segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A Bandeira Nacional

No dia 5 de Outubro de 1910, da varanda da Câmara Municipal de Lisboa, proclamou-se a República. Saíram milhares de pessoas para a rua a festejar, a notícia espalhou-se rapidamente pelo país e a mudança tornou-se um facto consumado.

Uma mudança tão profunda justificava que se escolhesse outra bandeira nacional. Mas que cores se deviam usar? E que símbolos?

O governo não perdeu tempo e logo a 15 de Outubro reuniu um grupo de gente com grande prestígio para que elaborasse um projecto de bandeira. Desse grupo faziam parte: o pintor Columbano Bordalo Pinheiro; o jornalista João Chagas; o escritor Abel Acácio de Almeida Botelho; o capitão de artilharia José Afonso Pala e o primeiro-tenente da Marinha António Ladislau Parreira. Naturalmente inspiraram-se nas bandeiras dos centros republicanos e das sociedades secretas que tinham contribuído para o êxito da revolução.

1a Proposta de bandeira
Primeira proposta apresentada pelo grupo
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

Para justificar os motivos da escolha (a bandeira actual) elaboraram um relatório. Os motivos apresentados, em resumo, baseavam-se no seguinte: o vermelho "cor combativa e quente, é a cor da conquista e do riso. Uma cor cantante, ardente, alegre. Lembra o sangue e incita à vitória"; o verde "cor da esperança e do relâmpago, significa uma mudança representativa na vida do país"; a esfera armilar é o símbolo dos Descobrimentos Portugueses, a fase mais brilhante da nossa História, portanto deve aparecer na bandeira; o escudo com as quinas deve continuar na bandeira como homenagem à bravura e aos feitos dos portugueses que lutaram pela independência; a faixa com sete castelos também deve permanecer porque representa a independência nacional.

O Governo aceitou a proposta mas fez algumas alterações. A nova Bandeira Nacional foi aprovada pelo Governo a 29 de Novembro de 1910 e homologada pela Assembleia Constituinte a 11 de Junho de 1911.

Bandeira nacional
Bandeira Nacional

Outras propostas

A aprovação da Bandeira Nacional provocou grandes discussões e houve gente que imaginou outros modelos. Muitos desses modelos foram publicados em jornais, revistas, postais e num almanaque da época.

Guerra Junqueiro, por exemplo, apresentou uma proposta tendo como cores o azul e o branco. Dizia que não eram as cores do rei mas sim as cores da "alma nacional" e portanto não deviam ser abolidas.

Bandeira Guerra Junqueiro
Proposta apresentada por Guerra Junqueiro
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

Outro proponente foi Joaquim Augusto Fernandes que apresentou um modelo justificando a escolha dos elementos muito detalhadamente. "Sobre fundo de candura (o branco) cinco traços de heroísmo e esperança (vermelho e verde). Em cima, junto à haste, o céu estrelado da nossa fantasia. A lua ostenta um sonho dourado, já realizado - a História de Portugal representada pela esfera armilar e pelo escudo. As dez estrelas mais pequenas são os dez cantos dos "Lusíadas". As quatro estrelas maiores representam a obra dos portugueses em África, na Ásia, na América e na Oceânia".

Bandeira Joaquim Augusto Fernandes
Proposta apresentada por Joaquim Augusto Fernandes
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

Além destas houve muitas outras foram propostas...

Bandeira António Arroio
Proposta apresentada por António Arroio
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

Bandeira Jacinto Rosiers
Proposta apresentada por Jacinto Rosiers
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

Bandeira António M Sousa
Proposta apresentada por António M. de Sousa
Fonte: Museu da Presidência da República (http://www.museu.presidencia.pt/)

1 comentário:

  1. E a única que valia alguma coisa era precisamente aquela apeada a 5 de Outubro e posteriormente queimada às centenas no 1º de Dezembro de 1910: a azul e branca, incomparavelmente mais bonita que "isto" que flutua por aí, por vezes de pernas para o ar.

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