D. MANUEL MARTINS (2014). Pregões de esperança. Prior Velho: Paulinas editora. 160 páginas.
"... que os nossos políticos façam, sim, uma cimeira, não para combinarem entre si a distribuição de cadeiras ou a alternância do poder; mas para descobrirem finalmente as necessidades do Povo, que são cada vez mais, e procurarem, inquietos, os melhores caminhos de as satisfazerem" (p. 29).
"Sem trabalho não há pão, nem dignidade, nem liberdade, nem progresso. Sem trabalho, devidamente compensado, perdem-se as razões de viver. E hoje, e Portugal, há imensa gente que quer trabalhar e não encontra onde nem como; há imensa gente que trabalha e não recebe salários. Mas também há imensa gente - e isto não se esqueça nem deixe de dizer-se bem alto - que não quer trabalhar e, o que é pior, não deixa trabalhar quem deseja trabalhar" (pp 39-40)
"O sepulcro é morte. A Páscoa é vida. Todo aquele que quer ser filho da Páscoa aposta na vida" (p 42).
O grito da Páscoa "... é um grito de esperança. Não fomos criados para o escuro, mas para a luz; não fomos criados para o sofrimento que nasce da fome, das guerras e das injustiças, mas para a fraternidade e para a paz; não fomos criados para a morte, mas para a vida. A Páscoa de tudo isto é sinal e apelo" (p 52).
"O grande mal que nos pode bater à porta é o da distração ou o da habituação. É fácil estarmos no mundo, passarmos pela vida, sem vermos o mundo, sem sermos tocados pela vida. E assim vivemos sós, chegamos ao fim sós" (p 101).
"Lembra-te que não és dono de nada. Tudo o que tens está hipotecado a favor dos que mais precisam, que são muitos, que são cada vez mais" (p 106)
D. Manuel Martins, o primeiro Bispo da Diocese de Setúbal, nascido em 1927, em Leça do Balio, em Matosinhos. Em 1975 foi nomeado Bispo da recém criada Diocese de Setúbal. Resignou em 1998. Ficou conhecido como o Bispo Vermelho pelas numerosas intervenções na defesa dos mais desfavorecidos, numa Setúbal cheia de problemas sociais, famílias desestruturadas, problemas de toxicodependência, desemprego, trabalho precário, muitas greves.
No dia da Ordenação Episcopal, contestação na rua pelo Bispo e o que significava. Na saída, o reconhecimento da maioria. Nunca foi um bispo de consensos. Nem de falas mansas. Como relembra o atual Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio da Fonseca, que discordava com D. Manuel em muitas coisas, mas que foi amadurecendo e percebendo que a fé teria que ser interventiva a favor dos mais pobres, estes textos foram inicialmente recolhidos pela Cáritas Diocesana de Setúbal, em livro, e a maioria escritos para o jornal "A Seara". Esta reedição assume os textos anteriores e outros que D. Manuel Martins confiou à editora.
Os textos são agrupados por temas:
NATAL E PÁSCOA
AOS JOVENS
SER SOLIDÁRIOS
MARIA, MÃE
EM IGREJA
Os textos de intervenção, digamos assim, brotam do compromisso batismal, cristão. A fé está ligada à vida, e ao compromisso. Seguir Jesus implica agir como Ele, fazendo-Se próximo dos mais necessitados de ajuda, material e espiritualmente falando. Em prosa, ou poesia, em contextos diversos, D. Manuel Martins utiliza uma linguagem simples, acessível, direta.
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