segunda-feira, 20 de junho de 2016

LEITURAS - Lucien Israël . CONTRA A EUTANÁSIA

LUCIEN ISRAËL (2016). Contra a Eutanásia. Lisboa: Multinova. 136 páginas.
       A temática da Eutanásia, a suposta defesa da dignidade humana, através da morte induzida a quem nos parece estar a sofrer, por decisão do próprio ou da família, ou por opção médica... volta a estar na moda para alguns partidos políticos... Depois da introdução de temas fraturantes, na sociedade portuguesa, voltam-se agora para a Eutanásia, colocando-a em paralelo com o aborto ou a defesa dos animais... infelizmente vai chegar o tempo e já chegou, que é crime matar ou maltratar um animal, mas é legal e justo maltratar e matar um ser humano.
       Vejamos algumas razões por que Lucien Israël é contra a eutanásia e a favor da vida e da dignidade da pessoa:
  • Os defensores da despenalização/liberalização da eutanásia são pessoas saudáveis 
  • Quando ficam doentes, os defensores da eutanásia, deixam de a pedir para si próprios 
  • Os idosos holandeses têm emigrado para a França ou outros países onde a eutanásia não é legalmente aceite 
  • Os familiares, por motivos diversos, por cansaço, porque a pessoa doente ou idosa se tornou um fardo, porque não querem deparar-se com o sofrimento e com a morte, desejam a eutanásia, isto é, a morte para os seus familiares... porque adiar por 6 meses se já não vai sobreviver... 
  • Seis meses, diz o autor, pode significar, novas terapêuticas, e ganhar 4 ou 5 anos, ao fim dos quais podem ter surgido novos fármacos capazes de dar mais qualidade e mais tempo à vida 
  • Como médico oncologista, o autor só se deparou com um caso de pedido expresso do próprio doente... 
  • A longevidade da vida... 4 gerações que podem ser 5 que convivem... fardo para a Segurança Social e para os sistemas de providência e seguro, que tornam oneroso a sobrevivência dos mais idosos ou das pessoas doentes... 
  • Com o avanço da medicina, é possível aliviar os sofrimento de maneira aceitável, ainda que se aumentem as doses e em consequência se possa diminuir o tempo de vida... 
  • Com o avanço da medicina, mais camas são ocupadas... é preciso disponibilizar camas para os que vão chegando... 
  • A aposta na eutanásia vai significar a não-aposta na medicina, na investigação, nos cuidados paliativos. A eutanásia pode ter mais motivos económico-financeiros que compaixão pela pessoa em sofrimento. 
  • O pedido da eutanásia muitas vezes é uma cedência aos familiares, para não se ser um fardo, um estorvo... deixam-se convencer... um exemplo de uma mulher com uma doença terminal... os filhos, vendo que não haveria cura, convenceram a mãe que era melhor acabar com a vida, para ela e, sobretudo para os filhos, ela aceitou, já que os filhos achavam que era o melhor... 
  • Muitos dos defensores da eutanásia colocam-se como defensores da liberdade e todos os que não estão de acordo são retrógradas, conservadores, ditatoriais... 
  • Os médicos estão no lado da vida, da defesa da vida, procurando com a sua arte ajudar as pessoas, curando-as, aliviando-lhes o sofrimento, dando sentido às suas vidas... os médicos não podem tornar-se carrascos... quem irá confiar num médico, em quem confia e coloca a vida, sabendo que em algum momento esse médico optará pela morte?! 
  • A solidariedade intergeracional começa a estar em causa. A eutanásia significa que as gerações anteriores estão em risco, porque as mais novas não se comprometem com a sua sobrevivência... porquê gastar dinheiro em centros de cuidados paliativos quando se pode acabar com o sofrimento dos outros, herdar mais cedo o que lhe pertencerá posteriormente e aliviando o peso da Segurança Social?
       Lucien Isräel, um não-crente e homem da ciência. Este francês foi médico e professor universitário de Pneumologia e Oncologia. Deu aulas em França, Estados Unidos da América, Canadá e Japão. Fez parte também de várias organizações da área da oncologia e da investigação, chegando mesmo a fundar o Laboratório de Oncologia Celular e Molecular Humana, em Paris. Foi membro da Academia de Ciências de Nova Iorque.
       É um livro-entrevista, publicado em França em 2002, mas com uma atualidade surpreendente.

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