1 – "João Baptista viu Jesus, que vinha ao seu encontro, e exclamou: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. É d’Ele que eu dizia: ‘Depois de mim vem um homem, que passou à minha frente, porque era antes de mim’. Eu não O conhecia, mas foi para Ele Se manifestar a Israel que eu vim baptizar na água». João deu mais este testemunho: «Eu vi o Espírito Santo descer do Céu como uma pomba e permanecer sobre Ele. Eu não O conhecia, mas quem me enviou a baptizar na água é que me disse: ‘Aquele sobre quem vires o Espírito Santo descer e permanecer é que baptiza no Espírito Santo’. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus»" (Evangelho)
Definitivamente, a missão de João Baptista cumpre-se com a chegada e manifestação de Jesus Cristo. Vemo-lo de maneiras diversas nos Evangelhos, mas a realidade é a mesma, João Baptista é o Precursor, a voz que clama no deserto, Jesus é o Messias de Deus, a Palavra que Se faz pessoa humana.
No Baptismo, o próprio Céu garante Jesus como Messias: "Este é o meu Filho muito amado". Antes, e quase silenciosamente, João testemunha acerca de Jesus: Tu é que me deverias baptizar e vens para eu Te baptizar?
Hoje (na versão de São João), João, o Baptista, dá um testemunho claro e inequívoco acerca de Jesus: é Ele o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, é Ele o Filho de Deus, foi sobre Ele que o Espírito de Deus repousou no momento do baptismo.
2 – Como víamos na semana passada, o baptismo dá lugar à missão. Jesus, o Ungido por Deus, é enviado a anunciar, com palavras e com gestos, a boa nova da salvação. O testemunho é, neste contexto, um voto de confiança n'Aquele que é o Eleito do Senhor. A partir de então, Jesus faz-Se à estrada, e irá de povoação em povoação.
Do mesmo modo, na segunda leitura, o Apóstolo São Paulo sente-se chamado a ser Apóstolo de Jesus e do Seu Evangelho. A identidade é também missão. É Apóstolo como aprendiz/disípulo de Jesus. É Apóstolo como enviado de Cristo Senhor. Não se trata de um auto-elogio, mas da disponibilidade de colocar a sua vida ao serviço da palavra de Deus.
O chamamento não se encerra na individualidade de cada um, antes pelo contrário, abre-se à humanidade inteira, como serviço, como entrega, como compromisso. Assim com Jesus, assim com São Paulo, assim com os profetas.
Nas palavras de Isaías, referidas ao profeta, ou ao Messias que há-de vir, a mesma dinâmica no chamamento, enquanto "instrumento" ao serviço da Palavra de Deus, da libertação do Povo eleito. "O Senhor falou-me, Ele que me formou desde o seio materno, para fazer de mim o seu servo, a fim de Lhe reconduzir Jacob e reunir Israel junto d’Ele.... «Vou fazer de ti a luz das nações, para que a minha salvação chegue até aos confins da terra»". Servo de Deus e enviado por Ele, para se tornar Luz das nações, para levar a salvação a todos os povos.
3 – O que vale para Jesus vale também para nós.
Valeu para São Paulo, para os Apóstolos, para Francisco de Assis, para João Paulo II, para Madre Teresa de Calcutá, para o Padre Américo, para Santa Teresinha, para Santo António, para Santa Teresa d' Ávila, para Santo Agostinho, para os Pastorinhos de Fátima, para o Padre Cruz: Há-de valer também para nós. Pelo baptismo fomos chamados ao projecto de Jesus Cristo, não apenas por nós, não primeiramente pelas qualidades que pudéssemos ter, mas com uma missão de salvação: utilizar a nossa voz e a nossa vida, para acolher a vida nova que nos é dada em Jesus Cristo, para testemunhar a presença de Deus em nós, para nos tornarmos interpelação para o mundo que vivemos e no tempo que atravessámos, em lógica de perdão, de compromisso e de caridade.
Não se deitam pérolas aos animais. A riqueza que nos é dada por Deus, desde a criação, e por Ele confirmada/aprofundada nos Sacramentos, não é inútil, não é em vão, é para ser acolhida e partilhada em comunidade, numa atitude de serviço, de gratidão e de louvor. _______________________
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 49, 3.5-6; 1 Cor 1, 1-3; Jo 1, 29-34
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