terça-feira, 20 de março de 2018

VL – A humildade faz-nos humanos…

       É uma marca distinta de Jesus Cristo. Quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado. Quem quiser ser o primeiro seja o último e o servo de todos. Nestes dias temos assistido à impotência das populações face aos incêndios. Perante a grandeza dos mesmos, há muitas situações que podem ser precavidas e melhoradas. Também aqui a humildade é crucial: reconhecimento do que não se fez, por incapacidade ou pela não previsibilidade; pelo que se pode vir a fazer, pela escuta e pelo acolhimento do contributo de outros.
       Com efeito, só a humildade nos permite aprender, dialogar, partilhar, comungar a vida com os outros. Só a humildade nos permite apreciar a vida, agradecer os dons recebidos, cultivar os talentos a favor dos outros e em prol de uma sociedade renovada. Só a humildade nos permite ser pessoas, diante dos outros e, para quem tem fé, diante de Deus. Só a humildade nos enriquece, nos humaniza e nos aproxima dos outros. Só a humildade nos leva a reconhecer as falhas, a pedir perdão e a tentar corrigir os erros. Só a humildade nos capacita para compreendermos os outros, sermos tolerantes com as suas falhas e apreciadores das suas qualidades. Só a humildade nos leva a construir pontes e derrubar muros, a juntar as nossas energias às energias dos outros, procurando a paz e a justiça. Só a humildade nos coloca à escuta e nos predispõe a aprender sempre mais. Olhos e ouvidos abertos ao que nos rodeia, coração atento a outros corações.
       Humildade não é o mesmo que ingenuidade, ignorância, descuido ou o não querer-saber. Humildade não é renunciar a valores e convicções, não é aderir, sem mais, aos valores, ideias e projetos dos outros. Humildade não é abdicar da própria vida para viver a vida dos outros. Humildade não é achar que os outros são bons e eu sou mau, que os outros são capazes de tudo e eu não sou capaz de nada. Humildade não é autocomiseração, fazer-se de coitadinho/a para que todos reparem em mim e me apapariquem. Humildade não é cruzar os braços, não é encolher-se ou remeter-se ao seu canto para não incomodar ninguém.
       A humildade compromete-nos, abre o meu e o teu coração à vida e aos outros, leva-nos a sair do nosso egoísmo para, com os outros, formarmos família. A humildade faz-nos reconhecer que estamos a caminho e podemos crescer e aprender sempre mais. Os outros são uma oportunidade e não um estorvo.

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