sábado, 21 de dezembro de 2013

Domingo IV do Advento - ano A - 22 de dezembro

       1 – "A virgem conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Emanuel". O sinal dado por Deus ao povo da Aliança, através do profeta Isaías, ganha consistência e realidade com o nascimento de Jesus Cristo, Verbo Encarnado, Filho de Deus, nascido da Virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo.
       Será um Deus próximo, no meio de nós. Naqueles dias, o povo vivia um tempo de trevas, de afastamento, conflito, divisões, uma noite contínua. Porém, Deus não afasta a Sua mão, e muito menos o Seu coração. Desafia o regresso à Aliança, acalenta a esperança: «Escutai, casa de David: Não vos basta que andeis a molestar os homens para quererdes também molestar o meu Deus? Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: a virgem conceberá e dará à luz um filho».
       É um sinal que vem do futuro, como promessa e como esperança, mas também como aviso e como compromisso. A mensagem profética reclama dos que molestam o seu próximo, em particular aqueles que tem o poder e a missão para cuidar do povo. O sinal – A virgem dará à luz um filho – há de envolver-nos já, aqui e agora (hic et nunc) no cuidado com os mais frágeis, aqueles que Deus nos dá para O acolhermos e amarmos.
       2 – São Mateus acentua, de forma clarividente, a ligação do Messias ao povo eleito. Envolvido pela Luz divina, cujo nascimento está marcado pelo mistério, o Filho de Deus está genealogicamente inserido no povo hebreu, na sua cultura e na sua história. Vejamos a Boa Notícia:
"O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa".
       O Deus que salva (= Jesus), nasce pelo poder do Espírito Santo no seio de Maria. São José faz parte deste mistério de salvação, sendo-lhe revelado a origem do Menino Deus e a missão de Lhe dar o NOME, preparando-Lhe uma CASA e uma FAMÍLIA humana. O sonho de José revela-nos, a todos, a vinda do Filho de Deus à terra, para habitar junto de nós e nos habitar.
       Ele é o Emanuel, Deus connosco, Deus no meio de nós. Vem para salvar o povo dos seus pecados, libertando-nos de tudo o que gera ruína, divisão, afastamento dos outros e de Deus.
        3 – O sonho alimenta a vida. José tem um sonho. Sem sonho. Sem esperança. Sem luz. Sem caminho. Sem saída. Morte. Tristeza. Deserto. Desencanto. Escuridão. Mar revolto. Águas agitadas. Tempestade. Fuga. Distância. Indiferença. Desespero. Morte. Sem sonho. É preciso sonhar. Esperar. E deixar-se iluminar, guiar, é preciso sair de si, e de dentro do sonho. Há vida e luz e horizonte e esperança. E Deus. No meu e no teu sonho. Procurar. Encontrar. Acolher e amar. Viver. Criar. Juntar. Comungar. Dar. Partilhar. Viver, como filhos de Deus, irmãos em Jesus Cristo.
       E eis que vem, do alto, do Céu, da eternidade, de Deus, o Filho. Traz-nos a paz que brota do amor sem limites nem tréguas. É o AMOR que salva e nos dá uma vida nova. Uma vez inundados pela LUZ que nos chega de Jesus, uma vez convertidos, assumimos a missão de levar a outros esta Mensagem de salvação. Com efeito, tornamo-nos discípulos missionários, apóstolos. "Ele é Jesus Cristo, Nosso Senhor. Por Ele recebemos a graça e a missão de apóstolo, a fim de levarmos todos os gentios a obedecerem à fé, para honra do seu nome, dos quais fazeis parte também vós, chamados por Jesus Cristo".
        Cristo constitui-nos, como a São Paulo, Apóstolos do Evangelho: a Alegria que salva, a Boa Notícia que nos provoca e nos assume como discípulos missionários. A Alegria do Evangelho é como a luz que se acende para colocar em lugar que ilumine toda a casa e não para ficar escondida debaixo do alqueire. Ou como a água do rio que se vai entranhando na terra, avança fertilizando as margens, com a vida que transporta no seu seio. Assim o Evangelho, vida que gera vida. Alegria que transborda. Boa notícia que se espalha.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 7, 10-14; Rom 1, 1-7; Mt 1, 18-24.


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