segunda-feira, 17 de junho de 2013

Papa Francisco - uma Igreja acidentada ou doente

       "É fundamental que os católicos – tanto os clérigos como os leigos – saiamos ao encontro das pessoas. Uma vez dizia-me um sacerdote muito sábio que estamos diante de uma situação totalmente oposta à da parábola do pastor, que tinha noventa e nova ovelhas no curral e foi procurar a ovelha perdida; nós temos uma no curral e noventa e nove que não vamos buscar...

       Creio sinceramente que a opção básica da Igreja, na atualidade, não é diminuir ou retirar prescrições ou tornar mais fácil isto ou aquilo, mas é sair para a rua a conhecer as pessoas, conhecê-las pelo seu nome. E não só porque esta é a sua missão, sair a anunciar o Evangelho, como também porque o não o fazer se torna nocivo.
       A uma Igreja que se limita a administrar o trabalho paroquial, que vive encerrada na sua comunidade, acontece-lhe o mesmo que a uma pessoa fechada: atrofia-se física e mentalmente. Ou se deteriora-se como um quarto fechado, onde o mofo e a humidade se expandem. A uma Igreja auto-referencial acontece-lhe o mesmo que a uma pessoa auto-referencial: fica paranóicas, autista. É verdade que, se uma pessoa sair para a rua, lhe pode acontecer o mesmo que a qualquer pessoa: ter um acidente. Mas prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente. Por outras palavras, acho que uma Igreja que se reduz ao administrativo, a conservar o seu pequeno rebanho, é uma Igreja que, a longo prazo, adoece. O pastor que se encerra não é um autêntico pastor de ovelhas, mas um «penteador» de ovelhas, que passa o tempo a fazer-lhes caracolinhos, em vez de ir procurar as outras...
       Um pastor é alguém que sai ao encontro das pessoas"

In SERGIO RUBIN e FRANCESCA AMBROGETTI,
Papa Francisco. Conversas com Jorge Bergoglio.

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