“Nesse ponto da existência humana de Jesus, Deus
apanhou o tempo e puxou-o para Si mesmo. O seu poder sobre o tempo
materializou-se diante de nós em Cristo, que é realmente a «porta» entre Deus e
o homem, como diz o Evangelho de São João (Jo 10, 9), o seu «mediador» (1Tim 2,
5) no qual o eterno tem tempo. Em Jesus, nós, que somos temporais, podemos
dirigir-nos Àquele que é temporal e é nosso con-temporâneo;
mas n’Ele, que é tempo connosco, tocamos também o eterno, porque Ele é tempo
connosco e eternidade com Deus…
Mas este «estar inserido no tempo» denota mais que
um mero contexto histórico-cultural externo por detrás do qual poderíamos
encontrar, intocada pelo tempo, a atemporalidade do seu ser verdadeiro;
trata-se, isso sim, de uma condição antropológica que influencia profundamente
a sua própria forma humana de ser. Jesus tem tempo, Ele não se antecipa numa
impaciência pecaminosa à vontade do Pai. «Por isso o Filho, que, no muno, tem
tempo para Deus é o lugar original em que Deus tem tempo para o mundo. Deus não
tem outro tempo para o mundo que não seja no filho, mas n’Ele tem todo o tempo
do mundo» [Hans Urs von Balthasar]. Deus não fica refém da sua eternidade: em
Jesus, Ele tem tempo – para nós –, e Jesus é realmente o «trono da graça» do qual
podemos «aproximar-nos com toda a segurança» (Heb 4, 16) em qualquer tempo”.
in Introdução ao Cristianismo, p 230.
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