sábado, 31 de julho de 2010

XVIII Domingo do Tempo Comum - 1 de Agosto

       1 - "Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens". Jesus é peremptório neste alerta. Depois de alguém Lhe dizer para ser intermediário na partilha de bens, Jesus diz aos presentes que as suas vidas não dependem da abundância dos seus bens.
       De seguida Jesus conta uma parábola sobre um homem que produziu uma colheita excelente, mandou construir um celeiro maior onde guardar toda a colheita e os seus bens, para no final poder dizer a si mesmo: "Descansa, come, bebe, regala-te". Mas nessa noite, Deus chama-o para dar contas. Então para quem serão todos os seus bens?
       Jesus conclui a parábola desta forma: "Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus".
       Em muitas ocasiões Jesus mostra a prioridade do reino de Deus. Obviamente, também Ele come e bebe e participa em festas familiares e/ou comunitárias. Por aqui conclui-se que não menospreza os bens deste mundo que nos permitem viver com dignidade. Nesse sentido, o desafio à partilha, à caridade, à concretização prática da fé professada na relação com o semelhante, prestando-lhe cuidados, como o bom samaritano, perdoando, reconciliando os desavindos.
       Mas já nesta perspectiva, acentua os bens espirituais, aquilo que nos liga aos outros, que nos torna solidários, família, nos torna irmãos, ajudando os outros e ajudando-nos a ser felizes.

       2 - O que é certo, se a abundância dos bens fosse a garantia de felicidade e disso dependesse a nossa vida, então todas as pessoas com muitos bens materiais seriam felizes, Já, pelo contrário, as pessoas com escassez de bens materiais, seriam pobres das duas maneiras, nos bens e na (in)felicidade.
       A experiência diz-nos, com efeito, que há muitas pessoas que não têm grandes riquezas materiais e são felizes, generosas, simpáticas, de bem com a vida. Ao invés, há pessoas a quem não falta nada, materialmente falando mas que estão sempre mal com a vida e com os outros. Pelo meio, há ricos, cuja generosidade e desprendimento, que se permitem ser felizes, de bem com a vida. E há pobres que tudo fariam para destruir os que têm mais, não para partilhar, mas para ocupar os seus lugares, para viverem na opulência.
       Por outro lado, a experiência mostra-nos que muitas pessoas gastam o tempo todo em trabalho e preocupações, esquecendo-se de apreciar a vida, valorizar os momentos em família, o contacto com amigos, a usufruir positivamente dos investimentos. No final, quantas pessoas que acumularam uma riqueza considerável, mas agora que têm dinheiro e bens ou não têm saúde ou não têm ninguém, por vezes até os filhos debandaram!

       3 - Neste concreto, as leituras deste domingo são demasiado claras e provocadoras. Na primeira leitura, ouvimos o desabafo em jeito de desafio: "Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol?"
       O autor parece desiludido perante a vida, todos têm a mesma sorte, tenham ou não trabalhado com justiça e sabedoria. Mas no final, o autor há-de concluir que tudo é vaidade se for feito e vivido à margem de Deus. Tudo pode ter sentido, se nos orientar para o bem, para Deus.
       É também essa a dinâmica expressa por São Paulo, nesta interpelação: "Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus... fazei morrer o que em vós é terreno".
       A prioridade há-de ser os valores do reino: a justiça, a verdade, o perdão, a caridade, a partilha solidária, o bem, a atenção aos mais necessitados, a reabilitação dos marginalizados.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Co (Ecle) 1,2; 2,21-23; Col 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Inocente á aquele que...

Inocente é aquele em quem não reside o mal,
E que não o comete;
Nele não existe qualquer duplicidade, o seu coração não
Está dividido;
Nele não há sinuosidade: nem no seu comportamento
Nem nas suas palavras.
Só tem um olhar,
O do amor,
Mas do amor que se dá,
E se difunde sem cálculos.

O inocente em quem não reside o mal,
Não o vê no outro,
Confia sempre…
«Não tenho receio de ti, posso aproximar-me de ti sem
Qualquer temor, não tens segundas intenções, nem preconceitos;
Não és manhoso nem matreiro; os teus olhos límpidos
Desmontam as barreiras que ergui em torno do meu coração, barreiras de medo.
A tua inocência seduz-me».


O mundo não pode receber esse inocente.
A sua presença condena.
O brilho dos seus olhos condena,
Não o da criança que pretende captar e seduzir,
Nem o do ignorante ou do ingénuo,
Mas o do homem consciente do alcance
Dos seus actos,
Que sabe que diante dos homens
E da lei
Pode ser tido por louco ou até condenável,
Mas prefere deixar-se guiar por essa outra lei, a lei eterna
Da pessoa e do seu amor, e da sua verdade.

O inocente é o homem livre que se faz escravo de Espírito.
Não se deixa aprisionar num grupo,
Branco ou negro,
Com as suas convenções sociais,
As suas maneiras de agir e os seus costumes.
Esse Espírito dá-lhe um coração universal
Que lhe permite poder encontrar o miserável,
O rico, o pobre,
Com um coração feito amor para o acolher e introduzir
No seu próprio coração,
Com esse sopro eterno.

A inocência verdadeira é a do amor que se difunde
Sem medo,
Porque somos amados e envolvidos
Pelo Amor do Pai.
E essa primeira fonte chama-se JESUS CRISTO.

E tu, inocente
Não tens medo,
Não tens medo do mundo,
Nem medo do mal,
Nem medo dos outros,
Nem medo de ti mesmo e da tua carne.
Tu caminhas pela vida
Sem temor,
Olhando, dando,
Entregando-te em absoluta tranquilidade,
De rosto radiante e límpido.
Mas tu não irradias a tua própria inocência,
É por isso que não tens medo…
Não tens medo de a perder,
Porque sabes que essa inocência vem do Alto,
Ou, antes, de uma nascente mais profunda
Do que tu:
A inocência que jorra de Deus
E que se chama JESUS CRISTO.

Porque és pobre
E porque o sabes
E porque amas a tua pobreza,
É que podes enfrentar a vida, o mundo e os outros,
Sem medo,
Para oferecer a tua inocência,
Para dar a tua paz,
Essa certeza e essa força do Amor.

Tu, inocente,
Podes tocar no mundo, na matéria e no outro,
Não para os tomar para ti,
Arrebatando-os ao outro,
Nem para os possuir só para ti
(contacto impuro e possessivo),
Nem para os destruir, pisar,
Fazer desaparecer, matar
(contacto de ódio e violência),
Mas para lhes transmitir a vida,
A liberdade
Que brota da paz.

O teu contacto, então, é como o de Jesus,
Um contacto feito de doçura,
De ternura
De vida,
Que cura.
«Ó contacto delicado
Que transforma a morte em vida!» (S. João da Cruz)

A inocência,
Miragem imaginária que se esfuma
Mal a procuro,
Porque não se pode procurar.
Ela só existe na medida
Em que te encontro
A ti
E a ti, Jesus Cristo,
A quem amo.

Jean Vanier, em "Novas Perspectivas do Amor", in Conhecer e Seguir Jesus.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O Nó do amor

Numa reunião de pais numa escola da periferia, a directora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos e pedia-lhes que se fizessem presentes o máximo tempo possível... Considerava que, embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempo para se dedicar e entender as crianças.
Mas a directora ficou muito surpreendida quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana, porque quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava a dormir... Quando voltava do trabalho já era muito tarde e o garoto já não estava acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família, mas também contou que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava redimir-se todas as noites quando chegava a casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A directora emocionou-se com aquela singela história e ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O facto faz-nos reflectir sobre as muitas maneiras das pessoas se fazerem presentes, de se comunicarem com os outros. Aquele pai encontrou a sua, que era simples mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afectivo, o que o pai lhe estava a dizer.
Por vezes, importamo-nos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais do que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com as pessoas, mas é importante que elas saibam, que elas sintam isso. Para que haja a comunicação é preciso que as pessoas "ouçam" a Linguagem do nosso coração, pois, em matéria de afecto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras.
É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afecto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o medo do escuro. As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas SABEM registar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó num lençol...

Deus nunca Se decepciona

«Somos moldados por todas as graças que recebemos, por todas as graças que recusámos,
por todos os gestos de amor e todos os gestos de ódio ou de indiferença,
pelos nossos fracassos e os nossos êxitos;
tudo, literalmente tudo se inscreve na nossa carne.

Assim, a experiência do amor de Deus por nós,
experiência que fazemos um dia (...),
não muda a nossa história nem o que nos moldou,
mas muda-nos porque nos revela que Deus nos ama,
tal como somos,
não tais como gostaríamos de ser,
não tais como a sociedade ou os nosso pais gostariam que fôssemos,
mas tais como somos hoje, com as nossas fragilidades, as nossas feridas,
os nosso medos, as nossas qualidades e os nosso defeitos.

Tais como somos hoje, somos amados por Deus.

E, se temos a impressão de que constantemente decepcionamos os outros,
que somos incapazes de corresponder às suas expectativas,
à sua confiança, às esperanças que depositaram em nós;
se temos o sentimento de que há uma distância
entre o que parecemos ser e o que somos na realidade,
entre aquilo que os outros pensam que somos capazes de fazer e o que podemos fazer de facto, então é preciso que saibamos que a Ele, o nosso Deus, jamais O decepcionaremos.

Ele conhece-nos exactamente.
Conhece o estranho mundo de trevas e luz que nos habita,
conhece melhor que nós esta mistura misteriosa que somos,
sabe aquilo de que somos capazes.
Os outros podem ser decepcionados por nós porque formam sonhos a nosso respeito
e nos projectam no ideal;
Deus nunca Se decepciona, porque aquele que ama, é aquele que eu sou hoje;
Deus não vive no futuro nem no passado mas sim no presente.
Ele "é" o presente e vê-me na minha realidade presente.»

Jean Vanier, em "A Fonte das Lágrimas", in Conhecer e Seguir Jesus.

Santa Marta, irmã de Maria e Lázaro

Nota biográfica:
       Era irmã de Maria e de Lázaro. Quando recebia o Senhor em sua casa de Betânia, servia-O com grande diligência, e com suas orações obteve a ressurreição de seu irmão.

Oração (de colecta):
       Deus omnipotente e eterno, cujo Filho aceitou a hospitalidade que Santa Marta Lhe oferecia em sua casa, concedei-nos, por sua intercessão, que, servindo a Cristo em cada um dos nossos irmãos, sejamos por Vós recebidos nas moradas eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Evangelho para este dia:
       Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (Jo 11, 19-27).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Leituras - As escadas do Céu

       Francisco Gouveia é naural de Pinheiros. Na Páscoa de 2006 fez-nos chegar duas obras da sua autoria: "Pietá" e "As escadas do Céu". É este último romance (Edição do Notícias da Beira, 1999) que agora recomendamos como leitura. Tem todos os ingredientes: hsitória portuguesa e duriense, intriga, tradições, usos e costumes, ódio e amor, trabalho e vingança.
       O grande cenário é o Douro, onde as montanhas foram esculpidas com a dedicação, com o suor, com o esforço, com o sangue, com a vida de muitos homens e de mulheres. Trabalho duro, para levar alguns tostões para casa e para o sustento da família. Quando a colheita era boa, todos ganhavam, quando era má, quem mais sofria eram os contratados, que passariam miséria com as suas famílias.
       Alfred Spencer e Mafalda, casados por interesses económicos, mas onde o amor venceu e germinou num fruto chamado Alice. Julião, o feitor que sucede ao pai, e Ana que se torna "aia" da patroa. II Guerra Mundial e Spencer a aventurar-se, quase no fim da guerra, a ir a Inglaterra, visitar a sua terra e as suas raízes, não voltará o mesmo. A desgraça que se abate sobre a quinta e sobre a casa. O sócio que só vê dinheiro e que quer casar o filho, pródigo de vícios, com a filha de Spencer, que entretanto fora dado como morto. Os amores de Alice com o filho do feitor, o Daniel. O casamento de Vítor com Alice, forçado, redunda em desgraça... A guerra no Ultramar e a mobilização dos jovens. de novo a desgraça se abate sobre a quinta... Virá depois a debandada dos que ainda têm força e esperança para França onde ganharão um futuro melhor.
       Em pano de fundo sempre o Douro, com descrições magníficas, que encantam quem nos visita.
       A pergunta de sempre: como foi possível construir com mãos humanas o que tinha sido moldado por Deus e como o homem acentuou a beleza plantada por Deus...

Para Deus nada é pequeno

"Purifique a sua intenção e a menor das suas acções encontrar-se-á cheia de Deus !" (Teillhard de Chardin)

«Não procureis acções espectaculares.
O que importa é o dom de vós mesmos.
O que importa é o grau de amor que pondes em cada um dos vossos gestos.
Sede fiéis nas pequenas coisas, porque é nelas que está a vossa força.
Para Deus nada é pequeno. (...)

Um dia, enquanto caminhava por uma rua de Londres, vi um homem sentado que parecia muito só. Fui até junto dele, peguei-lhe na mão e apertei-a.
Ele disse: "Há quanto tempo não sinto o calor de uma mão!"
Compreendi que um gesto assim tão pequeno pode dar muita alegria.»

Madre Teresa de Calcutá

O reino de Deus pode comparar-se...

       Disse Jesus à multidão: «O reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. O homem que o encontrou tornou a escondê-lo e ficou tão contente que foi vender tudo quanto possuía e comprou aquele campo. O reino dos Céus é semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Ao encontrar uma de grande valor, foi vender tudo quanto possuía e comprou essa pérola» (Mt 13, 44-46).
       Jesus compara o reino dos Céus a um tesouro escondido num campo, ou a uma pérola precisosa de grande valor encontrada por um negociante. Em ambas as comparações sublinha-se que quem encontra o reino de Deus este deverá tornar-se uma prioridade, à frente de tudo.
       Em outra ocasião Jesus dirá que quem preferir a mãe, o pai, o irmão, a casa, ao reino de Deus não é digno de O seguir. Duas momentos em que o Mestre dos Mestres centra a nossa atenção no reino de Deus e na prioridade que deverá assumir para todo o crente.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Na pele do outro...

       Bom dia Meu Filho, Minha Filha!
       É bom que repares no teu modo de olhar os estranhos; é que, por vezes, és tu o estranho. É bom que prestes atenção aos que te pedem ajuda; é que, noutro momento, foste tu o que precisou de ajuda. É bom que tenhas cuidado na relação com os doentes; é que, um dia, serás tu o doente.
       Sempre que puderes experimenta fazer este exercício de imaginação: e se fosses o outro? O que sentirias? Como gostarias de ser tratado? O que serias capaz de fazer por ele?
       Só se vê bem com o coração. Quando és capaz de te pôr no lugar do outro, sintonizas com o seu coração. E se o teu coração muda, o teu olhar muda. Então tudo muda. E tu tornas-te capaz do que antes te parecia impossível.
       Um abraço deste Pai que te ama.

João Delicado, in Deus reza de manhãzinha.

Figura do mês: Pai Américo

       1 – Um dos rostos mais conhecidos e popularizados no Portugal católico é sem dúvida o do Pai Américo e das inúmeras casas do Gaiato, a obra da Rua. Os órfãos e as crianças abandonadas ganharam um pai e uma casa de acolhimento e uma oportunidade para vencerem na vida.
       Natural da freguesia de Galegos, no concelho de Penafiel, Américo Monteiro de Aguiar, é o oitavo filho de uma família cristã, tendo nascido no dia 23 de outubro de 1887.
       Desde cedo sentiu o chamamento ao sacerdócio, mas o pai preferiu que ele seguisse a carreira comercial, após estudos básicos, trabalhando inicialmente no Porto e, depois, a partir de 1906, com 18 anos e até aos 36 anos de idade, em Moçambique.
       Volta à Metrópole, a Portugal Continental, e ingressa no Convento Franciscano de Vilariño de Ramallosa, em Espanha. Aí toma o hábito em 14 de agosto de 1924. Passados dois anos deixa a vida conventual. Pede o ingresso no Seminário do Porto, mas a idade torna-se um impedimento. É aceite no Seminário de Coimbra, em 1925.
       É ordenado sacerdote no dia 29 de julho de 1929. Até à morte há-se estar ao serviço dos mais carenciados.
       2 – O bispo de então, D. Manuel Luís Coelho da Silva, dispensa-o de todas as obrigações sacerdotais, por ser uma pessoa debilitada, doente, e encarrega-o da Sopa dos Pobres, em 1932, “por não servir para mais nada”, como diz o próprio Pai Américo.
       O apostolado da caridade encontra um grande servidor. Visita cadeias e hospitais, num contacto próximo com as famílias em dificuldades, que procura ajudar com toda a diligência.
       Em agosto de 1935, organiza as Colónias de Férias do Garoto da Baixa, em Coimbra. Era um embrião daquilo que viria a ser a Casa do Gaiato. Seguem-se colónias de Campo em Vila Nova do Ceira e Miranda do Corvo.
       A primeira casa do Gaiato é fundada em 7 de janeiro de 1940, no lugar de Bujos, em Miranda do Corvo, seguindo-se a de Paço de Sousa, no mosteiro beneditino aí existente.
Com o lema, “cada freguesia cuide dos seus pobres”, iniciou-se a construção de várias casas dos pobres para que assim acontecesse.
       No dia 1 de janeiro de 1941 é a vez do lar do Ex-Pupilo das Tutorias e dos Reformatórios, em Coimbra, instituição que será entregue, em 1950, aos Serviços Jurisdicionais de Menores.

       3 – Com as casas, chegam também as publicações que divulgam e fundamentam a Obra da Rua.
       Em junho de 1941, publica o primeiro volume do Pão dos Pobres, e no ano seguinte, publica Obra da Rua. O primeiro número do jornal “O Gaiato”, quinzenário da Obra da Rua, surge em 5 de março de 1944.
       Entretanto, a 4 de janeiro de 1948 é inaugurada a Casa do Gaiato de Lisboa, situada em Santo Antão do Tojal, em Loures.
       Durante o ano de 1950, o Pai Américo publica o opúsculo “Do Fundamento da Obra da Rua” e “Do Teor dos seus Obreiros” e o primeiro volume do livro “Isto é a Casa do Gaiato”.
       Em 1952, viaja para África e publica um novo livro, “O Barredo”. Em 1954, sai a lume “Ovo de Colombo e Viagens”. E ainda neste ano toma posse da quinta da Torre, em Beire, freguesia de Paredes, para aí instalar a Casa do Gaiato e do Calvário, para abrigo de doentes incuráveis. Um ano depois, a 1 de julho de 1955, é a vez da Casa do Gaiato de Setúbal, em Algeruz.
       Morreu no dia 16 de julho de 1956, no Hospital Geral de Santo António, no Porto, em consequência de um acidente de viação, em São Martinho de Campo, Valongo, no regresso de uma viagem ao sul do país. O processo de beatificação foi iniciado em 1986. A sua obra continua.

       4 – Um testemunho que ilumina a (nossa) vivência do Evangelho.

São Joaquim e Santa Ana, Pais da Virgem Santa Maria

Nota biográfica:
       Segundo uma antiga tradição, que remonta ao séc. II, assim se chamavam os pais da Santíssima Virgem Maria. O culto de Santa Ana existia no Oriente já no séc. VI e estendeu-se ao Ocidente no séc. X. Mais recentemente foi introduzido o culto de São Joaquim.

Oração:
       Senhor, Deus dos nossos pais, que concedestes a São Joaquim e Santa Ana a graça de darem ao mundo a Mãe do vosso Filho, alcançai-nos, por sua intercessão, a salvação que prometestes ao vosso povo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

sábado, 24 de julho de 2010

XVI Domingo do Tempo Comum - ano C - 25 de Julho

       1 – "Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á" (Evangelho).
       Os discípulos pedem a Jesus que os ensine a rezar e Jesus responde com a mais bela e simples oração conhecida. Em que em breves palavras desvenda-se todo o conteúdo do Evangelho. Uma certeza nos dá Jesus: a oração tem os seus efeitos e sempre é atendível por Deus.
       Como o Pai ou a Mãe que sempre procuram responder favoravelmente aos filhos, assim Deus não deixa de Se compadecer de todos aqueles que a Ele recorrem de coração sincero. Não são necessárias muitas palavras, mas que estas saltem do coração, orientadas para o nosso e para o bem alheio.
       "Pedi e recebereis", é a certeza que Jesus deixa aos discípulos de todos os tempos.
       2 – Na primeira leitura, Abraão como que testa a paciência e bondade de Deus. Dessa forma, Abraão revela a todo o povo a sua fé num Deus bom, generoso, pronto a perdoar e a compreender as limitações humanas, disponível para ir sempre mais longe.
       O povo de Sodoma e Gomorra vive no pecado e, na linguagem simbólica da Palavra de Deus, são merecedores do castigo. Abraão intercede em atenção a 50 justos, quarenta, trinta, em atenção a 10 justos, para que não sejam castigados os justos pelos pecadores. Deus responde: "Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade".
       Na continuação da Leitura, pode ver-se que nem cinco justos havia na cidade, e estes são salvos partindo para outra terra.
       No contexto circundante, Deus é todo-poderoso, irado, pronto a destruir, a castigar, inimigo do ser humano. Com Abraão, é-nos revelado um rosto mais humano de Deus, benevolente, pronto para a misericórdia. Abraão aproxima-se do rosto que muitos séculos depois será revelado por Jesus: Deus como Pai.
       A mesma confiança em Deus é demonstrada pelo salmista: "A vossa mão direita me salvará, o Senhor completará o que em meu auxílio começou. Senhor, a vossa bondade é eterna, não abandoneis a obra das vossas mãos".

       3 – Este amor sem limites, com efeito, revela-se plenamente em Jesus Cristo. O Filho de Deus revela-nos que Deus é Pai e que diante d'Ele somos irmãos. A oração do Pai-nosso assume esta revelação e este compromisso, como filhos tornarmo-nos verdadeiramente irmãos, na construção de um mundo mais justo e fraterno, fazendo do amor e do perdão as armas que nos aproximam uns dos outros.
       "Quando orardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação’".
       E como nos tornamos filhos e herdeiros em Jesus Cristo?
       Pela Sua morte e ressurreição, como nos lembra São Paulo. "Sepultados com Cristo no baptismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos" (Segunda Leitura). É este o mistério maior da nossa fé, e que nós tornamos presente em cada Sacramento, em particular no da Eucaristia, mas desde logo no Sacramento do Baptismo, no qual através da água e sobretudo do Espírito Santo nos tornamos novas criaturas para Deus.
       A nossa oração é filial. Jesus, como O tinha anunciado, intercede por nós junto do Pai, através do Espírito de Amor. É d'Ele que vem a nossa confiança em Deus, mas é uma confiança comprometida/partilhada com o nosso semelhante.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Gen 18,20-32; Salmo 137 (138); Col 2,12-14; Lc 11,1-13

Mistérios: a santidade e a morte

       Vivemos cercados de mistérios.
       O mistério da vida, em que da mais mirrada e pequenina semente jorra a planta mais bela e frondosa que a Natureza tem.
      Nós, humanos, vindos também de uma minúscula semente, somos um fruto perfeito, um santo em potência, sim porque todos nós podemos ser Santos!
       Os Santos são pessoas que pelas virtudes que revelaram durante a sua vida e pelos milagres que realizaram mesmo depois de mortos recebem a honra de serem venerados depois da canonização.
       A morte: outro mistério. Às vezes as plantas cheias de seiva morrem num abrir e fechar de olhos. As pessoas, cheias de vigor, caem, num pestanejar, derrubam para a vida terrena. O seu espírito permanecerá junto do Seu Criador, para juntos cantarem no Juízo final «morte onde estás ó morte, onde está a tua vitória?».
       Se meditarmos um pouco, não nos esquecemos das personagens da Bíblia no Antigo Testamento: Daniel, David, Rute. E, no Novo Testamento. João Baptista, que anunciou a chegada próxima do Messias Salvador. Mas o primeiro Santo da Igreja cristã foi Santo Estêvão, cuja história é contada nos Atos dos Apóstolos, capitulo 6, 7 e 8…
Maria Goretti, in Voz Jovem, Julho 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

La voz del Desierto

       Deus também chama através da Música.
       Pode ler-se no título de apresentação deste grupo de música rock, de inspiração cristã, presente no Festival Jota, este fim de semana. O grupo espanhol é constituído por quatro padres e três seminaristas. Gravaram, no corrente ano, o terceiro CD de originais. Pode consultar informações mais detalhadas na página da Agência Ecclesia e naturalmente na página do Festival Jota. onde se apresenta um entrevista com os elemtos do Grupo.

Papa assina livro para crianças

       As catequeses de Bento XVI sobre os Apóstolos de Jesus vão passar para um livro infantil, anunciou o jornal do Vaticano, "L'Osservatore Romano".
       As estradas da Galileia, na Terra Santa, são o pano de fundo para as histórias descritas na obra “Os amigos de Jesus”, com 48 páginas.
       Ilustrado por Franco Vignazia, o livro será vendido por 12 euros.
       Na sua edição de 21 de Julho, o jornal do Vaticano apresenta o texto que introduz a obra, escrito pelo sacerdote espanhol Julián Carrón, presidente da Fraternidade Comunhão e Libertação.
       "Era uma vez um pequeno grupo de homens que um dia, há dois mil anos, encontrou um jovem que caminhava pela Galileia. Cada um tinha o seu trabalho e a sua família, mas num instante as suas vidas mudaram", pode ler-se.
       Segundo o Pe. Carrón, neste livro, Bento XVI “toma-nos pela mão" e leva-nos até há dois mil anos atrás para contar quem eram os companheiros de Jesus e como o encontraram.

Santa Brígida, Padroeira da Europa

Nota biográfica:
       Nasceu na Suécia em 1303; casou muito jovem e teve oito filhos que educou com esmero exemplar. Ingressou na Ordem Terceira de S. Francisco e, depois da morte do marido, entregou-se a uma vida de maior ascetismo, embora sem deixar de viver no mundo. Fundou então uma Ordem religiosa e, partindo para Roma, foi para todos exemplo de grande virtude. Empreendeu peregrinações de penitência e escreveu muitas obras em que narra as suas experiências místicas. Morreu em Roma no ano 1373.

Oração (de colecta):
       Senhor, nosso Deus, que dirigistes Santa Brígida pelos diversos caminhos da vida e admiravelmente lhe ensinastes a sabedoria da cruz na contemplação da paixão do vosso Filho, fazei que, seguindo dignamente os caminhos do vosso chamamento, procuremos em todas as coisas a vossa presença. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

O espinheiro que quis ser rei

       Uma lenda do povo judeu diz que, uma vez, as árvores resolveram escolher um rei ou uma rainha.
       Primeiro elegeram a oliveira, mas ela recusou:
       – Acham que eu ia deixar de produzir azeitonas e o saboroso azeite só para reinar?
       Então as árvores resolveram escolher a figueira:
       – Nem pensar, retorquiu a figueira. – Eu não posso deixar de produzir os meus doces frutos só para ficar acima das outras árvores.
       Depois procuraram convencer a videira a aceitar o cargo.
       – Não quero deixar de produzir as minhas uvas saborosas só para ser mais poderosa do que as outras árvores. – Explicou a videira. Depois de várias reuniões, as árvores foram consultar o espinheiro.
       – Mas é claro que aceito disse o espinheiro entusiasmado –, ó árvores, venham todas descansar à sombra dos meus espinhos.
       Esta lenda não tem como objetivo comparar governantes a espinheiros sem valor, mas encerra uma lição valiosa: o verdadeiro líder não está interessado em posições, em poder, em mandar nos outros, como o espinheiro. Mas, pelo contrário, é alguém preocupado em servir os semelhantes, tal como as árvores que produzem frutos, sem buscar os seus próprios interesses.

Mónica Aleixo, in Boletim Voz jovem, julho 2010.

20 mil visitas... Obrigado

       Ultrapassámos as 20.000 visitas.
       Muito obrigado: aos que nos seguem, que nos visitam, que espreitam, que reflectem connosco, colaboradores, e que Deus nos dê o discernimento para servirmos a Sua Palavra de Amor e de Vida.
       Caritas in Veritate mantém o espírito com que há uma ano, 27 de Junho de 2009, viu a luz do dia, pouco tempo depois da publicação da 3.ª Carta Encíclica do Papa de Bento XVI, Caritas in Veritate, onde fomos buscar o título do blogue, prosseguindo um blogue anterior, e que continua ligado, agora com o sugestivo nome de "Escolhas & Percursos".

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Padres e a utilização da Internet

       Um estudo mostra que os padres portugueses estão acima da média europeia na utilização da internet, nas novas tecnologias, e que têm um juízo de valor mais positivo sobre estes meios. Veja a reportagem da RTP com o Sr. Bispo de Aveiro, natural de Cinfães, Diocese de Lamego, nosso professor/Vice-reitor ao tempo do Seminário:


       Pode ver também a reportagem da SIC, aqui,

Comunidade Recado - Halleluya 2010

       Este vídeo foi-nos enviado e recomendado, em comentário a um dos post's anteriores, pela Comunidade Recado. Verificámos a origem para ver se se enquadrava no espírito do "Caritas in Veritate" e nesse sentido colocámo-lo ao disposição dos nossos seguidores e de todos os que nos visitam. Veja, ouça, aprecie. Uma forma jovial de louvar a Deus:

Enquadramento das mudanças de Párocos

       Tendo como pano de fundo a mudança do Pároco de Fafe, na Arquidiocese de Braga e depois de todo o alarido através dos meios de comunicação social, vejamos a reflexão do Pe. Carlos Lopes, no blogue "Asas da Montanha". As suas interpelações podem ajudar-nos a compreender melhor a tomada de posição do Sr. Acebispo de Braga (actual Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa), ainda que compreendendo também a estreita ligação da população ao seu pároco e o que é de louvar e enaltecer:

       "O que sei é pela comunicação social. Não estou por dentro do assunto nem nada tenho que me meter. Contudo esta situação sugere-me alguns reflexões breves de ordem eclesial e pastoral.
       1. Nenhum padre se ordena para determinada paróquia, mas para o serviço da Igreja.
       2. Todo o padre, no acto da sua ordenação, promete obediência ao seu Bispo.
       3. Em muitas paróquias portugueses vive-se um certo "quintalismo". Só Paróquia é uma célula viva do corpo que é a Igreja Local (Diocese) a que preside o Bispo.
       4. O Bispo tem muitas vezes motivos para a mudança de um pároco que não pode dar a conhecer por caridade e até por confidencialidade.
       5. Porque responsável por toda a Igreja Local, o Bispo tem uma visão abrangente das necessidades pastorais que os paroquianos certamente não possuem.
       6. Nenhum Bispo, penso eu, nas actuais circunstâncias, age por mania ou despotismo. Cada situação é pormonorizadamente analisada, conversada, rezada.O Bispo houve muita gente, a começar, naturalmente, pelos seus conselheiros mais próximos.
       7. Claro que os leigos têm o direito de manifestar o que pensam. São Igreja. Só que muitas vezes perdem a razão pelo modo como se manifestam. Quando há o insulto suez, quando a manifestação cheira a sindicalismo, quando há violência de palavras e actos, os paroquianos perdem toda a razão.
       8. Dá a impressão que o "deus" de muitos é aquele padre. Não são cristãos por causa de Cristo, há até quem diga que "ia à Missa por causa daquele sacerdote". E isto é o pior testemunho da passagem de um pároco por uma paróquia, uma vez que, em vez de ajudar as pessoas a caminhar para Cristo, as fixou nele mesmo...
       É fantasticamente cristão quando as pessoas sentem saudades de quem parte, até vertem uma lágrima, manifestam sentimentos de amizade e gratidão, mas sabem abrir portas de esperança a quem parte e a quem chega. "Seja bem-vindo" quem vem em nome do Senhor."
       9. Alguns párocos também não ajudam nada. Agarrados ao lugar, tem palavras e atitudes que espicaçam as paixões de momento. É preciso saber entrar, mas é igualmente precisa a disponibilidade para partir. Em Igreja, ninguém se anuncia a si mesmo, todos anunciamos Cristo.
       10. Ao Bispo cabe naturalmente saber ouvir, estar atento ao modo de proceder, ser capaz de vir até às comunidades, auscultar seus anseios, sentimentos e razões, explicar-se. As decisões tomadas só nas paredes do gabinete, por mais pensadas que sejam, não são o caminho actual. Também aqui é preciso tornar a Igreja "Casa de Comunhão". Os leigos também são Igreja.
       11. Claro que uma decisão, uma vez tomada, é para manter, mesmo que isso acarrete para quem a toma desertos de sofrimento. Recuar por causa da cruz é indigno de cristãos. Há assim que decidir bem, ver aquilo que "o Espírito diz às Igrejas".
       12. É minha opinião que nenhum sacerdote se deveria fixar na mesma paróquia ou serviço diocesano por tempos indeterminados. Pode haver razões válidas para um prolongar do exercício sacerdotal num determinado serviço, mas eternizá-lo não me parece sadio. O povo tem razão quando afirma: "Quem se muda, Deus ajuda."
 
Pe. Carlos Lopes, Asas da Montanha.

Saiu o semeador a semear...

       Disse muitas coisas em parábolas, nestes termos: "Saiu o semeador a semear. Quando semeava, caíram algumas sementes ao longo do caminho: vieram as aves e comeram-nas. Outras caíram em sítios pedregosos, onde não havia muita terra, e logo nasceram porque a terra era pouco profunda; mas depois de nascer o sol, queimaram-se e secaram, por não terem raiz. Outras caíram entre espinhos e os espinhos cresceram e afogaram-nas. Outras caíram em boa terra e deram fruto: umas, cem; outras, sessenta; outras, trinta por um. Quem tem ouvidos, oiça" (Mt 13, 1-9).
       O próprio Jesus dará a explicação desta parábola.
       Mas desde logo se torna evidente que não basta o entusiasmo na escuta da palavra, mas a perseverança, a constança. Escutar uma e outra vez. Viver na escuta constante do Senhor. Invocar o Espírito Santo para compreender e para assimilar os ensinamento do EVangelho.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Laetare - Onde o amor me levar

       No próximo fim de semana, 23 a 25 de Jullho, decorre em Paredes do Coura, o Festival JOTA, onde se têm revelado diversos cantores e grupos musicais cristãos, como Claudine Pinheiro, Banda Jota, UT, Terceira Margem, Simplus.
       Pelo terceiro ano consecutivo, o grupo Laetare (alegria) estará presente. Podendo acompanhar as notícias do Festival, através da página do Festival Jota, deixamos uma das propostas. Mais uma daquelas agradáveis melodias que vale a pena escutar, meditar, rezar, deliciar-se:

O que fizer a vontade de meu Pai

       Enquanto Jesus estava a falar à multidão, chegaram sua Mãe e seus irmãos. Ficaram do lado de fora e queriam falar-Lhe. Alguém Lhe disse: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo». Mas Jesus respondeu a quem O avisou: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?». E apontando para os discípulos, disse: «Estes são a minha mãe e os meus irmãos: todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe» (Mt 12, 46-50).

       Neste encontro com a multidão e com a aproximação de Sua Mãe e irmãos (parentes próximos), Jesus mostra claramente a prioridade: Deus, a escuta da Sua palavra e, consequentemente, a vivência dos Seus ensinamentos.
       Não é, como muitos estudiosos já concluíram, uma crítica, velada ou directa, à Sua Mãe. Isso não está em causa. Acentua, ao invés, a ligação entre uns e outros pela escuta da palavra e pelo seu cumprimento vivencial.
       Maria assume as duas dimensões, é Mãe biológica de Jesus, acolhe-O no Seu ventre, é Mãe de Jesus procurando em tudo fazer a vontade de Deus, na fidelidade ao Seu compromisso: "Faça-se..."
       Como sermos família de Jesus? Cumprindo a vontade de Deus...

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Maternidade Divina e a Imaculada Conceição de Maria


Sou verdadeira Mãe de um Deus que é Filho,
E sou Sua Filha, ainda que ao ser-lhe Mãe;
Ele de eterno existe e é meu Filho,
E eu nasci no tempo e sou sua Mãe!

Ele é meu Criador e é meu Filho
E eu sou sua criatura e sua Mãe.
Foi divinal prodígio ser meu Filho
Um Deus eterno e ter a mim por Mãe.

O ser da Mãe é quase o ser do Filho
Visto que o Filho deu o ser à Mãe
E foi a Mãe que deu o ser ao Filho

Se, pois, o Filho teve o ser da Mãe,
Ou há de se dizer manchado o Filho,
Ou se dirá Imaculada a Mãe!

de Fr. Bassiti e Fr. Pignataro

Douro em chamas...

       "Douro em chamas. As lutas liberais no Douro", é o título do 5.º romance do Pe.  Joaquim Correia Duarte, apresentada no dia 24 de Abril, no Auditório da Câmara Municial de Resende.
       Depois de termos recomendado os anteriores como leituras obrigatórias, mais este romance que revisita a história de Portugal, que também se fez em terras do Douro, com as lutas miguelistas/liberais.
       No meio da trama, espaço e tempo para o romance de Jorge Marçal, de Foz Côa, e de Margarida, de Resende, cujo encontro se dá na Lapa, cuja distância territorial e as opções partidárias dos pais (e consequentemente, famílias), os afastam... até quando?! Até à eternidade...
       As terras são nossas conhecidas, bem como algumas histórias/estórias bem populares, como a da Granja do Tedo, com o Custódio e a Maria Coroada (a auto-intitulada Terceira Eva). Resende, Cinfães, Lamego, Castro Daire, Tabuaço, Armamar, Sernancelhe, Moimenta da Beira, Tarouca, Pesqueira, Foz Côa, Régua, Vila Real, Porto, Viseu... e outras paisagens nacionais, e as lutas travadas entre povoações e/ou facções... Em Tabuaço, as escaramuças entre Barcos e Tabuaço, a história célebre da Granja do Tedo, mas também a passagem por Longa...
       Depois da leitura, a sugestão. Vale a pena: introduz-nos numa época da nossa história, no contexto da nossa região, de fácil e agradável leitura, lê-se como está escrito, ao correr da pena.

A quem segue o caminho recto...

Diz o Senhor: «Reuni os meus fiéis,
que selaram a minha aliança com um sacrifício».
Os céus proclamam a sua justiça:
o próprio Deus vem julgar.


Não é pelos sacrifícios que Eu te repreendo:
os teus holocaustos estão sempre na minha presença.
Não aceito os novilhos da tua casa
nem os cabritos do teu rebanho.


Como falas tanto na minha lei
e trazes na boca a minha aliança,
tu que detestas os meus ensinamentos
e desprezas as minhas palavras.


Fizeste isto e Eu calei-me;
pensaste que Eu era como tu.
Hei-de acusar-te e lançar-te tudo em rosto.
Honra-Me quem Me oferece um sacrifício de louvor,
a quem segue o caminho recto
darei a salvação de Deus. - Sl 49 (50)
       No salmo que hoje nos é proposta, na liturgia da palavra, acentua-se, como o faz a Bíblia no seu conjunto, alguns profetas e o próprio Jesus Cristo, em particular, a primazia para a conversão. Trazer o nome de Deus nos lábios é importante, mas muito mais trazê-l'O no coração e sobretudo viver de acordo com os Seus mandamentos.
       Dizer que temos a maior fé do mundo e que cumprimos os deveres religiosos, mas depois esquecemos o nosso semelhante...

domingo, 18 de julho de 2010

Reflexão

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final…
Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu….
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem connosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora…
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem.
Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração… e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu génio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará!
Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..
E lembra-te:
Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.

Texto de Fernando Pessoa.

Livro da Verdade 6: a Sagrada Escritura

Actos dos Apóstolos

Os actos dos Apóstolos são a 2ª parte do Evangelho de São Lucas. Ambos formam o caminho da salvação: O Evangelho apresenta o caminho de Jesus; o livro dos actos apresenta o caminho da Igreja.
O relato que une as duas obras é a Ascensão, que coroa a vida de Jesus (Lc 24, 51) e funda a missão universal da Igreja (Act 1, 8). A evangelização é vista como uma caminhada e a vida cristã recebe o nome de caminho (9,2;19,9.23;24,22).

Cartas ou Epístolas
As cartas ou Epístolas são escritos dirigidos às 1ªs comunidades cristãs. Elas dão-nos, não só uma ideia dos problemas dessas comunidades, mas também nos ajudam a ver e a orientar nos problemas das nossas comunidades actuais.

Epístolas Paulinas
Paulo é uma das figuras mais importantes do Novo Testamento. Começou a perseguir os cristãos (Fl 3,6) até que se encontrou com o Senhor na estrada de Damasco (Act 9,1-19) e mudou completamente a sua vida.
Paulo tem consciência de ter sido destinado a levar a Palavra de Deus aos pagãos. A esse projecto Paulo dá o nome de mistério.
Pelo facto de não ter vivido com Jesus como os demais Apóstolos, enfrentou sérias dificuldades. Alguns afirmavam “ Ele não é Apóstolo, pois não viu o Senhor”. Paulo defendia-se contando a sua experiência com Cristo (Gl1,12;2 cor 12,1-4). Outros diziam “só quem andou com Jesus é que pode fundar comunidades”. Paulo responde, por exemplo, em (1 cor 9,2-3).
Paulo escreveu em grego, mas o seu modo de pensar é, na maioria das vezes, o de um mestre judeu.

Epístolas paulinas: Romanos; 1 e 2coríntios; Gálatas; Efésios; Filipenses; Colossenses; 1 e 2 Tessalonicenses; 1 e 2 Timóteo; Tito; Filémon.
Hebreus - anónima, tradicionalmente atribuída a Paulo.

Outras epístolas: Tiago; 1 e 2 Pedro; 1,2 e 3 João; Judas.

Clara Castro, publicado no Boletim Voz Jovem, Julho 2010.

sábado, 17 de julho de 2010

XVI Domingo do Tempo Comum (ano C) - 18 de Julho

       1 – O cristianismo não é abstracto, mas vivência concreta do Evangelho no meio do mundo, na relação concreta e quotidiana com pessoas de carne e osso, procurando a verdade, a partilha solidária, o compromisso pela justiça, o empenho pela paz, a construção de um ambiente saudável e fraterno, em casa, com a família, com os vizinhos, no local de trabalho, no lazer, proporcionando aos outros bem-estar e alegria.
       A Primeira Leitura intui a delicadeza de um homem de fé. Abraão, pela hora do calor, resguarda-se à entrada da tenda, na sombra e no descanso. Passam três homens (de Deus) e imediatamente o grande patriarca os retém para que parem, descansem, retemperem forças. Para ele, em todo o caso, são presença Deus. Com efeito, em todas as pessoas poderemos acolher o rosto de Deus. São muitas as oportunidades que se nos apresentam para fazermos o bem. ainda que seja um copo de água.
       Também no Evangelho deste domingo vemos a vivência do carinho para com Jesus, vivido em gestos concretos de acolhimento, ternura e conforto. Cansado da jornada, Jesus tem na casa de Lázaro, de Maria e de Marta um porto de abrigo. Ao passar sabe que pode descansar e retemperar as forças. Marta atarefa-se para cuidar do bem-estar de Jesus. Maria acolhe-O na escuta atenta. Duas formas de acolhimento que Jesus aprecia.
       2 – Em tempos de agitação, de crise, de dificuldades, o nosso porto seguro é Jesus Cristo. Ouvimos as Suas palavras, "vinde a Mim todos os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei". Para nós, Ele é a tenda de Abraão, a casa de Lázaro, de Maria e de Marta. É Ele que nos trata das feridas, o Bom Samaritano, que nos acolhe, nos escuta, nos dá novas forças para o caminhar. É d'Ele que nos alimentamos, na Sua palavra e nos Seus sacramentos, em especial da Eucaristia, o alimento espiritual até à vida eterna.
       Paulo, na Segunda Leitura, mostra a sua alegria por contribuir para disseminar a palavra de Jesus Cristo, por deixar transparecer o Seu amor por nós, manifesto sobretudo na Sua paixão redentora. Cada um de nós, seguindo a interpelação de São Paulo, deve testemunhar a paixão de Jesus Cristo com alegria, pela voz e com a vida.

       3 – A dinâmica da fé permite que todos nós possamos contribuir com os nossos talentos, com a nossa forma de ser, com as nossas qualidades, procurando dar o melhor de nós mesmos, com a tal alegria de que nos fala São Paulo. Por vezes perdemos tempo a discutir os dons que não temos, ou os dons que os outros têm.
       Ora, Deus é o mesmo. É o mesmo Pai. Os dons são tão variados quanto as pessoas, e cada um tem algo importante e essencial a dar aos outros e ao mundo.
       Quando Jesus chama a atenção de Marta: "Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada", diz-lhe precisamente isso. Marta acolhe Jesus com trabalho, arranjando a casa, preparando o repouso e a refeição, mas deverá fazê-lo com alegria, com generosidade e não em esforço. O reparo de Marta a Jesus, merece d’Ele um outro reparo. O que Maria faz é tão ou mais importante. Não basta alimentar o corpo, mas também o espírito. Ela escuta-O, conforta-O do cansaço da missão.
       A Igreja é Marta e Maria. Mas se for demasiado Marta pode esquecer-se da sua origem e do seu fim último. Tudo começa em Deus, na oração, na meditação e na contemplação que leve à Sua adoração. O compromisso com os outros e com o mundo, para o crente, há-de partir daqui, para que não haja instrumentalização de pessoas nem falte a alegria no serviço solidário.
________________________________
Textos para a Eucaristia (ano C): Gen 18,1-10a; Col 1,24-28; Lc 10,38-42.

A música e o elefante

       Do canal no youtube de João Delicado, SJ (Sacerdote Jesuíta), retiramos esta parábola.
       "Uma folha em branco é um mundo, uma biblioteca é outro; diante delas somos formigas esmagadas por um elefante. Diante da folha, há tanto para dizer e não sabemos o quê. Diante da biblioteca, há tanto já dito e não o sabemos. Sabendo tudo, veríamos que saber tudo é tão pouco, porque é sabendo tudo que vemos que esse tudo não é nada. Podemos escolher: ser formiga esmagada; ou formiga que sobe ao dorso do elefante..."

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cores garridas... extraordinário!

       A beleza da criação é divinal. Veja, neste diaporama, como a diversidade de cores (e de sons) e de vegetação, de paisagens, é algo extraordinariamente belo:

Nossa Senhora do Carmo

Nota histórica:
       As Sagradas Escrituras celebram a beleza do Carmelo, onde o profeta Elias defendeu a pureza da fé de Israel no Deus vivo. No século XII, alguns eremitas foram viver para aquele monte, e mais tarde constituíram uma Ordem dedicada à vida contemplativa sob o patrocínio da Virgem Maria, Mãe de Deus.
Oração (de colecta):
       Venha em nossa ajuda, Senhor, a poderosa intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, para que, protegidos pelo seu auxílio, cheguemos ao verdadeiro monte da salvação, Jesus Cristo Nosso Senhor. Ele que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

Sinta pelo menos uma gota de alegria

Que tenha sorrisos, suspiros e abraços.
Sinta pelo menos uma gota de alegria,
Desfrute do caminho, conte os seus passos.
Olhe o céu, as nuvens brancas
Sinta o vento soprando o rosto
Renove as velhas esperanças
Prove novos sabores, um novo gosto.
Distraia-se, não faça nada
Pelo menos, um minuto esqueça
Das vozes, dos sons, das estradas...
Ore, por aquele que mereça.
Se doe, de alma e coração
Ou não, mas também não faça nada mau.
Olhe nos olhos, deixe fluir a emoção
Não perca, a paixão, pois o corpo é mortal.
O que temos são apenas sentimentos,
Vontades, desejos e sonhos.
Vivemos de bons momentos,
Fantasias, visões e planos.
Mas de nada vale, se não temos um bom dia
Pois a vida é a soma de cada um
E na soma dos dias,
o saldo positivo é o que tem de ficar.
Então... que você tenha um ótimo dia,
uma ótima vida !!

postado a partir de "Nova Civilização". Pode ver-se também em "Mensagens ao Minuto"

São Boaventura, Bispo e doutor da Igreja

Nota biográfica:
       Nasceu aproximadamente no ano 1218 em Bagnoregio, na Etrúria; estudou filosofia e teologia em Paris e a seguir ensinou as mesmas disciplinas, com grande aproveitamento, aos seus irmãos da Ordem dos Frades Menores. Foi eleito Ministro Geral da sua Ordem, cargo que exerceu com prudência e sabedoria. Foi nomeado cardeal bispo de Albano e morreu em Lião no ano 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e teológicas.
Oração (de colecta):
       Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que, celebrando hoje a memória de São Boaventura, aproveitemos a riqueza dos seus ensinamentos e imitemos a sua ardente caridade. Por Nosso Senhor...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Paisagens interiores...

       O padre Elói Pinho, já falecido, que falava habitualmente na RR, escreveu um livro com este título, que nos serve hoje para falarmos de interioridade. O mundo é definido em grande medida no nosso coração, na nossa alma, isto é, nas decisões que cada um vai tomando.
       Por vezes, o mundo que nos é exterior é-nos também um mundo estranho, desconhecido, amedronta-nos, oprime-nos, provoca-nos o desânimo. E no entanto, o futuro, a felicidade e o próprio mundo, está nas nossas mãos, na atitude que assumimos perante as adversidades, diante dos outros, na vivência do quotidiano.
       No cristianismo, o apelo à conversão interior é permanente, somos convocados para modificarmos os nossos comportamentos, transformando o mundo que nos rodeia. É, antes de mais, uma opção pessoal. O mundo somos nós, o mundo está em nós, a harmonia do mundo também depende de nós.
       Podemos ter tudo e isso ser nada. Podemos ter todas as riquezas, toda a juventude, uma multidão de pessoas à nossa volta e ainda assim sentirmos que a felicidade/vida nos escapa por entre as mãos. “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida?” (Mt 16, 26 ).
       É nesta perspectiva que o cristianismo enquadra o princípio: carpe diem, vive o dia presente. Com responsabilidade, certamente, mas valorizando desde já cada momento, cada encontro, cada sol e cada chuva, não esperando indefinidamente por amanhã para ser feliz, à espera do príncipe ou princesa encantados, que o companheiro/a seja mais atento/a, que as finanças sejam mais favoráveis, que alguém reconheça o nosso valor.
       A felicidade depende em grande parte de mim. Hoje quero ser feliz. Hoje vou ser feliz. Para amar, para perdoar, para fazer o bem, para edificar a paz, não posso estar à espera que os outros se resolvam. Cabe-me a mim empenhar-me. E os outros? São essenciais. Posso cativá-los. E se ninguém mudar?! E que importa, se me sinto bem, se fiz as melhores escolhas, se optei pelo bem, se tenho a consciência tranquila?
       Mas, e os outros?
       Não se trata dos outros. Trata-se de mim, de ti, de cada um assumir uma atitude de conversão e de amor. Hoje, não amanhã! Agora, amanhã posso já não estar!
       No meio dos desertos, interiores e exteriores, o lugar para o encontro connosco, com os outros e com Deus. Opte pelo positivo, faça uma coisa diferente:
       – uma oração, um momento de silêncio; caminhe um pouco, deixe o carro estacionado por um dia; desligue o televisor a uma refeição e fale com a família; não fume durante um dia; hoje não tome café; leia um livro, uma passagem da Bíblia; cante, olhe as estrelas, contemple a noite, colha uma flor, a beleza, coma fruta; por um dia não use palavras negativas, não fale de ninguém, fale a todos com serenidade, transmita paz; visite um doente, vá até ao Lar e/ou Centro de Dia; fale um pouco mais com o seu vizinho; sorria; tem um problema complicado, faça uma pausa, amanhã Deus dar-lhe-á um sinal. Sorria descontraidamente!

editorial Voz Jovem, n.º 74, Março 2006

Eu Te bendigo, ó Pai, pelos pequeninos

       Jesus exclamou: "Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11, 25-27).

       Os pequeninos são os predilectos de Jesus. Grandes em generosidade, em humildade, em acolhimento, prontos para aprender, para escutar, para servir o semelhante, prontos para receber o amor de Deus, simples para se deixarem cativar pelo olhar de Deus. Disponíveis para amar e para levar aos outros a alegria da vida.

terça-feira, 13 de julho de 2010

A beleza da minha rosa com espinhos

       Um homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente.
       Antes que ela desabrochasse, ele a examinou e viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou:
       - Como pode uma flor tao bela vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?
       Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regar a rosa e antes mesmo de estar pronta para desabrochar, ela morreu.
       Assim é com muitas pessoas.
       Dentro de cada alma há uma rosa: - São as qualidades dadas por Deus.
       Dentro de cada alma temos também os espinhos: - São as nossas faltas.
       Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos.
       Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior.
       Nos recusamos a regar o bem dentro de nós, e consequentemente, isso morre.
       Nunca percebemos o nosso potencial.
       Algumas pessoas nao vêem a rosa dentro delas mesmas.
       Portanto alguém mais deve mostrar a elas.
       Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas.
       Esta é a característica do amor. Olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras faltas.
       Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições.
       Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, elas superarão seus próprios espinhos.
       Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.
       Portanto Sorriam e descubram as rosas que existe dentro de cada um de vocês e das pessoas que amam...

Autor desconhecido, recolhido do blogue "Nova Civilização".