sábado, 22 de julho de 2017

Santa Maria Madalena

É mencionada entre os discípulos de Cristo, assistiu à sua morte e mereceu ser a primeira a ver o Redentor ressuscitado de entre os mortos na madrugada do dia de Páscoa (Mc 16, 9). O seu culto difundiu-se na Igreja ocidental, sobretudo a partir do século XII.
Em 2016, o Papa Francisco decretou que a memória litúrgica de Santa Maria Madalena subisse de categoria e passasse a ser Festa, sublinhando o papel das mulheres na vida de Jesus Cristo, na Igreja e na sociedade e tendo em conta o papel peculiar de Maria Madalena no Evangelho, mormente no anúncio da ressurreição, pois a ela lhe coube essa primazia e precedência.
Oração (coleta):
       Senhor, que, na vossa infinita bondade, quisestes que Maria Madalena fosse a primeira a receber do vosso Filho a missão de anunciar a alegria pascal, concedei-nos, por sua intercessão, que, seguindo o seu exemplo, anunciemos a Cristo ressuscitado e O contemplemos no reino da glória. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

       Maria Madalena, aquela de quem Jesus retirou sete espíritos, e que O acompanhou durante a vida pública, servindo-O juntamente com outras mulheres, predispondo dos bens que possuíam e do facto de pertencerem a um grupo mais favorecido, livre, com posses (cf. Lc 8, 1-3).
       Durante muitos anos, Maria Madalena foi confundida ora com a mulher adúltera, ora com uma mulher de vida fácil, passe a expressão. Contudo a Igreja tem vindo a corrigir o erro. Não é que não pudesse ser um ou ser outra, e estar entre as primeiras e principais testemunhas do Evangelho. Mas destas não se conhece a identidade, e daquela sabe-se quem é (Maria) e de onde é: Magdala (= magdalena = madalena).
       Crê-se, que os sete espíritos deveria ser uma grave doença e a partir da cura ela não mais deixou de servir Jesus e os seus discípulos, com os seus bens, e com os seus préstimos, como reconhecimento e gratidão pela cura.
       A passagem de São João (8, 1-11), da mulher que é levada à Sua presença para que Ele emita um juízo. "Tu que dizes?" Deve cumprir-se o que está prescrito na Lei de Moisés? A resposta de Jesus é inequívoca: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» E logo para esta mulher: «Ninguém te condenou? Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»
       Em nenhum momento se fala na identidade desta mulher. Mais tarde a Igreja, e alguns Padres da Igreja, fazem uma leitura abusiva dizendo que se tratava de Maria Madalena.
       Outra passagem que é confundida relacionando-a com Maria Madalena, é a unção de Betânia (Jo 12, 1-11). A mulher que unge os pés de Jesus, com um perfume de alto preço é MARIA, IRMÃ DE LÁZARO e não Maria Madalena, e não é confundível com nenhuma prostituta. O que acontece, com efeito, nos outros evangelistas: Mateus (26, 6-13) e Marcos (14, 3-9) referem a unção de Betânia, dizendo que uma mulher se aproximou d'Ele e lhe perfumou os pés. Não dizem o nome da mulher, ainda que alguns concluam que se poderia tratar de Maria, irmão de Lázaro, por ser aí que a família morava. Ajuda outra passagem, em (Lc 10, 38-42), em que Maria está aos pés de Jesus a escutá-l'O. É uma cena semelhante à da mulher que se senta por detrás de Jesus para lhe perfumar os pés. O evangelho de São Lucas (7, 36-50) é mais extenso na narração desta passagem. Em casa do fariseu Simão, uma mulher, conhecida da cidade como pecadora, banha os pés de Jesus com as lágrimas, limpa-lhos com os cabelos e perfuma-lhos. Em todas as narrações há uma grande proximidade de dados, pelo que facilmente se concluiria que se trata de Maria, irmã de Lázaro e de Marta. Pecadora, conhecida por toda a cidade, só Lucas o refere e sem especificar o nome. MARIA MADALENA não se confunde nem com Maria de Betânia, irmã de Lázaro, nem com a Mulher pecadora que Lucas refere, nem muito menos com a Mulher surpreendida em adultério e levada à presença de Jesus. TODAS ELAS, a três ou quatro mulheres merecem o maior carinho da parte de Jesus. Das que são assinaladas como "pecadoras" não se refere o nome para as salvaguardar, pois ao tempo dos evangelhos ainda havia pessoas que reconheceriam as suas famílias.
       SEM DÚVIDA, Maria Madalena é a primeira testemunha da ressurreição de Jesus.
São Gregório Magno, papa, sobre os Evangelhos

A minha alma tem sede do Deus vivo

Maria Madalena, quando chegou ao sepulcro e não encontrou lá o corpo do Senhor, julgou que alguém O tinha levado e foi avisar os discípulos. Estes vieram também ao sepulcro, viram e acreditaram no que essa mulher lhes dissera. Destes está escrito logo a seguir: E regressaram os discípulos para sua casa. E depois acrescenta-se: Maria, porém, estava cá fora, junto do sepulcro, a chorar.
Estes factos levam-nos a considerar a grandeza do amor que inflamava a alma desta mulher, que não se afastava do sepulcro do Senhor, mesmo depois de se terem afastado os discípulos. Procurava a quem não encontrava, chorava enquanto buscava e, abrasada no fogo do amor, sentia a ardente saudade d’Aquele que pensava ter-lhe sido roubado. Por isso, só ela O viu então, porque só ela ficou a procurá-l’O. Na verdade, a eficácia das boas obras está na perseverança, como afirma também a voz da Verdade: Quem perseverar até ao fim será salvo.
Começou a buscar e não encontrou; continuou a procurar e finalmente encontrou. Os desejos foram aumentando com a espera e fizeram que chegasse a encontrar. Porque os desejos santos crescem com a demora; mas os que esfriam com a dilação não são desejos autênticos. Todas as pessoas que chegaram à verdade, conseguiram-no porque lhe dedicaram um amor ardente. Por isso afirmou David: A minha alma tem sede do Deus vivo; quando irei contemplar a face de Deus? Por isso também diz a Igreja no Cântico dos Cânticos: Estou ferida pelo amor. E ainda: A minha alma desfalece.
Mulher, porque choras? Quem procuras? É interrogada sobre a causa da sua dor, para que aumente o seu desejo e, ao mencionar ela o nome de quem procurava, mais se inflame no amor que Lhe tem.
Disse-lhe Jesus: Maria! Depois de a ter tratado pelo nome comum de «mulher», sem que ela O tenha reconhecido, chamou-a pelo nome próprio. Foi como se lhe dissesse abertamente: «Reconhece Aquele que te conhece a ti. Não é de modo genérico que te conheço, mas pessoalmente». Por isso Maria, ao ser chamada pelo seu nome, reconhece quem lhe falou; e imediatamente lhe chama «Rabbúni», isto é, «Mestre». Era Ele a quem procurava externamente e era Ele quem a ensinava interiormente a procurá-l’O.

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