quarta-feira, 5 de abril de 2017

São Vicente Ferrer, presbítero (+ 1419)

(Imagens da Capela de São Vicente. São Vicente, São Paulo, Santa Frebena)

       Nasceu em Valencia, Espanha, em 1350. Entrou para os Dominicanos (Ordem dos Pregadores de S. Domingos) com 17 anos. Nesta época, a Igreja Ocidental vivia o grande cisma, com dois Papas, um em Avinhão, na França, e outro em Roma, em Itália.
       Fez a sua profissão religiosa em 1368 e foi ordenado sacerdote em 1374.
       Mestre em teologia, Vicente coloca-se ao lado dos papas de Avinhão. Em 1384, o cardeal Pedro de Luna foi eleito Papa, Bento XIII. Vicente, que já era seu amigo, tornou-se seu confessor. Entretanto, para que a unidade da Igreja fosse possível chegou-se à conclusão que o melhor era que os dois Papa renunciassem, ficando assim as condições criadas para se eleger um novo Papa. Bento XIII manteve-se renitente. São Vicente incentivou-o a renunciar, para bem da Igreja e da unidade da mesma, acabando por lhe tirar o apoio. Com esta postura e decisão, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a unidade da Igreja ocidental. Este período negro da Igreja dissipou-se. As conversões e as graças por intercessão de Vicente Ferrer continuaram.
       Em Avinhão caiu gravemente enfermo. Tem então uma visão de Nosso Senhor, acompanhado de São Domingos e São Francisco, a entregar-lhe a missão de pregar o evangelho por todo o mundo.
       O coração desse dominicano era dotado de uma fé fervorosa. Numa época e numa Europa fértil em batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da peste negra, que dizimou um terço da população, a pregação de São Vicente Ferrer revestia-se de um certo fatalismo, num desafio permanente à conversão e à mudança de vida.
       Andou por Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda e muitas outras regiões, defendendo sempre a unidade da Igreja, o fim das guerras, o arrependimento e a penitência, como forma de esperar o regresso iminente de Cristo. Tornou-se uma das vozes mais respeitadas da Europa. Pregava para multidões e as Igrejas e Catedrais tornavam-se pequenas para os fiéis que queriam ouvi-lo, daí a opção de pregar nas praças públicas, onde cabiam mais pessoas. As procissões de penitência também uma adesão extraordinária. Mesmo os que não concordavam com ele, afirmavam que Deus estava do seu lado.
       Exorta as pessoas à conversão: a vinda de Jesus Cristo está próxima. Vicente é, para a imaginação popular, “o pregador do fim do mundo”. O auditório das suas pregações chegava a ultrapassar as 15 mil pessoas. Muitas vezes era chamado a intervir como árbitro de paz.
       São Vicente trabalhou com afinco também pela conversão dos judeus e dos maometanos. Os historiadores afirmam que foram 25.000 judeus e 8.000 maometanos que ele converteu com seu exemplo e palavras.
       No ano de 1407, em Domingo de Ramos, enquanto pregava numa igreja de Ecija, em Espanha, uma senhora judia, rica e poderosa, que seguia seus sermões por mera curiosidade, mas fazia sarcasmos a meia voz e, em forma de desafio, levantou-se de improviso e atravessou a multidão para sair, furiosa, mas o povo indignado com a atitude não a queria deixar passar, então o Santo disse-lhes: "Deixai-a sair, porém, afastai-vos do pórtico"... Quando ia a passar debaixo do pórtico, este desmoronou em cima dela e matou-a. São Vicente, em alto e bom som, ordenou: "Mulher, em nome de Cristo, volta à vida!" A mulher ressuscitou! Depois disso, a senhora converteu-se ao cristianismo. Na cidade, anualmente, uma procissão passou a comemorar a morte, ressurreição e conversão da senhora judia.
       Morreu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Há 598 anos.
       São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milénio e o maior pregador do século XIV. O processo de canonização começou no dia seguinte à sua morte. Nos lugares onde pregou, as populações, que o veneram ainda em vida, invocam-no após a sua morte. A Igreja reconheceu como autênticos 873 milagres.
       Foi canonizado pelo Papa Calisto III, em 1455, que, muitos anos antes de ser Papa, tinha sido favorecido por uma profecia de São Vicente. Durante uma das suas pregações, em Valência, entre a multidão dos que se aproximavam dele para se encomendar às suas orações, São Vicente pôs a sua atenção num sacerdote, que lhe pedia também a caridade de rezar por ele. O Santo disse-lhe: "Eu te felicito, meu filho. Tendes presente que és chamado a ser um dia a glória de tua pátria e de tua família, pois serás revestido da mais alta dignidade a que pode chegar um homem mortal. E eu mesmo serei, após minha morte, objeto de tua particular veneração".
       Em Tabuaço venera-se desde o séc. XV ou XVI. A povoação formou-se a partir de uma ermida erigida em sua honra, crescendo a partir daí. Não deveria ser muito distante da atual Capela em honra de São Vicente.
       Na Capela existem, depois das obras de recuperação, quatro imagens: São Vicente, Santa Frebena, São Paulo, Apóstolo, e Santa Maria (Romana).
       A imagem de São Vicente representa-o com o traje dominicano. Na imagem original, teria asas, sendo visíveis dois buracos na parte superior das costas, onde estariam incrustadas as duas asas que entretanto desapareceram, por ser apelidado de “anjo do apocalipse”. Sentado aos pés, a judia que ele ressuscitou e que se converteu ao cristianismo.

distribuído na Eucaristia comunitária (em 2013), AQUI

       Um vídeo com algumas imagens da Capela e da Imagem de São Vicente. Quer a Capela quer a Imagem foram beneficiados há pouco com intervenções de conservação e restauro. A música de fundo, foi escolhida/proposta pelo Youtube:


Oração de colecta:
       Deus de misericórdia, que chamastes o presbítero São Vicente Ferrer, pregador incansável do Evangelho, a fim de preparar os homens para a vinda do Senhor, concedei-nos a graça de contemplar como Rei no Céu Aquele que cuja vinda como Juiz ele anunciou na terra. Por Nosso Senhor Jesus Cristo vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

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