Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré, pp. 160.
A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
terça-feira, 31 de julho de 2012
Redenção: a verdade que se torna reconhecível
segunda-feira, 30 de julho de 2012
A vida que a morte não aniquila!
"O homem encontra a vida quando se une Àquele que é em Si mesmo a vida. Então nele, muitas coisas podem ser destruídas; a morte pode tirá-lo da biosfera, mas a vida que a transcende, a vida verdadeira, permanece... É a relação com Deus em Jesus Cristo que dá aquela vida que nenhuma morte é capaz de tirar".
Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré, pp. 78.
domingo, 29 de julho de 2012
Editorial Voz Jovem - Julho 2011
1 – Jesus apresenta-Se-nos com o poder de curar, que, por sua vez, comunica aos discípulos (Mt 10, 1-7: Jesus chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus»).
Como seus discípulos para este tempo, também nós recebemos o poder de expulsar espíritos demoníacos e de curar doenças e enfermidades, nossas e dos outros.
2 – O poder curativo é próprio do ser humano.
O nosso corpo tem organismos de defesa contra doenças, vírus, bactérias… Avisa-nos quando não está a funcionar bem. Por vezes adiamos o problema à espera que se restabeleça por si. Em muitas situações precisa de ser ajudado, ou pela nossa mente, ou por mecanismos externos, medicamentos...
Por exemplo, uma ferida exposta cura-se através das propriedades do sangue. Quando se tapa, não é para que cure, mas para evitar a infecção. As aplicações terapêuticas visam potenciar os nossos poderes curativos.
O auxílio médico visa preparar o organismo para que este possa ganhar a batalha da cura. Por vezes, o estado gravoso pode levar a uma intervenção mais profunda, substituindo elementos naturais por mecanismos artificiais. As drogas ingeridas ou introduzidas, em forma de medicamentos, procuram interferir, escondendo, enganando, adulterando o organismo. De contrário, este rejeitaria tudo o que lhe é estranho. Por vezes, mesmo com medidas drásticas, o organismo rejeita enxertos, ou órgãos alheios e/ou artificiais. A cura está dentro de nós. O médico e o medicamento potenciam o organismo para que este cure. Às vezes leva muito tempo, dias, semanas, meses, anos, até à cura, até que o organismo assimile e faça seu o que é ou era alheio.
3 – Psicologicamente, o mecanismo é semelhante. Mesmo em estados de grande ansiedade e depressão, a cura é interior. Por vezes é necessário forçar o organismo, para que este descanse, retempere forças. Os medicamentos utilizados em psiquiatria visam anestesiar a pessoa, ou prepará-la para que descubra e assuma as ferramentas da sua própria cura ou para que o processo autodestrutivo não seja completo, impedindo o retorno e a cura.
4 – Os milagres, do mesmo modo, são uma potenciação das nossas capacidades curativas. Jesus exige sempre a fé. A cura não é um passe de mágica que se obtenha espectacularmente. As palavras como os gestos, quando acontecem, visam que a pessoa desperte e se deixe tocar pela graça.
O grande milagre de Jesus, que é pedido à humanidade, é a conversão interior, a mudança de mentalidades, agindo para curar, para salvar, para dar vida. As palavras de Jesus são sintomáticas, a cura exige a fé: "a tua fé te salvou", "vai e não tornes a pecar", "os teus pecados estão perdoados", "levanta-te e anda". As expressões são claramente um desafio à cura interior, à mudança de vida. Jesus provoca a cura, provocando a fé ou, provocando fé, provoca também a cura.
5 – Os médicos e a medicina são essenciais à humanidade e à qualidade de vida. Há doenças que exigem a intervenção de clínicos especialistas no corpo e na mente. É meritório o trabalho realizado. São louváveis os esforços técnicos e científicos. Mas a lógica continua a ser a de potenciar o organismo para reagir. Quantas doenças físicas não são curadas porque a força de vontade e o instinto de sobrevivência estão também em desequilíbrio. Os médicos sabem como a força interior e a ajuda das pessoas queridas são essenciais para a cura! Pode curar-se uma pessoa contra a sua própria vontade? Muito dificilmente.
6 – Jesus envia-nos para curar.
Quantas pessoas ficam melhor com uma palavra de conforto? Quantas vezes uma criança fica bem só porque foi acarinhada pela mãe? Quantas situações desastrosas foram evitadas com uma palavra de simpatia?
Fica a pergunta: como é que podemos ser agentes curativos?
in Boletim Voz Jovem, Julho 2011.
Editorial elaborado a partir da nossa reflexão:
A NOSSA CURA ESTÁ DENTRO DE NÓS.
Ressurreição: lugar do culto cristão
"O dia da ressurreição é o lugar exterior e interior do culto cristão, e a acção de graças como antecipação criadora da ressurreição por parte de Jesus é a maneira como o Senhor faz de nós pessoas que dão graças com Ele, a maneira como Ele, no dom, nos abençoa e envolve na transformação que, a partir dos dons, deve alcançar-nos e expandir-se no mundo, «até que Ele venha»".
Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré, p 122.
sábado, 28 de julho de 2012
XVII Domingo do Tempo Comum (B) - 29 de julho
1 – “Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido”.
Trocamos de evangelista por uns domingos, mas não de Evangelho: Jesus Cristo. Ele é a Boa Notícia de Deus, que entra no mundo, na história e no tempo. Vem habitar no meio de nós, fazer a Sua tenda em nós. Como temos refletido, não está alheado do que é verdadeiramente humano, entranha-se no mundo, suja as mãos, insere-se na realidade temporal.
No regresso dos discípulos, dá-lhes oportunidade para descansarem e comerem, ainda que logo atenda uma multidão que deles se abeira, com fome de sentido, são como ovelhas sem Pastor. Jesus compadece-Se e ensina-lhes muitas coisas.
No evangelho proposto para hoje, de São João, o cenário é em tudo semelhante quanto à atitude de Jesus:
“Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?» ”.
Jesus ergue o olhar para as pessoas, perscruta no interior das mesmas, tem compaixão daquela gente, antecipa-Se às suas necessidades, às mais básicas e a partir daqui há de desafiá-las a um alimento maior, a um sentido novo para a vida, como veremos no próximo domingo, na continuação do Evangelho. Para já o pão, depois o pão e o sentido para a vida.
2 – O milagre da multiplicação é uma exigência e há de ser um compromisso para os dias de carestia que atravessamos. Quando o pouco se partilha, é possível que chegue para mais pessoas, ou que chegue para todos. Multiplica-se o que é partilhado. O que retemos para nós vai desaparecendo, corroendo-se com a traça. É como os produtos com prazo de validade. Guardámos e quando nos apercebemos nem para nós nem para os outros.
Não é uma questão contabilística – dois pães de cevada e dois peixes – mas de fé, de fé em Deus, na abertura aos outros. A nós não nos são pedidos milagres “extraordinários”, mas compromissos com os meios e os dons que temos. Levantemos os olhos para as pessoas que se aproximam. Antecipemo-nos às suas necessidades, como Jesus, não primeiramente com pressa em dar razões, acalentar a esperança, mas antes pressa na caridade e na partilha, para que a multiplicação aconteça. O mundo em que vivemos tem alimentos de sobra para todas as pessoas que o habitam e no entanto há meio mundo a morrer à fome ou a viver uma vida abaixo de cão.
Quantos Lázaros pelo mundo à espera das migalhas que sobejam nas nossas mesas, à nossa espera. Nem só de pão vive o homem – Jesus di-lo claramente na continuação do evangelho –, mas também vive do pão. Não vivemos para comer, mas comemos para viver.
3 – Deus conta connosco, com os nossos cinco pães e dois peixes. O pão de cada dia, que Deus nos dá, não cai diretamente do céu, mas multiplica-se a partir da terra, do trabalho, do esforço humano, com a bênção de Deus. Ele não nos pede o impossível, mas o que está ao nosso alcance e então o milagre surge e acontece o (que parecia) impossível. Deus proverá ao resto. E não é pouco. É tudo na nossa vida. Age em nós e através de nós.
Na primeira leitura, Eliseu dá uma ordem semelhante àquela que Jesus haveria de dar aos seus discípulos: dai-lhes vós de comer. Todos têm um papel a desempenhar.
“Veio um homem da povoação de Baal-Salisa e trouxe a Eliseu, o homem de Deus, pão feito com os primeiros frutos da colheita. Eram vinte pães de cevada e trigo novo no seu alforge. Eliseu disse: «Dá-os a comer a essa gente». O servo respondeu: «Como posso com isto dar de comer a cem pessoas?». Eliseu insistiu: «Dá-os a comer a essa gente, porque assim fala o Senhor: ‘Comerão e ainda há de sobrar’». Deu-lhos e eles comeram, e ainda sobrou, segundo a palavra do Senhor”.
O impossível torna-se acessível, pela fé, pela presença e pela graça de Deus, que vem até nós e que nos encontra e nos transforma. Olhos nos olhos, em Jesus Cristo, Deus abaixa-Se para encontrar a nossa face, lava-nos os pés e a alma, torna-nos Seus filhos. Abraça-nos, enleva-nos, promove-nos, agora somos do dia e da LUZ.
Vale a pena ater-nos às palavras do Apóstolo, uma vez mais:
“Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade de espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como há uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra”.
Textos para a Eucaristia (ano B): 2 Reis 4, 42-44; Ef 4, 1-6; Jo 6, 1-15.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Deus é a realidade que dá o ser e o sentido
No mundo, verdade e opinião errada, verdade e mentira estão continuamente indissociáveis. A Verdade, em toda a sua grandeza e pureza, não aparece. O mundo é «verdadeiro» na medida em que reflecte Deus, o sentido da criação, a Razão eterna donde brotou. E torna-se tanto mais verdadeiro quanto mais se aproximar de Deus. O homem torna-se verdadeiro, torna-se ele mesmo quando se conforma co Deus. Então alcança a sua verdadeira natureza. Deus é a realidade que dá o ser e o sentido.
«Dar testemunho da verdade» significa pôr em realce Deus e a sua vontade face aos interesses do mundo e às suas potências. Deus é a medida do ser. Neste sentido, a verdade é o verdadeiro «Rei» que dá a todas as coisas a sua luz e a sua grandeza. Podemos também dizer que dar testemunho da verdade significa, partindo de Deus, da Razão criativa, tornar a criação decifrável e a sua verdade tão acessível que possa constituir a medida e o critério orientador no mundo do homem, que venham ao encontro dos grandes e poderosos o poder da verdade, o direito comum, o direito da verdade.
Joseph Ratzinger/Bento XVI, Jesus de Nazaré, pp. 158-159.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
A nossa cura está dentro de nós!
Hoje uma vez mais escutamos no Evangelho quotidiano o poder dado por Jesus aos seus discípulos de expulsar espíritos impuros e de curar doenças e enfermidades. O mesmo poder que Jesus possuir dá-o aos seus discípulos. Quer isto dizer, grosso modo, que também nós, como discípulos de Jesus para este tempo, recebemos o poder de expulsar espíritos demoníacos e de curar doenças e enfermidades, nossas e dos outros.
O poder curativo é próprio do ser humano. Mas não só, outros animais "auto curam-se" e/ou auto medicam-se.
Fisicamente, o nosso corpo tem organismos de defesa, de protecção, de reacção a corpos estranhos, ou a vírus, micróbios, bactérias, doenças. Possui alarmes. Avisa-nos, através de diferentes reacções, quando não está a funcionar bem. Por vezes contornamos ou adiamos o problema precisamente convencidos que o organismo corrigir-se-á por si mesmo. Em parte é verdade. O único senão, por vezes precisa de ser ajudado, ou pela nossa mente, ou por mecanismos externos, medicamentos...
Por exemplo, uma ferida exposta, não se cura com as aplicações de produtos medicamentosos, mas através das propriedades do sangue. Quando se tapa a ferida, não é para que cure, mas para evitar que entre elementos que danifiquem os tecidos e adulterem o fluxo sanguíneo. As aplicações medicamentosas visam potenciar os poderes curativos existentes no nosso organismo.
Mesmo em doenças crónicas e/ou doenças graves, o auxílio médico e a medicação visam preparar o organismo para que este possa ganhar a batalha da cura contra a doença. Por vezes, o estado gravoso pode levar a uma intervenção mais profunda, substituindo elementos naturais por mecanismos artificiais, mas mesmo desta forma tenta-se enganar o organismo, para que ele não detecte intromissão nos seus mecanismos. As drogas ingeridas ou introduzidas, em forma de medicamentos, procuram interferir, escondendo, enganando, adulterando o organismo. De contrário, este rejeitaria tudo o que lhe é estranho. Por vezes, mesmo com medidas drásticas, o organismo rejeita enxertos, ou órgãos alheios e/ou artificiais. A cura está dentro de nós. O médico e o medicamento potenciam o organismo para que este cure. Às vezes levam muito tempo. Ingerem-se medicamentos e só passadas semanas, meses, ou até anos é que a cura advém, quando o organismo assimilou e fez seu e o que era alheio.
Psicologicamente, o mecanismo é semelhante. Mesmo em estados de grande ansiedade e depressão, a cura é interior. Por vezes é necessário forçar o organismo, para que este descanse, retempere forças. Os medicamentos utilizados na psiquiatria não visam a cura, mas anestesiar a pessoa, ou prepará-la para que descubra e assuma as ferramentas da sua própria cura, ou simplesmente para que o processo auto-destrutivo não seja completo ao ponto de não permitir o retorno e a cura.
Os milagres, do mesmo modo, são uma potenciação das nossas capacidades curativas. Jesus exige sempre a fé. A cura não é um passe de mágica que, utilizando objectos, palavras e elementos da natureza, se obtenha espectacularmente. As palavras como os gestos, quando acontecem, visam que a pessoa desperte e se deixe tocar pela graça.
O grande milagre de Jesus, e que é pedido aos seus discípulos e à humanidade, é a conversão interior, a mudança de mentalidades, o encontrar as marcas do verdadeiramente humano, e do divino e agir para curar, para salvar, para dar vida. Quantas palavras escutamos a Jesus que são sintomáticas: a cura exige a fé, "a tua fé te salvou", "vai e não tornes a pecar", "os teus pecados estão perdoados", "levantas-te e anda". As expressões são claramente um desafio à cura interior, à conversão, à mudança de vida. Nos casos, em que Jesus procura provocar a fé, haverá simultaneidade, isto é, provoca a cura, provocando a fé, ou provocando fé, provoca também a cura.
Obviamente, os médicos e a medicina são essenciais à humanidade e á qualidade de vida. Há doenças que exigem a intervenção de clínicos especialistas no corpo e na mente. É meritório o trabalho realizado. São louváveis os esforços técnicos e científicos. Mas a lógica continua a ser a de potenciar o organismo para que o mesmo reaja. Quantas doenças físicas que não são curadas porque a mente, a força de vontade, a defesa da vida e da saúde, estão também em desequilibro e impedem a cura. Hoje, cada vez mais, os médicos sabem como o optimismo, a força de vontade, a ajuda das pessoas queridas, são essenciais, para que se obtenha sucesso contra as doenças, físicas e/ou mentais.
Pode curar-se uma pessoa contra a sua própria vontade? Muito dificilmente. Por vezes as próprias pessoas, mais consciente ou inconscientemente auto-infligem-se doenças... algumas bem graves, físicas e mentais...
Pode curar-se uma pessoa contra a sua própria vontade? Muito dificilmente. Por vezes as próprias pessoas, mais consciente ou inconscientemente auto-infligem-se doenças... algumas bem graves, físicas e mentais...
Como é que nós podemos ser agentes curativos?
Somo-lo em relação a nós, mas também o podemos ser na relação com os outros.
Jesus envia-nos para curar. Quantas vezes uma pessoa ficou melhor só porque recebeu uma palavra de conforto? Quantas vezes uma criança ficou saudável do estômago porque foi acarinhada pela mãe? Quantas situações desastrosas foram evitadas com uma palavra de simpatia?
Vale a pena reflectir!
Leia o Evangelho. Jesus ajuda-nos a descobri o que há de melhor em nós. Introduz-nos na capacidade de amar, de perdoar, de dar, de receber dando a vida, de olhar parta o outro como pessoa, ...
Já agora, algum livro de Augusto Cury, conhecido psiquiatra e cientista, que nos invita a sermos protagonistas da nossa vida e não espectadores... e Antoine Saint-Exupéry, com o Principezinho que busca em outros lugares o que possui no seu mundo, ainda que pequeno e com poucas coisas... e Paulo Coelho... a felicidade não está longe, no exterior, mas perto de nós, no interior... ou o livro de David Servan-Schreiber, CURAR o stressm a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise, Dom Quixote, Lisboa: 2004.
Já agora, algum livro de Augusto Cury, conhecido psiquiatra e cientista, que nos invita a sermos protagonistas da nossa vida e não espectadores... e Antoine Saint-Exupéry, com o Principezinho que busca em outros lugares o que possui no seu mundo, ainda que pequeno e com poucas coisas... e Paulo Coelho... a felicidade não está longe, no exterior, mas perto de nós, no interior... ou o livro de David Servan-Schreiber, CURAR o stressm a ansiedade e a depressão sem medicamentos nem psicanálise, Dom Quixote, Lisboa: 2004.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
A vida é um contrato de risco...
Basta estar vivo para correr riscos. Risco de fracassar, ser rejeitado, frustrar-se consigo mesmo, decepcionar-se com os outros, ser incompreendido, ofendido, reprovado, adoecer. Não devemos correr riscos irresponsáveis, mas também não devemos temer andar por terrenos desconhecidos, respirar ares nunca antes respirados.
Viver é uma grande aventura. Quem ficar preso num casulo com medo dos acidentes da vida, além de não os eliminar, será sempre frustrado. Quem não tem audácia e disciplina pode alimentar grandes sonhos, mas eles serão enterrados nos solos da sua timidez e nos destroços das suas preocupações. estará sempre em desvantagem competitiva.
Augusto Cury, Nunca desista dos seus sonhos.
terça-feira, 24 de julho de 2012
Bem-aventuranças: Jesus vem de novo à terra!
Uma vez, Cristo saiu de junto da glória do Pai e foi passear pelo mundo dos homens. Como sempre teve tendência de preferir os pequenos e os pobres, passeou por bairros populares, entrou em barracas, passou por prisões, observou de perto a vida das pessoas. Como outrora, encheu-se de compaixão, e decidiu fazer algo.
Por isso dirigiu-se a alguns cristãos que foi encontrando na cidade.
Ao primeiro disse:
- Preciso de ti, dos teus ouvidos para escutar as histórias da senhora Ana, a velhinha que necessita de alguém que não se canse de a ouvir.
A outro disse:
- Preciso de ti, dos teus braços para pegar naquela criança deficiente, pois a sua mãe está cansada e não pode mais.
A outro disse:
- Preciso de ti, das tuas palavras porque quero saudar e chamar o senhor José, que é invisual e que é invisível para as pessoas que correm a olhar para o relógio.
A outro disse:
- Preciso de ti, das tuas mãos para dar uma palmada de ânimo a David que, apesar das suas recaídas, já conseguiu passar 15 dias sem consumir droga.
A outro disse:
- Preciso de ti, do teu trabalho para dar uma ajuda à senhora Maria, pois o marido está desempregado e ela tem três filhos para educar.
A outro disse:
- Preciso de ti, do teu coração, porque quero explicar a Marta e a João que, apesar de não poderem comprar um andar, tenho uma mensagem de amor e liberdade para eles.
E foi assim que Cristo foi interpelando os seus seguidores, pois desejava ver a todas as pessoas felizes.
in PEDROSA FERREIRA, As Bem-aventuranças, Hoje.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
O Milagre... por um dólar e onze cêntimos!
Um dia, o pai disse à mãe em lágrimas:
- Não há mais nada a fazer. Só um milagre o pode salvar.
A irmãzinha, a um canto, escutava tudo. Sem nada dizer, correu imediatamente para a farmácia e esperou a sua vez para ser atendida. O farmacêutico perguntou-lhe:
- Que desejas, menina?
- Tenho um irmão que está muito doente e venho comprar um milagre.
- Que dizes?
- Chama-se André e tem uma coisa que lhe cresce na cabeça. Dizem que só um milagre o pode salvar. Tenho aqui todo o meu dinheiro para comprar um milagre.
- Minha menina, aqui não vendemos milagres.
Estava na farmácia um homem alto e elegante, que parecia interessado na conversa. Aproximou-se da menina e perguntou-lhe:
- Por que choras?
- Precisava de um milagre para o meu irmãozinho. Tenho aqui o dinheiro para o pagar.
- Quanto tens?
- Um dólar e onze cêntimos.
- É precisamente o que custa o milagre para o teu irmãozinho. Leva-me a tua casa que eu quero vê-lo, e também aos teus pais.
Esse homem era o professor doutor Carlton Armstrong, um dos grandes neurologistas mundiais. Levou o menino para o hospital, operou-o e, passado algum tempo, estava curado.
A mãe disse:
- Esta operação foi um verdadeiro milagre. Deve ter custado muito! Quanto custou, senhor doutor?
- Já está paga!
A menina sorriu sem nada dizer. Tinha custado um dólar e onze cêntimos e, naturalmente, a bondade desse grande neurologista.
in Revista Juvenil, n.º 546. Maio 2011.
domingo, 22 de julho de 2012
Vejo um ramo de amendoeira e outras palavras em flor
D. ANTÓNIO COUTO, Vejo um ramo de amendoeira e outras palavras em flor. Paulus Editora, Apelação 20012.
O LEMA episcopal de D. António Couto, Bispo de Lamego, é a resposta dada por Jeremias ao Senhor e à pergunta: o que vês? - Vejo um ramo de amendoeira. Como tem sublinhado o nosso Bispo, a amendoeira é a única flor que germina em pleno inverno, quando ainda não se vislumbra a primavera, é um sinal de fé e de esperança, que vai muito além da visibilidade.
Neste livrinho (80 páginas), são-nos apresentados "três textos iguais e diferentes. O primeiro, intitulado «O Evangelho, Jesus, Paulo e Eu», vê-se bem que é como um espelho onde quotidianamente me revejo e me deixo atravessar por algumas pérolas bíblicas adquiridas também por figuras incontornáveis do Cristianismo. O segundo, intitulado «Vejo um ramo de amendoeira», é como uma profissão de fé, uma maneira de ver, de viver, um lema gravado a fogo na alma de Jeremias e na minha. O terceiro, intitulado «Daqui, desta planura: leitura do tempo em que vamos, constitui uma travessia pensada e prensada deste tempo que Deus me Deus".
Esta é a apresentação que o próprio autor faz dos textos.
Lê-se com muito agrado, leve e profundo, com a sensibilidade dos poetas, com o desafio dos profetas.
"A amendoeira é uma das poucas árvores que floresce em pleno inverno. Ao responder: «Vejo um ramo de amendoeira», Jeremias já ergueu os olhos da invernia e da tempestade e do lodo e da lama e da catástrofe e da morte que tinha pela frente, e já os fixou lá longe, ou aqui tão perto, na frágil-forte-vigilante flor da esperança que a amendoeira representa. É de presumir que, se Jeremias tivesse respondido: «Vejo a tempestade, a ruína, a morte, a crise», que era que que tinha mesmo diante dos olhos, em vez de «Viste bem, Jeremias, viste bem!», Deus tê-lo-ia reprovado, dizendo: Viste mal, Jeremias, viste mal».Senhor, afina o meu olhar pela flor que Tu quiseres.Faz-me ver sempre bem, belo e bom.Faz-me ver com olhar com que me vês,e com que olhas a tua criação.Contemplação."
Claudine Pinheiro - O Senhor é meu pastor
"Jesus compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor". O Evangelho deste domingo de novo nos mostra a sensibilidade e delicadeza de Jesus, que Se preocupa com os seus discípulos, quer que eles descansem e comam, e do mesmo modo sente-Se compadecido com aquela multidão fatigada da vida, faminta de vida nova. O Salmo deste domingo - Salmo 22 (23) - é precisamente "O Senhor é meu Pastor"..Recuperámos, mais uma vez, o cântico da Claudine Pinheiro, na paróquia de Tabuaço, no dia 2 de maio de 2009, na Igreja Paroquial. Ouça, volte a ouvir, medite na letra, aprecei a melodia. Viva em Domingo.
sábado, 21 de julho de 2012
XVI Domingo do Tempo Comum (B) - 22 de julho
1 – “Os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
Jesus e os Seus discípulos estão em constante movimento. Quase não têm tempo para descansar e por vezes as refeições são feitas à pressa, pois há sempre pessoas a chegar e a partir.
O primeiro dos evangelistas, São Marcos, o mais "genuíno", não tendo a preocupação de apresentar uma reflexão refletida e ordenada sobre Jesus, quer dar-nos o testemunho daqueles que viveram com Ele, como é o caso de São Pedro, para que o maior número de pessoas possa beneficiar da Sua mensagem e da Sua benevolência. É um Jesus mais humano e sensível, em ação permanente, sem tempo para grandes paragens, e onde são mais as interrogações que as respostas.
Duas premissas sobressaem de imediato em São Marcos: Jesus é o Filho de Deus e tem consciência que é Filho de Deus, mas é um homem entre homens, com necessidades, precisa de comer e de descansar, de se afastar da multidão e rezar em silêncio; e é o Messias esperado, n'Ele se cumprem as promessas de Deus feitas ao Povo da Aliança, de forma mais explícita pelos profetas; surge do povo e ao povo é enviado.
Ao lermos com atenção este trecho do evangelho sobrevém a delicadeza e atenção de Jesus. Enviou os seus discípulos e no regresso Ele sabe/sente que precisam de descansar, de retemperar forças, de comer, e de relatar tudo o que passaram, a experiência vivida. É um lado muito humano de Jesus e muito concreto. Neste episódio não há nada de abstrato ou elaborado. É a vida no seu pulsar quotidiano. O Messias, o Enviado de Deus, assume em pleno a Sua humanidade.
2 – A compaixão de Jesus pela multidão é constante na Sua vida. Vem da parte de Deus. É o próprio Filho de Deus, mas vem como Pastor para o meio da humanidade, para o meio de um rebanho tantas vezes desorientado, sem guia e sem esperança.
É notório que há muitas pessoas que ouviram falar de Jesus e não apenas um bando de maltrapilhos (que Ele acolhe com maior afabilidade). É grande a multidão que a Ele acorre, gente que vem de toda a parte, de vários grupos sociais, religiosos e políticos, de várias regiões e em diferentes idades.
A resposta de Jesus é atitudinal: levanta-Se de imediato, não deixa a multidão à espera. Ensina-lhes muitas coisas. Quem chega não está faminto apenas de pão, mas de vida nova, de sentido para os seus dias de trabalho e canseira.
As palavras do salmista apropriam-se a Jesus: “O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma. A bondade e a graça hão de acompanhar-me todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor para todo o sempre”. Deus nada nos tira. Diante d'Ele não precisamos de disfarces, apresentamo-nos como somos, com a nossa alma em transparência, sabendo que Ele nos guia para o bem, que nos proporciona descanso, o reencontro connosco.
3 – A primeira leitura que hoje nos é proposta antecipa a chegada do Messias-Pastor. Deus virá para o meio do Seu povo. É uma promessa que renova a esperança em Deus e que haveria de motivar os israelitas a voltarem à Aliança, evitando a conflitualidade, egoísmo, a perversão, que levaria à ruína do reino do Norte e de Judá. Um povo sem Deus, e sem Mandamentos, é um povo sem alma e sem futuro, correndo o sério risco de se desmoronar.
Jeremias é mais um profeta da interioridade, cimentando o compromisso com as pessoas mais frágeis, apontando a conversão interior, como caminho para Deus e para os outros, adesão firme à Aliança e que implique, pressuponha e conduza à prática da justiça e da caridade. Os ritos valem se preenchidos com Deus e com a Sua Palavra, na vivência dos Seus mandamentos. De contrário são como ossos ressequidos, esqueleto sem carne e sem músculo, sem vida!
A religião, como a vida política e social, há de estar ao serviço do bem, da paz, ao serviço de todos, promovendo os mais pequenos. Só iguais podemos viver como irmãos e também com a mesma responsabilidade social e política.
Hoje precisamos de profetas que bradem esperança e sobretudo nos tragam Deus. E nós também somos responsáveis pela profecia da esperança e de Deus. Deus não tardará, já alouram as searas, os campos começam a ficar preparados para a ceifa, Deus já se anuncia breve, como o Bom Pastor para o meio do seu rebanho, do Seu povo.
“Eu mesmo reunirei o resto das minhas ovelhas de todas as terras onde se dispersaram e as farei voltar às suas pastagens, para que cresçam e se multipliquem. Dar-lhes-ei pastores que as apascentem e não mais terão medo nem sobressalto; nem se perderá nenhuma delas – oráculo do Senhor. Dias virão, diz o Senhor, em que farei surgir para David um rebento justo. Será um verdadeiro rei e governará com sabedoria; há de exercer no país o direito e a justiça. Nos seus dias, Judá será salvo e Israel viverá em segurança. Este será o seu nome: «O Senhor é a nossa justiça»”.
4 – O anúncio profético realiza-se em Jesus Cristo, o Pastor por excelência. Não vem por sobre as nuvens, mas encarna, vem do povo, é Homem que tem poiso e pisa o nosso chão, terra sagrada para o encontro de Deus e do Homem, vem com a força divina encher de beleza e enriquecer a fragilidade humana. Não se coloca de fora, como observador, mas dentro da humanidade. É n'Ele que encontramos a salvação de Deus.
Como clarifica o Apóstolo,
“foi em Cristo Jesus que vós, outrora longe de Deus, vos aproximastes d’Ele, graças ao sangue de Cristo. Cristo é, de facto, a nossa paz. Foi Ele que fez de judeus e gregos um só povo… de uns e outros, Ele fez em Si próprio um só homem novo, estabelecendo a paz. Pela cruz reconciliou com Deus uns e outros, reunidos num só Corpo... Cristo veio anunciar a boa nova da paz, paz para vós, que estáveis longe, e paz para aqueles que estavam perto”.
Veio para reunir de todas as nações, para congregar os de perto e os de longe, para salvar, para semear a paz e a justiça, para formar de todos um só Povo para Deus.
Textos para a Eucaristia (ano B): Jer 23, 1-6; Sl 22 (23); Ef 2, 13-18; Mc 6, 30-34.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Da minha janela - a inquieta curiosidade de olhar
JOÃO ANDRÉ RIBEIRO, Da minha Janela. A inquieta curiosidade de olhar. ASEL, Lamego 2012.
"Da minha janela" é o título da rubrica que o Pe. João André no Jornal Diocesano, Voz de Lamego, cujas reflexões foram agora coligidas neste magnífico livro que agora recomendámos e que é editado pela Associação dos Antigos Alunos dos Seminários da Diocese de Lamego (ASEL), no âmbito dos 50 anos da abertura do (edifício atual do) Seminário de Lamego. Ao tempo que era seminarista, o Dr. João André era Reitor do Seminário Maior e nosso professor em disciplinas na área da filosofia.
Naquele tempo, como posteriormente, os textos da sua autoria e apresentados no jornal da Diocese sempre foram motivo de curiosidade e de leitura, pela profundidade, pela clareza e por uma contextualização atual e concreta ao mundo de hoje, à Diocese, a lugares e a pessoas.
É com muito agrado que relemos agora muitos desses textos e outros mais.
Habituámo-nos como alunos, mas também como seminaristas, o mesmo será dizer escutando o professor ou o sacerdote, a reflexões muito próprias, desafiadoras, sem se deixar levar pela correnteza de modas fáceis. O gosto por algum filósofo a ele o devemos - no caso pessoal, a linguagem, a epifania do ROSTO em E. Levinas, e do olhar, depois de um trabalho sobre o filósofo francês e que está presente em muitos dos seus textos.
Nunca o vimos recusar definitivamente uma forma de pensamento, uma ideologia, uma corrente filosófica, um filósofo. Também nunca o vimos santificar nenhuma corrente ideológica. Sempre uma atitude crítica, construtora, sublinhando os aspetos que sem seu entender seriam de aproveitar e que contribuiriam para a evolução do pensamento, e alertando para os perigos de reduzir ou absolutizar alguma teoria, com o risco de maltratar a pessoa e a dignidade humana.
São muitos os que passam por estas páginas: Levinas, Martin Buber, Kant, Heideggar, São Tomás de Aquino, Pascal, Kierkegaard, Ortega y Gasset, Khalil Gibran, Hannah Arendt, Edith Stein ou Santa Teresa Benedita da Cruz, Max Scheller, Sartre, Virgílio Ferreira, Santa Teresa de Ávila, Virgílio Ferreira, Roger Garaudy, Abbé Pierre, Husserl. JESUS CRISTO, João Paulo II, Bento XVI e tantos outros.
Mas desengane-se quem pense que é FILOSOFIA distante, e não se deixem levar pelos nomes. Deles por vezes apenas um título, uma ideia, uma orientação, porque no Pe. João André a linguagem é de fácil compreensão, de leitura agradável, com a preocupação de simplicidade. A pulsar da vida em situações concretas no Seminário, na paróquia, em viagens, em encontros da vida.
São muitos os temas que cativam: o mundo de hoje, a esperança, o sofrimento e a cruz, o AMOR, a beleza, a dimensão lúdica do homem, as pessoas da aldeia, a comunicação social e a verdade feita à medida de alguns, e a VERDADE em Jesus Cristo, Deus e o Homem, a Solidão e a solidariedade, a esperança e abertura para Deus...
Escrito ao correr da pena e com a preocupação de se tornar acessível para todos os leitores da Voz de Lamego,... Lido de assentada, ou reflexões para cada dia, ajuda a refletir a vida e, como desejo de todos os que escrevem, que ajude a viver melhor.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Dureza e flexibilidade
O discípulo de um Filósofo foi ter com o Mestre, no seu leito de morte.
Perguntou-lhe:
- Tem ainda alguma coisa para dizer ao seu discípulo?
Então o sábio abriu a boca e disse ao jovem que olhasse para dentro.
Disse-lhe:
- Está lá dentro ainda a minha língua?
- Sim, Mestre.
- E os meus dentes?
- Não.
- E sabes porque é que a língua dura mais tempo que os dentes? Porque é flexível, é mole. Os dentes caem primeiro porque são duros. Com isto já aprendeste tudo. Não tenho mais nada para te ensinar.
Lenda árabe, in Cristo Jovem.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Criar comunhão é o objetivo primário da história sagrada
Jesus escolheu doze para «fazer casa» com eles, para que fizessem a experiência de vida com Ele. A cura da vida é libertá-la da doença e da solidão, da tirania do fazer, do fascínio da quantidade, e repropor o fascínio da comunhão.
Criar comunhão é o objetivo primário da história sagrada. E a divisão, a lâmina que separa as duas vertentes da história.
De um lado, os construtores de comunhão, que fazem o que Deus faz, criam proximidade e aliança, e são chamado amigos do género humano, guardas da história; do outro lado, os construtores de separações, de inimizades e de desconfianças, de medos e de muros. E são aqueles que fazem o que o diabo faz...
No Evangelho, Maria é criadora de relações. Também na casa dos sonhos, com José, o centro da vida não é o eu nem o tu. O centro está na relação, no procurarem-se e no encontrarem-se, através da distância, para fazer um nós. O nó que aperta conjuntamente as vidas.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
terça-feira, 17 de julho de 2012
Catequese Paroquial de Tabuaço :: 2011-2012
Depois da informação, com a respetivas fotografias, e com um ou outro vídeo, apresentando as fotos em formato de diaporama, agora apresentamos uma visão geral da catequese paroquial de Tabuaço, que inclui também as crianças/adolescentes das Paróquias de Pinheiros e de Carrazedo. Destaque especial para as Festas da Catequese (Primeira Comunhão, Profissão de Fé, Semana Santa, existem vídeos próprios na Youtube, pelo que são apenas referenciadas, podem também aí encontrar-se vídeos de outros momentos e celebrações):
segunda-feira, 16 de julho de 2012
2 Padrinhos masculinos? 2 Madrinhas? Nãoooooooooo
Havia alguma confusão na interpretação do Código de Direito Canónico sobre padrinhos de Baptismo.
... A Santa Sé veio esclarecer totalmente a questão:
Uma criança NÃO pode ter dois homens padrinhos ou duas mulheres madrinhas. "Radicalmente não", diz a Santa Sé.
Um menino (a) para ser baptizado (a) precisa:
Uma criança NÃO pode ter dois homens padrinhos ou duas mulheres madrinhas. "Radicalmente não", diz a Santa Sé.
Um menino (a) para ser baptizado (a) precisa:
- de um padrinho e de uma madrinha
ou
- só de um padrinho
ou
- só de uma madrinha.
Para alguém poder assumir o munus de padrinho de baptismo requer-se que seja católico, confirmado e já tenha recebido a Santíssima Eucaristia, e leve uma vida consentânea com a fé e as funções que vai desempenhar. (Código de Direito Canónico, can. 874, 3º).
Retirado da página da Paróquia de Tarouca.
Veja-se também o esclarecimento do pároco da Paróquia das Monteiras
e ainda Paróquia de Fátima e dos Pastorinhos.
Bem-aventuranças: falar e calar
Falar oportunamente, é sensatez.
Falar perante o inimigo, é civismo.
Falar perante uma injustiça, é valentia.
Falar para rectificar, é um dever.
Falar para defender, é compaixão.
Falar para ajudar os outros, é consolar.
Falar com sinceridade, é rectidão.
Falar de Deus, manifesta muito amor.
Calar quando acusam, é heroísmo.
Calar as próprias dores, é sacrifício.
Calar e não falar de si, é humildade.
Calar as misérias humanas, é caridade.
Calar a tempo, é prudência.
Calar palavras inúteis, é sabedoria.
Calar quando nos ofendem, é fortaleza.
Calar para melhor amar, é santidade.
PEDROSA FERREIRA, As Bem-aventuranças hoje.
COMUNICADO da Diocese de Lamego...
Comunicado
O Sr. D. António José da Rocha Couto, Bispo de Lamego, em conjunto com o presbitério da Diocese e, em particular, os Reverendos P. Amadeu Costa e Castro e P. José Filipe Mendes Pereira, Párocos de Pereiro, concelho de Tabuaço, vêm, por este meio, manifestar a sua proximidade às vítimas e seus familiares do trágico acidente que, na manhã deste Domingo, dia 15 de Julho, vitimou uma pessoa e deixou feridas, com certa gravidade, outras cinco.
Todas elas, bem como a Comunidade Paroquial de Pereiro, estão no pensamento e nas orações do Sr. Bispo e dos fiéis da Diocese de Lamego, que invocam a ajuda de Deus para superar este momento difícil e trágico.
Lamego, 15 de Julho de 2012
Diocese de Lamego - Gabinete de Comunicação, DIOCESE DE LAMEGO.
sábado, 14 de julho de 2012
XV Domingo do Tempo Comum (ano B) - 15 de julho
1 – De casa para a cidade e para o mundo.
Jesus regressa à sua terra, em Nazaré, e também entre os seus comunica, com alegria e desprendimento, um DEUS próximo, amigo, que Se pode encontrar nas coisas simples, nos acontecimentos presentes, e nas pessoas concretas que vivem connosco.
Sem (mais) lamentos nem ameaças coléricas, Jesus segue o Seu caminho, segue para o mundo, para outras cidades e aldeias, para outras casas, deixando um rasto de esperança e de sonho, de bondade e de vida nova. Quer contar, conta connosco. Chama discípulos – pessoas como nós – para uma experiência admirável. Envia-os, para serem pescadores de homens.
A casa é lugar de encontro, de aprendizagem, de gestação, lugar onde se aprende a ser gente e se retemperam as forças. É de casa que os discípulos são enviados para o mundo – campo de evangelização.
“Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos”.
Não vão sozinhos, mas dois a dois. Não vão em nome próprio, mas enviados por Jesus. Não se anunciam mas à Palavra de Deus, com o poder de curar, e com a leveza da vida e do serviço. Não precisam de muitas coisas, mas de disponibilidade para levarem Deus.
2 – Apóstolos e/ou Profetas, de ontem e de hoje, não podem levar muitas coisas, muitos recursos, ou técnicas, mas a leveza e a simplicidade da Palavra de Deus, com sandálias nos pés, sem artifícios, nem manhas. Leveza para transparecer o amor de Deus. A opacidade é contraproducente, e existe quando baseamos/centramos a missão nas nossas capacidades. Leveza para aceitar as dificuldades e os obstáculos.
Jesus desengana rapidamente os seus discípulos. Podem não vos ouvir. Podem não estar sensibilizados para acolher as vossas palavras. Não façais disso um bicho-de-sete-cabeças. Sacudi o pó das sandálias e parti para outra localidade.
O profeta Amós - Aquele que ajuda a levar o fardo - envida uma missão épica, de trazer o povo de Israel de novo para a Lei de Deus. De forma simples, às vezes rude, em linguagem profética, não se cala perante os desvios e afastamentos da Aliança.
Amasias, sacerdote de Betel, disse a Amós:
«Vai-te daqui, vidente. Foge para a terra de Judá. Aí ganharás o pão com as tuas profecias. Mas não continues a profetizar aqui em Betel, que é o santuário real, o templo do reino». Amós respondeu a Amasias: «Eu não era profeta, nem filho de profeta. Era pastor de gado e cultivava sicómoros. Foi o Senhor que me tirou da guarda do rebanho e me disse: ‘Vai profetizar ao meu povo de Israel’».
Originalmente não era profeta, educado no campo, era criador de animais (e não apenas pastor). Chamado por Deus, luta contra as injustiças sociais, contra a opulência dos ricos e a miséria dos pobres, contra o ritualismo religioso, esplêndido mas vazio de vida e de Deus. Usa imagens riquíssimas do campo, denunciando falsas seguranças na riqueza e nos ritos religiosos.
3 – “Deus fala de paz ao seu povo e aos seus fiéis e a quantos de coração a Ele se convertem. A sua salvação está perto dos que O temem e a sua glória habitará na nossa terra”.
O salmista revela, em jeito de oração, uma premissa essencial da Aliança de Deus com o Seu povo, Deus quer o bem, a paz e a felicidade de todos. Por conseguinte, envia constantemente mensageiros, os profetas e os sinais que os acompanham. Mais, vem Ele próprio, como Bom Pastor para o meio do rebanho, em Jesus Cristo, que por sua vez assegura a Sua permanência através da Palavra e dos Sacramentos, através dos Seus apóstolos, de ontem e de hoje.
“Em Cristo fomos constituídos herdeiros, por termos sido predestinados, segundo os desígnios d’Aquele que tudo realiza conforme a decisão da sua vontade, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo... o Espírito Santo prometido é o penhor da nossa herança, para a redenção do povo que Deus adquiriu para louvor da sua glória” (segunda leitura).
Os Apóstolos, como os profetas, são enviados para fazer regressar a Deus todos aqueles que se perderam pelo pecado e pela fragilidade do egoísmo e da inveja. São incumbidos de curar as doenças do corpo e do espírito. Em Nazaré, Jesus não fez muitos milagres, mas curou os doentes que Lhe apresentaram. Dá a mesma missão aos discípulos: curar, reconciliar, converter. Somos herdeiros da Aliança de Deus com o Seu povo, somos filhos no Filho, recebemos o Espírito da redenção, para sermos transformados pela Sua graça e para testemunharmos em nós a salvação que Ele nos dá.
Textos para a Eucaristia (ano B): Amós 7, 12-15; Sl 84 (85); Ef 1, 3-14; Mc 6, 7-13.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
O Espírito é a sarça da liberdade, arde mas não se consome
O Espírito é a sarça da liberdade, arde mas não se consome. Deus já não é aquele que dá ordens para que se executem, mas um aliado. Farás como quiseres; tu, homem adulto, autónomo, perfumado com a nova dignidade. E Deus estará contigo. O homem não é um executor de ordens, mas um inventor de caminhos que levam à liberdade, que conduzem à comunhão, que nos conduzem uns para os outros e, juntos, para Deus. Descobridores de novas sendas no Sol.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Amo para os outros o que amo para mim
Cada aliança entre Deus e o homem, entre o homem e a mulher, cada comunidade autêntica, religiosa ou civil, rege-se pela reciprocidade, pela autoridade. A sua regra de ouro é: faz ao outros o que queres que os outros te façam. O que desejas para ti, fá-lo aos outros...
Desce ao lugar mais secreto de ti mesmo, onde nasce o desejo, e lá descobrirás o segredo da existência. Toda a religião numa extraordinária simplificação, num dom do meu desejo: dou aos outros o que desejo para mim, amo para os outros o que amo para mim. E para mim, eu desejo ser amado, desejo que me levem a sério e que se considerem nada os meus defeitos e, pelo contrário, importantes os meus dotes, que os meus segredos sejam respeitados e as minhas faltas perdoadas de coração, já e sempre. Procuro quem me acompanhe quando tenho medo e me ofereça um coração em que possa abrigar-se. E procurarei dar isto aos outros.
ERMES RONCHI, As casas de Maria
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Para o amor, nenhum sacrifício é demasiado grande
Para o amor, nenhum sacrifício é demasiado grande; de facto, só se pode sacrificar o que se mama. Sacrificar o que não se ama é até demasiado fácil: o difícil é oferecer a Deus o amor verdadeiro da nossa vida! Diz Kierkegard: «Abraão ama Isaac com toda a alma e quando Deus lho pede, ama-o, se possível, ainda mais; só assim pode fazer dele um sacrifício». Abraão só pode sacrificar Isaac porque o ama infinitamente. A Deus não se oferece o refugo do coração, pois só se pode oferecer-lhe o amor maior... Crer é oferecer o Isaac do seu coração, o único, o amado, oferecê-lo a Deus, porque só Ele é digno desta oferta e deve ser amado assim. Morrer para nascer. Perder-se para encontrar-se...
A fé consiste em: crer na possibilidade impossível de Deus, confiar em Deus, apesar do silêncio de Deus, não obstante a noite escura das suas exigências impossíveis.O homem da fé sabe que Deus é Deus e que é preciso confiar em Deus sem condições. Na verdade, também Deus vivi a sua noite por amor aos homens, também Ele como Abraão oferecerá por nós o Isaac do Seu coração...
BRUNO FORTE, As quatro noites da salvação, Prior Velho, Paulinas 2009.
terça-feira, 10 de julho de 2012
segunda-feira, 9 de julho de 2012
A menina não morreu; está a dormir!
Estava Jesus a falar aos seus discípulos, quando um chefe se aproximou e
se prostrou diante d’Ele, dizendo: «A minha filha acaba de falecer. Mas
vem impor a mão sobre ela e viverá». Jesus levantou-Se e acompanhou-o
com os discípulos. Entretanto, uma mulher que sofria um fluxo de sangue
havia doze anos, aproximou-se por detrás d’Ele e tocou-Lhe na fímbria do
manto, pensando consigo: «Se eu ao menos Lhe tocar no manto, ficarei
curada». Mas Jesus voltou-Se e, ao vê-la, disse-lhe: «Tem confiança,
minha filha. A tua fé te salvou». E a partir daquele momento a mulher
ficou curada. Ao chegar a casa do chefe e ao ver os tocadores de flauta e
a multidão em grande alvoroço, Jesus disse-lhes: «Retirai-vos, porque a
menina não morreu; está a dormir». Riram-se d’Ele. Mas quando mandou
sair a multidão, Jesus entrou, tomou a menina pela mão e ela
levantou-se. E a notícia divulgou-se por toda aquela terra.
No XIII Domingo do Tempo Comum (ano B), na versão de São Marcos, foi-nos apresentado a narração destes dois milagres de Jesus. Um e outro revelam a "fama" que precede Jesus, sinal de que não precisou de muito tempo para se alastrar a expectativa e a esperança à volta do Messias de Israel.
Por outro lado, e o que importa aqui fundamentalmente, é que Jesus, vindo de Deus, traz Deus à humanidade, coloca-Se do nosso lado, entranha-Se na nossa história, com as suas dores e esperanças, com as suas lágrimas e os seus risos.
Jesus atende o pedido do chefe da sinagoga e vai a sua casa para ver a menina. É grande a fé daquele homem: a sua filha morreu, mas está aí Alguém que é capaz de ressuscitá-la. Jesus responde na fé deste chefe, vai à sua casa e levanta, ressuscita a menina. Desta forma dá um sinal claro que n'Ele e com Ele está o poder de Deus que é maior que a própria morte e que pode vencer a morte. Antecipa desta forma a Sua ressurreição. Para já a ressurreição da menina, como a de Lázaro, ou como a do filho da viúva de Naim, é para a vida presente, é sobretudo reanimação. A Ressurreição de Jesus será para a vida eterna.
Pelo caminho, uma mulher toca no manto de Jesus e tal é a Sua fé que fica curada. Não é o poder do manto mas o poder da fé da mulher e do amor de Jesus. De novo, a certeza de que em Jesus, Deus vem em nosso auxílio.
Sublinhe-se, numa e noutra cura, a dinâmica do encontro, Jesus encontra-nos no caminho, faz-Se ao caminho, percorrendo os caminhos das humanidade. Também aí O podemos encontrar. E vem a nossa casa, visita-nos, cura-nos, ressuscita-nos, dá-nos vida nova.
Desposar-te-ei com fidelidade
Eis o que diz o Senhor: «Hei-de atrair ao meu amor a casa de Israel, hei-de conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração. Ali corresponderá como nos dias da sua juventude, quando saiu da terra do Egipto. Nesse dia, diz o Senhor, chamar-Me-ás ‘meu marido’ e não ‘meu baal’. Farei de ti minha esposa para sempre, desposar-te-ei segundo a justiça e o direito, com amor e misericórdia. Desposar-te-ei com fidelidade e tu conhecerás o Senhor» (Os 2, 16.17b-18.21-22).
A imagem utilizada pelo profeta Oseias é significativa, comparando o amor de Deus por Israel, pelo povo, com o amor do marido pela esposa. No contexto mais basto do texto, o marido ama de tal forma a esposa, que mesmo depois da traição, paga por ela, como prostituta e acolhe-a novamente em seu leito. Tal é o amor. Assim também Deus para connosco. Na infedilidade, nos desvios, Deus continua a ser fel e a chamar-nos ao Seu amor.
sábado, 7 de julho de 2012
XIV Domingo do Tempo Comum (ano B) - 8 de julho
1 – O profeta, pela sua missão, está exposto à crítica, ao boato e à perseguição. Hoje como ontem. Foi assim com os profetas de Israel, com João Batista e com Jesus Cristo, e com todos aqueles que ao longo do tempo "carregaram", com alegria e criatividade, o compromisso de viver segundo os ideais da palavra de Deus, promovendo a justiça, a honestidade, a coerência de vida, anunciando, em palavras e em obras, novos tempos, denunciando situações anquilosadas, pecaminosas, destrutivas da sociedade.
Ontem como hoje, junto dos mais próximos ou dos mais distantes, ora acarinhados e adulados, ora perseguidos e denegridos no seu bom nome, sob pressão, ameaça e chantagem, mas sempre vigilantes e fiéis à verdade, à justiça e ao bem, conscientes de serem portadores das boas notícias de Deus.
Na primeira leitura, o profeta Ezequiel fala-nos da sua vocação. É chamado por Deus e enviado a um povo rebelde, que, em terra estrangeira, no exílio, se afasta cada vez mais dos desígnios de Deus. "O Espírito entrou em mim e fez-me levantar. Ouvi então Alguém que me dizia: «Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel, a um povo rebelde que se revoltou contra Mim»".
A sua missão não é nada compensadora, e nada fácil, humanamente falando. Tenta a todo o custa relembrar ao povo a sua identidade, denunciando os desvios e acalentando a esperança de regresso à terra da promessa.
2 – Por vezes é entre os nossos que somos mais mal-amados e incompreendidos. Na hora de chamar a atenção somos mais tímidos e comedidos em contextos de amizade, de família, de camaradagem, ora pela grande cumplicidade, ora pelo medo de colocarmos tensão no relacionamento com aqueles com quem contamos. Sublinhe-se, porém, que em muitas situações também nos tornamos mais repentinos, mais espontâneos, menos tolerantes para com aqueles que vivem à nossa beira.
Em sentido inverso, aqueles que se sentem mais próximos poderão pedir/exigir o que sabem não ser exigível por ninguém. Veja-se, como exemplo, as “cunhas” a que (quase) todos recorrem, a troca de influências (muitas vezes decente e honesta).
Ezequiel é enviado para o povo de onde é originário. O facto de alertar para os desvios criar-lhe-á dissabores entre os próprios familiares. Jesus vai experimentar o desconforto entre os seus. Na expetativa, porque O conhecem de pequenino, e porque pensam merecer e exigir mais, bloqueiam a mente e o coração a qualquer novidade.
“Jesus dirigiu-Se à sua terra... «De onde Lhe vem tudo isto? Que sabedoria é esta que Lhe foi dada e os prodigiosos milagres feitos por suas mãos? Não é ele o carpinteiro, Filho de Maria, e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E não estão as suas irmãs aqui entre nós?»... Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado na sua terra, entre os seus parentes e em sua casa». E não podia ali fazer qualquer milagre; apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos”.
Jesus, contudo, não deixa de pregar a Palavra de Deus e curar os doentes. Também em Nazaré, Ele quer deixar uma marca de bem, de divino, de milagre, também na sua terra Ele desafia, propõe, também aí Ele leva Deus.
3 – O Mestre dos Mestres regressa a casa, física e espiritualmente. É de casa que parte, pois é em casa que aprende a ser gente, a relacionar-se social e religiosamente, a desenvolver os laços de profunda interdependência, no diálogo tranquilo e afável, na partilha espontânea, na convivência inocente e apaziguadora, na solidariedade alegre para com os mais pobres que passam, na ligação inevitável à terra e à natureza.
É em casa que começamos a ser cristãos e onde primeiro se verifica a autenticidade da nossa fé. É em família e com a família. São as primeiras pessoas que Deus nos deu (e nos dá) para amar, para servir, para acolher, para defender, para abençoar, para proteger, para nos deixarmos enriquecer com a sua presença. É em casa. Primeiro coração, primeiro amor: a família. Conceito só compreendido e extensível à família cristã, à família de Deus, se antes se compreende e se experimenta, em casa, a ternura, a afabilidade e a bondade.
Jesus levou 34 anos a crescer, junto de José e de Maria, e dos seus parentes. Só na idade madura está pronto para alargar a família e para nos ensinar a transpor as fronteiras da nossa, para constituirmos família com os outros que se encontram nas vizinhanças. Em 3 anos, tão curto e tão profícuo tempo, Jesus colocará em ação toda a Sua experiência, criatividade, toda a bagagem que construiu, tornando-Se "semeador" de sonhos, de vida nova, de salvação. É um vendaval. Arrasta multidões. A fama vai à frente. Na sua terra, talvez não se surpreendam, já O conheciam, não veem diferente, é o filho do carpinteiro. Não se abrem ao ideal, às surpresas de Deus. Mas é Deus Quem Ele anuncia, Quem Ele comunica.
4 – Na nosso frágil e belo peregrinar, não cessemos de ser profetas, propondo o bem que venha de Deus, e acolhendo dos outros o que de Deus nos podem ofertar.
São Paulo empresta-nos palavras de confiança (e desafio):
"Ele disse-me: «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder». Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas, para que habite em mim o poder de Cristo. Alegro-me nas minhas fraquezas, nas afrontas, nas adversidades, nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo, porque, quando sou fraco, então é que sou forte".
Sem Deus, nada. Com Deus, tudo, e até as fraquezas se converterão em fonte de vida e de salvação, em oportunidade para que Deus reluza através da nossa pobreza.
"Levanto os olhos para Vós, para Vós que habitais no Céu, como os olhos do servo se fixam nas mãos do seu senhor. Como os olhos da serva se fixam nas mãos da sua senhora, assim os nossos olhos se voltam para o Senhor nosso Deus, até que tenha piedade de nós" (Salmo).
Nas cercanias ou nos desertos da nossa vida, confiemos: Deus será a mão que nos segura e nos levanta, o olhar que nos envolve, a nossa esperança, a Luz que nos salva, a terra firme que pisamos, o porto seguro, o nosso abrigo. Como crianças que se deixam guiar pela voz e pelo olhar da/o mãe/pai, em passos hesitantes ou em passos experimentados, assim nós nos deixemos conduzir pela Sua Palavra e pelo Seu amor.
Textos para a Eucaristia: Ez 2,2-5; Salmo 122 (123); 2Cor 12,7-10; Mc 6,1-6.
Reflexão dominical na página da Paróquia de Tabuaço
sexta-feira, 6 de julho de 2012
O que aproxima é a aceitação da outra pessoa
... quem tem medo de se desentender nunca chega a entender-se.
Laurinda Alves e Alberto Brito, sj. Ouvir, Falar, Amar.
quinta-feira, 5 de julho de 2012
No teatro da nossa mente...
"Podemos criar no teatro das nossas mentes os extremos: o drama e a sátira, o pânico e o sorriso, a força e a fragilidade.
Somos tão criativos que, quando não temos problemas inventamo-los. Alguns são especialistas em sofrer por coisas que eles mesmos criaram. Outros têm motivos para serem alegres, mas mendigam prazer. Possuem grandes depósitos nos bancos, mas estão endividados no âmago do seu ser. São ansiosos e "stressados"...
Qualquer pessoa que queira ser demasiado perfeita estará apta para ser um computador, mas não uma pessoa completa...
A nossa capacidade de amar, tolerar, brincar, criar, intuir e sonhar são algumas maravilhas que surgem numa esfera que ultrapassa os limites da razão. Todas as pessoas muito racionais amam menos e sonham pouco. Os sensíveis sofrem mais, mas amam mais e sonham mais".
Augusto Cury, Nunca desista dos seus sonhos.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Vendia o sonho da liberdade...
"Jesus discorria sobre a liberdade poética. A liberdade de escolha, de construir caminhos, de seguir a própria consciência. Discursava sobre a gestão de pensamentos, a administração da emoção, o exercício da humildade, a capacidade de perdoar, a sabedoria de expor e não impor ideias, a experiência plena do amor pelo ser humano e por Deus.
O Mestre da vida vivia o que dizia. Não impedia as pessoas de o abandonar, de o trair e nem mesmo de o negar. Nunca houve alguém tão desprendido e que exercitasse de tal forma a liberdade".
Augusto Cury, Nunca desista dos seus sonhos.