sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Domingo XII do Tempo Comum - ano C - 1.09.2019

João António - Onde está Jesus, hoje?

J.A. PINHEIRO TEIXEIRA (2019). Onde está Jesus, hoje? A Igreja como cristopresença e cristovivência. Lamego. 392 páginas.

       Colaborador próximo da Voz de Lamego, de que já foi Diretor, presença habitual nas redes sociais e em jornais da região, o Reitor do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, Pe. João António, vai-nos brindando com algumas publicações, em forma de testemunho e de desafio, envolvendo-nos no seguimento de Jesus e na identificação com a Sua vida, procurando, como Ele, sintonizar, transparecer e testemunhar a vontade de Deus.
       A escrita do autor é muito característica. Quem lê as suas crónicas, conhece o estilo: contrapontos, antíteses, dilemas, expressões subordinadas, avançando a reflexão em forma de espiral, retomando temáticas, repondo algumas frases, reforçando as ideias propostas, fazendo-nos aprofundar e progredir na reflexão. São muitas a referências a autores consagrados na teologia mas também em outras áreas do saber, de ontem e de hoje, mas a referência inadiável é Jesus, a Sua intimidade com o Pai, na oração, com as Suas opções, sem excluir ninguém, a preferência pelos pobres, pelos mais frágeis da sociedade, por aqueles que estão à margem, excluídos e até odiados, a coerência entre as palavras e a vida, as obras como expressão da fé, contra a hipocrisia, pelo serviço, caracterizado pelo amor, opondo-se a qualquer tipo de imposição e poder. 
       Já tivemos a oportunidade de noticiar a apresentação do livro, realizada no dia 12 de agosto, no Santuário dos Remédios. Nessa ocasião, disponibilizámos também a apresentação feita por D. António Couto, Bispo de Lamego, nas primeiras páginas do livro. D. António recomenda vivamente a leitura desta obra, tendo em conta a temática eclesial a desenvolver na nossa Diocese no triénio pastoral de 2018-2021: Igreja na sua vocação e identidade, na sua missão e no seu caminho. Tendo-o lido, com proveito, assim o esperamos, , secundamos agora a sugestão de D. António. É uma leitura muito oportuna, cuja densidade não impede a clareza.
       A Igreja é de Cristo. O que é Cristo terá que ser a Igreja. O que é Cristo teremos que ser nós. Cristo transparece e vive a vontade do Pai. Assim também nós havemos de deixar transparecer o amor de Cristo pela Sua Igreja, pela humanidade.
       Dos muitos pedaços de texto com que poderíamos ilustrar o que dissemos sobre este livro, as palavras da contracapa são suficientemente luminosas e sugestivas: 
Amo-te, minha mãe, minha mãe Igreja.
Amo-te, porque me dás o que ninguém mais me consegue dar: Cristo, Maria, os santos e o convívio diário com pessoas que exalam o incomparável perfume de Deus.
Amo-te, porque nem nos momentos de maior fragilidade desistes da nossa humanidade.
Amo-te, porque és tu que tens levado o Evangelho da paz e da esperança a tantos deserdados deste mundo.
Amo-te, porque és tu que queres aqueles que mais ninguém quer.
Amo-te e quero-te mais do que nunca.
É contigo que espero continuar a viver. E é nos teus braços que, um dia, quero morrer.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

FÁTIMA LOPES - FÁTIMA, O MEU CAMINHO, A MINHA FÉ

FÁTIMA LOPES (2019). Fátima, o meu caminho, a minha fé. 2.ª Edição. Barcarena: Manuscrito Editora. 170 páginas.

       Nada melhor que as palavras da autora para enquadrar o livro que sugerimos: "Fátima é um lugar de descanso, onde encontro respostas, mas também onde me são colocados novos desafios e novas perguntas. Onde confirmo a certeza que tenho desde pequenina: a de que nasci para ser feliz e ajudar os outros a serem felizes".
       A Fátima Lopes não precisa de grandes apresentações, pois quase diariamente aparece em programas de televisão, nos últimos anos na TVI, em programas de entretenimento, vindo a "especializar" em programas que contam histórias de vida, demandas, sofrimento, sempre histórias de amor, de luta, de adversidade, de esperança. Além disso, é uma mulher de fé, católica, devota de Fátima. E não o esconde.

       Em 12 de maio de 2017, a autora em trabalho de reportagem para a TVI foi surpreendida por 8 minutos em que o Papa Francisco, na Capelinha das Aparições, permaneceu em silêncio e em oração. Um mar de gente que, com o Papa, fez um "silêncio orante", na expressão do Papa Francisco. Foram dias muito aguardados, visita do Papa, centenário das Aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos, canonização de Francisco e Jacinta. "Foi como se, de repente, o Santuário tivesse ficado vazio. Silêncio... espontâneo, comovente, rezado por milhares de pessoas... uma paz que nunca tinha sentido antes. Um abraço quente que não conhecia... uma mão que pousava sobre a minha cabeça e me trazia uma sensação de conforto, de serenidade e de uma felicidade plena... Rapidamente que esqueci de que era apresentadora de televisão e deixei que falasse o meu lado crente. Senti necessidade de partilhar com os espectadores momentos íntimos associados à minha fé. Como, por exemplo, o caminho feito para conseguir engravidar do meu segundo filho".
       São aqueles 8 minutos que marcam a decisão de Fátima Lopes em fazer-se peregrina de Fátima, partindo de Lisboa, a pé até ao Santuário, a primeira, em outubro de 2017 e, a segunda, em maio de 2018. Foi desafiada pelos companheiros de peregrinação a escrever sobre a sua experiência de caminhar a pé para Fátima.
"Defino-me como uma mulher de fé. Levo Fátima marcado no meu nome e na minha data de nascimento, 13 de maio, mas foi ali, naquele silêncio esmagador de mais de 500 mil peregrinos junto do seu pastor que eu senti que tinha de ir mais fundo, mais longe, na minha vida e na minha fé... Também eu queria escrever a minha história de peregrina. Também eu queria passar em análise a minha vida, enquanto caminhava, quilómetro a quilómetro. Queria sentir o milagre de Fátima e viver no meu coração a certeza de que o Papa Francisco nos deixou na homilia do dia 13 de maio: «Temos Mãe»... Este ano faço 50 anos e 25 anos de carreira na televisão. É por isso um ano repleto de celebrações para mim, como tudo o que cada uma delas significa... Este livro é por isso um marco. Uma reflexão sobre a minha vida, os meus valores, aquilo em que acredito e o que me move. Uma forma de agradecer tudo o que a vida me tem dado e todas as experiências que tenho vivido".
       Ao longo do livro, Fátima Lopes fala da sua vida, das dificuldades e dos medos, de sofrimento e de perda, da vida e da fé, do amor e da esperança, de educação e de valores, num caminho cheio de esperança, assumindo a disponibilidade para aprender, para caminhar, para aprender com os erros, para enfrentar os medos e as perdas, para aprender com o passado, mas encarando com alegria o presente e o futuro. É uma leitura empolgante. Um testemunho de fé e de vida.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

SEÁN O’MALLEY - GAMBIARRAS DE LUZ

SEÁN O’MALLEY, Ofm Cap. (2019). Gambiarras de Luz. Prior Velho: Paulinas Editora. 208 páginas. 
“A busca pela luz surge espontaneamente no nosso coração. Nós não podemos viver sem luz. A luz de Cristo permite-nos encontrar significado, descobrir a nossa própria identidade, e abraçar a missão que Cristo nos deu. As reflexões deste livro são as modestas tentativas de um pastor para ajudar as pessoas a roubarem um pouco da luz dos céus, conectando-se à mensagem de Jesus no Evangelho e às perceções de um simples frade que busca penetrar uma luz e uma sabedoria que não são dele, mas sim uma dádiva de um Deus cheio de amor”. 
É este o propósito com que o autor, o Cardeal Seán O’Maaley, franciscano capuchinho, arcebispo de Boston, disponibiliza mais um conjunto de intervenções, homilias e discursos, sobressaindo a sua missão como cristão, bispo e um dos responsáveis da Igreja mais próximos do Papa Francisco, integrando precisamente o Conselho de Cardeais. Está muito ligado à Comissão para as Atividades Pró-Vida da Conferência Episcopal Americana, entre outros compromissos, tal como ser Presidente da Pontifícia Comissão para a Proteção de Menores. 
São vários os textos que têm precisamente a ver com a ligação convicta do Cardeal às atividades Pró-Vida, numa América em que a comunicação social e a classe política utilizam todos os meios para promover uma cultura de indiferença face aos outros e ao seu sofrimento, defendendo a individualismo, quando facilmente se percebe que todos estamos dependentes uns dos outros e somos responsáveis uns pelos outros, ao longo de toda a vida, mas sobretudo nos momentos de mais fragilidade, no início e no fim da vida. O Cardeal participa habitualmente nas marchas a favor da vida. A Igreja não é contra nada, é a favor da vida. Não se trata de perseguir e condenar, mas de ajudar a encontrar soluções positivas, de vida, de promoção da dignidade de cada ser humano, independentemente da fragilidade em que se encontre. 
Ligado ao aborto, a pobreza. As questões que eram usadas para a defesa da legalização do aborto eram as má-formações, a violação, o perigo de vida para a mãe. Mas na realidade, mais de 90% dos abortos são por questões financeiras. Depois do aborto, a eutanásia, o suicídio assistido e agora o homicídio assistido, por vezes sem consentimento do próprio, outras sem sequer avisar a família. 
Os textos são um hino à vida, procurando sublinhar a beleza do Evangelho e da vida.