quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Solenidade de Todos os Santos - reflexão Pe. João Carlos

       A comunhão dos santos ocupa um lugar muito importante na liturgia da Igreja. Já desde o século V que se faz a memória dos santos na oração eucarística e ao longo do ano em todas as paróquias se fazem festas aos patronos ou se celebra a memória de santos particularmente ligados à devoção de cada comunidade.
       Contudo, ao longo dos tempos, numerosas pessoas simples e humildes deixaram àqueles que viveram à sua volta o testemunho autêntico e admirável da santidade. É justo celebrá-los ao lado daqueles que estão inscritos na lista das canonizações.
       A liturgia celebra o Deus três vezes santo rodeado de todos os eleitos santificados pela sua graça. Cada um não reflete senão uma parte ínfima da santidade infinita de Deus. A adoração de Deus é o centro da celebração de todos os santos e a solenidade faz-nos tomar consciência da multidão de todos os resgatados que nos precederam e do mundo invisível que nos espera. Por solidariedade, eles intercedem por nós.
       A Vida dos santos tem um valor pedagógico, ela encaminha-nos para Cristo. Os santos são o evangelho encarnado. O mistério da Igreja é a comunhão fraterna que existe entre os vivos e os mortos através da oração e dos sacramentos. Nós formamos um só corpo do qual Cristo é a cabeça. Que a intercessão e o exemplo dos santos nos ajudem a libertar o santo que se esconde em nós como um bloco de mármore, ainda não esculpido, que o amor de Deus quer cinzelar para que apareça a sua imagem.
       Celebramos a Solenidade de Todos os Santos no início do Ano da Fé que, fazendo memória do cinquentenário do início do concílio Vaticano II, nos convida a aprofundarmos a nossa fé, revisitando os artigos do Credo que nos pede que reafirmemos que acreditamos na ressurreição da carne e na vida que há de vir. Por isso, o mesmo Concílio afirma na Constituição Lumem Gentium:
“Munidos de tantos e tão grandes meios de salvação, todos os fiéis, seja qual for a sua condição ou estado, são chamados pelo Senhor à perfeição do Pai, cada um por seu caminho” (LG 11).
       Ou seja, o Vaticano II lembra que a santidade é um caminho acessível a todos (é um direito) e, mais adiante, afirma que desde o batismo todos somos chamados (é um dever) à santidade:
“A nossa fé crê que a Igreja, cujo mistério o sagrado Concílio expõe, é indefetivelmente santa. Com efeito, Cristo, Filho de Deus, que é com o Pai e o Espírito o único Santo, amou a Igreja como esposa, entregou-se por ela, para a santificar (cf. Ef. 5, 25-26) e uniu-a a Si como seu corpo, cumulando-a com o dom do Espírito Santo, para Glória de Deus. Por isso, todos na Igreja são chamados à santidade (LG 39).
       A Solenidade de todos os Santos é inseparável da comemoração dos defuntos. A primeira celebração é vivida na alegria; a segunda está mais ligada à recordação daqueles que amamos. Não devemos nunca esquecer que o céu eternizará todos os atos de amor e de serviço que os homens cumpriram neste mundo. Sempre que os homens se convertem e fazem obras de justiça, de liberdade e de respeito pelos outros, o Reino de Deus deixa-se já ver e antecipa a pátria eterna para onde todos caminhamos.

Pe. João Carlos

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