sexta-feira, 9 de setembro de 2016

São Pedro Claver, presbítero

Nota biográfica:
       Pedro Claver nasceu em Verdú (Espanha) no ano de 1580; começou em 1596 os estudos de Letras e Artes na Universidade de Barcelona e em 1602 entrou na Companhia de Jesus. Na sua vocação missionária exerceu notável influência S. Afonso Rodriguez, porteiro do Colégio de Maiorca. Ordenado sacerdote em 1616 na missão da Colômbia, aí exerceu até à morte o apostolado entre os escravos negros, conforme o voto a que se tinha obrigado de ser «escravo dos negros para sempre». Debilitadas as forças, morreu em Cartagena (Colômbia) a 8 de Setembro de 1654.
Oração de coleta:
        Por intercessão de São Pedro Claver, que por vosso amor se fez escravo dos escravos concedei-nos, Senhor, que reco¬nheçamos em todos os homens a dignidade de filhos vossos e trabalhemos esforçadamente pela sua salvação. Por Nosso Se¬nhor Jesus Cristo, vosso Filho que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
 Da Carta de São Pedro Claver:
Ontem, 30 de Maio deste ano de 1627, festa da Santíssima Trindade, saíram de uma grande nau muitos negros trazidos das margens dos rios de África. Fomos ter com eles, levando dois cestos de laranjas, limões, bolachas e outras coisas, e dirigimo-nos para as suas barracas. Parecia que entrávamos noutra Guiné...
Entre eles havia dois quase a morrer: estavam frios e mal se lhes sentia o pulso. Levámos brasas numa telha para junto dos moribundos, deitámos perfumes nas brasas, até esvaziar duas sacas que tínhamos trazido. Depois, cobrindo-os com as nossas capas – pois eles nada tinham com que se cobrir e não podíamos perder tempo a pedir roupas aos seus senhores – conseguimos que fizessem uma inalação daqueles vapores e recuperassem o calor e a respiração. Era de ver a alegria com que nos olhavam!
Assim lhes falámos, não com palavras mas com obras; e na verdade, estando eles persuadidos de que tinham sido trazidos para ali a fim de serem comidos, de nada teriam servido outros discursos. Sentámo-nos depois, ou ajoelhámo nos junto deles, lavámos-lhes os rostos e os corpos com vinho, procurando alegrá- los com carinho e fazer-lhes o que naturalmente se faz para levantar o moral dos doentes.
Depois tratámos de os preparar para o Batismo. Explicámos-lhes os admiráveis efeitos deste sacramento para o corpo e para a alma. E quando, respondendo às nossas perguntas, deram mostras de terem compreendido, passámos a um ensino mais completo sobre um só Deus que premeia ou castiga segundo os merecimentos de cada um, etc. Exortámo-los a fazer o acto de contrição e a manifestar o arrependimento dos pecados que tivessem cometido, etc.
Finalmente, quando já pareciam suficientemente preparados, falámos dos mistérios da Santíssima Trindade, da Encarnação e da Paixão; e, mostrando-lhes num quadro a imagem de Cristo crucificado sobre uma pia batismal, para a qual correm os rios de sangue provenientes das chagas de Cristo, rezámos com eles, na sua língua, o acto de contrição.

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