sábado, 23 de fevereiro de 2013

II Domingo da Quaresma - ano C - 24 de fevereiro

       1 – «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». 
       Neste segundo domingo de Quaresma, um importante desafio salta à vista: a ESCUTA. Esta pressupõe atender, respeitar, acolher, tentar perceber, o que o outro diz. No caso concreto, é a VOZ que vem dos Céus: Eis o Meu eleito. Escutai-O. A Ele por inteiro. Cada um de nós é muito mais do que aquilo que diz. As nossas palavras podem expressar uma parte do que somos, mas fica sempre algo por dizer e, por outro lado, dizemos o que somos também pelo que fazemos, pelas escolhas, pelas obras, pela postura que nos aproxima ou distancia dos outros.
       No primeiro Domingo de Quaresma, o evangelho apresentava-nos o quadro das tentações de Jesus, sublinhando-se, porém, a intimidade e identificação de Jesus à vontade de Deus. Ele é guiado pelo Espírito. Na hora do batismo, do Céu a mesma voz – É o meu filho muito amado em quem pus toda a minha ternura, escutai-O. No deserto, escutando a Palavra de Deus, sem a manipular, Jesus contrapõe a vontade de Deus a vozes estranhas e desviantes. Ele faz deserto para compreender os nossos desertos e as nossas lutas. Faz deserto para nos fazer saber que, no final, só precisamos de Deus. Sem Deus somos nada, pó volátil, condenado a desaparecer. Com Deus, mesmo tendo poucas coisas, temos TUDO, agora e na eternidade.
       Vale a pena introduzir aqui o apelo do nosso Bispo, D. António Couto, para esta Quaresma:
“Apelo, portanto, a todos os irmãos e irmãs que Deus me deu nesta querida Diocese de Lamego a que, nesta Quaresma, deixemos a enxurrada da Palavra de Deus tomar conta da nossa vida. No meio da enxurrada, perceberemos logo que não salvaremos muitas coisas, e que aquilo que mais queremos encontrar é uma mão segura que nos ajude a salvar a nossa vida”. 
       O essencial para Jesus não é o pão, o poder, a adulação, mas a certeza de Deus na sua Vida, no deserto ou na cidade, na míngua ou na fartura. Deus O salva. E a nós também.
       2 – Vejamos o quadro completo do evangelho e encontraremos mais ligações com o quadro do batismo e das tentações:
“Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto”. 
       Quando sobe à montanha tem o mesmo fito da ida para o deserto, para rezar. A montanha aproxima-nos do alto, de Deus. É um lugar mais isolado, de onde se pode contemplar a cidade, a povoação. Mais perto de Deus para ver melhor a humanidade. “A existência cristã – diz Bento XVI – consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus”.
       3 – Os discípulos hão de seguir Jesus, para aprender com Ele os caminhos a trilhar. Por ora Jesus prepara-os para as horas difíceis que estão para chegar. Então não haverá tempo para refletir, para entender, tudo passará muito rápido sem o afastamento necessário para assimilar e ultrapassar. Se o coração não estiver suficientemente alimentado pela oração, pela palavra de Deus, poderá não resistir diante de tantas dificuldades.
       O Mestre não lhes esconderá as nuvens carregadas que estão para vir. No entanto, das nuvens mais opacas irromperá, uma vez mais e sempre, a LUZ de Deus. Ele fará ouvir a Sua voz, através de Jesus. Falou-nos por Moisés. Nessa ocasião não estávamos preparados para ouvir. A voz de Deus feriria os nossos ouvidos. Falou-nos pelos profetas. Agora rasga os Céus dando-nos o Seu amado Filho. Se O escutarmos seremos salvos.
       A transfiguração é um compromisso permanente dos cristãos, dos discípulos de Cristo. A luz que vem de Deus permite-nos branquear, lavar, embelezar a nossa vida, tornando-nos translúcidos. A luz incidirá em nós como num cubo de vidro, que se enche de LUZ e por sua vez ilumina tudo o que está à volta. De novo, subimos ao monte de Deus para descermos ao encontro dos irmãos. Jesus antecipa a ressurreição, mostrando que nenhuma opacidade periga a força da luz de Deus. O caminho quaresmal é de preparação, de conversão, de mudança positiva de vida. Contudo, caminhamos na Luz da Páscoa. Só a Ressurreição de Cristo nos converte verdadeiramente.
       4 – Estamos alerta. Deus prepara-nos para grandes coisas. Alia-Se connosco. Jesus retira os discípulos da cidade para que eles vejam mais longe. E vejam para lá de todas as intempéries. Deus procede desta forma, para que não andemos a vaguear sem rumo nem esperança.
       Na primeira leitura, vislumbra-se a pedagogia divina:
“Deus levou Abraão para fora de casa e disse-lhe: «Olha para o céu e conta as estrelas, se as puderes contar». E acrescentou: «Assim será a tua descendência». Abraão acreditou no Senhor, o que lhe foi atribuído como justiça... Nesse dia, o Senhor estabeleceu com Abraão uma aliança, dizendo: «Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egipto até ao grande rio Eufrates».
       Deus toma a iniciativa. Vem ao nosso encontro. Visita-nos em nossa casa. Leva-nos para o exterior de nós, para o deserto, para a montanha, para a entrada da tenda, para que o nosso horizonte seja o céu estrelado. Primeiro, Deus dá-Se, por inteiro. O que nos exige, em resposta? Que vivamos na inundação da Sua luz, do Seu amor.
       5 – A experiência vai-nos dizendo que dobrarmo-nos sobre nós vai-nos limitando, vai-nos deixando curvados, sem horizonte, sem abertura, sem futuro, sem o céu que nos rodeia. Se nos fixamos no chão, no umbigo, se nos colocamos no centro, o nosso mundo começa a ficar demasiado pequeno. Poderemos ficar com tonturas, raquíticos. O corpo habitua-se a ficar curvado.
       A águia deixada no galinheiro, que desaprendeu (ou não chegou a aprender) o que lhe traria a felicidade, voar, ser livre, ir pelo mundo, sem fronteiras. Habituou-se a ser galinha. As galinhas não voam, mesmo tendo asas. A tendência é agarrarem-se ao chão, apoiarem-se em algo sólido. Procuram o alimento na terra. A águia voa, procura o alimento a partir de um campo de visão muito alargado. Quando a jovem águia (quase galinha) viu outra águia a voar, o seu coração pequenino começou a palpitar, mas logo as galinhas lhe disseram para nem tentar, não era para ela… E em nós, pevalece a águia ou galinha?
       Deus faz com que Moisés olhe para o Céu. Jesus leva os discípulos à montanha, para se sentirem mais próximos de Deus, mais motivados a regressar para o meio das pessoas, e para verem a partir do olhar luminoso de Deus.
       Na segunda leitura, São Paulo, depois de convidar à imitação daqueles que estão em sintonia com Jesus Cristo, diz de forma clarificadora:
“A nossa pátria está nos Céus, donde esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso, pelo poder que Ele tem de sujeitar a Si todo o universo. Portanto, meus amados e queridos irmãos, minha alegria e minha coroa, permanecei firmes no Senhor”.
        O caminho cristão é cíclico, melhor, em espiral. Como batizados avançamos em direção à Páscoa eterna, numa quaresma constante, preparamo-nos, renovamos a nossa vida. A nossa quaresma começa por nascer da Páscoa de Jesus. E de Páscoa em Páscoa, vamo-nos transformando, convertendo, caminhando, quaresmando.


Textos para a Eucaristia (ano C): Gen 15, 5-12.17-18; Filip 3, 17 – 4,1; Lc 9, 28b-36.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Um Papa tímido e sem medo

       Será exagero, ou talvez não. A entrevista que Bento XVI concedeu ao jornalista Peter Seewald diz mais sobre a sua visão do mundo, da história e do hoje, que o conjunto dos seus discursos. Exprime melhor a sua fé que os seus tratados de teologia. Define melhor o homem, o padre, o cidadão e o Papa que as imagens televisivas mais próximas dos momentos solenes do Sumo Pontífice. Porquê? Porque abre o coração de Joseph Ratzinger a um olhar íntimo, não esquematizado por ele mas pelas observações e perguntas que o jornalista lhe lança, envolvendo-o sempre na sua história pessoal e não na esfinge a que muitas vezes a imagem pública o condena.
       Sabendo embora que são muitas horas de diálogo, que o Papa não deixa escapar qualquer resposta impensada, que o texto foi revisto para aperfeiçoamento de algumas referências factuais, sobressai em toda a  conversa um homem que nunca separa o  seu pensamento  da sua história pessoal. Nada parte dum laboratório irreal mas duma reflexão experimentada da vida, da Igreja, de Deus, do homem, de Jesus Cristo, da história do mundo e dele próprio. Aprofunda o que pensa, deixa soltar algumas dúvidas sobre a forma de agir, exprime a sua concepção de poder enquadrado na sua actuação como Papa, pratica a colegialidade "como trabalho de equipa", mostra a importância e a limitação da Cadeira de Pedro, conversa com todo o rigor teológico e sentido pragmático. Sucede não a soberanos mas ao Pescador. Manifesta de forma luminosa a paixão de harmonizar razão e fé, não esconde alguma timidez sem qualquer tipo de medo em afirmar a verdade como obsessão. É um tímido sem medo de ninguém que até gosta dos adversários. Conhece o sofrimento e sabe que é este que tempera a alma e a desprende do relativo.
       Mas diz também que não é um homem de gabinete, que conhece e acompanha o mundo, não volta a cara aos sinais dos tempos, não se conforma com a cultura que quer viver sem Deus. Propõe vigorosamente a urgência da conversão, sem qualquer azedume para com a modernidade. E, sem qualquer  tom catastrófico, admite que  a Terra corre verdadeiro risco de sobrevivência sem dar por isso.
       Mais afeito às análises que às sínteses consegue derramar, nas poucas palavras que profere, todos os seus compêndios, numa espécie de oceano lógico, teológico e humano que o habita. Não diz tudo o que pensa, mas dá a impressão que nada do que pensa fica por dizer. E deixa - outro recato - o espaço aberto a quem dele discorda em qualquer matéria. Com a coragem de dizer que não é infalível.
       Fascinante este horizonte de homem, crente, cristão e Papa no abrir dum novo ano. Onde se não devem esconder os medos e perturbações. Mas onde prevalece a serenidade e a esperança. De quem reconhece a medida do tempo e o afronta com a eternidade.

António Rego, Editorial Agência Ecclesia.
(Reposição deste Editorial)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A primavera está por toda a parte. Até em nós?

       A primavera está por toda a parte. Em nosso redor a natureza parece vencer a imobilidade do inverno e amontoa os traços insinuantes do seu reflorir. Há uma seiva que revitaliza a paisagem do mundo. Mesmo nos baldios, nos pátios e quintais abandonados, nos jardins mais desprovidos a primavera desponta com uma energia que arrebata. Penso muitas vezes nos versos do Cântico dos Cânticos, o mais primaveril poema da Bíblia: «Fala o meu amado e diz-me: Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada! Eis que o inverno já passou, a chuva parou e foi-se embora; despontam as flores na terra, chegou o tempo das canções, e a voz da rola já se ouve na nossa terra; a figueira faz brotar os seus figos e as vinhas floridas exalam perfume. Levanta-te! Anda, vem daí, ó minha bela amada! Minha pomba, nas fendas do rochedo, no escondido dos penhascos: deixa-me ver o teu rosto, deixa-me ouvir a tua voz; pois a tua voz é doce e o teu rosto, encantador» (Ct 2, 10-14).
        Neste poema, a primavera do mundo é uma representação simbólica da primavera interior que nos desafia. Na verdade, o nosso coração não pode continuar eternamente sequestrado pelos impasses dos seus invernos gelados. A nossa vida está prometida à primavera, é a mensagem que o despertar da natureza (e aquele mais íntimo) nos parece segredar.
       Mas também acontece que o renascimento do mundo nos parece incomparavelmente mais simples que o nosso. Por nossa parte, sentimo-nos soterrados e sem forças. Achamos que já passou demasiado tempo, que em algum momento do percurso nos perdemos e que talvez isso seja agora irremediável. Vamo-nos deixando ficar num conformismo tácito, insatisfeitos e adiados, a ponto de desistir. Certamente a voz da primavera não nos deixa indiferentes: ela há de sempre sobressaltar-nos. Mas olhamos para ela com mais nostalgia do que com esperança. Contemplámo-la à distância. Ou então defendemo-nos dela como podemos, fingindo não perceber o que significa. No fundo de nós mesmos, consideramos que a primavera já não é para nós. E no nosso coração andamos às voltas com aquela pergunta que também a Bíblia conserva e que não temos paz enquanto não conseguirmos responder: «Pode um homem, sendo velho, nascer de novo?» (Jo 3,4).
       Os cristãos começam por estes dias um tempo litúrgico que é uma espécie de pronto-socorro da primavera. Falo da Quaresma. Gosto de explicá-la a mim mesmo como um curso intensivo de jardinagem, pois trata-se de revitalizar a paisagem da vida, projetando-a dinamicamente, devolvendo-lhe intensidade e cor. A quaresma aprofunda três sulcos, afinal muito simples (o da oração, o da esmola e o da renúncia a que chamamos jejum), mas pode constituir uma alavanca de transformação que restaura em nós a liberdade de ser, que cimenta a capacidade de reconstruir a vida e de a viver fraternalmente, que nos dá um sentido de confiança capaz de abraçar criativa e serenamente a própria fragilidade, que melhora o nosso ânimo e até o nosso humor. Fazemos Quaresma para arriscar a Páscoa.

José Tolentino Mendonça, in Diário de Notícias (Madeira), de 14-01-2011.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

D. António Couto - A Quaresma é um tempo novo

       A Quaresma é este tempo novo, não nosso, de fazer um verdadeiro jejum na nossa vida. Jejuar não é deixar de comer hoje, para comer amanhã. De nada nos valeria. Jejuar é olhar para a nossa vida, para a nossa casa e para a nossa mesa, até perceber que tudo é dom de Deus, não apenas para mim, mas para todos os seus filhos e meus irmãos, e, agir em consequência, partilhando com todos a minha vida, a minha casa, a minha mesa.

D. António Couto - encontrar uma mão que nos ajude

       Apelo, portanto, a todos os irmãos e irmãs que Deus me deu nesta querida Diocese de Lamego a que, nesta Quaresma, deixemos a enxurrada da Palavra de Deus tomar conta da nossa vida. No meio da enxurrada, perceberemos logo que não salvaremos muitas coisas, e que aquilo que mais queremos encontrar é uma mão segura que nos ajude a salvar a nossa vida.

D. António Couto - Deus vem ao encontro de todos

       Deus não veio apenas ao meu encontro para só a mim se entregar por amor e só em mim fazer nascer o amor, mas veio ao encontro de todos e a todos se entregou por amor, então a minha fé é verificada pelo meu amor a Deus e a todos os meus irmãos amados por Deus. Diz bem outra vez o Apóstolo: «Quem não ama o seu irmão, que bem vê, não pode amar a Deus, que não vê» (João 4,20).

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Bento XVI - Prioridade da fé, primazia da caridade (4)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»
(1 Jo 4, 16)

4. Prioridade da fé, primazia da caridade
       Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20). 
       Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5). 
       A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. O Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé («saber-se amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da caridade («saber amar a Deus e ao próximo»), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
       Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012
BENEDICTUS PP. XVI

Bento XVI - entrelaçamento indissolúvel: fé e caridade (3)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»
(1 Jo 4, 16)
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
       À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma «dialéctica». Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o activismo moralista.
       A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).
       Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contacto com o divino que é capaz de nos fazer «enamorar do Amor», para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.
       A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.

Bento XVI - A Caridade como vida na fé (2)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»
(1 Jo 4, 16)
2. A caridade como vida na fé
       Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o «sim» da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).
       Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo amor» (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).
       A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).

Bento XVI - Crer na caridade suscita caridade (1)

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»
(1 Jo 4, 16)

Queridos irmãos e irmãs!
       A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da acção do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.

1. A fé como resposta ao amor de Deus
        Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16), recordava que, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus caritas est, 1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e «apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: «O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os «agentes da caridade», a necessidade da fé, daquele «encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.
       «A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O futuro do Papado

       O Papa, que se apresentou ao mundo como "humilde trabalhador na vinha do Senhor", reconheceu que já não reúne as condições exigidas para liderar a Igreja e decidiu retirar-se para a discrição de um mosteiro de clausura.
       Este gesto surpreendente de Ratzinger parece, à primeira vista, contrastar com o testemunho do Beato João Paulo II, que assumiu a sua missão até ao fim. Os que discordam da sua renúncia acham que ele deveria ter feito o mesmo. Na minha opinião, ele dá continuidade ao trajeto do seu antecessor e, nessa medida, permite um novo entendimento da figura do Papa e do seu papel.
       João Paulo II optou por expor ao mundo a doença e a velhice. Convenceu-se de que assim prestava um serviço à mentalidade, sobretudo ocidental, que procura esconder a decrepitude humana. Bento XVI não escamoteou o cansaço e a falta de vigor, abdicando de continuar ao leme da Barca de Pedro.
       Com o contributo destes dois homens, a imagem do Papa humanizou-se. Como o mais comum dos mortais, também eles adoecem, envelhecem. E, a partir de Bento XVI, é-lhes mais facilmente reconhecido o direito de se retirarem quando acharem que já não estão à altura da missão que lhes foi confiada.
       Agora resta-nos aguardar que os cardeais escolham o homem certo para dar continuidade aos caminhos desbravados pelos últimos Pontífices. Alguns pensam que é chegada a hora de eleger um cardeal africano. Outros perfilham a escolha de alguém vindo dos países onde a Igreja cresce e se desenvolve, como os países latino-americanos ou as terras orientais.
       Tendo em conta: a crise de fé que se atravessa nos países ocidentais; a necessidade de reforçar o diálogo com a sociedade contemporânea, que desde João XXIII se vem intensificando; a urgência da reevangelização do velho mundo, proposta por João Paulo II e assumida por Bento XVI – a Igreja Católica para o século XXI precisa de um Bispo de Roma oriundo do continente europeu ou norte-americano. Alguém que, sem deixar de apoiar e contribuir para o fortalecimento do catolicismo no hemisfério sul e a oriente, promova a sua renovação no ambiente ocidental.
       Dentro em breve, quase de certeza antes da Páscoa, poderemos comprovar se foi essa a opção que o Conclave tomou.

Pe. Fernando Calado Rodrigues, in Correio da Manhã

Editorial Voz Jovem - fevereiro 2012

       1 – Iniciámos o tempo da QUARESMA, dedicado a preparar a celebração litúrgica mais importante dos cristãos: a PÁSCOA. A paixão redentora de Jesus Cristo culmina num grito de alegria que ilumina de paz e de vida a terra inteira. Do túmulo surge uma LUZ tão intensa que renova toda a humanidade. É este o fundamento e a certeza da nossa fé, é o início de uma longa jornada que já leva dois mil anos (aproximadamente).
       O sepulcro não resiste à violência da graça, da vida, do amor que jorra de Deus. Num provérbio muito popular, dizemos da água: água mole tanto bate em pedra dura até que fura. Aqui podemos dizer que a suavidade do amor é força mais robusta que a pedra colocada na entrada do túmulo onde o corpo de Jesus foi depositado.
       2 – A festa tem mais sentido e sabor quando nos preparamos, quando fazemos esforço. Se a festa nos for oferecida tem a beleza da gratuidade, mas, em algumas situações, pode não nos envolver o suficiente. Quando desfrutamos da festa tendo presente o trabalho que nos exigiu então valorizamos cada momento e mesmo se alguma coisa não correr de feição sabemos que fizemos por que tudo fosse pensado e vivido “ao pormenor”. As pequenas falhas, a existirem, serão enquadradas no conjunto da festa, que envolve o antes, o dia propriamente dito, o tempo subsequente que nos permite degustar, tranquila e alegremente. Se chegamos à festa sem qualquer ambientação nem a viveremos com o devido apreço nem saberemos relativizar algum aspeto que não corra tão bem, apontando este ou aquele defeito, pois não fomos nós que tivemos o trabalho.
       Vivamos a Quaresma. Caminhemos resolutamente para a Páscoa. Com a certeza que o trabalho primeiro e maior é de Deus. É Ele que nos chama e opera em nós a conversão. A cada um de nós, e à comunidade a que pertencemos, cabe acolher a benevolência de Deus, numa caminhada iniciada no Batismo.

       3 – Na liturgia da quarta-feira de cinzas sublinham-se vários aspetos a considerar como atitude permanente, mas relembrados com maior vivacidade nesta época: reconhecer a nossa pequenez, a nossa fragilidade humana, não como humilhação mas como abertura aos outros e a Deus, como oportunidade de renovar o nosso compromisso com a verdade e com a caridade.
       O profeta Joel deixa o alerta do Senhor nosso Deus: “Convertei-vos a Mim de todo o coração, com jejuns, lágrimas e lamentações. Rasgai o vosso coração e não os vossos vestidos” (Joel 2, 12-18). Os sinais exteriores e as tradições da piedade popular são de valorizar se resultarem da vivência interior e levarem à prática do bem.
       São Paulo, por sua vez, fixa uma certeza: “somos embaixadores de Cristo” (2 Cor 5, 20ss). Logo, vivemos não de nós e para nós, mas vivemos a partir de Jesus Cristo, alimentamo-nos da Sua vida, da Sua palavra, e a favor de todos.
       No Evangelho (cf. Mt 6, 1-6.16-18), o desafio para que as nossas ações, jejuns, boas obras, não sejam nem apenas nem principalmente para mostrarmos que somos melhores que os outros, mas, com a descrição cristã, beneficiem sem expor, testemunhem a fé de Cristo e tudo, o que fizermos e dissermos, conduza para Ele.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Domingo I da Quaresma - ano C - 17 de fevereiro

      1 – O primeiro domingo da QUARESMA apresenta-nos a tentação, a provação e a maturidade da fé que, alimentada pela oração e pela palavra de Deus, supera os limites da nossa fragilidade humana.
       Sublinhe-se, desde já, a renúncia do Papa Bento XVI, num clima de fé, em que o Papa acolhe a força da oração para “compensar” a fragilidade física, humana, solidificando as opções fundamentais da sua vida e da vida da Igreja. Foi assim desde a primeira hora. O “humilde servidor da vinha do Senhor” apoiar-se-ia na intercessão dos santos e na oração de toda a Igreja, para guiar a barca de Cristo. Sob a luz da resignação, mais uma vez, Bento XVI deixa claro que a tomada de decisão, a gravidade e delicadeza da mesma, se apoiava na oração dos cristãos.
       O mesmo cenário e a mesma opção de vida encontramos em Jesus Cristo. Em todo o tempo sobrevém a intimidade com Deus, a força do Espírito Santo. Nos momentos cruciais, Ele retira-Se para rezar, para Se encontrar conSigo, no encontro e comunhão íntima com o Pai, deixando-se inspirar pelo Espírito Santo.
       O Espírito presente à hora do Batismo, guia-O ao deserto e do deserto para a cidade dos homens. “Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo”. A vida de Jesus assenta no cumprimento da vontade de Deus. Nas situações mais delicadas afasta-Se para que a intensidade do AMOR do Pai firme as Suas escolhas e torne luminosa a Sua missão.
       No deserto, onde o clima é desfavorável, onde se manifesta em demasia o calor e o frio e sobretudo a solidão, Jesus não está só. Nós não estamos sós nos desertos da nossa vida que nos fragilizam. O Espírito de Deus está com Ele. E está connosco, quando mais precisamos mais intensa há de ser a nossa oração para sentirmos mais visível o amor e a força de Deus.
       2 – As tentações de Jesus resumem e assumem as nossas tentações do egoísmo, do poder, do milagre em benefício próprio.
       Tendo assumido a nossa fragilidade e finitude, Jesus experimenta momentos de desencanto, de solidão, de deserto, de cansaço. Nem tudo corre como esperado. Humanamente quando as expectativas são defraudas poderá advir a revolta e o querer alterar rapidamente as coisas, usando de outro poder.
       Vejamos o texto de São Lucas:
“Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
       Jesus responde com a Palavra de Deus, animado com a força do Espírito, para cumprir a vontade de Deus e não a própria, ou a vontade das vozes que O rodeiam. O caminho nem sempre é fácil, mas é verdadeiramente importante procurar assumir as dificuldades como provações que sustentam as escolhas e fortalecem a fé. A opção de Jesus leva-O a usar o Seu poder como serviço aos outros. Por ora não transforma as pedras em pão, mas há de transformar a água em vinho. Por ora não se atira do alto do Templo, mas logo será o Templo de Deus para nós, n'Ele encontrar-nos-emos com Deus. Por ora não se curvará diante do poder, mas logo usará o poder do AMOR para nos redimir, dando-nos todo o Reino de Deus, de uma vez para sempre.

       3 – Na conjugação da fé e do amor, sublinhado da Mensagem para esta Quaresma, Bento XVI prioriza a Palavra de Deus como instrumento de caridade. “A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30)”.
       Viver a fé sem a caridade e sem o compromisso com os irmãos, seria como uma árvore de frutos sem frutos. A Palavra de Deus, acolhida, partilhada e testemunhada, é a primeira e principal obra de caridade: “Não há ação mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana”.
        Jesus orienta as Suas respostas pela Palavra de Deus. O Apóstolo da Palavra, São Paulo, incentiva a darmos testemunho da nossa fé, comunicando o Evangelho:
“Que diz a Escritura? «A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração». Esta é a palavra da fé que nós pregamos. Se confessares com a tua boca que Jesus é o Senhor e se acreditares no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo. Pois com o coração se acredita para obter a justiça e com a boca se professa a fé para alcançar a salvação... Não há diferença entre judeu e grego: todos têm o mesmo Senhor, rico para com todos os que O invocam”.
       Pela fé em Jesus todos somos filhos e herdeiros, todos somos irmãos. E todos temos a mesma missão de viver ao jeito de Jesus Cristo, dando-O a todos aqueles que se cruzam connosco.

       4 – Inseridos neste tempo que corre, e num mundo onde fervilham dificuldades, tentações, conflitos, guerra de interesses, egoísmos vários, a Quaresma é uma oportunidade renovada de pensarmos a nossa fé, enraizada na comunidade crente, tornando-a expressiva pela prática do bem.
       Oração, penitência, jejum, esmola, instrumentos que recentram a nossa pertença a Deus e a nossa ligação aos outros. A oração faz-nos reconhecer os outros como irmãos.
       Na primeira leitura, Moisés testemunha o favor de Deus manifesto na oração e palpável na história do povo:
«Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egipto com poucas pessoas, e aí viveu como estrangeiro até se tornar uma nação grande, forte e numerosa. Mas os egípcios maltrataram-nos, oprimiram-nos e sujeitaram-nos a dura escravidão. Então invocámos o Senhor Deus dos nossos pais e o Senhor ouviu a nossa voz, viu a nossa miséria, o nosso sofrimento e a opressão que nos dominava. O Senhor fez-nos sair do Egipto com mão poderosa e braço estendido, espalhando um grande terror e realizando sinais e prodígios. Conduziu-nos a este lugar e deu-nos esta terra, uma terra onde corre leite e mel. E agora venho trazer-Vos as primícias dos frutos da terra que me destes, Senhor».
       É na intimidade com Deus que Jesus lida com as tentações. A oração é o alimento primeiro e essencial para a fé. Por conseguinte, em tempo de Quaresma, preparação para o maior mistério cristão, a oração deverá ser mais diligente. Quando rezamos fortalecemos a nossa fé e, consequentemente, os laços que nos unem aos irmãos. Diz-nos D. António Couto, “A Quaresma é este tempo novo, não nosso, de fazer um verdadeiro jejum na nossa vida. Jejuar não é deixar de comer hoje, para comer amanhã. De nada nos valeria. Jejuar é olhar para a nossa vida, para a nossa casa e para a nossa mesa, até perceber que tudo é dom de Deus, não apenas para mim, mas para todos os seus filhos e meus irmãos, e, agir em consequência, partilhando com todos a minha vida, a minha casa, a minha mesa”.
       O jejum vale enquanto nos sensibiliza para a caridade, que nasce da oração, da fé, da vivência da Palavra de Deus.


Textos para a Eucaristia (ano C): Deut 26, 4-10; Rom 10, 8-13; Lc 4, 1-13.

Sobre a renúncia de Bento XVI - testemunho

       "Tenho 23 anos e ainda não entendo muitas coisas. E há muitas coisas que não se podem entender as 8h da manhã quando te acordam para dizer em poucas palavras: “Daniel, o papa renunciou.” Eu apressadamente contestei: “Renunciou?”. A resposta era mais que óbvia, “Renunciou, Daniel, o papa renunciou!”.
       O papa renunciou. Assim amanheceu escrito em todos os jornais, assim amanheceu o dia para a maioria, assim rapidamente alguns tantos perderam a fé e outros muitos a reforçaram. Poucas pessoas entendem o que é renunciar.
       Eu sou católico. Um de muitos. Desses que durante sua infância foi levado à missa, cresceu e criou apatia. Em algum ponto ao longo da estrada deixei pra lá toda a minha crença e a minha fé na Igreja, mas a Igreja não depende de mim para seguir, nem de ninguém (nem do Papa). Em algum ponto da minha vida, voltei a cuidar da minha parte espiritual e assim, de repente e simplesmente, prossegui um caminho no qual hoje eu digo: Sou católico. Um de muitos sim, mas católico por fim. Mas assim sendo um doutor em teologia, ou um analfabeto em escrituras (desses que há milhões), o que todo mundo sabe é que o Papa é o Papa. Odiado, amado, objeto de provocações e orações, o Papa é o Papa, e o Papa morre sendo Papa. Por isso hoje quando acordei com a notícia, eu, junto a milhões de seres humanos, nos perguntamos “por que?”. Por que renuncia senhor Ratzinger? Sentiu medo? Sentiu a idade? Perdeu a fé? A ganhou? E hoje, 12 horas depois, creio que encontrei a resposta: O senhor Ratzinger renunciou toda a sua vida.
       Simples assim.
       O papa renunciou a uma vida normal. Renunciou ter uma esposa. Renunciou ter filhos. Renunciou ganhar um salário. Renunciou a mediocridade. Renunciou as horas de sono pelas horas de estudo. Renunciou ser só mais um padre, mas também renunciou ser um padre especial. Renunciou preencher a sua cabeça de Mozart, para preenchê-la de teologia. Renunciou a chorar nos braços de seus pais. Renunciou a, tendo 85 anos, estar aposentado, desfrutando de seus netos na comodidade de sua casa e no calor de uma lareira. Renunciou desfrutar de seu país. Renunciou seus dias de folga. Renunciou sua vaidade. Renunciou a defender-se contra os que o atacavam. Sim, isso me deixa claro que o Papa foi, em toda sua vida, muito apegado à renuncia.
       E hoje, voltou a demonstrar. Um papa que renuncia a seu pontificado quando sabe que a Igreja não está em suas mãos, mas nas mãos de alguém maior, parece ser um Papa sábio. Nada é maior que a Igreja. Nem o Papa, nem seus sacerdotes, nem os laicos, nem os casos de pedofilia, nem os casos de misericórdia. Nada é maior que ela. Mas ser Papa nesse tempo do mundo, é um ato de heroísmo (desses heroísmos que acontecem diariamente em nosso país e ninguém nota). Recordo sem dúvida, as histórias do primeiro Papa. Um tal... Pedro. Como morreu? Sim, em uma cruz, crucificado igual ao teu mestre, mas de cabeça para baixo. Hoje em dia, Ratzinger se despede de modo igual. Crucificado pelos meios de comunicação, crucificado pela opinião pública e crucificado pelos seus irmãos católicos. Crucificado pela sombra de alguém mais carismático. Crucificado na humildade que tanto dói entender. É um mártir contemporâneo, desses que se pode inventar histórias, a esses que se pode caluniar e acusar a vontade, que não respondem. E quando responde, a única coisa que faz é pedir perdão. “Peço perdão pelos meus defeitos”. Nem mais, nem menos. Quanta nobreza, que classe de ser humano. Eu poderia ser mórmon, ateu, homossexual e abortista, mas ver uma pessoa da qual se dizem tantas coisas, que recebe tantas críticas e ainda responde assim... esse tipo de pessoa, já não se vê tanto no mundo.
       Vivo em um mundo onde é engraçado zombar o Papa, mas que é um pecado mortal zombar um homossexual (e ser taxado como um intolerante, fascista, direitista e nazista). Vivo em um mundo onde a hipocrisia alimenta as almas de todos nós. Onde podemos julgar um senhor de 85 anos que quer o melhor para a Instituição que representa, mas lhe indagamos com um “Com que direito renuncia?”. Claro, porque no mundo NINGUÉM renuncia a nada. Ninguém se sente cansado ao ir pra escola. Ninguém se sente cansado ao ir trabalhar. Vivo um mundo onde todos os senhores de 85 anos estão ativos e trabalhando (sem ganhar dinheiro) e ajudam às massas. Sim, claro.
       Mas agora sei, senhor Ratzinger, que vivo em um mundo que vai sentir falta do senhor. Em um mundo que não leu seus livros, nem suas encíclicas, mas que em 50 anos se lembrará como, com um simples gesto de humildade, um homem foi Papa, e quando viu que havia algo melhor no horizonte, decidiu partir por amor à sua Igreja. Vá morrer tranquilo senhor Ratzinger. Sem homenagens pomposas, sem um corpo exibido em São Pedro, sem milhares aclamando aguardando que a luz de seu quarto seja apagada. Vá morrer, como viveu mesmo sendo Papa: humildemente.
       Bento XVI, muito obrigado por renunciar."
Traduzi do artigo postado em http://oehd.wordpress.com/2013/02/12/siempre-renuncias-benedicto/ por revelar com muita fidelidade meu sentimento e pensamento sobre o assunto. =) — com Georg Ratzinger e Papa Bento XVI.
FONTE: AQUI

Mensagem de D. António Couto para a Quaresma

RESPONDER AO AMOR DE DEUS

Mensagem para esta Quaresma


1. Na sua mensagem para esta Quaresma, vivida em pleno Ano da Fé, o Papa Bento XVI convida-nos a entrelaçar a fé e o amor. Assim: é de Deus a iniciativa de vir amorosamente ao nosso encontro (Dei Verbum, n.os 2 e 21), e é dele o primeiro movimento de amor em relação a nós (1Jo 4,10 e 19), quando em nós nada havia de amável (Rom 5,8). Portanto, diz bem o Apóstolo: «o amor vem de Deus» (1Jo 4,7a).

2. A este Deus que toma a iniciativa de vir ao nosso encontro por amor, e a nós se entrega por amor, só nos compete responder pela fé, que é a nossa entrega pessoal a Deus, implicando todas as nossas energias, faculdades e capacidades, também o nosso amor (Dei Verbum, n.º 5), que o amor primeiro de Deus em nós faz nascer. É outra vez verdade o que diz o Apóstolo: «Quem ama, nasceu de Deus» (João 4,7b). E é assim também que a nossa fé é verificada pelo amor.

3. Mas como Deus não veio apenas ao meu encontro para só a mim se entregar por amor e só em mim fazer nascer o amor, mas veio ao encontro de todos e a todos se entregou por amor, então a minha fé é verificada pelo meu amor a Deus e a todos os meus irmãos amados por Deus. Diz bem outra vez o Apóstolo: «Quem não ama o seu irmão, que bem vê, não pode amar a Deus, que não vê» (João 4,20).

4. E o Apóstolo insiste em pôr diante dos nossos olhos esta chave de verificação: «Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte» (1 João 3,14). A verdadeira morte não é então o termo da vida, mas aquilo que, desde o princípio, impede de nascer: o não acolhimento do Deus que vem por amor, para, por amor, fazer nascer em nós o amor e novas e impensáveis pautas de fraternidade.

5. Sim, então o amor ou a caridade não cabe, longe disso, naquilo que habitualmente designamos por solidariedade ou ajuda humanitária. O amor ou a caridade desborda sempre dessas realidades, e impele-nos ao anúncio do Evangelho, que é mostrar Deus que vem por amor ao nosso encontro, para nos servir o amor e fazer nascer em nós, como resposta, o serviço humilde, próximo e dedicado do amor.

6. Por isso, o tempo da Quaresma é um tempo diferente. Não é o tempo segmentado de chrónos, em que se sucedem os dias e as horas, mas um tempo novo e insuspeitado, que a Bíblia chama kairós, que se mede, não pela quantidade, mas pela qualidade, não pelo que passa, mas pela plenitude: trata-se da enchente da Palavra de Deus que, inundando a nossa vida, reclama a nossa resposta amante e transforma a nossa vida.

7. Um visitante estrangeiro foi visitar o famoso rabino polaco Hofez Chaim, e ficou espantado quando viu que a casa do rabino era apenas um simples quarto cheio de livros, e os únicos móveis eram uma mesa e um pequeno banco. «Mestre, onde estão os teus móveis?», perguntou o visitante. «E os teus onde estão?», retorquiu o rabino. «Os meus? Mas eu sou um visitante; estou aqui apenas de passagem», respondeu o visitante. «Também eu», retorquiu o rabino.

8. Sim, convenhamos que acabámos de assistir a uma eloquente lição de «renúncia» aos bens terrenos. Mas facilmente nos apercebemos que o termo «renúncia», hoje, nesta cultura de «Laodiceia» em que vivemos, e que obedece ao refrão «sou rico, enriqueci, e não preciso de nada» (Apocalipse 3,17), está claramente fora de moda e resulta incompreensível. «Deixar é perder», repetem tranquilamente os maus mestres.

9. Mas o Mestre mesmo, que é Jesus, ensina-nos a «renunciar» às coisas e até a nós mesmos, às nossas gorduras materiais e espirituais. «Renunciar» é «dizer não». Aos pesos que atrapalham a suavidade e a leveza que nos configuram ao Mestre (Mateus 11,28-30). A Quaresma é este tempo novo, não nosso, de fazer um verdadeiro jejum na nossa vida. Jejuar não é deixar de comer hoje, para comer amanhã. De nada nos valeria. Jejuar é olhar para a nossa vida, para a nossa casa e para a nossa mesa, até perceber que tudo é dom de Deus, não apenas para mim, mas para todos os seus filhos e meus irmãos, e, agir em consequência, partilhando com todos a minha vida, a minha casa, a minha mesa.

10. Apelo, portanto, a todos os irmãos e irmãs que Deus me deu nesta querida Diocese de Lamego a que, nesta Quaresma, deixemos a enxurrada da Palavra de Deus tomar conta da nossa vida. No meio da enxurrada, perceberemos logo que não salvaremos muitas coisas, e que aquilo que mais queremos encontrar é uma mão segura que nos ajude a salvar a nossa vida.

11. Aí está o tempo santo da Quaresma. Já estamos a sentir a mão de Deus (Isaías 41,13; 42,6; 45,1; Jeremias 31,32). Demos também a nossa mão aos nossos irmãos mais necessitados. Por isso e para isso, proponho que façamos um verdadeiro caminho de «renúncia» quaresmal. Como já fizemos o ano passado, convido-vos a olhar por e para os nossos irmãos de perto e de longe. Vamos destinar uma parte da nossa «renúncia» quaresmal para o fundo solidário diocesano, para aliviar as dores dos nossos irmãos de perto que precisem da nossa ajuda. Olhando para os nossos irmãos de longe, vamos destinar outra parte do contributo da nossa caridade para as missões dos Padres Vicentinos espalhadas pelas zonas de Chókwe e Caniçado, no Vale do Rio Limpopo, Moçambique, grandemente devastadas pelas cheias, que ali provocaram dezenas de mortos e mais de 100 mil desalojados, e que deixam as populações pobres à mercê da fome e de doenças várias, como a cólera e a malária. A finalidade da nossa Renúncia Quaresmal será anunciada em todas as Igrejas da nossa Diocese no Domingo I da Quaresma, realizando-se a Coleta no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.

12. Com a ternura de Jesus Cristo, saúdo todas as crianças, jovens, adultos e idosos, catequistas, acólitos, leitores, escuteiros, cantores, ministros da comunhão, membros de todas as associações e movimentos, departamentos e serviços, todos os nossos seminaristas, todos os consagrados, todos os diáconos e sacerdotes que habitam e servem a nossa Diocese de Lamego ou estão ao serviço de outras Igrejas. Saúdo com particular afeto todos os doentes, carenciados e desempregados, e as famílias que atravessam dificuldades. Uma saudação especial aos nossos emigrantes.

Na certeza da minha oração e comunhão convosco,
a todos vos abraça o vosso bispo António.
Lamego, 11 de fevereiro de 2013