sábado, 4 de janeiro de 2014

Solenidade da Epifania de Jesus - 5 de janeiro de 2014

       1 – Popularmente conhecido como o dia dos Reis (Magos), ainda que sejam magos (estudiosos) e não reis, este é o Dia da manifestação de Jesus ao mundo inteiro como o verdadeiro Rei de Israel, Aquele que de Deus nos traz a salvação e a vida. Os Magos, vindos do Oriente, vindos de todo o mundo conhecido naquela época, representam a humanidade inteira que procura Deus e se prostra diante d'Ele em adoração, não como o escravo frente ao seu senhor, mas como filho diante do Pai a quem agradece a vida e tudo o que de bom vai usufruindo na sua casa.
       A Boa Nova para hoje mostra os Magos à procura do Messias, o rei dos judeus que acaba de nascer: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Tal notícia apanha alguns desprevenidos e instalados, como Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Ali tão perto e não se deram conta de nada, ao pé do sino sem ouvir as horas! A preocupação primeira de Herodes é saber se de facto os “boatos” se confirmam, pois logo vislumbra uma possível ameaça ao seu poder. Afinal é ele o rei dos judeus e não qualquer criança que possa nascer. “Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela”. Para Herodes aquela criança não é fonte de bênçãos mas de preocupação!
       Os Magos seguem a estrela que tinham visto no Oriente e que, entretanto, se escondera ao passarem na cidade. Quando veem novamente a estrela e a fixar-se no lugar onde estava o Menino, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.
        2 – A adoração dos Magos desafia o nosso medo, a nossa indiferença e o nosso comodismo, a nossa treva e o vazio que por vezes nos tolda a mente e aperta o coração. É um quadro que poderemos e deveremos viver na atualidade. Em primeiro lugar, a certeza de que Deus é Pai, é Deus próximo, que nunca abandona a obra criada. Ele toma a iniciativa de nos procurar, de vir ao nosso encontro. Dá-nos sinais, que nem sempre despertam a nossa atenção.
       Acompanhemos os Magos. Eles acolhem o chamamento de Deus. Vivem disponíveis para escutar e para ver. Deixam-se surpreender pela novidade. Não estão enclausurados na sua concha. Levantam o olhar para o horizonte e para os outros. Se estivessem mergulhados no seu mundo, olhando para o respetivo umbigo não veriam nada além das suas barrigas e dos seus pés. O limite é o céu. Buscam a vida até ao Infinito. Uma estrela nova. É necessário disposição para a escuta, para acolher o chamamento. Não se enche um cálice que está a transbordar!
       Mas não basta acolher os sinais que vêm do Céu, é preciso pôr-se a caminho, arriscando, sabendo que haverá dificuldades. Os Magos deixam o conforto da sua casa e da sua terra e partem ao encontro d'Aquele que a estrela lhes revelará. Nem sempre a estrela estará visível, a dúvida e a hesitação podem advir, a incerteza sobre o caminho a percorrer. Herodes recebe o mesmo sinal, a mensagem sobre o Menino que nasceu, mas nem por isso se põe a caminho, deixa-se ficar, juntamente com escribas e sacerdotes, no Palácio, no seu mundo, no seu lugar de conforto.
       Chegados ao local onde está o Menino, rapidamente se prostram em adoração, transparecendo amor, entrega, proximidade, contemplando o mistério do mundo com ternura e benevolência, com amor. A adoração não nos desliga do compromisso. Quanto mais perto de Deus, mais perto dos Seus filhos. «Quem meus filhos beija minha boca adoça». A adoração leva-nos a oferecer o melhor de nós mesmos, em atitude de reconhecimento e louvor. Magos e pastores dão do que têm, as suas vidas, deixam o que estão a fazer e partem ao encontro de Jesus, dão o tempo e o coração, a vida. Os magos oferecem também: ouro – símbolo da dignidade do ser humano; incenso – abertura ao transcendente, disponibilidade para participar na vida de Deus; mirra – todos buscamos cura, cuidados, alívio, conforto, justificação. De onde nos virá a resposta à nossa inquietação?
       Alegria, que atinge a sua expressão máxima no encontro com Jesus, o Deus Menino. Os magos vivem pequenas alegrias, na descoberta da estrela, ao agrupar-se numa projeto comum, no caminhar, sempre que a estrela lhes reforça a esperança e lhes aponta o caminho. Culmina no encontro com o Menino, com Maria e José. Esta alegria contagiante levá-los-á por novos caminhos. Com efeito, o encontro com Deus provoca conversão. Aquele que se encontra com Jesus não pode voltar à vida anterior. Há novos desafios. São os mesmos Magos que se puseram a caminho, mas transformados pelo olhar d'Aquele criança, comprometidos com o anúncio da Boa Notícia a todos os povos. A imensidão da alegria e da conversão fazem trasvazar o que nos vai na alma. Não é possível guardar tamanho tesouro só para nós. A luz não se pode esconder debaixo do alqueire!
       Chamamento. Resposta - pôr-se a caminho. Atitude - adoração. Sentimento - alegria. Frutos - conversão e anúncio do Evangelho. Testemunho
       3 – A convocação à ALEGRIA é bem notória nas palavras do profeta: “Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz e brilha sobre ti a glória do Senhor. Sobre ti levanta-Se o Senhor e a sua glória te ilumina. As nações caminharão à tua luz e os reis ao esplendor da tua aurora. Olha ao redor e vê: todos se reúnem e vêm ao teu encontro; os teus filhos vão chegar de longe e as tuas filhas são trazidas nos braços. Quando o vires ficarás radiante, palpitará e dilatar-se-á o teu coração... Virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando as glórias do Senhor”.
       A alegria assenta numa promessa, que se vive em atitude de esperança: o Senhor virá e com Ele a justiça e a paz para as nações, será LUZ que inundará o mundo inteiro, fazendo recuar as trevas, o pecado e a morte.
 
       4 – São Paulo, por sua vez, na carta aos Efésios, acentua o compromisso no anúncio do Evangelho. O encontro com Jesus é verdadeiramente mobilizador. Uma vez convertidos ao seu amor, cabe-nos dá-l’O a conhecer para que outros usufruam do mesmo mistério redentor e possa viver em Cristo Jesus.
       Diz de si mesmo o apóstolo: «Já ouvistes falar da graça que Deus me confiou a vosso favor: por uma revelação, foi-me dado a conhecer o mistério de Cristo… Os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo corpo e participam da mesma promessa, em Cristo Jesus, por meio do Evangelho».
       Também nós somos chamados a conhecer o mistério de Jesus, para O adorarmos, para participarmos da mesma promessa. Deus constitui-nos discípulos e apóstolos a favor dos outros.

Textos para a Eucaristia (ano A): Is 60, 1-6 ; Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.

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