sonhado por Jesus para a humanidade. Por exemplo, São Mateus, para desculpar os discípulos, refere que foi a mãe de Tiago e de João que fez semelhante pedido e não os próprios.
       Por aqui se vê em que estádio se encontravam os discípulos e como ainda não tinham entendido o desiderato do Messias. E se pensávamos que esta disputa era apenas de um ou de outro, verificamos como todos eles O rodeiam para terem o primeiro lugar:
Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «… quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
       4 – D. António Couto, Bispo de Lamego, na Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano por estes dias, lançou uma inquietante pergunta que vale a pena meditar: “por que será que os Santos se esforçaram tanto, e com tanta alegria, por ser pobres e humildes, e nós nos esforçamos tanto, e com tristeza (Mt 19,22; Mc 10,22; Lc 18,23), por ser ricos e importantes?”

       5 – A história de Jesus é uma história de abaixamento para que a nossa seja uma história de ascensão em humanidade para Deus. Encarna, desce, esvazia-Se de Si, vive como verdadeiro Homem, revela o Homem ao homem, como nos ensina o Vaticano II, com a Sua morte faz-nos visualizar no Seu corpo, na Sua oferenda por nós, o AMOR imenso de Deus, na Sua ressurreição/ascensão ao Céu, coloca a nossa natureza humana à direita de Deus Pai, de onde nos atrai, comprometendo-nos com o corpo temporal e humano, com o Seu Corpo todo, a Igreja e a humanidade, todas as pessoas que Ele coloca à nossa beira.
       Na primeira e na segunda leitura, é expressiva a certeza do ministério (serviço) do Enviado de Deus, que atravessa a história humana, a história do sofrimento, para nos guiar ao caminho da luz, da verdade e do bem.
“Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento... Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades”.
       Isaías revela que o servo sofredor carregará a nossas dores e justificará a nossa vida. Vem para servir e não para ser servido.
       A epístola aos Hebreus enquadra um registo muito parecido, apresentando-nos Jesus como o Sacerdote que atravessa os Céus, na nossa direção e na direção de Deus, vem do Céu, e do Céu intercede constantemente por nós. Ele bebe da nossa humanidade para que nós bebamos da Sua divindade:
“Tendo nós um sumo-sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno”.


Textos para a Eucaristia (ano B): Is 53, 10-11; Hebr 4, 14-16; Mc 10, 35-45.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A Igreja nasce de um corpo ausente

       A beleza de Cristo. Humana e divina; à procura da ovelha perdida, abraçado ao filho pródigo, perdoando aos crucificadores, pobre a quem só resta aquele pouco de madeira e de ferro que basta para morrer pregado. Morrer de amor.
       ...
       Chegar a Deus amando a humanidade de Jesus, agora menino nos braços da sua mãe e, depois, homem das estradas e amigo dos publicanos, os seus anos escondidos e os seus gestos públicos, as suas mãos sobre os doentes e os seus olhos nos olhos dos réis, os seus pés e o pó dos caminhos da Palestina e, depois o nardo que desce e, depois, o sangue que escorre. E, por fim, o seu corpo ausente. A Igreja nasce de um corpo ausente.

ERMES RONCHI, As casas de Maria

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

D. António Couto - Sínodo dos Bispos - Fidelidade renovada

FIDELIDADE RENOVADA (n.º 158)
Igreja sinodal, próxima, fraterna e afectuosa
       1. Viver «em sínodo» é a vocação e a missão da Igreja peregrina e paroquial, casa de família fraterna e acolhedora no meio das casas dos filhos e filhas de Deus, no belo dizer do Beato Papa João Paulo II, Catechesi tradendae [1979], n.º 67; Christifideles Laici [1988], n.º 26.

        2. É também o retrato da Igreja-mãe de Jerusalém, saído da paleta de tintas do Autor do Livro dos Actos dos Apóstolos (2,42-47; 4,32-35; 5,12-15), que nos mostra uma comunidade cristã bem assente em quatro colunas: o ensino dos Apóstolos (1), a comunhão fraterna (2), a fracção do pão (3) e a oração (4), e com ramificações em todas as casas e em todos os corações. Trata-se de uma comunidade bela que, dia após dia, crescia, crescia, crescia. Não admira. Era uma comunidade jovem, leve e bela, tão jovem, leve e bela, que as pessoas lutavam por entrar nela!

Igreja da anunciação
       3. A vocação e missão da Igreja não é coisa própria sua, mas radica, como exemplarmente deixou escrito o Concílio Vaticano II, no seu Decreto Ad Gentes, no amor fontal do Pai, que enviou em missão o Filho e o Espírito Santo (n.º 2). É nesta missão que se enxerta a missão da Igreja, pelo que não compete à Igreja inventar a missão ou decidir em que consista a missão. Na verdade, o rosto da missão tem os traços do rosto de Jesus Cristo e já foi nele luminosamente manifestado. Temos, pois, uma memória viva a fazer, viver e guardar todos os dias.
       Abrindo o Evangelho de Marcos, reparamos logo que o primeiro afazer de Jesus não é pregar ou ensinar, mas ANUNCIAR, que traduz o verbo grego kêrýssô: anunciar o Evangelho (Mc 1,14). E qual é a primeira nota que soa quando Jesus se diz com o verbo ANUNCIAR? É, sem dúvida, a sua completa vinculação ao Pai, de quem é o Arauto, o Mensageiro, o ANUNCIADOR (kêryx). Pura transparência do Pai, de quem diz o que ouviu dizer (Jo 7,16-17; 8,26.38.40; 14,24; 17,8) e faz o que viu fazer (Jo 5,19; 17,4). Recebendo todo o amor fontal do Pai, bebendo da torrente cristalina do amor fontal do Pai (Sl 110,7), Jesus, o Filho, é pura transparência do Pai, e pode, com toda a verdade dizer a Filipe: «Filipe […], quem me vê, vê o Pai» (Jo 14,9).

       4. Tudo, no arauto, na mensagem que transmite (kêrygma) e no estilo com que o faz, remete para o seu Senhor. A primeira nota de todo o ANUNCIADOR ou arauto ou mensageiro consiste na sua FIDELIDADE Àquele que lhe confia a mensagem que deve anunciar. É em Seu Nome que diz o que diz; é em Seu Nome que diz como diz.

       5. O missionário só tem autoridade na medida em que é fiel a Cristo e como Ele obediente, nada dizendo ou fazendo por sua conta e risco. Só pode dizer e fazer aquilo que, por graça, lhe foi dado ouvir, aquilo que, por graça, lhe foi dado ver fazer. O missionário não pode deixar de estar vinculado a Cristo, nele configurado e transfigurado. O Papa Bento XVI disse-o assim: «Tudo se define a partir de Cristo, quanto à origem e à eficácia da missão». E acrescentou este singular desabafo: «Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto» (Homilia da Santa Missa, Grande Praça da Avenida dos Aliados, Porto [Portugal], 14 de Maio de 2010).

Igreja da fidelidade
        6. Impõe-se ainda dizer, é mesmo necessário ainda dizer, em jeito de conclusão ou de introdução, que aquilo que me parece ser mais importante na expressão «nova evangelização» não é tanto a novidade de métodos, expressões ou estratégias, mas a FIDELIDADE da Igreja ao Senhor Jesus (Paulo VI, Evangelii Nuntiandi [1975], n.º 41), ao seu estilo, ao seu modo de viver, de fazer e de dizer: Dom total de si mesmo num estilo de vida pobre, humilde, despojado, feliz, apaixonado, ousado, próximo e dedicado. Passa por aqui sempre o caminho e o rosto da Igreja, que tem de fazer a memória do seu Senhor, configurando-se com o seu Senhor e transfigurando-se no seu Senhor. Impõe-se, portanto, uma verdadeira conversão do coração, e não apenas uma mudança de verniz. Sim, temos necessidade de anunciadores do Evangelho sem ouro, nem prata, nem cobre, nem bolsas, nem duas túnicas (Mt 19,9-10; Mc 6,6-8; Lc 9,3-4)… Sim, é de conversão que falo, e pergunto: por que será que os Santos se esforçaram tanto, e com tanta alegria, por ser pobres e humildes, e nós nos esforçamos tanto, e com tristeza (Mt 19,22; Mc 10,22; Lc 18,23), por ser ricos e importantes?

+ António José DA ROCHA COUTO

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

JESUS - Ama-me como és


AMA-ME COMO ÉS
(Palavras animadora de Jesus)
«Conheço a tua miséria, as lutas e tribulações da tua alma,
as deficiências e as enfermidades do teu corpo;
conheço a tua vileza, os teus pecados e, apesar disso, digo-te na mesma:
"Dá-me o teu coração, AMA-ME COMO ÉS..."
Se aguardas ser um anjo para te abandonares ao amor, nunca mais amarás.
Embora sejas cobarde na prática do dever e da virtude,
embora recaias muitas vezes nessas faltas, que nunca mais quererias cometer,
não permito o não me amares. AMA-ME COMO ÉS!
A cada instante e em qualquer situação que te encontres, no fervor ou na aridez,
na felicidade ou na infelicidade, ama-Me... como és...
Quero o amor do teu coração;
se aguardas ser perfeito, nunca mais Me amarás.
Por ventura, não poderia eu fazer, de todo o grãozinho de areia,
um Serafim radiante de pureza, de nobreza e de amor?
Não sou Eu o Omnipotente?
E, se gosto de deixar no nada aqueles seres maravilhosos,
preferindo o pobre amor do teu coração, não serei Eu Senhor do Meu amor?
Meu filho, deixa que te ame;
quero o teu coração.
Claro que, com o tempo, quero transformar-te, mas, para já, amo-te como és...
e desejo que tu faças a mesma coisa. Eu quero ver subir o amor da baixeza e da miséria.
Amo em ti também a tua fraqueza, amo o amor dos pobres e dos miseráveis;
quero que dos farrapos suba continuamente um grande grito: "JESUS, AMO-TE"!
Quero somente o cântico do teu coração;
não preciso nem da tua ciência nem do teu talento.
Interessa-Me só uma coisa: ver-te trabalhar com amor!
Não são as virtudes que Eu desejo;
se Eu tas desse, sendo tu tão débil, alimentariam o teu amor-próprio.
Não te preocupes com isso. Eu, poderia ver-te destinado para grandes coisas.
Não! Serás o servo inútil; tirar-te-ei até o que tens...
porque te criei só para o amor.
Hoje estou à porta do teu coração como mendigo.
Eu, o Rei dos reis, bato e espero; abre-Me de pressa.
Não aumentes a tua miséria; se tu soubesses a tua indigência, morrerias de dor.
O que Me feriria o coração seria ver-te duvidar de Mim e faltar à confiança.
Quero que tu penses em Mim a toda a hora, de dia e de noite;
quero que faças até a acção mais insignificante só por amor.
Conto contigo para Me dares alegria.
Não te preocupes por não possuíres virtudes; dar-te-ei as minhas.
Quando tiveres de sofrer, dar-te-ei a força.
Deste-Me o amor, dar-te-ei a capacidade de amar além de quanto podes imaginar...
Mas, lembra-te: Ama-Me como és!
Dei-te a Minha Mãe; faz passar tudo através do Seu Coração tão puro.
Aconteça o que acontecer, não esperes ser santo para te abandonares ao amor;
nunca mais Me amarias...Vamos!"
(Mons. Lebrum -- Ir. Gino)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Início da Catequese Paroquial - momento de descontração!

       No sábado, dia 13 de outubro: início da catequese paroquial. Aqui um dos momentos da animação e do convívio entre as crianças, adolescentes, jovens e catequistas...

sábado, 13 de outubro de 2012

XXVIII Domingo do Tempo Comum - ano B - 14 de outubro

       1 – Um homem correu ao encontro de Jesus, ajoelhou diante d’Ele e perguntou- Lhe: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?» A atitude deste homem é delicada e de grande expetativa. Vem a correr. Ofegante. A primeira coisa que faz é colocar-se de joelhos diante de Jesus, reconhecendo-O como Mestre justo e bom. A primeira atitude diante de Deus é de reverência, para em Deus tratarmos a todos como iguais, como irmãos.
       Rico de muitos bens materiais, como vemos mais à frente, é um homem em correrias, ansioso, insatisfeito, à procura de um sentido maior para a sua vida e que justifique os seus dias. “O Homem ultrapassa infinitamente o homem”, como salienta o filósofo francês Blaise Pascal, o homem não cabe em si mesmo, tende a buscar-se até ao infinito, constitutivamente limitado e finito, mas procurando sobreviver para lá do tempo e da materialidade, além das fronteiras do seu corpo e do seu espírito.
       Ouve falar de um homem que tem palavras de vida eterna, e procura serenar e confiar a sua busca, junto de Alguém que lhe merece o benefício da dúvida. Faz-nos evocar as sábias palavras de Santo Agostinho, “Senhor, criastes-nos para Vós, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós”.
       A resposta de Jesus não visa agradar ou convir ao seu interlocutor, mas desafiar, propondo um projeto de vida viável e exequível: “Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe”.
       Mas cumprir a lei não liberta e não salva. Mesmo que escrupulosamente se cumpra. A lei é uma orientação para vivermos harmoniosamente em sociedade. Não basta. É necessário que a lei seja vida, que brote da convicção, e que corresponda a um compromisso alegre com os outros. O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».        Num segundo momento, e vendo que a lei era um fardo para aquele homem, ainda que ele a cumprisse, Jesus, olha para ele com simpatia, e lança um desafio maior: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
       2 – O seguimento de Jesus é uma proposta de salvação que revoluciona a nossa vida. Como constatámos nos domingos anteriores, seguir Jesus implica-nos, não é uma adesão exterior, como camisa que se troca a qualquer momento, é a vida toda, um jeito de viver, de amar, de se relacionar com os outros. Ele entranha-Se em nós, somos transformados não pela rama, como crosta que se desprende passado algum tempo, mas em todas as veias, é seiva que circula, vida nova, sangue que nos liga a Jesus, totalmente, para a vida toda.
       Garantida está a Sua presença, o Seu olhar, o Seu espírito de Amor, e a vida eterna. Garantida está uma vida de serviço aos outros. O maior para Jesus, o maior no reino de Deus, é o que se faz menor, o que serve os demais, como Ele que veio para servir e não para ser servido. Ou nas palavras de Santo Agostinho, “quem não vive para servir, não serve para viver”.        A disputa dos discípulos por lugares há de dar lugar à disputa pela caridade. Não devais nada uns aos outros, senão a caridade (São Paulo). Para seguir Jesus não pode haver nada que nos impeça de nos fazermos próximos uns dos outros. O homem do evangelho queria ser útil aos demais, dar um rumo novo à sua vida, preenchida com o esqueleto da Lei, dos Mandamentos, mas faltando-lhe a carne, o espírito, a alegria, um sentido de plenitude, como flor que para o ser precisa de desabrochar, mostrando a sua beleza.
       Falta alguma coisa. Ainda não está preparado para dar o salto, ainda há demasiadas coisas, demasiados bens, que o impedem de se dar aos outros e de seguir Jesus, ainda não está disposto a pegar na Sua cruz, renunciando a todo o tipo de egoísmo, ainda vive como a borboleta cómoda no seu casulo, com medo de arriscar. Seria o ponto de viragem, da comodidade da sua casa (plano material) para se tornar casa para os outros (plano espiritual e afetivo).

3 – A resposta de Jesus é também para os discípulos, de ontem e de hoje, a quem alerta com veemência: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
       Uma vez mais dá-se um nó na cabeça dos discípulos, continuam a magicar qual deles tirará mais dividendos do facto de seguir o Mestre e procuram saber mais, tirando tudo a limpo: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro insiste, apresentando créditos – «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir» – que Jesus valoriza: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».
       A salvação é dom gratuito, que cabe acolher, viver, aqui e agora, até à eternidade. Iniciámos no tempo presente, o que havemos de ser no encontro definitivo com Deus. Muitas coisas e muitas situações se entrepõem entre nós e Deus: dúvidas, distanciamentos, trabalho e falta dele, doenças, solidão, conflitos familiares e/ou profissionais, deceções, falta de tempo.
       O que se entrepõe entre nós e Deus também se entrepõe entre nós e o próximo. Exatamente o que aconteceu ao bem-intencionado que se dirige a Jesus para o interpelar sobre a vida eterna. Ele queria algo mais da sua vida. Jesus propõe-lhe o seguimento e serviço aos outros. Ele pensava que haveria alguma forma mágica que o salvasse do cinismo (ram-ram) da sua existência, dando-lhe um sentido novo mas sem comprometer a sua vida por inteiro, uma vestimenta que pudesse usar por cima, vestir e despir conforme a disposição, sem alterar nada da vida que tinha.

         4 – O destino do ser humano é ser feliz. É para isso que Deus nos criou. É para isso que andamos por cá. A pergunta feita a Jesus tem a ver precisamente com esta busca incessante: o que devo fazer para ser feliz, agora e no futuro? A vida eterna é o fim último que se inicia no tempo presente. A felicidade não é uma meta, mas um caminho, com muitas etapas e muitas estações, com paragens, com avanços e, por vezes, recuos.
       Em Jesus Cristo a meta está iluminada, está ao nosso alcance, já a podemos experimentar no compromisso quotidiano com os outros. Daí a importância de escutar e mastigar a palavra de Deus, que “é viva e eficaz… é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração… tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas”.        Não precisamos de pedir muitas coisas a Deus, peçamos o discernimento, a sabedoria, para calcorrear um chão que nos ligue aos outros. “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis”.
       Se nos ligamos aos outros, em atitude de serviço, neles encontraremos a Deus, a Quem buscamos no mais íntimo de nós mesmos.

Textos para a Eucaristia (ano B): Sab 7, 7-11; Hebr 4, 12-13; Mc 10, 17-30.