sábado, 31 de julho de 2021

quinta-feira, 29 de julho de 2021

Santos irmãos Marta, Maria e Lázaro, amigos de Jesus

"A 2 de fevereiro do presente ano, de 2021, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos decretou que a Igreja passasse a celebrar os Santos Marta, Maria e Lázaro numa única Memória Litúrgica, a 29 de Julho, que o Calendário Litúrgico já dedicava a Santa Marta, exclusivamente. E que bom que assim é! A Igreja reconhece assim o grande dom da amizade, dos grupos de amigos, e a importância deste grupo de amigos especiais de Jesus.
Ação e contemplação não se contradizem. Aliás, não existe vida cristã sem que as duas dimensões estejam presentes. Porém, a missão nasce da escuta do Senhor, do estar aos pés de Jesus a ouvi-lo" (Passo a Rezar, 29 de julho).

Nota Histórica
Marta, Maria e Lázaro eram irmãos. Tendo hospedado o Senhor em sua casa de Betânia, Marta servia-O diligentemente e Maria escutava-O piedosamente; e com as suas orações pediram a ressurreição do irmão.

Oração de coleta:
Senhor nosso Deus, cujo Filho chamou de novo Lázaro do sepulcro para a vida e aceitou a hospitalidade que Marta Lhe oferecia em sua casa, concedei-nos que, servindo a Cristo em cada um dos nossos irmãos, mereçamos ser alimentados com Maria na meditação da sua palavra.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Evangelhos propostos:

Evangelho de São João (11, 19-27):
Naquele tempo, muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte do irmão. Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». Marta respondeu: «Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia». Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; e todo aquele que vive e acredita em Mim, nunca morrerá. Acreditas nisto?». Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo».
Ou Evangelho de São Lucas (10, 38-42):
Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me». O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».
São Bernardo, abade
(Sermo 3 in Assumptione beatæ Mariæ Virginis, 4. 5: PL 183, 423. 424).
Na nossa casa o ordenamento da caridade distribuiu três ministérios

Consideremos, irmãos, como uma caridade bem ordenada distribuiu três diferentes ocupações na nossa casa, dando a administração a Marta, a contemplação a Maria e a penitência a Lázaro. Qualquer alma perfeita tem tudo isso conjuntamente; todavia cada uma dessas ocupações parece convir mais a um do que a outros, de modo que se dedicam uns à santa contemplação, outros ao serviço dos seus irmãos e outros, por fim, a refletirem de alma amargurada nos anos da sua vida, como feridos dormindo nos sepulcros. Eis meus irmãos, sim: eis como Maria deve pensar no seu Deus com piedosos e elevados sentimentos, Marta no seu próximo com disposições de benevolência e de misericórdia e Lázaro em si mesmo com humildade e comiseração.
Considere cada qual em que situação se encontra. «Se estes três homens – Noé, Daniel e Job – se encontrarem nessa cidade, livrar-se-ão a si mesmos pela sua justiça, diz o Senhor, mas não poderão livrar nem filho nem filha». Não adulo ninguém e oxalá que também nenhum de vós se iluda! Os que não receberam qualquer ocupação, nenhum cargo para desempenhar, devem manter-se sentados, ou aos pés de Jesus com Maria, ou então no fundo do sepulcro com Lázaro. E porque não haveria Marta de andar atarefada com muitas coisas, se ela tem por função ocupar-se de todos os outros? Mas a ti, que não tens essa incumbência, resta-te uma das outras duas: ou não ficares perturbado, e antes te deleitares mais no Senhor ou, se ainda não és disso capaz, a não te preocupares com mais nada, mas somente contigo, como diz de si próprio o Profeta.
Mas também a própria Marta deve ser advertida de que o que acima de tudo se requer nos administradores é que sejam fiéis. Ora será fiel se procura os interesses de Jesus Cristo e não os seus, se tiver uma intenção pura, se faz a vontade de Deus e não a sua, se, enfim, a sua atividade for bem regulada. Há quem não tenha o olhar puro e receberá a sua recompensa. Outros há que se deixam guiar pelos seus próprios impulsos e tudo o que fazem está contaminado pela marca da sua vontade própria que aí fica gravada.
Vem agora comigo ao canto nupcial e consideremos como o Esposo, quando chama a si a Esposa, nem omite alguma destas três coisas nem lhes acrescenta nada: «Levanta-te – diz ele – vem daí, ó minha bem amada, formosa minha, minha pomba e vem!». Não será bem amada, porventura, a alma que só pensa nos interesses do seu Senhor e leva a sua fidelidade ao ponto de por Ele sacrificar a sua vida? Porque, de todas as vezes que, pelo mais pequenino dos que Lhe pertencem, ela interrompe a sua ocupação espiritual, ela sacrifica, espiritualmente falando, a sua vida por Ele. Porventura não será formosa a alma que, contemplando de rosto descoberto a glória do Senhor, se transforma nessa mesma imagem e avança de claridade em claridade como por obra do próprio Espírito do Senhor? E, por fim, não será pomba a alma que suspira e geme nas fendas do rochedo, nas frestas dos penhascos, como se estivesse sepultada sob uma lápide tumular?

domingo, 11 de julho de 2021

SAROO BRIERLEY - A LONGA ESTRADA PARA CASA

SAROO BRIERLEY (2015). A Longa Estrada para casa. Lisboa: Editorial Presença. 208 páginas.


Esta é uma história real colocada em livro. Um menino perde-se, numa estação de comboios, na Índia, e só passado 25 anos volta a encontrar a sua mãe, e também a irmã e o irmão, já casados e com filhos. O mais velho, que o tinha levado para trabalhar e o deixou na estação, com a intenção de voltar, morreu nesse dia debaixo de um comboio.
Como o irmão mais velho não regressasse, Saroo entrou num comboio que o levou durante várias horas até Calcutá, ficando a quilómetros de distância de casa e sem saber como se identificar ou à localidade de onde era originário.
Entregue às autoridades, acabaria por ser adotado por um casal australiano, que decidiu que já havia demasiadas pessoas no mundo, e assim, em vez de terem filhos biológicos, adotariam. Foi numa altura que a adoção estava mais agilizada, e que muitos australianos adotaram crianças oriundas da Índia. Saroo foi de avião para a Tasmânia, na Austrália. Os pais adotivos acabariam por adotar outra criança também indiana.
Nunca se esqueceu de alguns dos pormenores, desde que se perdeu, até embarcar num comboio, a caminhar quilómetros, com a noção de que pelo menos durante 12 horas, e parar às ruas de Calcutá. Junto á estação, procurando comida no lixo ou junto de outras crianças na rua, enfrentando diversos perigos... até um jovem o levar á polícia, entrando assim num sistema público até á adoção. Pelo caminho, entrou em vários comboios com a esperança de regressar a casa.
Procurou memorizar lugares, pessoas, percursos, a mãe, os irmãos, para um dia regressar. No quarto  tinha o mapa da Índia que a mãe (adotiva) lhe tinha colocado lá, para sempre se lembrar das raízes. Já no tempo da universidade, regressou às pesquisas, através do Google Earth, incentivado e ajudado por outros indianos, procurando rotas dos comboios, velocidades que fariam os comboios nos anos oitenta, fazendo zoom sobre imagens reais, á procura de estações que se assemelhassem à estação de comboios da sua terra. A pronúncia da terra, como também do nome, sempre dificultaram a pesquisa. Depois de muitas horas e quando se preparava para continuar a procurar, moveu o mapa aleatoriamente e aumentou o perímetro de procura e encontrou a sua terra. Recorreu depois a um grupo no Facebook para confirmar com os dados que tinha. E isso também foi de grande ajuda.
Passados 25 anos regressa à Índia para encontrar a família, visitar novamente Calcutá e as pessoas que o ajudaram e para tentar reconstruir a viagem de comboio, da sua terra até Calcutá.
Foi entrevistado para televisão. Publicou este livro que, entretanto, inspirou um filme: Lion - A Longa Estrada Para Casa. Quem tiver a oportunidade de ler o livro e ver o filme, vai verificar que existem algumas diferenças na história, ainda assim permitem perceber a história vivida e narrada, e visualizar a imensa pobreza que ainda existe na Índia. Por outro lado, o livro tem o propósito de ajudar outras crianças ou jovens, perdidos, a não desistirem de encontrar as famílias de origem. Perdem-se cerca de 80 mil crianças, por ano, na Índia.


Vejamos agora o livro apresentado pela Editorial Presença:

Quando Saroo Brierley se serviu do Google Earth para descobrir a aldeia onde nasceu, a milhares de quilómetros de onde vive e da qual quase não se lembra, rapidamente se tornou notícia em todo o mundo.

Saroo, de cinco anos, está numa estação de caminho de ferro, sozinho. Perdeu-se de Guddu, o irmão mais velho, que o acompanhava. Sem saber como regressar a casa, enfia-se num comboio acreditando que Guddu há de encontrá-lo. Ali adormece e no dia seguinte vê-se nas perigosas ruas de Calcutá, por onde deambuIa durante semanas, só e sem qualquer documento, perante a indiferença da multidão. Acaba por ser acolhido num orfanato e, mais tarde, é adotado por um casal australiano. Embora feliz na Austrália, com a sua nova família, que em vão tenta conhecer as suas origens, Saroo nunca deixa de pensar na mãe e nos irmãos que ficaram a quase meio mundo de distância. Anos depois, passa horas a perscrutar imagens do Google Earth na esperança de localizar e identificar referências da sua aldeia que lhe permitam reencontrar a mãe biológica.

Um testemunho verídico na primeira pessoa, comovente e intenso, que já inspirou milhões de pessoas em todo o mundo. um hino à esperança, ao poder dos sonhos e à coragem de nunca desistir, que agora vê nova luz numa adaptação ao cinema pelo realizador Garth Davis com Nicole Kidman, Rooney Mara e Dev Patel

sábado, 10 de julho de 2021

TERESA POWER - TODOS OS DIAS DA NOSSA VIDA

TERESA POWER (2021). Todos os dias da nossa vida. Prior Velho: Paulinas Editora. 128 páginas.


Este é um livro que procura de testemunhar 25 anos de matrimónio. A autora, Teresa Power, percorre os 25 anos de compromisso a partir das leituras, das orações e do compromisso no dia do matrimónio. E como que distribui ou textos pelo tempo de encontro e namoro, o momento do consentimento e os vinte cinco anos de vida de casados, com o nascimento dos filhos e da vida familiar.
O compromisso inicial, concretiza-se nas dificuldades e nas bênçãos, na gravidez e o nascimento de um e outro filho, o crescimento, a educação, as opções. A alegria cresce à medida que a família aumenta. Os momentos de oração em família, a participação na missa do domingo e escuta da palavra. Todos os dias, a oração de bênção à refeição, com música e cânticos, a oração do terço, as leituras diárias da Missa, fazem parte do compromisso da educação na fé dos filhos. Os pais rezam e os filhos aprendem naturalmente a rezar e a apreciar o ambiente orante. 
A história da salvação, narrada da Bíblia, é também a nossa história, a história da família. Sete filhos vivos, que são uma bênção, mas também o filho que morreu. A doença e o definhar desse filho envolveu lágrimas e lamentos, mas muita oração e a presença permanente, ora do pai ora da mãe.
É um livro que se lê com muita facilidade. Em cada página escrita transparece vida, fé, a gratidão.


Vejamos o livro sugerido na plataforma iMissio, por Bento de Oliveira:
"Esta é a história de uma vivência partilhada, uma história real, contada na primeira pessoa. Usa uma linguagem límpida e corrente por onde escorre uma comunicação ardente e entusiasmante!… A autora adianta, na Introdução, algumas das motivações que a forçaram a fazer esta partilha – «Quando, há um quarto de século atrás, o Niall e eu celebrámos o nosso matrimónio, não sabíamos que estávamos a iniciar uma história bíblica» – e acrescenta, então a razão maior: «Escrevi este livro para nunca me esquecer deste milagre… como oração de louvor, de súplica e de ação de graças.»
Extravasa do coração da autora o impulso de uma palavra que a força como um dever «para que outras famílias se deem conta de que a história de cada um é uma história bíblica» … ainda que para alguns, no decurso de tempos envoltos em névoa, sintam obliterado o céu.
Teresa Power é mãe de uma família de 8 filhos. Fundadora, junto com o marido, Niall, de um novo movimento laical, as Famílias de Caná, que pretende revitalizar a espiritualidade familiar. Teresa traz agora a público algumas das experiências espirituais que vive em família.
Para esses, especialmente, foi escrito este livro que os ajudará, sem dúvida, a (re)descobrir «o amor deste Deus imenso que nos dá não duas, mas infinitas oportunidades de regresso a Ele» … e às muralhas da família que Ele habita e que sempre cobre de bênção sempre que comungada".



Algumas expressões da autora:
Nenhum de nós pode escolher os membros da sua família: não escolhemos os pais, não escolhemos os filhos, não escolhemos os tios ou sobrinhos, os avós ou os netos, os sogros ou as noras. Há uma única pessoa da nossa família, uma única, que podemos escolher: o nosso cônjuge. Não é irónico ver que cada vez mais pessoas parecem errar na única escolha livre lhes é dado fazer?

O amor, por definição, não tem fim. Ninguém ama a prazo. Ninguém ama sem ser loucamente, absurdamente, para sempre. Dizia Pier Giorgio Frassati: «O amor nunca diz: já chega». Porque o amor não é um sentimento, que hoje se experimenta e amanhã já mudou. O amor, diz Jesus, é o mandamento: Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei  (Jo 15, 12).

Um dia a nossa vida era perfeita, no dia seguinte acordamos no hospital pediátrico. Apesar de ambos estarmos já familiarizados com morte, o Niall de um irmão, eu do meu pai, a doença Tomás apanhou-nos totalmente desprevenidos. Agora, 14 anos depois destes dois meses no hospital pediátrico, falamos da morte com frequência. Porque não lhe temos mais medo. Porque sabemos que ela já não nos pode matar, antes nos projeta na vida.

Filho não é um direito, o filho é um dom. Nunca faremos nada que mereça tamanha graça de Deus. O filho ultrapassa-nos sempre, vem de nós, mas não nos pertence, nasce do nosso corpo, mas traz em si uma semente de eternidade.

A mãe dá luz, o pai precisa de cortar o cordão umbilical, uma e outra vez; a mãe dá colo, o pai lança o filho ao ar, em contínuos movimentos de vaivém - a brincar e na vida real; a mãe dá o leite, o pai dá o alimento sólido; a mãe abriga, o pai desafia; a mãe transporta o filho um abraço, para que viva ao ritmo de seu coração; o pai transporta-o às cavalitas - para que veja mundo, bem apoiado no seus ombros.

Estamos decididos a batizá-los [os filhos] poucos dias depois de nascer, para que não percam um só dia da graça que Deus lhes quer oferecer. E a levá-los à missa todos os domingos da sua vida no meio de nós. Porque não há forma mais excelente de os fazer a experimentar o Céu na Terra que a Eucaristia... Mas não podemos falhar no nosso dever primeiro de os levar a Casa do Pai, domingo após domingo, e de os ensinar a conversar com Ele, dia após dia. É que antes de serem nossos filhos, são filhos de Deus...

Domingo XV do Tepo Comum - ano B - 11.julho.2021