Este espaço de partilha, de reflexão e de comunhão é feito pelos autores do blogue, a partir das vivências pessoais, mas também da recolha de textos, imagens e vídeos que ajudam positivamente a olhar para a vida. Mais uma reflexão que pensamos ser de todo pertinente, feita pelo Reverendo Pe. Carlos Lopes, no blogue da Paróquia de Tarouca, partindo de três questões:
«1. Sou católico "não-praticante".
2. "Eu cá tenho a minha fé"
3. Estar dentro só o necessário para a inserção social.
1. Católico não praticante...
- E que tal ir ao médico e o médico não atender o doente porque se diz "médico não praticante"?- E que tal ver a casa a arder, chamar os bombeiros e estes não acorrerem porque se dizem "bombeiros não praticantes"?
- E que tal o bebé chorar de fome e a mãe não lhe dar a mama porque se diz "mãe não praticante"?
Isto de católico não praticante não é nada. Ou se é ou se não é. "Que as vossas palavras sejam sim-sim, não-não" - Jesus Cristo.
2. Eu cá tenho a minha fé...
A fé não é minha, é a fé da Igreja na qual fomos baptizados.A fé cristã passa por uma adesão pessoal à Pessoa de Jesus Cristo, mas esta fé vive-se na Igreja, com a Igreja, pela Igreja.
"Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles." - Jesus Cristo
"Ninguém pode ter a Deus por Pai se não tiver a Igreja por Mãe" (Tertuliano).
3. Estar dentro só o necessário para a inserção social.
Está em moda, sobretudo em certa classe média. Nada de compromissos. Baptizar os filhos, fazer 'as comunhões' e enterrar catolicamente os mortos por mera questão social, para não se sentir à margem da sociedade, por causa da integração social, para não se sentirem menos do que os outros..."Porque não é frio nem quente, vomito-te da minha boca" - Apocalipse
Há aqui um certo oportunismo do sagrado. Não é a pessoa que se abre a Deus, mas Deus que é usado segundo as conveniências da pessoa.
Pensemos na Palavra de Jesus, o Salvador:
"Só a verdade vos tornará livres."
Que a verdade reine na nossa vida, nos nossos actos, nos nossos pensamentos, nas nossas relações, nos nossos compromissos. Olhemos para dentro de nós. Deixemos de acusar os outros. Tenhamos a coragem de nos acusar a nós mesmos. Não para nos sentirmos deprimidos, mas para nos abrirmos à alegria da conversão. Afinal, estamos no Advento...» in Paróquia de Tarouca. São questões que em tempo de Advento nos fazem reflectir seriamente. O Advento é também este tempo de renovação, de assumir compromissos de transformação para acolhermos o Deus que nasce. A fé vive-se numa perspectiva pessoal mas igualmente comunitária. É pessoal enquanto eu a acolho com a minha história de vida, com a minha sensibilidade, com o meu pecado, com as minhas insuficiências e com as minhas qualidades.
Sem esta dimensão pessoal, a fé e a religião seriam uma repetição ritualista sem significado para a minha vida.
Mas vive-se igualmente numa perspectiva comunitária. Não é a minha fé, é a fé de Jesus Cristo, a fé da Igreja. A fé insere-nos na comunidade crente. Desta recebemos o testemunho e as vivências. Em comunidade partilhamos o que somos e o que temos, comungamos a mesma fé, condividimos os sonhos e os projectos. É na comunidade que desemboca a minha experiência de fé. É da comunidade que rectificamos a vida pessoal, familiar e social.
Sem esta dimensão comunitária, a minha fé seria uma alucinação, uma ilusão, e levar-me-ia por caminhos de desencontros, de egoísmo, de isolamento.
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