A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
sexta-feira, 28 de abril de 2023
sexta-feira, 21 de abril de 2023
sábado, 15 de abril de 2023
sexta-feira, 7 de abril de 2023
Jesus foi morto a 7 de abril do ano 30
Jesus iniciou o Seu ministério público, como pregador itinerante, como Profeta, como Filho do Homem e de Deus, aos 34 anos de idade.
Centralidade do anúncio de Jesus: a novidade e proximidade do Reino de Deus. Novidade, futuro, esperança e os Velhos do Restelo.
Com a novidade do Reino, a conversão e a mudança de vida. Mudar não por mudar, mas procurar sempre e mais ser rosto de Jesus Cristo, ser o que se é pelo batismo: Filho/a de Deus.
Nunca é tarde para começar... ou recomeçar... se for para dar mais qualidade à vida...
Em alguns livros, e em alguns meios, continua a dizer-se que Jesus morreu com 33 anos, tendo iniciado a vida pública aos 30 anos de idade (informação dada por São Lucas).
Hoje é pacífico, ainda que não totalmente divulgado, que a morte de Jesus ocorreu quando Ele tinha 37 anos de idade e a Sua morte teria sido na sexta-feira, a 7 de abril do ano 30. Seguindo os evangelhos, Jesus morreu em véspera de sábado e naquele ano a Páscoa judaica ocorreu a um sábado. O calendário judaico é lunar, e a páscoa, a 14 de Nizan, pode cair a qualquer dia da semana. Nos anos 27, 30 e 33 da era cristã caiu num sábado. Morto a 27, era muito pouco tempo para a vida pública, tinha iniciado há pouco a pregação. Morto no ano 33, seriam 6 anos de pregação e os evangelhos não permitem extender por tanto tempo a sua vida pública, pois no máximo Jesus participou em 3 páscoas (segundo São João) no mínimo pelo menos numa páscoa. Daí que se calcule a vida pública entre 1 ano e meio a três anos. Há outros dados históricos que ajudam a situar cm alguma precisão a data da morte de Jesus, confrontando com os dados dos evangelhos, como por exemplo, Pôncio Pilatos exerceu o poder como autoridade romana entre o ano 26 e 36 depois de Cristo (da era cristã); Caifás entre 19 e 36 depois de Cristo...
Mas como é que morreu com 37 anos, no ano 30 da era cristã, se com Ele que se inicia a era cristã?
Vamos por partes. A data do nascimento de Jesus não se conhece com exatidão, nem o dia nem o mês nem o ano de nascimento. Festeja-se o nascimento a 25 de dezembro, quando os pagãos festejavam o deus Sol, no solstício de inverno. Para os cristãos, o verdadeiro Sol é Jesus Cristo, a Luz do Mundo. É aceitável que Jesus tivesse nascido na primavera/verão, pois se os pastores estavam por ali não poderia ser no inverno... A escolha de 25 de dezembro foi uma forma prática de "substituir" e cristianizar uma festa pagã.
O calendário cristão foi elaborado, no século VI, pelo monge Dionísio, o Exíguo, a pedido do Papa João I, tendo colocando o nascimento de Jesus a 25 de dezembro do ano 753 da fundação de Roma, e o início da era cristão em 1 de janeiro de 754, da fundação de Roma, oito dias depois, na Circuncisão de Jesus.
Dionísio ter-se-á enganado, colocando o nascimento de Jesus 4 anos depois da morte de Herodes. Contudo, Herodes estava no poder quando Jesus nasceu, o que obrigou a recuar a data de nascimento: entre 4 a 7 anos. Nesta lógica, e seguindo vários autores, optando por recuar até 7 anos, nós estaríamos neste momento no ano 2021 (partindo do nascimento de Jesus. Quando se descobriu o lapso de tempo em falta, já era tarde para corrigir a história e os respetivos documentos escritos...)
Se morreu no ano 30 e se nasceu no ano 7 antes da era cristã, Jesus morreu com 37 anos de idade. Sublinhe-se também que a esperança média de idades andava pelos quarenta anos. Não se pode dizer que Jesus tenha morrido demasiado novo, ainda que fosse antes do tempo, já que foi morto.
A pregação, a vida pública de Jesus durou três anos (ano e meio, no mínimo, a três anos, no máximo, segundo os vários evangelhos). Logo, começou a Sua pregação com (33 ou) 34 anos, na primavera do ano 27, depois de ter sido batizado por João Batista e eventualmente depois deste ter sido preso.
Os 30 anos é a idade em que todos os profetas iniciam a Sua missão. Estão preparados, maduros, já viveram muito tempo, já cresceram. Chamados desde o seio materno mas só se manifestam publicamente na idade adulta. 30 anos é uma idade simbólica. Logo se Jesus é profeta (ou o Profeta, por excelência), também Ele inicia o Seu ministério com 30 anos (mais um, dois ou três ou quatro, continua a ser 30 anos).
Depois desta precisão, voltemos ao ponto de partida desta reflexão.
Nunca é tarde para mudar. Com efeito a nossa vida transforma-se constantemente. Gostaríamos de preservar tudo o que vem de trás, mas nem sempre é possível, melhor, o que "herdámos" da nossa vida há de ser assimilado e transformado na vida presente e futuro. Somos seres em devir, em transformação. Como crentes, ainda mais, na abertura para Deus, Deus da nossa Esperança, acreditando que cada passo que dermos na fidelidade a Jesus Cristo será uma forma de atualizarmos o tempo presente, sem perdemos o melhor que recolhemos do passado.
Com efeito, Jesus inicia a vida pública com a pregação que se centra na originalidade/novidade do reino de Deus e na necessidade de nos abrirmos aos novos céus e nova terra que Jesus vem trazer com o Seu amor, com a Sua vida, a entregar por nós.
Os velhos do Restelo são aqueles que nunca estão satisfeitos com nada, nunca se dispõem a ajudar na transformação do mundo, nunca colaborarão para melhorar o meio envolvente em que vivem, querem que tudo permaneça como está, qual fotografia que se vai deslavando até perder toda a coloração...
Todos podemos ter em nós restos d' Os velhos do Restelo... Jesus deparou-se com uma sociedade certa e orgulhosa da Sua história. Também isso O levou à Cruz, os interesses instalados, a surpresa da Sua mensagem, a provocação das Suas palavras e da Sua vida... mas mudou os que se Lhe abriram de todo o coração, mudou o mundo inteiro, ainda que precisemos de novo de O acolher para continuarmos a mudar o que em nós é urgente mudar, para sermos transparência do Seu amor, no mundo em que vivemos.
Texto originalmente publicado em 3 de fevereiro de 2012.