Que maravilhas escondem as palavras «Pai nosso». Contêm o mistério da nossa filiação em Cristo. Fomos feitos filhos no Filho de Deus. Entramos, por Jesus, no mistério próprio de Deus, no coração da Trindade Santíssima. Os nossos nomes estão escritos no coração de Deus. É Cristo que nos ajuda a dizer «Pai nosso». Sozinhos não éramos capazes de rezar, não saberíamos dizer que Deus é nosso Pai. Não saberíamos... Foi o que Jesus nos veio revelar. Todo o cristão é uma consequência de Cristo e não há oração cristã que não reclame uma origem e uma chave cristológica fundamentais. É porque Jesus nos carregou aos ombros de Bom Pastora, correu ao nosso encontro, não desistiu de nos reencontrar... É porque Jesus se pregou no corpo da nossa ignorância e da nossa fragilidade... É porque Jesus suportou sobre si o pesos dos nossos pesos... que nos revelou quem éramos. Na nossa fragilidade não teríamos forma, nem sabedoria para dizer que Deus é nosso Pai. É exatamente porque Jesus se amarrou a nós, que podemos rezar «Pai nosso». E, por isso, o «Pai nosso» é também o contrário de solidão. É Jesus quem nos faz descobrir, em todo o tempo, o mistério do amor de Deus. Se, por vezes, ao rezar o Pai-nosso a nossa voz é débil, o nosso ânimo titubeante, e a nossa prece +e um sofrido murmúrio, acreditar que Ele está connosco dá-nos a força necessária.
Pe. José Tolentino de Mendonça, Pai-nosso que estais na terra.
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