domingo, 24 de dezembro de 2017

Natal - celebração do Nascimento de Jesus | 2017

       1 – Celebração do Natal, aniversário natalício de Jesus Cristo, ainda que não se saiba ao certo o dia e o mês em que nasceu, sublinha, com o solstício de Inverno, que Aquele Menino é a verdadeira Luz, o Sol que nasce para nós. Vem de Deus, traz-nos Deus, insere-nos na vida de Deus. Em noite de Natal, o profeta Isaías fala-nos desta luz: «O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar». E logo o profeta acrescenta o porquê de tanta Luz: «Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros... o seu poder será engrandecido numa paz sem fim, sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e consolidar por meio do direito e da justiça, agora e para sempre» (Is 9, 1-7).
       Quando Mateus relatar o nascimento de Jesus utilizará este texto para nos dizer que em Jesus se cumprem as profecias, mas sobretudo as promessas de Deus. O Deus Menino é verdadeiramente a Luz que irradia para o mundo inteiro (cf. Mt 4, 16).
       2 – O nascimento de Jesus reveste-se de alegria. Sempre que uma criança nasce deveria ser uma alegria sem fim, uma bênção para os pais, para toda a família, para toda a comunidade. E em comunidades em que as crianças "escasseiam", hoje torna-se ainda mais relevante o nascimento de uma criança. No entanto, por vezes, aquela vida nova que está para nascer, ou que nasceu, é vista como estorvo, como incómodo, quase como uma "coisa" que atrapalha o dia-a-dia.
       Ao olharmos para uma criança recém-nascida, na sua inocência e fragilidade, para o mistério do que virá a ser, certamente que o nosso coração deve rejubilar de alegria, pois Deus nos visita, por Jesus, e nos visita por cada pessoa que se cruza na nossa vida.
«Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai". A salvação é-nos revelada em plenitude em Jesus Cristo. "Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por seu Filho, a quem fez herdeiro de todas as coisas e pelo qual também criou o universo. Sendo o Filho esplendor da sua glória e imagem da sua substância, tudo sustenta com a sua palavra poderosa».
       Que excelente motivação para a gratidão e para o louvor. Deus visitou-nos. “Manifestou-se a graça de Deus, fonte de salvação para todos os homens. Ela nos ensina a renunciar à impiedade e aos desejos mundanos, para vivermos, no tempo presente, com temperança, justiça e piedade, aguardando a ditosa esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo (Tito 2, 11-14). Como sentencia São Paulo, a presença de Deus no meio de nós leva-nos ao louvor mas também a agir em conformidade com a glória de Deus, que vem salvar-nos.
       3 – Para nós cristãos, o Natal manifesta, antes de tudo, o Amor de Deus para connosco, que nos envolve, que nos redime, que nos insere na comunhão conSigo. O Natal visualiza o mistério da Encarnação, o que estava oculto revela-se com toda a luz, a palavra faz-Se vida, Jesus revela-nos o Rosto do Pai, uma vez que Quem o vê, vê o Pai (cf. Jo 14, 9).
«No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus. No princípio, Ele estava com Deus. Tudo se fez por meio d’Ele e sem Ele nada foi feito. N’Ele estava a vida e a vida era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam. .... O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.... E o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade. ... foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça».
       São João faz-nos recuar à eternidade. O nascimento de Jesus, o Verbo encarnado, pleniza os desígnios de Deus, desde sempre e para sempre. Ele vem como luz, ainda que esta possa ofuscar os que andam nas trevas. Fazemos essa experiência quando da escuridão passamos à claridade da luz e de imediato cerramos os olhos e colocamos as mãos para filtrar a luz, para que esta não nos fira com a sua intensidade.
       Se deixarmos que a Luz ilumine a nossa vida, então tudo se altera. A nossa vida passa a refletir o Deus que nos habita.
       4 – São Lucas relata o nascimento propriamente dito, constatando que Deus não Se impõe pela sumptuosidade ou pelo poder, mas pela simplicidade da ternura e do amor. Só os corações pobres reconhecem que Aquele Menino é Dom de Deus.
       «Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de [Maria] dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria». Certamente já fizemos a experiência de passarmos ao lado do que se vem a revelar importantíssimo. Quantos pormenores nos escapam num primeiro olhar, e logo nos apercebemos do tempo que perdemos em busca de algo que estava mesmo a nossa frente.

"Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados» (Evangelho da Missa da Meia-noite: Lc 2, 1-14).
       Deus é ousado na forma como nos aborda. Respeita-nos porque nos ama. E porque nos ama, dá-Se por inteiro, o melhor de Si mesmo, o Seu amor maior, o Seu próprio Filho. Toma a iniciativa, mas aceita a nossa recusa. Expõe-se. Atrai-nos. Revela-Se. Mas podemos ter o olhar ferido e não O reconhecer. Aqueles pastores reconhecem o Menino como Luz que vem de Deus.
       5 – Deus havia prometido aos nossos Pais. Deus cumpre em Jesus a Sua promessa. Ele vem com poder e majestade, com o poder do amor e com a majestade da Sua misericórdia. Nós vimos a Sua glória. Agora cabe-nos levar mais longe esta alegre notícia:
«Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz, que traz a boa nova, que proclama a salvação... Eis o grito das tuas sentinelas que levantam a voz. Todas juntas soltam brados de alegria, porque veem com os próprios olhos o Senhor que volta para Sião. Rompei todas em brados de alegria, ruínas de Jerusalém, porque o Senhor consola o seu povo, resgata Jerusalém. O Senhor descobre o seu santo braço à vista de todas as nações e todos os confins da terra verão a salvação do nosso Deus» (Is 52, 7-10).
Pe. Manuel Gonçalves


Textos para a Eucaristia:
Missa da Noite: Is 9, 1-6; Sal 95 (96); Tito 2, 11-14; Lc 2, 1-14;
Missa da Aurora: Is 62, 11-12; Sal 96 (97); Tito 3, 4-7; Lc 2, 15-20
Missa de Natal: Is 52, 7-10; Sal 97 (98); Hebr 1, 1-6; Jo 1, 1-18.

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