A terceira Carta Encíclica de Bento XVI empresta o título a este blogue. A Caridade na Verdade. Agora permanecem a fé, a esperança e a caridade, mas só esta entra na eternidade com Deus. Espaço pastoral de Tabuaço, Távora, Pinheiros e Carrazedo, de portas abertas para a Igreja e para o mundo...
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
Sofia Silva - SORRISOS QUEBRADOS
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
DOROTHY DAY - A LONGA SOLIDÃO
"Sentia, já aos quinze anos, que Deus queria que o Homem fosse feliz, que Ele pretendia dar-lhe aquilo de que ele precisava para levar um vida com o objetivo de ser feliz, e que não era necessário termos tanta pobreza e tanta miséria quantas as que eu via à minha volta e sobre as quais lia na imprensa diária"
"Tinha 17 anos e sentia-me completamente só no mundo, divorciada da minha família, de toda a segurança, e até de Deus. Sentia a arrogância imprudente e, com essa imprudência, uma sensação de perigo na qual me comprazia.
Havia uma interrogação na minha cabeça: porque se fazia tanta coisa para remediar os males sociais em vez de se começar por evitá-los?"
"Estou a rezar porque estou feliz e não porque estou infeliz. Eu não me voltei para Deus por infelicidade, por tristeza, por desespero - para obter consolo, para obter algo d'Ele... comecei a ir à missa regularmente ao domingo de manhã... o meu amor ardente pela criação levou-me ao Criador de todas as coisas"
"Sabia que iria batizar o meu bebé, custasse o que custasse. Sabia que não queria que ela se debatesse durante muitos anos como eu, duvidando e hesitando, indisciplinada e amoral. Sentia que era a melhor coisa que poderia fazer pela minha filha. Para mim, rezei pelo dom da fé... Tornar-me católica significava enfrentar a vida sozinha e eu sentia-me presa à vida familiar. Era difícil pensar em desistir de um companheiro para que a minha filha e eu pudéssemos tonar-nos membros da Igreja. O Forster não iria ter nada a ver com a religião, ou comigo se a abraçasse. Por isso esperei..."
"Aprendi a rezar o terço..."
"Eu amava a Igreja por Cristo tornado visível. Não por ela mesma, porque muitas vezes era um escândalo para mim. Romano Guardini disse que a Igreja é a Cruz na qual Cristo foi crucificado; não se pode separar Cristo da sua Cruz e temos de viver num estado permanente de insatisfação com a Igreja".
"Mas a palavra final é o amor. Às vezes foi, usando as palavras do padre Zossima, algo duro e terrível, e a nossa própria fé no amor foi provada pelo fogo.
Não podemos amar a Deus a não ser que nos amemos uns aos outros e, para amar, temos de conhecer-nos uns aos outros. Conhecemo-l'O pelo partir do pão, conhecemo-nos uns aos outros partindo o pão, e deixamos de estar sós. O Céu é um banquete e a vida também é um banquete, ainda que de côdeas duras, em que exige companheirismo.
Todos conhecemos a longa solidão e aprendemos que a única solução é o amor, e que o amor vem com a comunidade".
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
Se eu acender a luz, não morrerei sozinho
O livro recolhe as várias intervenções durante o decorrer do colóquio, bem como as músicas ou poemas musicados do concerto que realizou na Igreja Matriz de Tabuaço sob o título: Lado aberto. uma leitura musical e intertextual da poesia de Daniel Faria.
Refira-se que, estritamente, na paróquia além deste concerto, também a celebração da Santa Missa, em vigília de Pentecostes, presidida por D. António Couto, Bispo de Lamego, tendo ao seu lado, a concelebrar, D. Carlos Azevedo, Presidente do Colégio de Fundadores da Casa Daniel e bispo-delegado do Conselho Pontifício da Cultura no Vaticano.
O livro inclui ainda algumas fotos, na Igreja Matriz, celebração da Eucaristia e concerto musical, e na Granjinha, e também breve bio-bibliografia.
domingo, 10 de novembro de 2019
Domingo XXXII do Tempo Comum - ano C - 10.11.2019
1 – O amor exige eternidade. Quando duas pessoas se amam, namorados, pais e filhos, amigos, tendem a fazer perdurar o tempo que passam juntos e, quando não é possível, utilizar meios e instrumentos para se fazerem sentir próximos.
Diz-nos
o filósofo francês, Blaise Pascal: “O Homem ultrapassa infinitamente o
homem”. Por outras palavras, o homem não cabe em si mesmo, tende a
buscar-se até ao infinito e perpetuar-se para sempre; constitutivamente
limitado e finito, procura sobreviver para lá do tempo e da materialidade, além
das fronteiras do seu corpo e do seu espírito. Popularmente há (pelo menos)
três formas de a pessoa se perpetuar além da morte biológica: plantar uma
árvore, escrever um livro e deixar descendência.
A
nossa inteligência exige mais do que o vazio, mais que o termo, mais que o
abismo! Foi assim que o célebre psiquiatra brasileiro, Augusto Cury, chegou à
fé. A nossa inteligência exige sobrevivência à morte física, de contrário não
teria sentido todo o caminho e esforço por pensar e criativamente propor respostas
às dificuldades das pessoas.
O
ser humano não cabe no hiato de tempo que vai do nascimento à morte natural. É
pensado antes, gerado sem contribuir para tal, e deseja que a sua vida, o que é
e o que faz, não seja descartada só porque não está ou após a sua morte. É um
grito muito humano. Se tudo acaba agora, se tudo acaba ali, no último suspiro,
terá valido a pena viver, esforçar-se por ser melhor e por contribuir para uma
sociedade mais justa e humana, terá valido a pena sacrificar-se pelos outros,
entregar-se ao seu semelhante?
Se
tudo acaba na morte biológica, não precisamos de Deus. Se tudo acaba com a
morte, o bem e o mal que façamos será um momento fugaz! Ao fim e ao cabo, tanto
faz que apostemos no bem ou no mal. Na esteira de Nietzsche, o importante será
então a nossa vontade de poder e de prazer, sem precisarmos de dar contas a
ninguém, nem aos outros nem a Deus, tudo parte de nós e em nós tudo acaba!
2
– A fé em Deus exige a fé na eternidade! Um Deus limitado no antes ou no depois
não seria de todo, assim o entendemos racional e filosoficamente, Deus. As
grandes religiões apoiam-se na certeza que Deus é poderoso e omnipotente,
pré-existente a tudo, garantia da existência presente, e pós-existente a tudo.
Se nos relacionamos com a divindade, numa perspetiva amorosa, é expectável que
contemos perdurar com Ele, para sempre. É a consequência natural de quem ama:
que a relação não seja bloqueada por nada, mas se cristalize, renovando-se
constantemente, para que permaneça. "O amor é fidelidade no tempo"
(Bento XVI).
Jesus
é perentório, Deus «não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele
todos estão vivos», como, aliás, o dá a entender Moisés no episódio da
sarça-ardente, ao chamar o Senhor "Deus de Abraão, de Issac e de
Jacob".
Ao
longo da Sua vida pública, Jesus depara-se com as multidões que O seguem por
diferentes motivações, com os discípulos que a Ele vão aderindo, passando do
anonimato para um grupo visível e reconhecível, com grupos sociais e religiosos
como os doutores da Lei, fariseus, saduceus, herodianos e que, em em alguns
momentos, se unem para O provocarem e Lhe armarem alguma cilada.
Aproximam-se
d'Ele alguns saduceus e perguntam-Lhe acerca da ressurreição em que não
acreditam: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um
irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva,
para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se
e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o
mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu
também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os
sete a tiveram por mulher?».
Partindo
da Lei e da realidade, efémera e passageira, os saduceus interrogam-se como
será possível conjugar as situações concretas do tempo presente, com a vida
futura, na ressurreição, pressupondo que será continuação do que se vive agora!
Na
resposta, Jesus separa as águas: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em
casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na
ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já
não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição,
são filhos de Deus».
3
– Na primeira leitura, do segundo Livro de Macabeus, são-nos apresentados sete
irmãos, juntamente com a sua Mãe, que os anima na fé e lhes garante que Deus
não os desamparará nem agora nem na vida futura, compensando-os pela justiça,
pela fé e pela verdade com que viveram.
Nesta
passagem, o autor sagrado, mais em estilo de pregador do que historiador, ainda
que as duas dimensões estejam presentes, desenvolve, como nenhum outro escrito
do Antigo Testamento, a fé na ressurreição dos mortos, sobretudo dos justos que
ressuscitarão para a vida eterna. Está patente a recompensa dos justos, as
sanções além-túmulo, a oração pelos defuntos (acreditando precisamente que
"sobrevivem" à morte), o mérito dos justos/santos, a intercessão dos
santos. É um texto que nos aproxima do Evangelho. Nesta perspetiva encontramos
outros textos veterotestamentários como Isaías, Job, Ezequiel ou Daniel, mas
nenhum tão clarividente como este segundo livro de Macabeus.
Os
judeus vivem sob o jugo do rei sírio, século II e I antes de Cristo, e as
dificuldades de convivência religiosa tornam-se complexas, ganhando a
intolerância e o fundamentalismo. Os judeus são obrigados a renunciar às
práticas religiosas, sujeitando-se, caso não cumpram, a ser mortos. Estes sete
irmãos, fortalecidos pelas palavras e pelo exemplo de sua mãe, resistem à
chantagem e à ameaça.
As
respostas dos irmãos são elucidativas: «Estamos prontos para morrer, antes
que violar a lei de nossos pais... o Rei do universo ressuscitar-nos-á para a
vida eterna, se morrermos fiéis às suas leis... Do Céu recebi estes membros e é
por causa das suas leis que os desprezo, pois do Céu espero recebê-los de
novo... Vale a pena morrermos às mãos dos homens, quando temos a esperança em
Deus de que Ele nos ressuscitará; mas tu, ó rei, não ressuscitarás para a
vida».
Diz-nos
o autor sagrado que o próprio rei estava admirado com a coragem destes jovens.
A coragem vem-lhes da fé, da certeza que Deus não os abandonará na morte.
4
– A fé na ressurreição, a esperança na vida eterna, não se fixa no depois da
morte, mas no caminho a percorrer na história e no tempo. Isso mesmo se
depreende do questionamento feito a Jesus e das respostas dadas pelos sete
irmãos ao Rei sírio, mostrando que a vida em Deus é um continuum entre o
tempo atual e o futuro. A salvação é dom de Deus, mas necessita, sempre, do
nosso assentimento, da nossa adesão à Sua vida e à Sua vontade. Jesus clarifica
a novidade da eternidade, mas liga esta à postura em vida: os que forem achados
dignos, isto é, os que procuraram manter-se fiéis à vontade do Pai.
O
embate com as situações reais e concretas, sobretudo com as adversidades, nem
sempre é fácil, pelo sofrimento ou pelas dúvidas que provoca, ou até mesmo pela
incerteza, em tantos momentos, que estejamos a fazer o que é certo. Nestes
momentos a nossa oração terá que ser mais diligente e persistente. A
Eucaristia, oração por excelência, que nos faz acolher Jesus Cristo, Palavra
viva, mistério de morte e ressurreição, Corpo que Se faz comunhão e vida,
traz-nos momentos específicos para a oração, orações dentro da oração. A
começar: «Deus eterno e misericordioso, afastai de nós toda a adversidade,
para que, sem obstáculos do corpo ou do espírito, possamos livremente cumprir a
vossa vontade».
Ao
respondermos à Palavra de Deus, com o salmo, o compromisso com o que pedimos a
Deus. «Ouvi, Senhor, uma causa justa, atendei a minha súplica. Escutai a
minha oração, feita com sinceridade. Firmai os meus passos nas vossas veredas,
para que não vacilem os meus pés. Eu Vos invoco, ó Deus, respondei-me, ouvi e
escutai as minhas palavras. Protegei-me à sombra das vossas asas, longe dos
ímpios que me fazem violência. Senhor, mereça eu contemplar a vossa face e ao
despertar saciar-me com a vossa imagem».
5
– O Apóstolo São Paulo, na segunda leitura, escreve-nos (quase) em forma de
oração, de intercessão por nós a Deus. "Jesus Cristo, nosso Senhor, e
Deus, nosso Pai, que nos amou e nos deu, pela sua graça, eterna consolação e
feliz esperança, confortem os vossos corações e os tornem firmes em toda a
espécie de boas obras e palavras".
À
oração que faz por nós, e que lembra o Papa Francisco em muitas intervenções, o
Apóstolo junta o pedido de oração para que o seu ministério seja profícuo: "Orai
por nós, para que a palavra do Senhor se propague rapidamente e seja
glorificada, como acontece no meio de vós". E logo nos recorda da
fidelidade de Deus, ainda que sejamos infiéis. "Ele vos dará firmeza e
vos guardará do Maligno. O Senhor dirija os vossos corações, para que amem a
Deus e aguardem a Cristo com perseverança".
Pe. Manuel Gonçalves
Textos para a Eucaristia (C): 2 Mac 7, 1-2. 9-14; Sl 16 (17); 2 Tes
2, 16 – 3, 5; Lc 20, 27-38.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
terça-feira, 8 de outubro de 2019
Paróquia de Pinheiros | Santa Eufémia 2019
Belíssima música que acompanha este videoporama: DABAR - Faz-te ao largo.
domingo, 6 de outubro de 2019
Paróquia de Tabuaço | Primeira Comunhão 2019
Créditos fotográficos: Paróquia de Tabuaço / Frederico Gomes
Música de fundo: Claudine Pinheiro - Transformai-vos, do Álbum "Até quando?"
sábado, 5 de outubro de 2019
Paróquia de Tabuaço | Profissão de Fé 2019
Acompanham as fotos, duas belíssimas músicas do grupo cristão de Vila Real, DABAR (A Palavra) - "Jardineiro de sonhos" e "À volta".
quinta-feira, 3 de outubro de 2019
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Discípulos missionários do Deus desconhecido
"Quantas vezes os batizados trocam o encontro comunitário com Deus por uma simples ida a uma catedral desportiva ou por uma manhã de compras no centro comercial! Eis o despotismo da indiferença... já não se trata da negação de Deus, mas do Seu desconhecimento... Um evangelizador tem de se destacar pela diferença: ele não vende Deus, dá-O a conhecer, dá-O gratuitamente para saciar a sede de todos os que vivem perto e longe d'Ele, todos os que O amam ou O negam, e de modo especial a todos os que vivem atormentados com medo, subjugados a facilitismos cegos, guiados pela prevenção esotérica... aquelas pessoas que 'tateando', procuram na escuridão longínqua um Deus que, na verdade, está bastante próximo de cada um (cf. Atos 17, 27)".
"O anúncio do Evangelho também tem de ser feito em Braga, em Lamego, em Vila da Ponte, em nossa casa, no meio desta 'apostasia silenciosa', onde os próprios batizados vivem como se Deus não existisse... é necessário que sejamos corajosos e criativos... temos de ser nós a sair, a ir até às mais variadas periferias... As potencialidades dos novos meios comunicativos são imensas e, se soubermos aproveitar, podemos fazer com que os valores gravados nas páginas da Sagrada Escritura cheguem até às imensas pessoas que se servem deles, e que estão neles! Na verdade, mais que simples meios, eles também são em si mesmos um 'lugar de encontro e de testemunho da fé, são autênticas mediapolis". Por outro lado, "nesta missão, não existem pessoas que possam ser dispensadas, nem lugares a serem evitados... Impõe-se que estejamos online neste Areópago digital mundial, sem que isso nos faça perder a consciência de que o virtual não substitui o real! Na verdade, sempre que possível, o clique deve levar ao toque, à proximidade física, à reunião comunitária, porque acima de tudo, o Deus que anunciamos não está distante, mas 'inacreditavelmente próximo de nós', é n'Ele que 'vivemos, nos movemos e existimos' (Atos 17, 28a)".
"Jesus Cristo foi o primeiro agente e modelo de inculturação! Assumiu, verdadeiramente, a natureza humana com tudo aquilo que isso implicava: ser membro de um povo com hábitos e costumes, língua e religião, uma cultura humana concreta... O primeiro passo para uma evangelização fecunda assenta no escutar e compreender o modo de pensar das pessoas que estão diante de nós, fazer como Paulo em Atenas".
"Uma fé que não se torna cultura é uma fé não plenamente acolhida, não totalmente pensada, não fielmente vivida" (João Paulo II). "Ciência e fé não são opostas, não se sobrepõem, não se confundem, mas completam-se... Se queremos ser autênticos discípulos missionários... temos de estar firmemente enraizados n'Aquele em Quem acreditamos e intelectualmente preparados para dialogar com os representantes das mais diversas áreas do mundo da cultura".
"A nossa sociedade está a ser abalada por uma crise de esperança... se também nós cedermos ao pessimismo e nos tornarmos sócios da lamúria permanente, condenaremos o futuro à esterilidade... Eis-nos aqui, hoje, num tempo novo, numa conjuntura que deve ser encarada com prudência, realismo e ânimo... Não podemos ser escravos do medo! É verdade que nem sempre um evangelizador obtém os resultados esperados, mas a evangelização não é uma questão de multidões”. Devemos tornar-nos “sensíveis a cada realidade humana, fiéis à verdade, sem medo dos resultados, sempre disponíveis para mostrar o rosto de Deus... Não podemos ficar acomodados a ver o tempo passar".
AUGUSTO CURY - FELICIDADE ROUBADA
"A necessidade de evidência social é um dos sintomas da infelicidade".
“Mais de 3 mil milhões de pessoas, mais cedo ou mais tarde, desenvolverão um transtorno psiquiátrico... as sociedades modernas tornaram-se uma fábrica de pessoas stressadas".
"Antes escraviza-se o corpo, hoje escraviza-se a mente".
"Azedas a alma com as tuas reclamações".
“Quando se ama não há sacrifícios, apenas há prazer em dar". \
"É melhor compreender do que julgar".
- Tratei e operei milhares de pacientes como um vendedor de tempo e de qualidade de vida. fazia quase o impossível para prolongar meses, ou mesmo alguns dias, a vida de cada paciente que estava no último estágio da vida...
- Todos os cérebros estão tranquilos quando se está distante da morte. Contudo, quando se aproximam dela, milhares de milhões de neurónios entram em estado de choque, clamam pela continuidade da existência através do aumento da frequência cardíaca... Se todos os seres humanos estivessem às portas da morte, ainda que virtualmente, através de um ataque de pânico, não haveria guerras, corrupção, disputas irracionais. Erradicaríamos as nossas loucuras. Nós seres humanos, vivemos como deuses, embora saibamos que somos mortais.
- A questão toda não é se Deus existe ou não, se se é materialista ou espiritual, se se é neurocientista, como eu fui, ou um leigo. A questão é que Deus tem de existir, senão a vida humana tornar-se-ia uma ilusão. Você ama, mas nunca mais poderá tocar quem ama e conviver com eles. É possível aceitar este fatalismo? Só se não se ama ou se não se tem consciência das sequelas irreparáveis do fim da existência. Já parou para pensar sobre o que acontece na solidão de um túmulo?
- Esfacela-se a memória, silencia-se a consciência, destrói-se a autonomia... tenho necessidade de crer em Deus.
- O edifício do presente apoia-se nos alicerces do passado, seja ele glorioso ou desastroso...
- Quem cobra demasiado de si próprio, sabota a sua saúde emocional, aumenta os níveis de exigência para ser feliz...
- Amar é necessitar, trocar, entregar-se, procurar, esperar...
- Uma dívida de amor não é uma dívida numérica...
- Se as palavras fossem balas, todos seríamos assassinos
- Quem só vê à sua frente a sua profissão ou o seu partido político tem um desequilíbrio intelectual doentio
- Todos vamos morrer. Quando? Não sabemos. O importante é fazer de cada dia um momento eterno
- Quem tem ciúmes diminui-se e sobredimensiona o outro... vive em função da perda... quem tem medo da perda, já perdeu.
- Ter uma cama confortável não quer dizer dormir bem
- Ter comida farta à mesa não quer dizer ter prazer em comer
- Conheço muitos milionários que mendigam o pão da alegria
- Saber corretamente uma língua não quer dizer ter maturidade para falar de si próprio e educar
- Ter bajuladores não quer dizer ter um ombro em que se apoiar quando o mundo desaba
- Ter um seguro de automóvel, de habitação, de vida, não significa, em hipótese alguma, ter proteção psíquica
- Ter tido uma vida mutilada, privada, ferida, abandonada não quer dizer ser programado para ser infeliz, doente, emocionalmente miserável
- Sem esperança, a emoção não tem oxigénio.
quinta-feira, 26 de setembro de 2019
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Augusto Cury - Tu és insubstituível
VIKTOR E. FRANKL - O Homem em busca de um sentido
Já muitos relatos foram escritos sobre os campos de extermínio nazi, com testemunhos daqueles que sobreviveram. O autor, contudo, mais que nos relatar a vida desumana nos campos, tem como objetivo ajudar as pessoas a encontrar um sentido para as suas vidas, não universal, mas o sentido concreto para cada pessoa e pelo qual valha a pena viver e lutar.
A apresentadora Fátima Lopes, no seu livro "Fátima, o meu caminho, a minha fé", que já sugerimos como leitura, revela que esta obra faz parte das que tem na mesinha de cabeceira, para ler e reler. Seguindo a recomendação procurámos o livro e, depois de o lermos, secundamos a conselho de Fátima Lopes, pois é uma leitura que nos prende da primeira à última página, quer na parte do testemunho quer na apresentação que o famoso psiquiatra elaborou.
O autor passou por quatro campos de concentração durante a 2.ª Guerra Mundial, nunca se deixando abater pelas contrariedades e pela desumanidade com que foi tratado, ele e os companheiros. Para trás, os prisioneiros deixaram tudo, mulher, filhos e bens. Entram no campo de concentração nus, despidos das roupas e da "dignidade", à qual nunca renunciará e que sustenta que nunca se perde. Uma das expressões contundentes do autor, é que a dignidade é inerente à pessoa, não tem a ver com utilidade, pois dessa forma se justificaria a eutanásia, tal como praticada pelo nazismo.
Antes da guerra, já Viktor Frankl tinha credibilidade como psiquiatra, especializado no estudo da depressão e do suicídio. Inicialmente seguiu de perto Freud, com quem manteve correspondência, e Alfred Adler, dos quais se viria a distanciar na prática clínica. Para Sigmund Freud, a vida é sobretudo a busca de prazer e para Adler a busca de poder. Par o autor, a vida é sobretudo a busca de sentido. Três fontes de sentido: o trabalho (fazer alguma coisa significativa), o amor (cuidar de outra pessoa) e a coragem em tempos difíceis. Como refere a nota introdutória, acerca do pensamento de Frankl, "não podemos controlar o que nos acontece na vida, mas podemos sempre controlar o que iremos sentir e fazer quanto àquilo que nos acontece".
Viktor desenvolveu um programa pioneiro com os estudantes de Viena, que reduziu a zero a taxa de suicídios. A sua brilhante carreira viria a ser interrompida pelo Nacional Socialismo. Teve em mãos um visto para emigrar para os EUA, mas escolheu ficar para cuidar dos pais. Em 1942, foi deportado para um gueto e, mais tarde para Auschwitz. Com ele, também o irmão e o pai, que não sobreviveram. Também a mulher, grávida, foi para os campos de concentração. Só ele sobrevivia.
Uma das expressões que utiliza, em diversas ocasiões, até para explicar a logoterapia, a busca de sentido, é Nietzsche: "Aquele que tem uma razão para viver pode suportar quase tudo". Quem tem um motivo, uma razão para viver, mais facilmente encara as dificuldades e os contratempos, por mais violentos que sejam. O autor agarrou-se ao livro que lhe foi tirado quando entrou no gueto... Toma consciência que perdeu tudo, mas ainda assim começa logo a reescrever mentalmente o livro, para depois tomar notas (usando a estenografia) em cada pedaço de papel que vai encontrando, para que quando estiver em liberdade o livro possa ser publicado. Por outro lado, pensa na Mulher. Não sabe se está morta ou viva, mas fala com ela e interpreta positivamente alguns sinais ou coincidências, como quando um pássaro vem pousar perto dele. Cria conversas com a mulher que o serenam, motivam-no, fazem esquecer a degradação, ajudam-no a continuar.
Há outros fatores que o ajudam a sobreviver, os companheiros, os guardas que encontra, a própria sorte, pois não passa de um número que pode ser necessário para entrar nalgum camião da morte. Sobrevivendo, recusará sempre a culpa coletiva do povo alemão. Também aí a logoterapia se estende. A dignidade da pessoa mantém-se em todas as situações. A pessoa não é apenas a conjugação de dados inatos, do ambiente em que cresceu e vive e das circunstâncias. É também livre e responsável. E, por isso, diz claramente que há "porcos e santos" dos dois lados da barricada, dos prisioneiros e dos guardas. Mais tarde alguém lhe perguntou porque é que continuava a escrever em alemão, a língua de Hitler. Então o autor pergunta-lhe se tem facas na cozinha. Como a senhora respondesse que sim, então Frankl rebate: Como é que ainda consegue usar facas depois de tantos assassinos as terem usado para apunhalar e matar as suas vítimas?
"Não havia nem tempo nem vontade para olhar para questões éticas ou morais. Cada pessoa era controlada por um único pensamento: manter-se viva para a família que a esperava em casa e salvar os seus amigos"."Em geral, só conseguiam ficar vivos aqueles que, após anos a saltar de campo em campo, tinham perdido todos os escrúpulos na sua luta pela sobrevivência; estavam prontos a usar todos os meios, honestos ou não, até mesmo a força brutal, o roubo e a traição dos amigos, de maneira a salvarem-se. Nós, os que voltámos a casa, com a ajuda de muitas circunstâncias felizes ou milagres - seja qual for o nome que escolhemos dar-lhe - nós sabemos: os melhores de entre nós não regressaram"."A parte mais dolorosa de uma agressão é o insulto que implica""O meu espírito mantinha-se preso à imagem da minha mulher. Ouvi-a a responder-me, via o seu sorriso, o seu olhar franco e encorajador. Real ou não, esse olhar era naquele momento mais luminoso que o Sol que começava a nascer... A verdade - o amor é o supremo e mais elevado objetivo a que o Homem pode aspirar. Vislumbrei então o significado do maior segredo que a poesia, o pensamento e as crenças dos seres humanos podem comunicar: a salvação dos homens consegue-se no amor e pelo amor. Compreendi como pode um homem a quem nada resta no mundo conhecer ainda assim a felicidade, mesmo que por breves instantes, na contemplação do ser amado... o meu espírito continuava agarrado à imagem da minha mulher... o amor vai muito além da pessoa física do ser amado... Sentia a sua presença com cada vez mais intensidade, sentido que estava comigo; tinha a sensação de poder tocá-la, de poder esticar a minha mão e pegar na dela. Esse sentimento era muito forte: ela estava ali. Então, nesse preciso momento, um pássaro voou em silêncio e veio pousar mesmo à minha frente, num monte de terra que tinha escavado da vala, e ficou a olhar fixamente para mim... Escuta, Otto [companheiro, a quem comunica o seu testamento], se não voltar para a minha mulher e se a vires outra vez, diz-lhe que falei dela todos os dias, a todas as horas. Não te esqueças. Segundo, amei-a mais do que a qualquer outra pessoa. Terceiro, o pouco tempo que estive casado com ela supera tudo, até mesmo aquilo que passámos aqui".
História da Morte em Teerão
"Um persa rico e poderoso caminhava certo dia no seu jardim na companhia de um dos seus criados. O criado gritou que tinha acabado de encontrar a Morte, que o tinha ameaçado. Implorou ao amo que lhe desse o cavalo mais rápido de maneira a poder fugir para Teerão, onde poderia chegar nessa mesma noite. O amo acedeu e o criado afastou-se a galope no cavalo. Ao regressar a casa, o amor encontrou também a Morte, e questionou-a: «Por que razão assustaste e ameaçaste o meu criado?» E a Morte disse: «Não o ameacei; limitei-me a mostrar surpresa por estar ainda aqui quando tinha planeado encontrar-me com ele esta noite em Teerão».Nietzsche: "Aquilo que não me mata torna-me mais forte".
"As experiências da vida nos campos mostram que os homens têm realmente a possibilidade de escolher. Houve muitos exemplos, com frequência de natureza heróica, que demonstraram que a apatia podia ser vencida e a irritabilidade dominada. O Homem pode preservar um vestígio de liberdade e independências espirituais, até mesmo em condições terríveis de stress físico e psíquico... Homens que iam de caserna em caserna para confortar os outros, oferecendo-lhes o último pedaço de pão. Podem ter sido poucos, mas constituem prova suficiente de que tudo pode ser tirado a um homem, menos uma coisa: a última das liberdades humanas - a possibilidade de escolhermos a nossa atitude em quaisquer circunstâncias, de escolher a nossa maneira de fazermos as coisas"."É uma característica peculiar dos seres humanos só conseguirem viver a olhar para o futuro - sub specie aeternitatis. E isto é a sua salvação nos momentos mais difíceis da existência, embora por vezes tenham de forçar-se a prosseguir"."A emoção, que constitui sofrimento, deixa de ser sofrimento logo que formamos uma ideia clara e distinta a seu respeito"."O preso que perdesse a fé no futuro - o seu futuro - estava condenado. Ao perder a crença no futuro, perdia igualmente o controlo espiritual; deixava-se decair e ficava sujeito a um definhamento físico e mental"."O homem pode ser chamado a aceitar simplesmente o destino, a carregar a sua cruz... Quando um homem descobre que o seu destino é sofrer, terá que aceitar esses sofrimento como sua missão; a sua missão única e exclusiva. Terá que reconhecer o facto de que, até mesmo no sofrimento, é único e está só no universo. Ninguém pode libertá-lo do seu sofrimento ou de sofrer no seu lugar. A sua oportunidade única reside na forma como carrega o seu fardo"."Ter sido é também uma forma de ser, e talvez das mais seguras... Há alguém a olhar por cada um de nós nos momentos difíceis - um amigo, uma esposa, alguém vivo ou morto, ou um Deus - e essa pessoa não gostaria que a desiludíssemos. Esperaria ver-nos a sofrer com orgulho - e não abatidos - sabendo como morrer"."Há duas raças de homens neste mundo e só estas duas - a «raça» dos homens decentes e a «raça» dos homens indecentes. Podemos encontrar uma e outra por todo o lado; elas permeiam todos os grupos sociais. Nenhum desses grupos consiste inteiramente de pessoas decentes ou indecentes. Neste sentido, nenhum grupo é uma «raça pura» - e podíamos, portanto, encontrar ocasionalmente uma pessoa decente entre os guardas do campo"."A experiência suprema entre todas, para o homem que regressa a casa, é o sentimento maravilhoso de que, depois de tudo quanto sofreu, não há mais nada a temer - exceto o seu Deus"."O amor é a única maneira de compreender outro ser humano no fulcro mais íntimo da sua personalidade. Ninguém pode ter um conhecimento profundo e completo da essência do outro ser humano a menos que o ame. Por meio do seu amor, fica capacitado para ver os traços e as características essenciais da pessoa amada; mais ainda, vê aquilo que há em potência nela, ainda que não efetivado mas que deveria sê-lo. Para além disso, por meio do amor, a pessoa que ama permite àquela que é amada a efetivação desses potencialidades. Ao torná-la consciente daquilo que pode ser e daquilo em que deveria transformar-se, torna essas potencialidades reais... O amor é um fenómeno tão primário como o sexo. Normalmente, o sexo é um modo de expressão do amor. O sexo é justificado, é até santificado, logo que se tornar um veículo do amor, mas só na medida em que o seja. O amor não é, assim, compreendido como um mero efeito secundário do sexo; é, antes, o sexo que constitui uma forma de exprimir a experiência dessa derradeira forma de comunhão que se chama amor"."A liberdade não é a última palavra. A Liberdade é só uma parte da história e metade da verdade. A liberdade não é senão o aspeto negativo do fenómeno no seu todo, cujo aspeto positivo é a responsabilidade., De facto, a liberdade está em risco de degenerar em mera arbitrariedade, a menos que seja vivia num âmbito de responsabilização. Por este motivo recomendo que a Estátua da Liberdade na costa leste seja completada com uma Estátua da Responsabilidade na costa oeste"."O Homem é esse ser que inventou as câmaras de gás de Auschwitz; no entanto, é igualmente o ser que entrou nas câmaras de gás de cabeça erguida, com o Pai Nosso ou o Shema Yisrael nos lábios"."Sigmund Freud declarou uma vez, «deixemos alguém tentar expor à fome um certo número dos mais diversificados tipos de pessoas. À medida que aumentar a necessidade imperativa da fome, todas as diferenças individuais tenderão a esbater-se e a dar lugar à expressão uniforme do único instinto por saciar». Graças a Deus, Freud foi poupado ao conhecimento dos campos de concentração por dentro. Os seus pacientes deitam-se num divã luxuoso de estilo vitoriano e não na imundice de Auschwitz. Aí, as «diferenças individuais» não se »apagaram», pelo contrário, as pessoas tornaram-se mais diferentes; as pessoas desmascaram-se, tanto os porcos como os santos. E hoje em dia já não precisamos de hesitar em usar a palavra «santos»: basta pensar no padre Maximiliano Kolbe, forçado a passar fome e por fim assassinado com uma injeção de ácido carbólico em Auschwitz e que em 1983 foi canonizado".
sexta-feira, 6 de setembro de 2019
sexta-feira, 30 de agosto de 2019
João António - Onde está Jesus, hoje?
Amo-te, minha mãe, minha mãe Igreja.
Amo-te, porque me dás o que ninguém mais me consegue dar: Cristo, Maria, os santos e o convívio diário com pessoas que exalam o incomparável perfume de Deus.
Amo-te, porque nem nos momentos de maior fragilidade desistes da nossa humanidade.
Amo-te, porque és tu que tens levado o Evangelho da paz e da esperança a tantos deserdados deste mundo.
Amo-te, porque és tu que queres aqueles que mais ninguém quer.
Amo-te e quero-te mais do que nunca.
É contigo que espero continuar a viver. E é nos teus braços que, um dia, quero morrer.
segunda-feira, 26 de agosto de 2019
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
FÁTIMA LOPES - FÁTIMA, O MEU CAMINHO, A MINHA FÉ
"Defino-me como uma mulher de fé. Levo Fátima marcado no meu nome e na minha data de nascimento, 13 de maio, mas foi ali, naquele silêncio esmagador de mais de 500 mil peregrinos junto do seu pastor que eu senti que tinha de ir mais fundo, mais longe, na minha vida e na minha fé... Também eu queria escrever a minha história de peregrina. Também eu queria passar em análise a minha vida, enquanto caminhava, quilómetro a quilómetro. Queria sentir o milagre de Fátima e viver no meu coração a certeza de que o Papa Francisco nos deixou na homilia do dia 13 de maio: «Temos Mãe»... Este ano faço 50 anos e 25 anos de carreira na televisão. É por isso um ano repleto de celebrações para mim, como tudo o que cada uma delas significa... Este livro é por isso um marco. Uma reflexão sobre a minha vida, os meus valores, aquilo em que acredito e o que me move. Uma forma de agradecer tudo o que a vida me tem dado e todas as experiências que tenho vivido".
quinta-feira, 15 de agosto de 2019
SEÁN O’MALLEY - GAMBIARRAS DE LUZ
sexta-feira, 19 de julho de 2019
LUIGI MARIA EPICOCO - SAL, NÃO MEL
É leitura sobre as três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade. A abrir, o autor cita o Diário de um pároco de aldeia, de Georges Bernanos: "Uma cristandade, como como um homem, não se nutre de compota. O bom Deus não escreveu que fôssemos o mel da terra, meu rapaz, mas o sal... O sal, sobre a pele ferida, é uma coisa que arde. Mas também a impede de apodrecer". A partir daqui Luigi Picoco reflete sobre a vida espiritual como dom e como caminho, encontro entre a Graça de Deus e a nossa abertura para a acolher na nossa vida. "A nossa vida está sempre prestes a apodrecer... As coisas que se arriscam a apodrecer são as coisas vivas, as coisas transbordantes de vida... Uma doença desenvolve-se onde há vida. Uma chaga dói porque agride um corpo vivo".
Por vezes, na vida espiritual somos como discípulo noturno, como Nicodemos, temos a necessidade de escutar Jesus, de O seguir, de alargar a nossa humanidade, mas ao mesmo tempo estamos presos à noite, ao julgamento dos outros, com medo de perder o pé. Optamos pelo compromisso, ansiosos pelo Espírito, mas não abdicando das nossas certezas. "A humildade é deixar de confiar em nós mesmos e começar a confiar exclusivamente n'Ele".
Antes de refletir especificamente sobre as virtudes teologais o autor faz-nos ver que elas são dom de Deus. Não são esforço nosso. É dom do Céu. "No máximo, humanamente, somos capazes de confiança, que é assunto diferente da Fé; somos capazes de otimismo que não é Esperança, e somos capazes de bem que é matéria diferente de Caridade", aos quais hão de corresponder comportamentos humanos, mas estes só por si são insuficientes.
"A Fé uma direção, não uma explicação... Caminhos mais que respostas... A Fé é sempre um caminho. É uma direção na escuridão... uma estrada a percorrer". A Fé liberta-nos da posse. É significativo que Abraão "abdique" da posse do seu filho Isaac, por acreditar no amor de Deus.
A Fé fala da relação de amor, entre mim e Ele. Deus ama-me! A Esperança é acreditar que no fundo de tudo o que existe está escondido o bem. Assim, a esperança diz respeito á nossa relação com tudo o que Deus criou. Há que conjugar, então, a relação entre duas montanhas, a do Tabor e a do Calvário. O Tabor mostra-nos a divindade de Jesus. O Calvário, a Sua humanidade. "Na hora da cruz, a hora do Calvário, não verás mais luz, mas só a memória da luz te poderá segurar. É a memória profunda, a recordação de quem uma vez vimos uma luz. É isto que nos salva na escuridão... A Esperança é a memória viva desta luz que nos acompanha quando estamos na escuridão".
O primordial é a Caridade. A Fé e a Esperança são necessárias, mas o fundamento é o amor, a caridade. "A Fé é crer que Deus me ama. A Esperança é saber que, no fundo de tudo, o que existe é um bem... A Caridade é saber que primeiro que tudo, antes de qualquer coisa, existe o amor". É importante amar, mas igualmente saber-se e sentir-se amado. "Ser cristão não significa viver apenas o mandamento de amar. O mandamento do amor é amar, sim, mas também deixar-se amar. Isto fundamenta a nossa vida. É o pressuposto para que uma vida permaneça humana, porque o coração do homem, crente ou não-crente, cristão ou não-cristão, exige, pela sua natureza, saber-se amado... Todos procuramos o amor, todos procuramos ser amados. A maior parte das nossas patologias nascem exatamente do amor, isto é, de não nos sentirmos amados... a única coisa que satisfaz o nosso coração, mais ainda que a Fé, mas do que a Esperança, é o Amor, é a Caridade, é saber-se amado de maneira estável, definitiva, decisiva... Só o amor cura a nossa angústia, a nossa tristeza, o nosso desconforto, a nossa insatisfação. Só o Amor. Deus envia o Seu Filho ao mundo por tomar a sério este desejo de nos sentirmos amados que existe em todos nós... Não são os mandamentos que nos fazem sentir amados... Deus dá-nos o Filho. Porque sabe que temos necessidade da concretização do Amor e não da explicação do Amor... O amor preenche-nos a vida... A Caridade é o pressuposto da vida".
quinta-feira, 18 de julho de 2019
Santo Bartolomeu dos Mártires
Exposição anagógica da Oração Dominical
Pai. Por natureza e graça, nos comunicastes o ser, os sentidos e os movimentos naturais, bem como a essência da graça, isto é, o seu movimento, que nos faz viver.
Nosso. Porque, com a concessão liberal da vossa bondade, gerais em cada dia muitos filhos segundo o ser espiritual da graça e do amor.
Que estais nos céus. Quer dizer, que habitais admiravelmente naqueles que são chamados a viver no Céu, isto é, que estão firmes no vosso amor, sempre movidos pela assiduidade dos desejos sublimes, como se estivessem ornados de estrelas, o mesmo é dizer, de virtudes.
Santificado seja o vosso nome. Realize-se em mim, sem nada de terreno, o vosso nome, com a purificação de todos os afectos mundanos.
Venha a nós o vosso reino. Reina inteiramente e sempre em mim, não só para que não haja nenhum movimento ou acto contra os vossos preceitos, mas para que todas as minhas acções sejam feitas com a aprovação da vossa providência. São Bernardo, no comentário septuagésimo terceiro ao Cântico dos Cânticos, expõe esta matéria do segundo advento, dizendo: “Oh se acabasse já este mundo e se manifestasse o vosso reino! Isto é o que ardentemente deseja a esposa, ou seja, a Igreja”.
Seja feita a vossa vontade. Nos homens da terra como nos habitantes do Céu, isto é, nos firmes, nos que sempre estão em crescimento, ornados de estrelas, como acima dissemos.
O pão nosso de cada dia. Ó Pai, se não mandardes, lá do alto, o pão do fervor e da consolação espiritual, todos os dias e a todas as horas, depressa desfaleceremos e iremos procurar pão vilíssimo de consolações exteriores. Enviai-nos, Pai benigníssimo, as migalhas daquela mesa opulentíssima, pois se com elas (quer dizer, com os actos de amor unitivo) não for alimentado todos os dias, perderei por certo, o vigor da fortaleza.
Perdoai-nos as nossas dívidas. Perdoai o castigo devido até pelos mais leves pecados. Detesto-os, odeio-os, porque fazem obscurecer o raio da vossa luz e tornam tíbio o fervor do meu amor.
Não nos deixeis cair em tentação. Quanto mais Vos amo, benigníssimo Senhor, mais temo separar-me de Vós, considerando a fragilidade da minha carne e a astúcia das investidas do inimigo. Não permitais, que alguma vez eu ceda às suas carícias ou ciladas, mas livrai-me das muitas inclinações para o mal, bem como das penas do Purgatório, na medida em que podem adiar a vossa dulcíssima visão.











