Passava Jesus através das searas num dia de sábado e os discípulos apanhavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. Alguns fariseus disseram «Porque fazeis o que não é permitido ao sábado?». Respondeu-lhes Jesus: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa de Deus, tomou e comeu os pães da proposição, que só aos sacerdotes era permitido comer, e também os deu aos companheiros». E acrescentou; «O Filho do homem é senhor do sábado» (Lc 6, 1-5).
Jesus não é, de modo nenhum, anarquista ou reacionário. No entanto, aproveita diversas ocasições para alertar que a lei ordena a convivência social e religiosa, procurando, precisamente, o bem de todos, a harmonia, a paz, a justiça, um sentido para a vida. Quando a lei impede ou dificulta a sadia relação entre as pessoas, e o crescimento das mesmas, deverá ponderar-se se a lei é necessária, ou se mais importante são as pessoas.
A lei está ao serviço da vida, ao serviço das pessoas, ao serviço da dignidade. E nunca a pessoa ao serviço da lei. A lei é um intrumento a favor das pessoas. Não pode ser a pessoa a transformar-se em intrumento a favor da lei. E bem sabemos como há leis injustas e imorais, leis que dificultam a dignidade e promovem a destruiçãoda vida ou a dimunuição da qualidade da vivência humana.
Uma lei é o argumento para lançarem mais uma cilada a Jesus: como é que em dia de sábado os discípulos apanhavam algumas espinhas, debulhavam-nas e comiam os grãos. A lei permitia o que eles vinham fazendo. E no tempo de muita carestia, e em longas jornadas, seria uma forma de enganar o estômago que todos compreendiam. Por isso também estava na lei. Agora comer os grãos dedebulhados ao sábado é que não lhes parecia lá muito bem.
A resposta da Jesus baseia-se em acontecimentos narrados na Bíblia, no bom senso, e naquilo que é verdadeiramente importante: a pessoa humana.
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