1 – Um homem correu ao encontro de Jesus, ajoelhou diante d’Ele e perguntou- Lhe: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?» A atitude deste homem é delicada e de grande expetativa. Vem a correr. Ofegante. A primeira coisa que faz é colocar-se de joelhos diante de Jesus, reconhecendo-O como Mestre justo e bom. A primeira atitude diante de Deus é de reverência, para em Deus tratarmos a todos como iguais, como irmãos.
Rico de muitos bens materiais, como vemos mais à frente, é um homem em correrias, ansioso, insatisfeito, à procura de um sentido maior para a sua vida e que justifique os seus dias. “O Homem ultrapassa infinitamente o homem”, como salienta o filósofo francês Blaise Pascal, o homem não cabe em si mesmo, tende a buscar-se até ao infinito, constitutivamente limitado e finito, mas procurando sobreviver para lá do tempo e da materialidade, além das fronteiras do seu corpo e do seu espírito.
Ouve falar de um homem que tem palavras de vida eterna, e procura serenar e confiar a sua busca, junto de Alguém que lhe merece o benefício da dúvida. Faz-nos evocar as sábias palavras de Santo Agostinho, “Senhor, criastes-nos para Vós, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós”.
A resposta de Jesus não visa agradar ou convir ao seu interlocutor, mas desafiar, propondo um projeto de vida viável e exequível: “Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe”.
Mas cumprir a lei não liberta e não salva. Mesmo que escrupulosamente se cumpra. A lei é uma orientação para vivermos harmoniosamente em sociedade. Não basta. É necessário que a lei seja vida, que brote da convicção, e que corresponda a um compromisso alegre com os outros. O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Num segundo momento, e vendo que a lei era um fardo para aquele homem, ainda que ele a cumprisse, Jesus, olha para ele com simpatia, e lança um desafio maior: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
Rico de muitos bens materiais, como vemos mais à frente, é um homem em correrias, ansioso, insatisfeito, à procura de um sentido maior para a sua vida e que justifique os seus dias. “O Homem ultrapassa infinitamente o homem”, como salienta o filósofo francês Blaise Pascal, o homem não cabe em si mesmo, tende a buscar-se até ao infinito, constitutivamente limitado e finito, mas procurando sobreviver para lá do tempo e da materialidade, além das fronteiras do seu corpo e do seu espírito.
Ouve falar de um homem que tem palavras de vida eterna, e procura serenar e confiar a sua busca, junto de Alguém que lhe merece o benefício da dúvida. Faz-nos evocar as sábias palavras de Santo Agostinho, “Senhor, criastes-nos para Vós, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em Vós”.
A resposta de Jesus não visa agradar ou convir ao seu interlocutor, mas desafiar, propondo um projeto de vida viável e exequível: “Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe”.
Mas cumprir a lei não liberta e não salva. Mesmo que escrupulosamente se cumpra. A lei é uma orientação para vivermos harmoniosamente em sociedade. Não basta. É necessário que a lei seja vida, que brote da convicção, e que corresponda a um compromisso alegre com os outros. O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Num segundo momento, e vendo que a lei era um fardo para aquele homem, ainda que ele a cumprisse, Jesus, olha para ele com simpatia, e lança um desafio maior: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
2 – O seguimento de Jesus é uma proposta de salvação que revoluciona a nossa vida. Como constatámos nos domingos anteriores, seguir Jesus implica-nos, não é uma adesão exterior, como camisa que se troca a qualquer momento, é a vida toda, um jeito de viver, de amar, de se relacionar com os outros. Ele entranha-Se em nós, somos transformados não pela rama, como crosta que se desprende passado algum tempo, mas em todas as veias, é seiva que circula, vida nova, sangue que nos liga a Jesus, totalmente, para a vida toda.
Garantida está a Sua presença, o Seu olhar, o Seu espírito de Amor, e a vida eterna. Garantida está uma vida de serviço aos outros. O maior para Jesus, o maior no reino de Deus, é o que se faz menor, o que serve os demais, como Ele que veio para servir e não para ser servido. Ou nas palavras de Santo Agostinho, “quem não vive para servir, não serve para viver”. A disputa dos discípulos por lugares há de dar lugar à disputa pela caridade. Não devais nada uns aos outros, senão a caridade (São Paulo). Para seguir Jesus não pode haver nada que nos impeça de nos fazermos próximos uns dos outros. O homem do evangelho queria ser útil aos demais, dar um rumo novo à sua vida, preenchida com o esqueleto da Lei, dos Mandamentos, mas faltando-lhe a carne, o espírito, a alegria, um sentido de plenitude, como flor que para o ser precisa de desabrochar, mostrando a sua beleza.
Falta alguma coisa. Ainda não está preparado para dar o salto, ainda há demasiadas coisas, demasiados bens, que o impedem de se dar aos outros e de seguir Jesus, ainda não está disposto a pegar na Sua cruz, renunciando a todo o tipo de egoísmo, ainda vive como a borboleta cómoda no seu casulo, com medo de arriscar. Seria o ponto de viragem, da comodidade da sua casa (plano material) para se tornar casa para os outros (plano espiritual e afetivo).
3 – A resposta de Jesus é também para os discípulos, de ontem e de hoje, a quem alerta com veemência: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
Uma vez mais dá-se um nó na cabeça dos discípulos, continuam a magicar qual deles tirará mais dividendos do facto de seguir o Mestre e procuram saber mais, tirando tudo a limpo: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro insiste, apresentando créditos – «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir» – que Jesus valoriza: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».
A salvação é dom gratuito, que cabe acolher, viver, aqui e agora, até à eternidade. Iniciámos no tempo presente, o que havemos de ser no encontro definitivo com Deus. Muitas coisas e muitas situações se entrepõem entre nós e Deus: dúvidas, distanciamentos, trabalho e falta dele, doenças, solidão, conflitos familiares e/ou profissionais, deceções, falta de tempo.
O que se entrepõe entre nós e Deus também se entrepõe entre nós e o próximo. Exatamente o que aconteceu ao bem-intencionado que se dirige a Jesus para o interpelar sobre a vida eterna. Ele queria algo mais da sua vida. Jesus propõe-lhe o seguimento e serviço aos outros. Ele pensava que haveria alguma forma mágica que o salvasse do cinismo (ram-ram) da sua existência, dando-lhe um sentido novo mas sem comprometer a sua vida por inteiro, uma vestimenta que pudesse usar por cima, vestir e despir conforme a disposição, sem alterar nada da vida que tinha.
4 – O destino do ser humano é ser feliz. É para isso que Deus nos criou. É para isso que andamos por cá. A pergunta feita a Jesus tem a ver precisamente com esta busca incessante: o que devo fazer para ser feliz, agora e no futuro? A vida eterna é o fim último que se inicia no tempo presente. A felicidade não é uma meta, mas um caminho, com muitas etapas e muitas estações, com paragens, com avanços e, por vezes, recuos.
Em Jesus Cristo a meta está iluminada, está ao nosso alcance, já a podemos experimentar no compromisso quotidiano com os outros. Daí a importância de escutar e mastigar a palavra de Deus, que “é viva e eficaz… é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração… tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas”. Não precisamos de pedir muitas coisas a Deus, peçamos o discernimento, a sabedoria, para calcorrear um chão que nos ligue aos outros. “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis”.
Se nos ligamos aos outros, em atitude de serviço, neles encontraremos a Deus, a Quem buscamos no mais íntimo de nós mesmos.
Textos para a Eucaristia (ano B): Sab 7, 7-11; Hebr 4, 12-13; Mc 10, 17-30.
Garantida está a Sua presença, o Seu olhar, o Seu espírito de Amor, e a vida eterna. Garantida está uma vida de serviço aos outros. O maior para Jesus, o maior no reino de Deus, é o que se faz menor, o que serve os demais, como Ele que veio para servir e não para ser servido. Ou nas palavras de Santo Agostinho, “quem não vive para servir, não serve para viver”. A disputa dos discípulos por lugares há de dar lugar à disputa pela caridade. Não devais nada uns aos outros, senão a caridade (São Paulo). Para seguir Jesus não pode haver nada que nos impeça de nos fazermos próximos uns dos outros. O homem do evangelho queria ser útil aos demais, dar um rumo novo à sua vida, preenchida com o esqueleto da Lei, dos Mandamentos, mas faltando-lhe a carne, o espírito, a alegria, um sentido de plenitude, como flor que para o ser precisa de desabrochar, mostrando a sua beleza.
Falta alguma coisa. Ainda não está preparado para dar o salto, ainda há demasiadas coisas, demasiados bens, que o impedem de se dar aos outros e de seguir Jesus, ainda não está disposto a pegar na Sua cruz, renunciando a todo o tipo de egoísmo, ainda vive como a borboleta cómoda no seu casulo, com medo de arriscar. Seria o ponto de viragem, da comodidade da sua casa (plano material) para se tornar casa para os outros (plano espiritual e afetivo).
3 – A resposta de Jesus é também para os discípulos, de ontem e de hoje, a quem alerta com veemência: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
Uma vez mais dá-se um nó na cabeça dos discípulos, continuam a magicar qual deles tirará mais dividendos do facto de seguir o Mestre e procuram saber mais, tirando tudo a limpo: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro insiste, apresentando créditos – «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir» – que Jesus valoriza: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».
A salvação é dom gratuito, que cabe acolher, viver, aqui e agora, até à eternidade. Iniciámos no tempo presente, o que havemos de ser no encontro definitivo com Deus. Muitas coisas e muitas situações se entrepõem entre nós e Deus: dúvidas, distanciamentos, trabalho e falta dele, doenças, solidão, conflitos familiares e/ou profissionais, deceções, falta de tempo.
O que se entrepõe entre nós e Deus também se entrepõe entre nós e o próximo. Exatamente o que aconteceu ao bem-intencionado que se dirige a Jesus para o interpelar sobre a vida eterna. Ele queria algo mais da sua vida. Jesus propõe-lhe o seguimento e serviço aos outros. Ele pensava que haveria alguma forma mágica que o salvasse do cinismo (ram-ram) da sua existência, dando-lhe um sentido novo mas sem comprometer a sua vida por inteiro, uma vestimenta que pudesse usar por cima, vestir e despir conforme a disposição, sem alterar nada da vida que tinha.
4 – O destino do ser humano é ser feliz. É para isso que Deus nos criou. É para isso que andamos por cá. A pergunta feita a Jesus tem a ver precisamente com esta busca incessante: o que devo fazer para ser feliz, agora e no futuro? A vida eterna é o fim último que se inicia no tempo presente. A felicidade não é uma meta, mas um caminho, com muitas etapas e muitas estações, com paragens, com avanços e, por vezes, recuos.
Em Jesus Cristo a meta está iluminada, está ao nosso alcance, já a podemos experimentar no compromisso quotidiano com os outros. Daí a importância de escutar e mastigar a palavra de Deus, que “é viva e eficaz… é capaz de discernir os pensamentos e intenções do coração… tudo está patente e descoberto a seus olhos. É a ela que devemos prestar contas”. Não precisamos de pedir muitas coisas a Deus, peçamos o discernimento, a sabedoria, para calcorrear um chão que nos ligue aos outros. “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos e, em sua comparação, considerei a riqueza como nada. Não a equiparei à pedra mais preciosa, pois todo o ouro, à vista dela, não passa de um pouco de areia e, comparada com ela, a prata é considerada como lodo. Amei-a mais do que a saúde e a beleza e decidi tê-la como luz, porque o seu brilho jamais se extingue. Com ela me vieram todos os bens e, pelas suas mãos, riquezas inumeráveis”.
Se nos ligamos aos outros, em atitude de serviço, neles encontraremos a Deus, a Quem buscamos no mais íntimo de nós mesmos.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
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