sábado, 30 de abril de 2011

Domingo da Divina Misericórdia - 1 de Maio

       1 - "Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos»...
        A desolação da morte na CRUZ dá lugar à vida, à ressurreição, e consequentemente à surpresa e depois ao encontro com o Ressuscitado e logo à alegria e à confiança, que por sua vez se converte em partilha, testemunho, nascendo a comunidade crente, que tem como ponto de partida, de chegada, e como sustentáculo a Cristo ressuscitado.
       Os discípulos vêem goradas as suas esperanças e as suas certezas acerca do Mestre e Senhor, que eles pouco a pouco vão descobrindo como Messias, esperado pelos profetas e enviado por Deus. Com a Sua morte, os discípulos dispersam, com medo refugiam-se em casa, em Jerusalém e nos arredores, para depois das festas pascais e passado o luto voltarem para a Galileia. Estão frustrados, tristes, sentem que lhes fugiu o chão. Pouco têm para fazer em Jerusalém.
       Quando Jesus Se encaminha para a cidade santa, com a entrada triunfal, os discípulos começam a ver os frutos da sua adesão e do seu seguimento. Afinal, tinha valido a pena deixar as suas vidas para trás, porque as promessas de uma vida nova e diferente estavam a concretizar-se. Nova reviravolta: sentados à mesa, Jesus revela-lhes que vai ser entregue e morto. Saem para o horto das oliveiras e já a oração de Jesus os deixa inquietos. Preso Jesus, o processo corre célere, para evitar outro desfecho que não seja a condenação. É o que acontece. E logo quando eles pensavam que Deus não deixaria que tal acontecesse. Mas aconteceu! E agora?! O melhor é acautelar a vida, escondendo-se, mantendo-se no anonimato para não correrem o risco de serem também presos, condenados e mortos.
       Na Sexta Jesus é morto. No Sábado, pesarosos, os discípulos isolam-se e partilham as mágoas do insucesso. Domingo, o primeiro dia da semana, o primeiro dia de um tempo novo, mas que os Seus seguidores ainda não vislumbram. As mulheres vão ao túmulo, depois os discípulos. O túmulo está vazio. Reúnem-se para discutir as hipóteses acerca do túmulo vazio. Jesus apresenta-Se no meio deles. Nem querem acreditar. "A paz esteja convosco". A saudação é mesma de quando estavam juntos. Não pode ser. Mas não é um espírito, um fantasma, é o mesmo Jesus Cristo, que Se deixa ver e se deixa tocar. A fé ainda precisa de ser "retocada", amadurecida, confirmada. Jesus dá-lhes tempo e espaço para acolherem a Boa Nova, e sobretudo dá-lhes o Espírito Santo, que lhes tinha prometido, e que lhes revelará toda a verdade. E então o extraordinário acontece, as portas escancaram-se até à actualidade.

       2 - Um dos Apóstolos não estava no reencontro com Jesus. E eis a mesma dúvida que antes assolava todos: será que o corpo de Jesus não foi roubado, será que apareceu mesmo às mulheres? Que pensar do túmulo vazio? E agora, será que não se juntaram num conluio para amenizar a dor dos mais cépticos e talvez quem sabe aproveitar os créditos da mensagem de Jesus para uma revolução?
       "Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto»".
        Mas também Tomé é surpreendido pela presença gloriosa de Jesus, que na omnipotência divina, Se deixa ver e tocar. Não é um fantasma, um espírito a vaguear pelo mundo, é o mesmo Jesus Cristo crucificado e no entanto já ultrapassada a limitação temporal e espacial.

       3 - Com a ressurreição de Jesus Cristo e com o envio do Espírito Santo nasce a Igreja. Quando Jesus aparece aos discípulos dá-lhes, desde logo, a missão. Missão de serem testemunhas da ressurreição e, com a força do Espírito, perdoarem os pecados, estabelecendo no mundo inteiro, no coração de cada homem e mulher, a paz que d'Ele recebem.
       Mas para testemunhar e para que no anúncio haja coerência é necessário viver, e viver em comunidade.
       O livro dos Actos dos Apóstolos mostra-nos como a comunidade nascente se torna fonte de inspiração para toda a Igreja e para as comunidades futuras: "Os irmãos eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à comunhão fraterna, à fracção do pão e às orações. Perante os inumeráveis prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos, toda a gente se enchia de temor. Todos os que haviam abraçado a fé viviam unidos e tinham tudo em comum. Vendiam propriedades e bens e distribuíam o dinheiro por todos, conforme as necessidades de cada um. Todos os dias frequentavam o templo, como se tivessem uma só alma, e partiam o pão em suas casas; tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração, louvando a Deus e gozando da simpatia de todo o povo. E o Senhor aumentava todos os dias o número dos que deviam salvar-se".
       Para Deus todos somos filhos. Somos irmãos. Vivamos como irmãos. Neste tempo de carestia, maior terá de ser a nossa atenção para que também entre nós não haja necessitados. A paz não se constrói de estômago vazio.

       4 - Pela Sua morte e ressurreição, Jesus introduz-nos nos novos céus e nova terra, redime-nos com o Seu amor, salva-nos com a Sua entrega, ainda que tenhamos que viver em permanente tensão entre a graça de Deus que nos atrai e as nossas fragilidades que, por vezes, se sobrepõem.
       São Pedro é muito expressivo, apresentando-se também como testemunha. Por vezes deixou-se enredar no seu egoísmo, nos seus impulsos imediatos, e oscilou entre o seguir o Mestre e o querer alterar-Lhe os planos. Foi provado e escolhido para apascentar o rebanho de Cristo.
       Atentemos às Suas palavras: "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos, para uma esperança viva, para uma herança que não se corrompe, nem se mancha, nem desaparece... Isto vos enche de alegria, embora vos seja preciso ainda, por pouco tempo, passar por diversas provações, para que a prova a que é submetida a vossa fé – muito mais preciosa que o ouro perecível, que se prova pelo fogo – seja digna de louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo Se manifestar...".
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Textos para a Eucaristia (ano A): Act 2, 42-47; 1 Ped 1, 3-9; Jo 20, 19-31

Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho

       Jesus ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e apareceu em primeiro lugar a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios. Ela foi anunciar aos que tinham andado com Ele e estavam mergulhados em tristeza e pranto. Eles, porém, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram. Depois disto, manifestou-Se com aspecto diferente a dois deles que iam a caminho do campo. E eles correram a anunciar aos outros, mas também não lhes deram crédito. Mais tarde apareceu aos Onze, quando eles estavam sentados à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado. E disse-lhes: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Mc 16, 9-15).
       O Evangelista Marcos apresenta-nos as várias aparições do Ressuscitado. Jesus ressuscitou a apareceu a Maria Madalena, depois a dois discípulos que iam a caminho do campo (discípulos de Emaús), depois aos Onze.
       Destaca-se, por um lado, as diferenças dos quatro evangelistas quanto às aparições, como por exemplo, a aparição a Maria Madalena, ou às mulheres, aos dois discípulos que iam para o campo, ou iam para Emaús. Neste concreto as diferenças são abonatórias, pois os evangelistas não combinaram entre eles, não é uma farsa, de contrários todos os pormenores coincidiriam. Por outro lado, concordam no essencial, na ressurreição de Jesus, nas aparições do Ressuscitado e nas dúvidas surgidas após os primeiros sinais da ressurreição. Os discípulos ainda não estão refeitos da tragédia e já se anuncia um novo dia, um novo tempo, o Dia do Senhor (= Dies Domini = Domingo, em português), o dia da Ressurreição e da Vida.
       Um dado mais, sobre Maria Madalena. Além de ser referida nos vários evangelhos como primeira testemunha da ressurreição, individualmente ou com as outras mulheres, Marcos dá-nos um referência concreta sobre a sua identidade. Já sabemos que é de Magdala (= Magdalena = Madalena), mas sabemos também que foi uma mulher de quem Jesus expulsou 7 demónios, ou por outra, Jesus curou-a. Desengane-se, uma vez mais, corrigindo o erro, quem a identifica umas vezes com uma prostituta outras vezes com a mulher apanhada em flagrante adultério. Destas duas mulheres não sabemos nem o nome nem a identidade até como forma de preservá-las, depois da conversão.
       Um aspecto final: a aparição de Jesus leva à missão: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura»

A Páscoa como compromisso social

       A Páscoa implica que os cristãos estejam atentos aos mais necessitados e se empenhem na melhoria das condições sociais, sublinhou esta manhã o Papa, durante a audiência geral realizada no Vaticano.
        “Cada cristão, assim como cada comunidade, se vive a experiência desta passagem da ressurreição, não pode não ser fermento novo no mundo, dando-se sem reserva pelas causas mais urgentes e mais justas”, afirmou Bento XVI.
       No discurso que proferiu na Praça de São Pedro, o Papa referiu que a certeza do céu (como imagem da vida eterna prenunciada pela ressurreição de Cristo) é inseparável do compromisso na terra (alusão à transformação do mundo).
       “É verdade que somos cidadãos de uma outra ‘cidade’, onde se encontra a nossa verdadeira pátria, mas o caminho para esta meta deve ser percorrido diariamente sobre esta terra”, realçou.
       Os cristãos, “crendo firmemente que a ressurreição de Cristo renovou o homem sem o tirar do mundo no qual constrói a sua história”, devem ser “testemunhas luminosas” da “vida nova” trazida pela Páscoa, frisou Bento XVI.
       Para o Papa, a “missão” dos fiéis consiste em “fazer ressurgir no coração do próximo a esperança onde há desespero, a alegria onde há tristeza, a vida onde há morte”, dando “à cidade terrena um rosto novo que favoreça o desenvolvimento do homem e da sociedade segundo a lógica da solidariedade” e da “bondade”.
       A alocução de Bento XVI incluiu uma saudação aos católicos da ilha italiana de Lampedusa, onde nas últimas semanas têm chegado embarcações com pessoas de origem africana e asiática.
       O Papa encorajou os cristãos locais a continuarem o “empenho de solidariedade” para com os migrantes, que encontram na ilha “um primeiro asilo de acolhimento”, e desejou que “os órgãos competentes prossigam a indispensável ação de tutela da ordem social no interesse de todos os cidadãos”.
       Referindo-se à “forma pascal” que a existência humana deve assumir, Bento XVI salientou que os cristãos devem partir da “compreensão autêntica da ressurreição de Jesus”.
       Este ressurgimento, explicou, “não é um simples retorno à vida anterior”, mas uma realidade que deixa de estar “submetida à caducidade do tempo” e passa a ficar “imersa na eternidade de Deus”.
       Nas palavras que proferiu em língua portuguesa, o Papa saudou em particular os “queridos peregrinos” de Lisboa e Sertã e os brasileiros de Poços de Caldas.
       “Não podemos guardar só para nós a vida e a alegria que Cristo nos deu com a sua Ressurreição, mas devemos transmiti-la a quantos se aproximam de nós. Assim, fareis surgir no coração dos outros a esperança, a felicidade e a vida!”, disse Bento XVI.
       Entre o domingo de Páscoa, que celebra a ressurreição de Cristo, e 12 de junho (dia de Pentecostes, palavra de origem grega que significa “cinquenta dias”), a Igreja Católica vive o “Tempo Pascal”, o período mais significativo do seu calendário litúrgico.

Beato João Paulo II - excelente dossier...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Semana Santa | Páscoa 2011: em imagens

       O acontecimento fundante do cristianismo e da Igreja é a Páscoa de Jesus Cristo. Do seu lado aberto, na Cruz, saiu sangue e água, símbolos dos Sacramentos do Baptismo e da Eucaristia, mas validados pela ressurreição de Jesus. Daí que a Liturgia da Igreja acentue a vivência da Semana Santa e da Páscoa, como oportunidade de reflectir e de se deixar envolver pelo mistério de Amor de Deus por nós, na entrega de Jesus até ao limite, ou melhor, para lá de qualquer, e a certeza, na ressurreição, de que Deus Se coloca do lado do Amor, da Vida, da Ressurreição, Se coloca do lado do ser humano, acolhendo a nossa natureza à Sua direita, em Jesus Cristo.
       Neste vídeo, com a música suave e envolvente da Irmã Glenda, algumas imagens das celebrações nas comunidades de Tabuaço e de Pinheiros.

Mulher, porque choras? A quem procuras?

       Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?» Ela respondeu- lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele. Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?» Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar». Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela voltou-se e respondeu em hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai. Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito (Jo 20, 11-18).
       O túmulo vazio é um sinal, um forte indício da ressurreição de Jesus segundo a carne.
       Com efeito, a fé é imprescindível para a compreensão deste acontecimento maior da nossa fé, uma vez que nos coloca numa dimensão que ultrapassa o tempo e a história, e, de novo, coloca Deus dentro das fronteiras do humano, do espaço-temporal, para nos ajudar a limitação e a fragilidade e nos abrirmos ao futuro de Deus.
       Maria Madalena, diante do sepulcro vazio, chora! A aparição dos Anjos e sobretudo de Jesus vai aclarar a sua fé. Só o encontro com Jesus ressuscitado nos faz olhar com olhos novos a nova realidade que chega até nós por Jesus Cristo.
       Por outro lado, e como temos vindo a destacar, não é no túmulo que se encontra a vida, mas é na vida actual que encontraremos Jesus Cristo. O túmulo fica como sinal, mas faz parte do passado, da história, mas como convite a olhar em frente com confiança, serenidade e alegria. Por outro lado ainda, Cristo ressuscitado não Se limita nas fronteiras de um povo, de uma religião ou de uma cultura, mas na "vastidão" de Deus pode, pelo Espírito Santo, manifestar-Se ao mundo inteiro.

Salvai-vos desta geração perversa»

       No dia de Pentecostes, disse Pedro aos judeus: «Saiba com absoluta certeza toda a casa de Israel que Deus fez Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes»... «Convertei-vos e peça cada um de vós o Baptismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo, porque a promessa desse dom é para vós, para os vossos filhos e para quantos, de longe, ouvirem o apelo do Senhor nosso Deus». E com muitas outras palavras os persuadia e exortava, dizendo: «Salvai-vos desta geração perversa» (Actos 2, 36-41).

       A experiência da Ressurreição de Jesus Cristo é de difícil compreensão. É algo de surpreendentemente novo e diferente. É uma ressurreição, como nos diz Bento XVI, para a vastidão de Deus e já não para a vida que se tinha anteriormente como aconteceu com as ressurreições que Jesus realizou. Em todo o caso, ainda que não se possa descrever a ressurreição enquanto tal, facilmente se verificam os frutos da mesma e do encontro com o Ressuscitado. As mulheres que, com temor e alegria, anunciam a ressurreição, ou como ouvimos hoje na primeira leitura, dos Actos dos Apóstolos, o destemido Pedro, a falar com desassombro, em linguagem entendível. Se antes víamos em Pedro a hesitação, agora vemos a convicção que lhe vem pela fé, pelo Espírito.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pinheiros: Páscoa | Visita Pascal

       Em muitas terras, a Visita Pascal (Compasso) realiza-se na Segunda-feira de Páscoa (ou até na terça, ou no II Domingo de Páscoa). Na paróquia de Pinheiros, ao longo dos anos, esta é uma tradição que não se pretende mudar: participar na Visita Pascal em outras terras e reservar a Segunda-feira de Páscoa para que os familiares e conterrâneos possam associar-se a esta Festa Maior.
       Ficam algumas fotos identificativas.
Celebração da Santa Missa
Procissão da Ressurreição
 Visita Pascal de casa em casa
Visita Pascal no Cemitério

domingo, 24 de abril de 2011

Reflexão para a Páscoa - Pe. João Carlos

Páscoa:
       Tempo de recordar as verdades fundamentais da nossa fé: Cristo, Filho de Deus e Nosso Senhor fez-se carne, padeceu e foi sepultado, ressuscitou dos mortos e está sentado à direita do Pai, a interceder por nós. E isto por nós homens e pela nossa salvação!
        No tempo pascal somos convidados a reflectir duma forma mais atenta sobre estas expressões cujo conteúdo é depósito da nossa fé. Quantas vezes as repetimos maquinalmente na recitação do Credo sem medirmos o seu alcance e profundidade.
       Mas elas reassumem toda a história da salvação, iluminando o que está para trás e abrindo caminho ao nosso futuro.
       Santo Ireneu recordava que o Pai de Adão é o mesmo Pai de Cristo, Deus Criador é também Deus Salvador. Da mesma forma que Adão tirado do pó da terra foi revestido de carne e sangue, assim Jesus Cristo, o Filho de Deus, Se revestiu de carne e sangue, para que na natureza humana pecadora se realizasse a Redenção da mesma. Pelo pecado da desobediência de um só homem, Adão, entrou o pecado no mundo, do mesmo modo pela obediência de um só, Jesus Cristo, a salvação penetrou na humanidade.
       Mas esta salvação única trazida por Cristo, vem na lógica de uma solidariedade entre o Criador e o homem que desde o início nunca foi negada por Deus. É por isso que o nosso Deus é o Deus da Aliança, porque muitas vezes e de muitos modos Ele veio em auxílio da humanidade decaída, enviando os Profetas e fazendo Alianças com o Povo. As leituras da Vigília Pascal são memórias vivas das principais intervenções de Deus a favor do seu Povo para lhe propor caminhos novos de renovação. Mas o contraste na observância das Alianças estabelecidas é enorme, de um lado temos o Povo que sempre se esquece dos benefícios de Deus e se afasta do cumprimento das promessas feitas, do outro temos Deus que é sempre fiel à sua palavra. A fidelidade é o nome do amor no tempo. Amor verdadeiro que não se nega, que não desiste, que não responde ao mal com o mal. Deste modo na plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho nascido de uma mulher para estabelecer com a humanidade uma Aliança Nova e Eterna.
       O tempo da Quaresma que antecede a Páscoa é a história da perseverança e da paciência de Deus, diante da instabilidade e impaciência do homem. E foi para os instáveis, impacientes e pecadores que Jesus dirigiu a sua especial atenção: Zaqueu, Filho Pródigo, Maria Madalena, Samaritana, Lázaro e… tantos cegos e paralíticos. A todos, Jesus propõe uma cura e uma conversão para que os que andam no erro deixem cair as suas cegueiras e para que os que estão paralíticos, pela falta de futuro e esperança, arrepiem caminho. Esta presença de Jesus Vivo para sempre é também para nós hoje, porque esta aliança é nova e eterna, e somos convidados a deixar-nos tocar por Ele, a deixá-l’O entrar em nossa casa e curar as nossas cegueiras, paralisias e pecados. Só assim somos salvos, só assim acolhemos a salvação que Ele nos alcançou por preço tão elevado: Corpo dilacerado na cruz, sangue derramado para nos purificar dos nossos pecados. Só morrendo para o mal ressuscitemos para a vida nova: é o nosso mistério pascal associado ao mistério pascal de Cristo.
       Ao mesmo tempo a solidariedade de Deus com a humanidade é também - na última Ceia, no gesto do lava pés - um convite e um mandato a sermos solidários uns com os outros. Quando o Povo anda pelos caminhos rectos é todo o Povo que beneficia, quando porém um Povo se afasta do direito e da justiça é igualmente todo o Povo que sofre. A crise económica que estamos a atravessar lembra-nos esta solidariedade fatal entre uns e outros. Todos perdemos quando o nosso irmão perde.
Importa por isso indicar caminhos novos para o homem: caminhos de justiça, de solidariedade, de fraternidade e de partilha. Estes são valores do Evangelho e são o Testamento que Jesus deixou antes de morrer: o Mandamento Novo do Amor.
       Demos por isso do nosso pão aos necessitados, mas demos também valores e esperança. Recordemos aos nossos irmãos que Deus não nos abandona, recordemos as maravilhas que já fez por nós, recordemos que a maior riqueza é viver na comunhão diária com Deus e que a maior pobreza é afastarmo-nos de Deus que é a fonte de todos os bens.
       Na contemplação assombrada do imenso amor de Deus para connosco respondamos com o acolhimento do gesto salvador da Cruz e Ressurreição na nossa vida e façamo-nos apóstolos dessa Boa Nova junto dos nossos irmãos.

Pe. João Carlos

PÁSCOA DE JESUS CRISTO - 24 de abril de 2011

       1 – "No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro... Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro... Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos".
       A ressurreição é um acontecimento inaudito, surpreendente, novo. Como nos lembra Bento XVI, no livro "Jesus de Nazaré", no segundo volume, os judeus conheciam a Ressurreição dos mortos, no fim dos tempos, no último dia. Também puderam testemunhar a ressurreição de Lázaro, do jovem de Naim e da filha de Jairo. Mas neste caso, eles voltam, por algum tempo, à vida que tinham antes, e também para eles a morte temporal chegará (de novo). A ressurreição de Jesus é uma realidade nova. É Ele, mas já não com as limitações espácio-temporais. "Ele, diz Bento XVI, saiu para uma vida diversa, nova: saiu para a vastidão de Deus e é a partir dela que Se manifesta aos Seus".
       Os Apóstolos são surpreendidos com a Ressurreição. Apesar da sua fé, não era claro o que queria dizer Jesus com o anúncio da Sua ressurreição. Daí a necessidade de "verem", de palpar. As mulheres testemunham, mas os discípulos precisam de ir ao túmulo, precisam de encontrar Jesus. Só nesse encontro pessoal é que compreendem que estão perante uma realidade nova. É Cristo que vêem, Ressuscitado, que Se senta à mesa com eles, mas sem possibilidade de O "prenderem" na história e no tempo.
       2 – A Ressurreição de Jesus é a certeza de que Deus Pai sanciona o projecto de Jesus. É Deus Quem O envia para junto de nós. Em Jesus, Deus assume a nossa humanidade e e nossa fragilidade, as nossas limitações, não para ficar igual a nós mas para nos libertar, para iluminar o nosso caminho, para nos ensinar a fazer com que o mundo e a história em que vivemos se tornem novos céus e nova terra, para todos e todos possamos identificarmo-nos na origem, como irmãos, como filhos de Deus.
       "Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando a todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele. Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos Judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se, não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos".
       Esta é a marca de Cristo e há-de ser a marca dos cristãos. Jesus passou fazendo o bem. O cristão deve tornar-se, em Cristo, um fazedor do bem, enquanto testemunha, em palavra e obras, pela voz e pela vida, da ressurreição de Jesus, como fizeram os primeiros cristãos.
       As palavras de Pedro, em nome dos Apóstolos, são sintomáticas. Todos eles fizeram a experiência de encontro com o Ressuscitado, revisitaram as suas vidas à luz da Ressurreição, e tornaram-se Apóstolos. Com eles também nós, para este tempo, nos tornamos anunciadores da ressurreição e da vida.

       3 – Ouçamos as palavras do Apóstolo Paulo: "Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória".
       Pelo Baptismo tornámo-nos novas criaturas, entramos na ressurreição de Jesus Cristo. Logo, a nossa vida há-de ser projectada e enformada pela luz da ressurreição. As obras das trevas não são próprias do dia. Devemos aspirar às coisas do alto. Cristo Jesus atrai-nos desde a eternidade de Deus. Colocou à direita do Pai a nossa humanidade, atraindo-nos constantemente. Importa que nos deixemos atrair por Ele e para Ele, vivendo desta vida nova que recebemos pela água e sobretudo pelo Espírito Santo.
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Textos para a Eucaristia (ano A): Act 10,34a.37-43; Col 3,1-4; Jo 20,1-9.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Via-sacra no Coliseu de Roma

       Bento XVI presidiu esta noite à tradicional Via-Sacra de sexta-feira Santa, no Coliseu de Roma, lembrando o sofrimento das crianças e a “mentira” na sociedade de hoje.
       Na oração inicial desta celebração, alertou-se para a "desordem do coração" que  "desfigura a ingenuidade dos pequeninos e dos fracos".
        O Papa falou ainda das “várias máscaras da mentira” que "ridicularizam a verdade" e "as lisonjas do sucesso" que sufocam o “apelo íntimo à honestidade”, bem como de um “vazio de sentido e de valores” na educação.
       Durante a cerimónia, aludiu-se ao "peso da perseguição contra a Igreja de ontem e de hoje, a perseguição que mata os cristãos em nome de um deus alheio ao amor e a que mina a sua dignidade com «lábios mentirosos e palavras arrogantes»".
       "Jesus carregou o peso da perseguição contra Pedro, aquela contra a voz clara da «verdade que interpela e liberta o coração». Jesus, com a sua Cruz, carregou o peso da perseguição contra o seus servos e discípulos, contra aqueles que respondem ao ódio com o amor, à violência com a mansidão", assinalava a meditação.
       No final da celebração, Bento XVI apresentou um convite a meditar sobre o “silêncio da cruz, o silêncio do amor, que leva o peso da dor”.
       A cruz, que parece uma “derrota”, disse, “não é o sinal da vitória da morte, mas o sinal luminoso do amor”.
       “A cruz fala-nos do amor supremo de Deus”, indicou, falando no “princípio da nova esperança”.
       A autora dos textos lidos durante a Via-Sacra, Maria Rita Piccione, quis dar espaço “à voz da infância, por vezes insultada, magoada, explorada”, não só devido aos abusos sexuais, “pois o campo é muito amplo e diz respeito à toda a humanidade”.
       A monja de clausura italiana referiu à Rádio Vaticano que a redação dos textos foi inspirada pelos crentes e por “todas as pessoas”, bem como pelo “coração humano”, que descreveu “como um laboratório no qual se decidem o destino do que acontece em nível muito mais amplo”.
       A publicação com os textos, distribuída às pessoas presentes na celebração, incluía imagens de Elena Manganelli, que à semelhança da autora das meditações pertence à congregação agostinha.
       A Via-Sacra, que se realiza sobretudo nos tempos penitenciais, consiste em evocar espiritualmente o trajeto que Jesus realizou em Jerusalém até à sua morte e sepultura com momentos de meditação e oração em várias etapas, chamadas estações, habitualmente 14.
       No início de cada estação, aparecia "uma frase muito breve que pretende oferecer a chave de leitura da respetiva estação”.
       “Podemos recebê-la como que vinda de uma criança, numa espécie de apelo à simplicidade dos pequeninos que sabem captar o coração da realidade e num espaço simbólico de acolhimento, na oração de Igreja, da voz da infância por vezes ofendida e explorada”, pode ler-se na apresentação das reflexões.
       Correspondendo a um desejo da autora das meditações deste ano, duas crianças leram as introduções a cada estação.
       A cruz foi transportada ao longo do percurso, entre outros, pelo cardeal Agostino Vallini, vigário do Papa para a diocese de Roma; uma família romana e outra da Etiópia; duas monjas agostinhas; um franciscano e uma rapariga egípcia; um doente em cadeira de rodas e dois frades da custódia da Terra Santa.
       O Papa pede todos os anos a um autor diferente para redigir as reflexões da celebração, seguida por dezenas de milhares de peregrinos com velas na mão que se concentram junto ao Coliseu, na capital italiana, e por milhões de pessoas em todo o mundo, através dos meios de comunicação social.

Bento XVI responde a perguntas de telespectadores

       Passou hoje, na Televisão italiana, o programa previamente gravado, no qual o Papa Bento XVI respondeu a perguntas dos telespectadores. Neste vídeo são sublinhadas duas respostas, a uma criança que interroga sobre o sofrimento das crianças e de uma mãe, cujo filho se encontra em coma, que pergunta sobre a alma do filho gravemente doente...

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Quinta-feira Santa, em Tabuaço

       Celebração da Missa da Ceia do Senhor, com a Instituição da Eucaristia e do Lava-pés, dois momentos que se interligam, a Eucaristia compromete-nos no serviço aos irmãos. Viver verdadeira e conscientemente a Eucaristia leva-nos à caridade. Aliás, a Eucaristia é já Sacramento da Caridade, de Deus para com a humanidade, e na humanidade/divindade de Jesus Cristo, a construção dos novos céus e da nova terra entre todos.
       Duas imagens que exemplificam a nossa celebração, com a presença do reverendo Pe. João Carlos.

Não desviei o rosto dos que me insultavam

       O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e por isso não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido. O meu advogado está perto de mim. Pretende alguém instaurar-me um processo? Compareçamos juntos. Quem é o meu adversário? Que se apresente! O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me? (Is 50, 4-9a).

       Também da liturgia de hoje, o texto de Isaías, cujas palavras se adequam a Jesus, como o Servo sofredor, o Cordeiro inocente levado ao matadouro.
       O texto começa por mostrar o profeta como discípulo que é enviado para dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos e assegurar o auxílio de Deus. O inocente de Deus não recua perante a ameaça e perante as injúrias, mas prossegue com a sua missão porque sabe, ainda que perseguido, Deus não o abandona.
       Assim o sabe Jesus Cristo. Assim o deveremos saber nós, como seguidores Seus.

Garantiram-lhe 30 moedas de prata

       Um dos Doze, chamado Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?» Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. A partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar... Ao cair da tarde, sentou-Se à mesa com os Doze. Enquanto comiam, declarou: «Em verdade, em verdade vos digo: Um de vós Me entregará»...  Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?» Respondeu Jesus: «Tu o disseste» (Mt 26, 14-25).
        As trevas inundam o olhar e o coração de Judas. Nunca saberemos toda a motivação que o levou a entregar o Mestre, que ele admirava e seguia. Apóstolo de confiança, era ele o responsável pela bolsa comum e de preparar "as coisas" para a festa da Páscoa bem como para outros momentos. Segundo o relato dos evangelhos era também ele que distribuía esmola pelos mais necessitados. Segundo alguns, a entrega de Jesus procurava acelerar a "hora de Cristo", para que na eminência da morte, Jesus reagisse. Neste caso não seria falta de fé no Messias, mas pressa em ver a salvação de Israel. A pressa dos homens sempre acaba por estragar a paciência amorosa de Deus.
       Por outro lado, São Mateus refere que o preço da entrega são umas míseras 30 moedas de prata. É o preço de um escravo. É o preço a pagar por um assassinato à família lesada, para evitar outro assassinato.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Humilde trabalhador da vinha do Senhor

"Amados Irmãos e Irmãs.
       Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram-me, simples e humilde trabalhador da vinha do Senhor. Consola-me saber que o Senhor sabe trabalhar e agir também com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á.
Maria, sua Mãe Santíssima, está connosco. Obrigado!"

Primeira Saudação de Beno XVI, 19 de Abril de 2005.

Para onde vais, Senhor?

        Judas recebeu o bocado de pão e saiu imediatamente. Era noite. Depois de ele sair, Jesus disse: «Agora foi glorificado o Filho do homem e Deus foi glorificado n’Ele. Se Deus foi glorificado n’Ele, também Deus O glorificará em Si mesmo e glorificá l’O-á sem demora. Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Haveis de procurar-Me e, assim como disse aos judeus, também agora vos digo: não podeis ir para onde Eu vou». Perguntou-Lhe Simão Pedro: «Para onde vais, Senhor?». Jesus respondeu: «Para onde Eu vou, não podes tu seguir-Me por agora; seguir-Me-ás depois». Disse-Lhe Pedro: «Senhor, por que motivo não posso seguir-Te agora? Eu darei a vida por Ti». Disse-Lhe Jesus: «Darás a vida por Mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo, sem que Me tenhas negado três vezes» (Jo 13, 21-33.36-38).
        Esta é a Semana Santa, a semana da Paixão redentora de Cristo que nos conduzirá à Ressurreição jubilosa. A liturgia da Palavra propõe-nos a narração dos momentos que antecedem a entrega, a prisão e a morte. Encontram-se reunidos para celebrar a Páscoa. Jesus mostra como se sente, perturbado, tem consciência que a Sua hora está eminente e revela-o aos discípulos: esta noite um de vós vai entregar-Me. Não há mais tempo, Judas está inquieto, sabe que mais uma vez o Mestre sabe. Jesus diz-lhe para fazer o que tem a fazer.
       Após a saída de Judas, Jesus fala mais claramente, dizendo que a glorificação está em processo, mas será uma glorificação pela CRUZ. Pelo meio haverá ainda muitas traições, negações, recuos, dúvidas, mas os discípulos são desafiados a seguir o Mestre.
      E nós, estaremos prontos para seguir Jesus, da Cruz à Ressurreição?

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Domingo de Ramos | Via-sacra 2011

       Iniciámos a Semana Santa, a maior da nossa fé, em que celebramos o mistério redentor da morte e ressurreição de Jesus. A Semana inicia com o Domingo de Ramos na Paixão do Senhor. Em todas as comunidades, a bênção de Ramos.


       Em Tabuaço, e como tradicionalmente, a bênção dos Ramos na Capela de Santa Bárbara, com procissão até à Igreja Paroquial, onde foi celebrada a Eucaristia, com a leitura dialogada do Evangelho da Paixão do Senhor.
       Ainda neste dia, a Via-sacra, encenada pelas crianças, adolescentes e jovens da catequese, procurando tornar mais expressiva cada uma das 14 estações da caminhada de Jesus para o Calvário, com a Sua morte e sepultamento.. A 15.ª estação celebra-la-e-mos na grande Vigília de Sábado Aleluia e com a celebração jubilosa da ressurreição no Domingo de Páscoa.

Unção da Betânia, a unção para a sepultura!

       Seis dias antes da Páscoa, Jesus foi a Betânia, onde vivia Lázaro, que Ele tinha ressuscitado dos mortos. Ofereceram-Lhe lá um jantar: Marta andava a servir e Lázaro era um dos que estavam à mesa com Jesus. Então Maria tomou uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-Lhos com os cabelos; e a casa encheu-se com o perfume do bálsamo... (Jo 12, 1-11).
       O evangelista São João revela um momento significativo da vida de Jesus precisamente seis dias antes da Páscoa judaica, mostrando eminente a Sua glorificação pela Cruz. Jesus vai a casa de Maria, Marta e Lázaro. Aliás, diz mais à frente que muita gente acorreu para ver Jesus mas também para ver Lázaro que tinha sido ressuscitado.
        Uma vez mais surge Marta a cuidar do jantar e a servir os convidados que acompanham Jesus. Maria, por sua vez está perto de Jesus, a ouvi-lo. É nesse contexto que Maria unge os pés de Jesus, enxugando-lhos com os cabelos. É uma imagem que de algum modo antecipa a unção post mortem, os defuntos são ungidos antes de serem sepultados. A  unção de Betânia não deixa dúvidas quanto ao desfecho da vida e missão de Jesus.
       De seguida, nas palavras de Judas, mas certamente dos demais apóstolos, a contestação, dizendo que o elevado preço do perfume deveria ser para distribuir pelos pobres. Jesus responde que uma situação não invalida a outras: pobres e oportunidade de partilhar com eles a vida será uma constante para os discípulos e para a Igreja. Mas importa não perder de vista que mais importante é a presença d'Ele, de Jesus. Só assim terá sentido a prática da caridade.

domingo, 17 de abril de 2011

Deixar-se transformar pelo Espírito Santo

Na Sua Mensagem para esta Quaresma 2011, Bento XVI diz o seguinte...:

        O itinerário quaresmal, no qual somos convidados a contemplar o Mistério da Cruz, é «fazer-se conformes com a morte de Cristo» (Fl 3, 10), para realizar uma conversão profunda da nossa vida: deixar-se transformar pela acção do Espírito Santo, como São Paulo no caminho de Damasco; orientar com decisão a nossa existência segundo a vontade de Deus; libertar-nos do nosso egoísmo, superando o instinto de domínio sobre os outros e abrindo-nos à caridade de Cristo. O período quaresmal é momento favorável para reconhecer a nossa debilidade, acolher, com uma sincera revisão de vida, a Graça renovadora do Sacramento da Penitência e caminhar com decisão para Cristo.
       Queridos irmãos e irmãs, mediante o encontro pessoal com o nosso Redentor e através do jejum, da esmola e da oração, o caminho de conversão rumo à Páscoa leva-nos a redescobrir o nosso Baptismo. Renovemos nesta Quaresma o acolhimento da Graça que Deus nos concedeu naquele momento, para que ilumine e guie todas as nossas acções. Tudo o que o Sacramento significa e realiza, somos chamados a vivê-lo todos os dias num seguimento de Cristo cada vez mais generoso e autêntico. Neste nosso itinerário, confiemo-nos à Virgem Maria, que gerou o Verbo de Deus na fé e na carne, para nos imergir como ela na morte e ressurreição do seu Filho Jesus e ter a vida eterna.

sábado, 16 de abril de 2011

Domingo de Ramos na Paixão do Senhor - 17 de abril de 2011

       A liturgia do Domingo de Ramos envolve vários momentos importantes no desenrolar da Paixão de Jesus, deixando entrever os acontecimentos que precipitam o desfecho da Sua missão terrena e temporal. Iniciámos a Semana Maior com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e com o relato da Paixão do Senhor, que acompanhamos desde a oração e agonia no Horto das Oliveiras até à crucifixão e morte de Jesus.
       Vejamos alguns desses momentos e dos intervenientes principais.

       1 NOITE:
       É de noite que Jesus sai com os discípulos para o Jardim das Oliveiras. Para Jesus, a noite é tempo e oportunidade de oração, explicitando a Sua comunhão íntima com Deus.
       Na noite, porém, tudo acontece, todos os gatos são pardos. Os guardas, com os dirigentes do Templo, vão pela calada da noite, quando as pessoas estão tranquilas em suas casas, prender Jesus, evitando qualquer surpresa que contrariasse os seus intentos.
       O mal tem a noite, a escuridão, as trevas, por aliada. É noite quando Judas se perde e entrega Jesus. Ainda é noite quando Pedro renega Jesus.

       2 JESUS:
       O itinerário de Jesus, em Semana Santa, relembra-nos as situações diversas da nossa existência, marcada por alegrias e tristezas, pelo encanto da vida e pela  desilusão, pelas conquistas e pelas derrotas, que nos tornam mais fortes (ou nos derrotam) e fazem de nós o que somos hoje e o que poderemos vir a ser.
Em todo o trajecto sobressai uma grande confiança em Deus. Na dor mais atroz, a única saída para Jesus é entregar-se em Deus: "Pai em Tuas mãos entrego o meu espírito".

       3 MULTIDÃO:
       Quando estamos sós reagimos de maneira diversa de quando estamos em grupo. Juntamente com os outros podemos facilmente embarcar na corrente geral, para o bem e para o mal.
       No recente volume da obra "Jesus de Nazaré", o Papa Bento XVI/Joseph Ratzinger chama a atenção para duas multidões distintas: na entrada triunfal em Jerusalém e diante de Pilatos pedindo a crucifixão de Jesus.
       Jesus chega a Jerusalém para a festa da Páscoa, acompanhado pelos discípulos, pelos galileus (judeus originários da Galileia, como a maioria dos Apóstolos), e por pessoas das aldeias vizinhas, por onde Ele passou e que engrossam o grupo. É neste contexto que os judeus (de Jerusalém) perguntam o motivo da agitação e a identidade d'Aquele homem!
       Diante da autoridade romana, a "outra multidão" os dirigentes do Templo e seus sequazes, que iniciam o processo ainda noite para não chamar muito a atenção, e os companheiros de Barrabás, que estarão diante de Pilatos para fazer lóbi pela amnistia pascal do seu líder.
       Os discípulos, com medo, acobardam-se e mantêm-se à distância, não estão lá para gritar pela libertação do Mestre.

       4 DISCÍPULOS: 
       Acompanham Jesus titubeando. As coisas correm de feição e eles rodeiam-n'O alegremente. As coisas correm mal e afastam-se d'Ele rapidamente para não serem notados. No monte das oliveiras, dispersam, fogem, escondem-se. Durante o processo e até à Cruz tornam-se observadores cautelosos e distantes, vendo para onde pende a balança.
       Dói ser abandonado, mas muito mais por aqueles que deveriam estar perto, dando apoio, acompanhando.

       5 JUDAS: 
       Sem dúvida um dos discípulos mais próximos de Jesus e alguém de confiança dentro do grupo, mas que tropeça na noite e se precipita na entrega do Seu Mestre.
       O drama de Judas não está apenas no trair da confiança, mas na consequente culpabilização. Não supera o sentimento de culpa, ainda que se vislumbre o seu arrependimento - entreguei um homem inocente. A noite é mais forte, as trevas paralisam-no, não deixam penetrar a luz de Jesus Cristo.

       6 - PEDRO: 
       Do círculo mais próximo de Jesus - do qual fazem parte Tiago e João e Judas, este retirado muito cedo pelas comunidades cristãs -, Pedro encontra-se muito "verde". Com o mesmo entusiasmo se empolga no aplauso a Jesus e logo se amedronta, escondendo-se e renegando o Mestre. Dito de outra forma, quando o Mestre está, Pedro é forte. Quando Jesus não está, Pedro fraqueja.
       Diferentemente de Judas, Pedro não se deixa afundar pelo seu pecado, pelas suas trevas, "agarra-se" (de novo) a Jesus e ao Seu olhar compassivo e reconciliador e deixa-se salvar por Ele.

       7 - AUTORIDADES DO TEMPLO: 
       Funcionam também em grupo, protegendo-se mutuamente, ainda assim com dissidentes que não concordam com os procedimentos realizados para condenar Jesus. Um dos contestatários é Nicodemos.
       Sentindo-se ameaçados no seu poder e na sua liderança, não hesitam em entregar Jesus, "é melhor que morra um só homem pela nação". De algum modo completam a profecia, Jesus morrerá pela humanidade inteira, por um só homem é dada a salvação a todos.

       8 PILATOS: 
       Representante do imperalismo romano, cedo acautela o seu lugar. Seguindo a lei romana, sabe que Aquele homem é inocente e não merece qualquer tipo de preocupação. Mas logo a pressão e o medo em perder os favores do imperador alteram o seu juízo. E, ele que não queria ser envolvido nas questões religiosas dos judeus, deixa-se enredar, não tanto pelos argumentos mas pela conveniência em manter o posto. Entrega Jesus para ser açoitado e crucificado.

       9 MULHERES: 
       Ao longo da história da humanidade elas sofrem como filhas, como esposas e como mães, sofrem pelos pais, pelos maridos, pelos filhos, pelos outros. Mas aguentam firmes, vão à luta. Lá estão elas na primeira linha. Acompanham de perto o Mestre, estão bem junto à Cruz. Serão elas também as primeiras testemunhas da ressurreição. A sua fidelidade é premiada com a primeira aparição do Ressuscitado.

       10 – NÓS:
       Jesus entrega-Se também por nós. Ou dito de outra forma, também por nós Ele é pregado à CRUZ. Se vivêssemos naquele tempo e naqueles dias subíssemos a Jerusalém, pela festa da Páscoa, em que grupo nos inseriríamos? É possível que estivéssemos no lugar de qualquer um daqueles intervenientes.
       Como é que hoje nos situamos diante da Sua Cruz? Que respostas damos com a nossa vida? De que forma a Cruz é redentora para nós? Em que medida influencia as nossas escolhas e as nossas vivências?
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Textos para a Liturgia (ANO A): Is 50,4-7; Sl 21 (22); Fil 2,6-11; Mt 26,14 - 27,66

É melhor morrer um só homem pelo povo

       Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada. Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação; e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. A partir desse dia, decidiram matar Jesus. Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos. Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa. Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?» (Jo 11, 45-56).
        O desfecho está cada vez mais próximo. Os evangelistas mostram-nos como as chefias do templo se reúnem para decidirem o modo de calar Jesus, prendendo-O ou matando-O. Aqui aparece a profecia de Caifás: é melhor morrer um só homem por todo o povo.
       Com efeito, é uma profecia repleta de conteúdo, Jesus morre para unir num só rebanho todo o povo e em que haja um só pastor. A sua missão é precisamente essa, congregar na unidade todos os povos e nações.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Pai está em Mim e Eu estou no Pai...

       Disse-lhes Jesus: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? Se a Lei chama ‘deuses’ a quem a palavra de Deus se dirigia – e a Escritura não pode abolir-se –, de Mim, que o Pai consagrou e enviou ao mundo, vós dizeis: ‘Estás a blasfemar’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’!» Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis. Mas se as faço, embora não acrediteis em Mim, acreditai nas minhas obras, para reconhecerdes e saberdes que o Pai está em Mim e Eu estou no Pai». De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos (Jo 10, 31-42). 
       A situação de Jesus agudiza-se progressivamente. A Sua linguagem é cada vez mais evidente. Se em alguns momentos Ele fala em parábolas ou por imagens, quanto mais se aproxima de Jerusalém, e do fim, mais explicita a Sua missão e a Sua identidade.
       Num diálogo intenso com os judeus, Jesus diz-lhes claramente que vem da parte de Deus, faz as obras de Deus, é o "Filho de Deus". No mundo semítico e na religiosidade arreigadamente monoteísta é difícil, quase violento, aceitar que um homem se apresente como Deus. Jesus contesta dizendo que a Sagrada Escritura diz que os filhos de Israel são filhos de Deus...
       De novo procuram prendê-l'O, mas ainda não chegou a Sua hora. São João sublinha até à saciedade que a escolha da Hora pertence a Deus. Ainda que a morte seja uma certeza cada vez maior, há-de surgir como entrega, como serviço a favor da humanidade, ninguém Lha tira é Ele que no-la entrega.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Arranjos florais na Quaresma

Arranjos da Igreja Paroquial, em tempo de QUARESMA:

O horizonte... e o caminho a percorrer!

       Certa vez alguém chegou ao céu e pediu para falar com Deus. Segundo o seu ponto de vista, havia uma coisa na criação que não tinha nenhum sentido. Deus atendeu de imediato, curioso por saber qual era a falha que havia na criação.
        - Senhor, sua criação é muito bonita, muito funcional, cada coisa tem sua razão de ser, mas, no meu ponto de vista, tem uma coisa que não serve para nada.
        - E que coisa é essa que não serve para nada? - perguntou Deus.
        - É o horizonte. Para que serve o horizonte? Se eu caminho um passo em sua direcção, ele se afasta um passo de mim. Se caminho dez passos, ele se afasta outros dez passos. Isto não faz sentido! O horizonte não serve para nada.
       Deus sorriu e disse:
        - Mas é justamente para isso que serve o horizonte... para fazê-lo caminhar e nunca desistir de lutar pelo amanhã.

Autor desconhecido, in Abrigo dos Sábios.

Antes de Abraão existir, ‘Eu sou’

        Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência futura de geração em geração» (Gen 17, 3-9).

       «Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de alegria». Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?!» Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, ‘Eu sou’». Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e saiu do templo (Jo 8, 51-59).
(Tetragrama divino: Eu Sou Aquele que Sou. YHWH - YAWEH - Javé)

       "Eu sou" - esta expressão, no contexto semita é muito mais abrangente e ao mesmo tempo mais específico. Vejamos. Quando um de nós diz "eu sou...", acrescenta uma característica, sou simpático, sou tímido, sou justo. No mundo da Bíblia, a afirmação, sem mais, refere-se especificamente a Deus, é a Sua identidade. Ele tem o SER em Si mesmo, tem a VIDA em Si mesmo.
       Quando Deus Se apresenta a Moisés, diante da sarça ardente, e este Lhe pergunta pela Sua identidade, Deus diz-lhe: Eu sou aquele que sou (YHWH - YAWEH - Javé). É uma expressão que identifica a divindade.
       Em muitas ocasiões ouviremos Jesus a dizer: "Eu Sou". Quando isso acontece, os judeus sabem que Ele se está a identificar com Deus e isso é motivo de admiração e de revolta por parte dos seus ouvintes, considerando que é blasfémia alguém colocar-se no lugar de Deus. É compreensível, até certo ponto, a atitude dos judeus que O ouvem dizer: "Eu Sou". Se em alguns momentos o "Eu sou" aparecia quase despercebido, aqui aparece claramente. Ao mesmo tempo, esta certeza deve levar a uma tomada de decisão clara: os judeus pegaram em pedras...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A "outra" poluição... bem mais destrutiva!

       O professor mandou redigir um texto acerca da poluição. De facto, é um assunto muito actual, sobretudo nas cidades. As pessoas continuam a poluir a atmosfera com o anidrido de carbono, a poluir a terra com os pesticidas, a poluir as águas com as descargas poluentes das fábricas.
       Os alunos foram à internet e apresentaram trabalhos sem originalidade. Apenas um deles viu a poluição de outra maneira. Escreveu ele:
       "Polui o egoísta que só pensa em si mesmo. Polui o preguiçoso que é um parasita. Polui o marido que trata a esposa como escrava. Polui quem faz mal em vez de fazer o bem. Polui quem anda na vida sempre envinagrado em vez de irradiar alegria. Polui o corrupto que enriquece à custa do povo. Polui o jornalista que divulga mentiras e difama as pessoas".
       O professor gostou deste texto, que serviu de motivação para toda a turma dialogar.

In Revista Juvenil, n.º 545, abril de 2011.

Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou

Dizia Jesus aos judeus que tinham acreditado n’Ele: «Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos libertará»... «Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis, porque saí de Deus e d’Ele venho. Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou» (Jo 8, 31-42).

       O Evangelho de hoje apresenta-nos um diálogo interessante entre Jesus e os judeus que O seguiam.
       Jesus diz claramente que a exigência para sermos Seus discípulos, naquele e neste tempo, é cumprir a Sua palavra, procurando viver de acordo com o essencial, do perdão à caridade. A palavra de Jesus libertar-nos-á porque nos conduzirá à Verdade que vem de Deus, que está presente em Jesus Cristo.
       Quando os judeus contestam dizendo que só têm um Pai, isto é, Abraão, Jesus diz-lhes de novo que Abraão, os Patriarcas, os Profetas prepararam o tempo messiânico e alegram-se agora pela pela do Messias na terra. Quem é descendente de Abraão, pela fé, então escuta a Palavra de Jesus Cristo.

Aquele que Me enviou está comigo!

Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado». Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele (Jo 8, 21-30).
       Hão-de olhar para Aquele que trespassaram. As palavras proféticas são agora assumidas por Jesus Cristo, diante dos fariseus e dos Seus discípulos. A certeza de um desfecho negativo dá lugar a outra certeza: que o Filho do Homem levantado da terra atrairá a Si todas as coisas. Com efeito, a cruz e sobretudo quem está na cruz obriga os que estão em terra a levantar os olhos, fisicamente, mas e neste contexto também espiritualmente.
       Em paralelo surge, na primeira leitura de hoje, a murmuração do povo, o "castigo" de Deus e a serpente de bronze, que é remédio para todos aqueles que olharem para ela, levantada por Moisés. É um sinal antecipatório de Jesus na Cruz como Salvador da humanidade inteira.
       Ressalve-se a intimidade e a confiança de Jesus em Deus, Seu e nosso Pai.

Mulher, vai e não voltes a pecar...

       Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: «Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. Como persistiam em interrogá-l’O, Ele ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Jesus acrescentou: «Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar» (Jo 8, 1-11).
       Nas palavras e nos gestos de Jesus vemos a postura dum homem bom, justo, ponderado, maduro, firme nas suas escolhas, decidido nos seus propósitos, tolerante, misericordioso, com carácter, não se deixam levar pelo que diz a maioria e nem se deixam pressionar pelas investidas dos seus inimigos. Jesus traz conSigo a força do Espírito, na intimidade com Deus, Seu e nosso Pai.
       Na primeira leitura, a malícia de dois anciãos que por despeito acusam a jovem e virtuosa Susana. A virtude não é uma questão de idade, mas de atitude de cada pessoa. Ressalta o carácter e a sabedoria do jovem Daniel que expõe, facilmente, a mentira ardilosa dos acusadores de Susana.
       Jesus, expõe-nos ao nosso pecado e à nossa fragilidade. A prontidão com que, por vezes, apontamos para os outros, deve converter-se em prontidão em perdoar, acolher, testemunhar o amor que Deus nos devota, contribuir que os outros regressem ao caminho do Senhor.

domingo, 10 de abril de 2011

RESSURREIÇÃO: promessa, garantia e certeza

       A liturgia da Palavra proposta para este V Domingo da Quaresma pode ler-se a partir destes três itens, um para cada leitura: 1.º leitura: promessa; Evangelho: garantia; 2.º leitura: certeza.
PROMESSA: 
       «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel. Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor, quando abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu povo. Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei-de fixar-vos na vossa terra e reconhecereis que Eu, o Senhor, o disse e o executarei» (Ez 37,12-14).
       O profeta Ezequiel apresenta-nos claramente a ressurreição como promessa de Deus. Diga-se, que esta ressurreição pode ser entendida em dois sentidos: Deus ressuscitar-nos-á para a eternidade, e, também, a ressurreição do povo de Israel, enquanto restauração do povo e do seu território.
GARANTIA:
       "Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá" (Jo 11,1-45).
       Jesus garante-nos a vida futuro. Quem acredita no Filho do Homem não morrerá, irá à presença de Deus. É uma garantia que Se faz certeza na Sua ressurreição. Porquanto, ressuscitamos, pelo Baptismo, para a vida nova de filhos, para vivermos em espírito e verdade.
       Também a ressurreição de Lázaro é uma garantia, do poder de Deus, do Seu amor por nós, e do poder que é mais forte que a morte. Lázaro é "reanimado" para a vida temporal, mas também um dia morrerá e então há-de ressuscitar para a eternidade de Deus.
CERTEZA:
       "Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós... E, se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Rom 8,8-11).
       A ressurreição de Jesus é a certeza de que Aquele que O ressuscitou também nos ressuscitará. A nossa vida e a nossa fé são sustentadas e enformadas pela Ressurreição de Jesus. Primeiro Ele, depois nós.