Era irmã de Maria e de Lázaro. Quando recebia o Senhor em sua casa de Betânia, servia-O com grande diligência, e com suas orações obteve a ressurreição de seu irmão.
Oração (de colecta):
Deus omnipotente e eterno, cujo Filho aceitou a hospitalidade que Santa Marta Lhe oferecia em sua casa, concedei-nos, por sua intercessão, que, servindo a Cristo em cada um dos nossos irmãos, sejamos por Vós recebidos nas moradas eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há-de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo» (Jo 11, 19-27).
Dos Sermões de Santo Agostinho, bispoBem-aventurados os que mereceram receber o Senhor
em sua própria casa
As palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo que acabamos de ler no Evangelho advertem-nos que, no meio da multiplicidade das ocupações deste mundo, há um bem único para o qual devemos tender. Tendemos porque ainda estamos a caminho e não em morada permanente; em viagem e não na pátria definitiva; em tempo de desejo e não da posse perfeita. Mas devemos tender sem preguiça e sem parar, a fim de podermos um dia chegar ao fim.
Marta e Maria eram duas irmãs, ambas irmãs não só de sangue, mas também pelos sentimentos religiosos. Ambas estavam unidas ao Senhor; ambas, em perfeita harmonia, serviam o Senhor corporalmente presente.
Marta recebeu-O como costumam ser recebidos os peregrinos; e no entanto, era uma serva que recebia o seu Senhor, uma doente que acolhia o Salvador, uma criatura que hospedava o Criador. Recebeu o Senhor para Lhe dar o alimento corporal, ela que precisava do alimento espiritual. Com efeito, o Senhor quis tomar a forma de servo e nesta condição de servo quis ser alimentado pelos servos, por condescendência e não por necessidade. De facto, também foi por condescendência que Se apresentou para ser alimentado, porque tinha assumido um corpo sujeito à fome e à sede.
E assim pôde ser hospedado o Senhor, Aquele que veio para o que era seu e os seus não O receberam; mas a quantos O receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Adoptou os servos e fê-los irmãos; remiu os cativos e fê-los co-herdeiros. Mas ninguém de entre vós ouse dizer: «Oh bem-aventurados os que mereceram receber a Cristo na sua própria casa!». Não tenhas pena, não te lamentes por teres nascido num tempo em que já não podes ver o Senhor na sua carne. Ele não te privou dessa honra, porque Ele mesmo disse: O que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes.
Além disso tu, Marta, – com tua licença o direi, e bendita sejas pelos teus bons serviços – buscas o descanso como recompensa do teu trabalho. Agora estás ocupada com muitos serviços, queres alimentar os corpos que são mortais, embora de pessoas santas. Porventura, quando chegares à outra pátria, poderás encontrar um peregrino a quem hospedar, um faminto com quem repartir o pão, um sequioso a quem dar de beber, um doente a quem visitar, algum litigante a quem reconciliar, algum morto a quem sepultar?
Lá, não haverá nada disto. Que haverá então? O que Maria escolheu: lá, seremos alimentados e não daremos alimento. Lá, há-de cumprir-se em plenitude aquilo que Maria aqui escolheu: daquela mesa opulenta, ela recolhia as migalhas da palavra do Senhor. Quereis saber o que haverá lá? O próprio Senhor o diz a respeito dos seus servos: Em verdade vos digo, que Ele os mandará sentar à mesa e, passando no meio deles, os servirá.
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