terça-feira, 10 de março de 2015

Para lá das nuvens, o sol continua a brilhar

O texto publicado na última edição da Voz de Lamego (3 de março de 2015) foi em parte utilizado na dinâmica da Quaresma nas Paróquia de Tabuaço e de Pinheiros, no segundo domingo da Quaresma, com a proclamação do Evangelho da Transfiguração de Jesus...
(Paróquia de Tabuaço)
(Paróquia de Pinheiros)

       Ficamos felizes com um dia radiante, cheio de sol e de luz e sobretudo se é em pleno inverno. Há dias em que as nuvens são densas, carregadas, escuras, prontas a cair-nos em cima.
       Assim é connosco, com a nossa vida. Por vezes, os desertos, as cinzas, o sofrimento, a morte, a tristeza, fazem-nos perder o pé. Mas sabemos que não será para sempre.
       O Sol continua a brilhar para lá das nuvens que nos assustam e tiram brilho aos nossos dias.
       Por vezes precisamos apenas de um raio de sol, uma palavra, um sorriso, alguém que nos diga que a nossa vida faz sentido e que as coisas vão melhorar, apesar de tudo. Dias melhores virão.
       Jesus tinha dito aos seus discípulos que ia ser morto (cf. Mc 8, 27-33).
       Os discípulos ficam em desespero. Como é possível que Jesus vá ser morto? Logo agora que encontraram um sentido maior para as suas vidas!
       Jesus mostra-lhes a luz que vem das alturas, mostra-lhes o Céu (cf. Mc 9, 2-10), mas não lhes diz, nem a eles nem a nós, que a vida vai ser fácil daqui para a frente. Não. Diz-lhes que têm que descer da Montanha. Por maiores que sejam as dificuldades, Deus não os abandonará.
       Quando as trevas forem mais densas e o sofrimento mais intenso, lembrar-se-ão deste momento, desta luz, para prosseguirem caminho, pois para lá das nuvens o Sol continua a brilhar, depois das trevas a luz virá, depois da noite o dia surgirá.
       A Quaresma desperta-nos para esse caminho de luz e salvação, de esperança e vida nova. A Quaresma é um tempo limitado (podemos dizê-lo em relação à Páscoa, que se prolonga por 50 dias e em todas as Eucaristias do anos, e em relação à Páscoa definitiva). Logo estaremos a celebrar a Ressurreição de Cristo, a Páscoa.
       É uma primavera de promessas a despontar. O que está encoberto, sob a terra, logo desabrochará; os rebentos morrerão para que nasçam as flores e os frutos. A Páscoa, a vida, a felicidade, Deus, o amanhã, impelem-nos a caminhar, a avançar. Ainda que seja um pequeno vislumbre de luz far-nos-á avançar com mais segurança, até que a luz inunde por completo o espaço em que caminhamos, até que a vida se imponha sobre a morte, a luz sobre as trevas, a alegria sobre a tristeza.
       Transfiguremo-nos com Cristo, para melhor sentirmos a Páscoa!

in Voz de Lamego, edição de 3 de março de 2015

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