Tem-nos feito companhia o Evangelho de João e as palavras de Jesus confiadas aos seus discípulos, de uma forma mais intimista, como Alguém que está de partida e quer deixar uma mensagem que congregue os que ficam.
Disse Jesus aos seus discípulos: «Se o mundo vos odeia, sabei que primeiro Me odiou a Mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu. Mas porque não sois do mundo, pois a minha escolha vos separou do mundo, é por isso que o mundo vos odeia. Lembrai-vos das palavras que Eu vos disse: ‘O servo não é mais do que o seu senhor’. Se Me perseguiram a Mim, também vos perseguirão a vós. Se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem Aquele que Me enviou» (Jo 15, 18-21).
O Testamento (entenda-se por Testamento, testemunho, aliança, ou mesmo herança) de Jesus é a Sua Vida, sobretudo com o mistério da Sua paixão redentora. Ele dá a vida. Atesta a fidelidade de Deus para com a humanidade. Cumpre a promessa divina de nunca desistir do ser humano. Sela a Aliança, com a humanidade inteira, com o Seu sangue, com a Sua vida, e não com sacrifícios de animais.
É neste sentido que os discípulos orientarão as suas vidas. A vida do Mestre é exemplo. Como Ele faz assim devem fazer os discípulos. O tratamento a que foi sujeito, também os discípulos o serão. O discípulo não é maior do que o Mestre. Neste ponto Jesus não tem nada de político ou diplomático, não negoceia com os discípulos, não os ilude, não suaviza as dificuldades que virão, não esconde o futuro. Há indícios claros do que está para acontecer com Ele e, consequentemente, o que sucederá também aos Seus discípulos. Jesus diz-lhes claramente.
Importa perseverar até ao fim, para que o TESTAMENTO de Jesus seja também o nosso testamento, uns para com os outros e para com o mundo, neste tempo e no lugar em que nos encontramos.
Por outro lado, o livro dos Atos dos Apóstolos, lido aos e nos dias da semana, em tempo de Páscoa, mostra-nos a Igreja que se forma, se edifica, se expande, partindo da oração, invocando a presença do Espírito Santo, deixando-se guiar por Deus e procurando responder a cada nova situação, com delicadeza e tolerância, tudo para que Cristo ocupe o centro.
Paulo chegou a Derbe e depois a Listra. Havia lá um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia crente e de pai grego. Os irmãos de Listra e de Icónio davam dele bom testemunho. Querendo Paulo levá-lo consigo, mandou-o circuncidar, por causa dos judeus que havia na região, pois todos sabiam que seu pai era grego. Nas cidades por onde passavam, transmitiam as decisões dos Apóstolos e anciãos de Jerusalém, recomendando que se cumprissem. Desse modo as Igrejas eram confirmadas na fé e cresciam em número, de dia para dia. Como o Espírito Santo os tinha impedido de anunciarem a palavra de Deus na Ásia, atravessaram a Frígia e o território da Galácia. Quando chegaram à fronteira da Mísia, tentaram dirigir-se à Bítínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. Atravessaram então a Mísia e desceram a Tróade. Durante a noite, Paulo teve uma visão: Um macedónio estava de pé diante dele e fazia-lhe este pedido: «Passa à Macedónia e vem ajudar-nos». Logo que ele teve esta visão, procurámos partir para a Macedónia, convencidos de que Deus nos chamava para anunciar ali o Evangelho (Atos 16, 1-10).
Há algumas tradições judaicas que são cumpridas não por que sejam necessárias, mas para não provocar animosidades desnecessárias. O importante é Jesus Cristo e o Seu evangelho. As comunidades vão perseverando e aumentando o número dos cristãos. Quem guia a Igreja, como conclui o autor sagrado, é o Espírito de Cristo.
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