"... o nascimento do Salvador: como luz que envolve e penetra toda a obscuridade. É presença do Senhor no meio do Seu povo, presença que destrói o peso da derrota e da tristeza da escravidão, e semeia alegria.
... E aquele Deus que tinha semeado os Seus sonhos na carne do homem, feito à Sua imagem e semelhança, continuava a esperar. Os sonhos de Deus! Tinham motivos para desaparecer. Porém, Ele podia: estava 'escravizado', por assim dizer, à Sua fidelidade, não podia negar-Se a Si mesmo o Deus fiel... A paciência de Deus frente à corrupção de povos e homens!
... Deus tem coração de Pai e não renega os Seus sonhos para com os Seus filhos. O nosso Deus não Se dececiona, nem Se permite isso. Não conhece a desilusão e a impaciência; simplesmente espera, espera sempre como o pai da parábola (Lc 15,20) porque cada momento sobe o terraço da história para vislumbrar de longe o regresso dos filhos.
... O reino da aparência, da autossuficiência e da fugacidade, o reino do pecado e da corrupção; as guerras e o ódio dos séculos e de hoje estilhaçam-se na mansidão da noite silenciosa, na ternura de um Menino que concentra em Si todo o amor, toda a paciência de deus e não Se outorga a Si mesmo o direito de Se dececionar. E, juntamente com o Menino, cobiçando os sonhos de Deus, está a Mãe; a Sua Mãe e nossa Mãe que, entre carícias e sorrisos, nos continua a dizer ao longo da história: «Fazei tudo o que Ele vos disser» (Jo 2,5).
... O nosso Deus, o mesmo que semeou os sonhos em nós, o mesmo que não se concede deceções pela Sua obra, é a nossa esperança. Como os anjos aos pastores, gostaria hoje de te dizer: «Não tenhas». Não tenhas mendo de nada. Deixem que venham as chuvas, os terramotos, os ventos, a corrupção, as perseguições a este 'resto' de justos... (cf. Mt 7,24-25). Não tenhas medo, porque a nossa casa está alicerçada sobre a rocha desta convicação: o Pai aguarda, tem paciência, ama-nos enviou-nos o Seu Filho para caminhar connosco; não tenhas medo, desde que estejamos alicerçados sobre a convicção de que o nosso Deus não Se dececiona e nos espera.
Esta é a luz que brilha nesta noite. Com estes sentimentos, quero desejar-vos um feliz Natal.
in Papa Francisco, Espírito de Natal. 24 de dezembro de 2005.
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