segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Percorrer hoje o caminho dos Magos

       «Magos vós sois os santos mais nossos, náufragos sempre neste infinito, porém sempre a tentar, a procurar, a pedir, a fixar os abismos do céu até queimar os olhos do coração» (Turoldo).
       Mensagens de esperança hoje: há um Deus dos que estão longe, dos caminhos, dos céus abertos, das dunas infinitas, e todos têm a sua estrada. Há um Deus que te faz respirar, que está numa casa e não no templo, em Belém, a pequena, não em Jerusalém, a grande. E os Herodes podem opor-se à verdade, abrandar a sua difusão, mas nunca bloqueá-la, ela vencerá seja como for. Mesmo se é frágil como uma criança.
       Tentemos percorrer o caminho dos Magos como se fosse uma crónica da alma.
       O primeiro passo está em Isaías: «Olha ao redor e vê». Saber sair dos esquemas, saber correr direito a um sonho, a uma intuição do coração, olhando mais longe.
       O segundo passo: caminhar. Para encontrar Deus é preciso viajar, com inteligência e com o coração. É preciso procurar, de livro em livro, mas sobretudo de pessoa em pessoa. Então estamos vivos.
       O terceiro passo: procurar em conjunto. Os Magos (não «três» mas «alguns», segundo o Evangelho) são um pequeno grupo que olha na mesma direção, fixam o céu e os olhos das criaturas, atentas às estrelas e atentos uns aos outros.
       O quarto passo: não temer os erros. O caminho dos Magos está cheio de enganos: chegam à cidade errada; falam da criança com o assassino de crianças; perdem a estrela, procuram um rei e encontram um bebé, não no trono mas entre os braços da mãe.
       Todavia não se rendem aos seus erros, têm a infinita paciência de recomeçar, até que ao verem a estrela experimentam uma imensa alegria. Deus seduz sempre porque fala a linguagem da alegria.
       Entrados em casa viram o Menino e sua Mãe… Não só Deus é como nós, não só é connosco, mas é pequeno entre nós. Ide informar-vos acerca do Menino e avisai-me para que também eu vá adorá-lo. Esse rei, esse Herodes assassino de sonhos ainda envolto em faixas, está dentro de nós: é o cinismo, o desprezo que destrói os sonhos do coração.
       Mas eu gostaria de resgatar as suas palavras e repeti-las ao amigo, ao teólogo, ao poeta, ao cientista, ao trabalhador, a cada um: encontraste o Menino?
       Procura agora, com cuidado, nos livros, na arte, na história, no coração das coisas; procura no Evangelho, na estrela e na palavra, procura nas pessoas, e a fundo na esperança; procura com atenção, fixando os abismos do céu e do coração, e depois faz-mo saber para que também eu venha adorá-lo.
       Ajuda-me a encontrá-lo e irei, com os meus pequenos presentes e com todo o orgulho do amor, proteger os meus sonhos de todos os Herodes da história e do coração.

P. Ermes Ronchi, © SNPC (trad.) | 05.01.14,

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