A casa que não é apenas
habitação, mas também lugar onde acontecem os eventos decisivos da vida.
Os
factos mais importantes da vida não são alguns acontecimentos
«extra-ordinários», mas quando nos sentimos tocados pelos outros. E é
mais do que estar simplesmente próximo.
Quem te toca entrou em ti;
doravante, tu hospeda-lo em tua casa; mas ele traça sulcos, trabalha o
teu terreno, extirpa raízes, dá sementes, solicita e desperta as
nascentes da vida. Somente aqueles que te tocam estão em condições de
mudar a tua vida. fazer casa é deixar-se tocar pelo outro e tocá-lo.
Fazer casa significa construir comunicação e ternura, gerar futuro
juntos.
Porque este é o sonho de Deus: que ninguém esteja só na
vida e que nenhuma casa esteja sem festa no coração. Esta é a bênção
para toda a terra, que queiramos e nos queiram bem, pessoa a pessoa,
coração a a coração, casa por casa, até envolver a cidade inteira do
homem. É este o milagre que devemos implorar sempre: estender ao nível
de massa as relações calorosas e perfumadas da família...
Em casa, Deus perpassa por ti, toca-te. Fá-lo nu, dia em que estás ébrio de
alegria e de amor que dizes às criaturas que amas palavras torais,
absolutas e que se querem eternas; toca-te num dia de lágrimas, no
abraço do amigo, ou quando no deserto do sempre-igual, esbarra contigo
de modo inaudito.
A casa de José é o lugar onde os afectos e a
dimensão emocional toda inteira podem ser vividos e permutados de modo
mais livre e adequado. A dimensão emocional é fundamental para o equilíbrio da pessoa, necessária para a alegria de viver, para
experimentar o humilde prazer de existir. Porque o homem, sozinho, é
levado a duvidar de si mesmo.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
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