Como as santas mulheres e os apóstolos corramos nós também ao sepulcro para vermos a pedra removida e o túmulo aberto que testemunham a ressurreição de Jesus. Hoje, como todas as manhãs, na Liturgia das Horas, nós pedimos: “Abri, Senhor, os meus lábios e a minha boca anunciará o vosso louvor”.
O pedido que hoje fazemos vale para um dia de oito dias, toda a oitava da Páscoa, recordando-nos que este é um dia especial. Os nossos lábios abrem-se como a pedra removida do túmulo para dizer: “Cristo ressuscitou, Aleluia, Aleluia”, como eco ao canto de há oito dias atrás “Hosana, hosana, ó Filho de David”. Canto de louvor e de prece que, no Domingo de Ramos, invocava a salvação, promessa desejada no Filho de David e cumprida, duma forma jamais sonhada, no Filho de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, vencedor da morte e do pecado, Salvador da humanidade inteira.
O louvor de hoje é, assim, necessariamente, mais prolongado e mais solene pela grandeza infinita do mistério pascal de Cristo que divide o tempo cronológico da História e o coração de cada homem que se deixa tocar e acolher pelo desejo salvífico de Jesus Redentor, a todos graciosamente oferecido.
Abramos com a mesma emoção as portas das nossas igrejas e contemplemos os sinais do ressuscitado para louvarmos também com os olhos, os ouvidos e os demais sentidos a alegria que inunda o nosso coração. Entremos e vejamos:
– As toalhas alvas dos altares que nos recordam o lençol dobrado que guardou o corpo morto de Jesus;
– A água lustral com que a Igreja fará novos filhos no Filho, na administração fecunda do Batismo;
– A luz do Círio Pascal, lume novo para iluminar a terra inteira;
– As flores perfumadas que anunciam a primavera nova da Páscoa do Senhor;
– O incenso que se eleva para o alto transportando com o seu fumo o louvor da assembleia orante e jubilosa que se reúne em nome do Senhor, com a certeza da sua presença viva e sacramental, hoje e todos os dias até ao fim dos tempos.
Escancaremos o coração à escuta da Palavra de Deus que nos dá as razões da nossa fé e da nossa esperança.
Levemos essa notícia boa e bela pelas ruas e casas no compasso da visita pascal, transportando dentro de nós o anseio do salmista que diz com júbilo: «Hei de falar do vosso nome aos meus irmãos, hei -de louvá-lo no meio da assembleia».
E quando o sol declinar e a noite chegar que os nossos lábios ainda continuem abertos para dizer: “Este é o dia que o Senhor fez, nele exultemos e nos alegremos!”
Pe. João Carlos Morgado
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