Santo Aleixo é um lugar da Paróquia de Santa Maria de Barcos, situado no percurso da Estrada Nacional 323, entre o Espinho e a Vila de Tabuaço. A 17 de julho, possivelmente a data da morte do "Homem de Deus", popularizado como Santo Aleixo de Roma.
Coube-nos, em sorte, em 2012, participar na Festa em honra de Santo Aleixo, na Procissão da Capela de Nossa Senhora de Fátima, junto à Estrada Nacional, até à primitiva e restaurada Capela de Santo Aleixo, na encosta sobranceira à povoação, na celebração da Santa Missa, cantada, e na pregação. Para falar de alguém é necessário conhecê-lo ou corre-se o risco de meter o pé na argola. Sendo assim, recolhemos informação, do pároco, em livros disponíveis e nesta aldeia global que é a internet.
Sendo que a pregação se deverá centrar em Jesus Cristo, através da Palavra de Deus, na Sua Pessoa e no mistério da Sua Paixão e Ressurreição, também é oportuno ilustrar a vivência do Evangelho e adesão a Jesus Cristo com os Santos, situados em diferentes épocas, com vidas e circunstâncias diversas das nossas, mas com o mesmo compromisso batismal, de tudo ser feito para louvor e glória de Deus.
Ressalve-se que parte das histórias de muitos Santos dos séculos IV, V, VI, mas também de outras épocas, tem muito de lendário, o que facilmente se compreende. Não havia reportagens jornalísticas. Primeiro a pessoa que adquire fama de santidade e, depois, as histórias que se espalham sobre a pessoa em causa, de cidade em cidade, nas aldeias e povoações, e através das gerações, com a consequente leitura pessoal das mesmas histórias. Mas por entre o lendário descobre-se a verdade que lhe deu forma e fama: a fidelidade a Jesus Cristo, o estilo de vida em que se viveu, acontecimentos que "convenceram" pessoas da santidade.
Santo Aleixo nasceu e viveu num tempo de paz, de tolerância e de acolhimento da Igreja e do Cristianismo, à volta do ano 350, em Roma, na alta aristocracia. Filho do senador Eufemiano e da matrona Aglais. Nobre, viveu num palácio, com muitos criados. Família cristã.
A família e o ambiente são muito importantes na formação da pessoa. No caso presente, o Homem de Deus, nasceu num berço de oiro e num ambiente favorável à fé. Com o imperador Constantino, o cristianismo tornou-se tolerado, ganhando pouco a pouco a cidadania do império e tornando-se, com o imperador Teodósio, a religião oficial e obrigatória do Império. Muitos cristãos tinham tido necessidade de afirmar a sua fé perante a família e perante a autoridade política dando a vida, como Santa Bárbara, São Sebastião, ou Santa Eufémia (se bem que esta tenha também nascido em família cristã e num ambiente cristão).
Os pais tinham como principal projeto de vida para o seu filho o prolongar do nome e da família, e sempre oportunidade de estabelecer laços familiares com outras famílias da aristocracia. Foi o que aconteceu. O jovem Aleixo desde muito novo procurou levar uma vida de piedade e penitência, inclinado para seguir o exemplo de outros jovens que se tornaram santos. Um desejo de juventude que teve que adiar, pois a vontade dos pais ia prevalecer. Para não os contrariar, desposou uma jovem da mesma classe aristocrata. Mas ainda antes de consumar o matrimónio, na noite de núpcias, sabendo talvez que seria um tempo em que ninguém o incomodaria, falou com a sua esposa e, em segredo, deixou a casa dos pais e partiu para Oriente.
Não se sabe muito da sua vida oculta, mas comummente se aceita que andou de cidade em cidade, tornando-se pedinte, depois de se ter despojado dos bens que ainda possuía, vendendo e dando aos pobres e fixou-se em Edessa, na Síria.
Vivia junto à Igreja, participava das orações e da vida sacramental, e dependia das esmolas que ia recebendo e/ou solicitando. Do que recebia ainda repartia por outros mendigos. Em certa ocasião, os criados do seu pai, que o procuravam, socorreram-no mas não o reconheceram, pois estava desfigurado com a fome e com as condições de vida a que se sujeitara.
A sua fama foi-se espalhando. Muitos vinham procurá-lo. Vivia como pobre, partilhava com os mais pobres do que tinha, presente nas orações comunitárias e certamente um excelente ouvinte e conselheiro.
Com medo de ser reconhecido e não querendo fama, deixa Edessa e regressa a Roma. Desfigurado, pede abrigo aos pais, que não o reconhecem e, por isso, mesmo, concedem-lhe um pequeno quarto perto dos animais. "Tende compaixão deste pobre de Jesus Cristo e permiti-me que me aloje nalgum canto do vosso palácio". Popularmente é descrito como vivendo debaixo das escadas, junto ao palácio, maltrato pelos criados do pai, em oração, e dormindo no chão.
Morre quando o seu pai, Eufemiano participava na Missa presidida pelo Papa Inocêncio I, que ouve uma voz: «Acaba de expirar o servo de Deus, é grande o seu poder, morreu em casa de Eufemiano». Juntamente com o pai, o Bispo de Roma, deslocou-se para se encontrar com o Homem de Deus. Os pais reconheceram-no por um pergaminho que tinha entre as mãos, onde se identificava e segundo alguns onde estaria um pedido de desculpas aos pais e àquela que tinha assumido como esposa.
A fama de santidade espalhou-se rapidamente também pela cidade de Roma, ficando conhecido precisamente como Santo Aleixo de Roma.
Três desafios, propostos também na reflexão na Capela de Santo Aleixo:
- Viver por convicções e não ao sabor de modas. Aleixo, num primeiro momento faz a vontade aos pais, mas a opção clara será por viver na fidelidade a Jesus Cristo, como sempre desejava, pela piedade e pela penitência.
- A família é o espaço primeiro onde se aprende a ser gente e onde se testa a veracidade da fé cristã. Aleixo foi educado em valores cristãos, sendo-lhe ilustrada a fé com exemplos dos muitos mártires cristãos. (Obviamente, e como anteriormente ficou dito, a adversidade e ambientes contrários também podem incentivar a afirmação da fé).
- Alimentar-se de Jesus Cristo, da Sua Palavra, na inserção à oração da comunidade, para viver com os outros. Não são precisas muitas coisas, é necessário a fé, a vontade, a adesão livre e libertadora a Jesus Cristo e ao Seu Evangelho. Aleixo viveu perto da Igreja, em Edessa, e do pouco que tinha partilhava com os outros pedintes. E partilhava-se. Há sempre algo que poderemos partilhar. Ninguém é tão pobre...
Fontes bibliográficas: Santos de todos os dias (mês de julho), Apostolado de Oração, Matosinhos 2005.
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