domingo, 22 de agosto de 2021

Pe. Justino Lopes - Estrelas no meu caminho

JUSTINO JOSÉ LOPES (2020). Estrelas no meu caminho. Lamego.


“Pe. Justino, tu és jovem, trazes contigo o sonho, o entusiasmo, o espírito de aventura. Nós temos a experiência de muitos anos de trabalho. Se nós aceitarmos o teu entusiasmo jovem e tua aceitares a nossa experiência, podemos fazer um bom trabalho pastoral nesta zona”. Palavras do Padre José Augusto Neto ao Pe. Justino por ocasião da sua entrada em Nespereira como pároco. 
Fazer pontes entre os novos e os anciãos. É uma das insistências do Papa Francisco. Valorizar o sonho e a memória, um futuro com raízes e sabedoria. É uma das perspetivas desde livro, do Padre Justino, colaborador amigo da Voz de Lamego: fazer memória… memória agradecida, mas também desafio às novas gerações de sacerdotes. Os que aqui apresenta estão mais ligados ao Touro, Alhais, Vila Nova de Paiva, Vila Cova à Coelheira, Queiriga, naturais dessas terras ou entranhados nelas como párocos, além de outros padres amigos e, claro, dos Bispos, a começar por D. Alberto Cosme do Amaral, natural do Touro, e continuando com D. Américo Henriques, Bispo Mariano, Bispo Mártir, Bispo Missionário; D. António Castro Xavier Monteiro; D. António José Rafael… O livro termina com as Bodas de Ouro sacerdotais do Padre Justino com uma breve autobiografia, que é também um testamento sacerdotal. 
Muitos dos textos foram publicados na Voz de Lamego. É um trabalho meritório que recolhe apontamentos sobre sacerdotes que brilharam como estrelas sem darem pontapés na lua (cf. Prefácio). Creio que numa próxima Assembleia do Clero ou Jornadas de Formação o livro será devidamente apresentado. Pode ser um incentivo a que se faça o mesmo para outras zonas pastorais da Diocese, recuperando a memória dos pastores que nos precederam e como, em circunstâncias adversas, souberam viver e testemunhar Jesus Cristo e deixar marcas profundas de adesão ao Evangelho. Há outras coletâneas interessantes como “Seminário e Seminaristas”, do Pe. Manuel Gonçalves da Costa, e também dele as Paróquias Beiraltinas (Penude e Magueija), ou recentemente “Religiosos e Sacerdotes de Magueija (Biografias do séc. XX )”, de Paulo Jorge de Almeida Ribeiro ou livros sobre um padre específico, mas há espaço para que outras paróquias possam reavivar a memória dos seus padres e dos seus párocos. 
Para nós sacerdotes, mas também para os leigos, será uma forma de conhecermos melhor aqueles que nos precederam e como as paróquias/freguesias evoluíram com umo contributo inegável dos seus párocos. 
Uma das dimensões que o Pe. Justino ressalta é a dimensão missionária da Igreja, com sacerdotes que dedicaram a sua vida às “missões” ou que, mais tarde, deixaram a vida paroquial para concretizarem o sonho de serem missionários. 
Inicialmente, a sugestão do livro era para se centrar num antigo Diretor da Voz de Lamego, mas quando a pena começa a deslizar nunca se sabe onde vai parar. Já o sugerimos, logo no início do confinamento… com um texto de Louro de Carvalho, apenso ao próprio livro, e posteriormente na resenha do reverendo Pe. Joaquim Correia Duarte… e daí o sublinhado que gostaríamos de fazer, sendo, como dizíamos, que muitos textos foram publicados no nosso Jornal Diocesano.

Notas: D. António Rafael, administrador da Voz de Lamego… articulistas na Voz de Lamego, como o Pe. Ilídio Fernandes ou o já citado Pe. Neto… Diretor: Pe. Manuel Alves da Fonseca Pinto da Gama, natural dos Alhais, com intervenções em diversos jornais… em 1921, “foi-lhe entregue o ‘Boletim da Diocese’ e, depois, a Voz de Lamego, onde assinava com o pseudónimo de Mininimus”, enfim, um jornalista brilhante!

Alberto Camus - A Peste

 ALBERTO CAMUS (2019). A Peste. Porto: Livros do Brasil. 264 páginas.


A Peste, do filósofo Alberto Camus, é um romance que bem poderia ter sido escrito para a pandemia, ou resultante da pandemia do novo coronavírus, que se transforma em doença, Covid-19. A Peste descreve, com grande exatidão, o que sucedeu e o que está a acontecer com este surto pandémico atual.
Na cidade de Orão, na Argélia, em 1940, surge a peste. Aparece um rato ensanguentado, do nada, e morre, como que rebentando. Multiplicam-se os ratos mortos. Um bairro, rapidamente se espalha por outros bairros e por toda a cidade. Ativa-se uma plano para desinfestar a cidade, para recolher os ratos mortos e tentar que não invadam nem as ruas nem as casas. Tenta desvalorizar-se o fenómeno que não se percebe, procurando que os jornais não dramatizem.
Entretanto, surge um homem, doente, com febre, com falta de ar, com pequenos caroços na pele, que rebentam e expelem sangue. Surgem outros casos. A preocupação das autoridades é controlar a peste, agir com cautela, procurando não gerar pânico, controlando, de algum modo, a informação. Os primeiros dias são de reserva, de dúvidas, não falando em peste e não assumindo claramente tal doença. Adia-se ao máximo falar de peste para evitar situações de alarme, até ao ponto de ser inevitável. "A opinião pública é sagrada: nada de pânico. Sobretudo, nada de pânico". A partir de então traçam-se as medidas a adotar, isolar as pessoas que têm peste, retirando-as do ambiente familiar, criando espaços de quarentena, recolher obrigatório, evitar aglomerações e festas, fechar as fronteiras - ninguém pode sair e só podem entrar os que são residentes em Orão, aos funerais só podem assistir familiares próximos, e com o avançar da peste, abrem-se valas comuns e são sepultados sem a presença de familiares, o culto é suspenso, a economia para e favorece a economia paralela."A peste é a ruína do turismo". O número de mortos vai aumentando, organizam-se equipas para recolher as pessoas com peste, para assistência nos hospitais, para os funerais; prepara-se e testa-se um soro de forma a salvar os contaminados, com momentos de elevada expetativa e com desilusões sucessivas.
A falta de meios mas também a falta de pessoas para lutar contra a peste.
À peste junta-se o medo, o anseio de contactar familiares e amores, vai-se perdendo a esperança, vive-se um dia de cada vez, com um certo embotamento que se vai gerando, vive-se em suspenso, quase anestesiado. O risco de loucura aumenta progressivamente. A separação é uma das consequências mais nefasta da peste e do fechar das fronteiras. Até a correspondência é suspensa, com medo que as cartas possam provocar contágio.
Como na pandemia atual, também em Orão se percebe que estão todos no mesmo barco. "uma vez fechadas as portas, aperceberam-se de que estavam todos, até o próprio narrador, metidos no mesmo saco e que era necessário arranjarem-se". E mais à frente: "É claro que as coisas não estão melhor. Mas, ao menos, toda a gente está metida nos mesmos lençóis".
Produzem-se crenças erradas, como acontece também com a pandemia, como por exemplo, o álcool preservar das doenças infeciosas, pelo que aumenta o número de bêbados todas as noites. É interessante o diálogo do médico, Rieux, ateu, com o Padre, Tarrou: "O que eu odeio é a morte e o mal, bem sabe. E, quer queira quer não, estamos juntos para os sofrer e combater. Bem vê, nem mesmo Deus pode agora separar-nos". E por falar em crenças, a religião é substituída pela superstição, com uso de amuletos e medalhas protetoras, bem como profecias, como de Nostradamus, ajustando-as aos tempos presentes.
Coisa curiosa também, em paralelo com a pandemia pelo novo coronavírus, também em relação à peste, as autoridades contam com a sazonalidade. No caso da pandemia, contavam com o tempo quente; no caso da peste, contavam com o tempo frio para deter o avanço da mesma. "À força de esperar, não se espera já, e a nossa cidade vivia sem futuro".
Quando se aproxima o Natal... para eles "o Natal, nesse ano, foi mais a festa do Inferno do que do Evangelho. As lojas desertas, privadas de luz... as igrejas estavam cheias de lamentos, mais do de ações de graças...."
Coloca-se também a questão da normalidade e do futuro após a peste. "Cottar não sorria. Queria saber se se podia pensar que a peste nada mudaria na cidade e que tudo recomeçasse como dantes, ou seja, como se nada se tivesse passado. Tarrou pensava que a peste mudaria e não mudaria a cidade, que, bem entendido, o mais forte desejo dos nossos concidadãos era e seria fazer como se nada tivesse mudado e que, portanto, em certo sentido, seria mudado, mas que, noutro sentido, não se pode esquecer tudo, mesmo com a vontade necessária, e a peste deixaria vestígios, pelo menos nos corações".
"Em Orão, como no resto do mundo, por falta de tempo e de reflexão, é-se obrigado a amar sem o saber...

Naruto - algumas expressões


Não queria ficar para trás... não te quis dizer o que sentia e a mágoa foi crescendo dentro de nós. Naruto

Sorrir é a melhor maneira de lidar com situações difíceis (Jiraya)

Um sorriso é a maneira mais fácil de sair de uma situação difícil (Sakura Haruno).

Um sorriso pode tirar-te de uma situação difícil, mesmo que seja falso (Sai).

Aqueles que não obedecem às regras são lixo, mas aqueles que não se importam com os amigos são mais lixo ainda. (Kakashi).

Quem quebra as regras pode ser considerado escumalha, mas quem abandona seus amigos é pior que escumalha (Hatake Kakashi).

Aqueles que quebram as regras são tratados como lixo, mas aqueles que abandonam seus companheiros são piores que lixo (Obito Uchiha).

Quando conheces a dor e o sofrimento, não machucas as pessoas. (Jiraya).

Amor e perdão não são sentimentos que compramos com palavras bonitas. (Pain).

Quando estás com alguém que gostas, sorris sempre (Sai).

Um lugar onde alguém ainda pensa em ti; é aquilo que a gente pode chamar de lar. (Jiraya).

O céu é muito vasto para a pessoa viver a vida sozinha! (Shino).

Por mais que te tornes forte, nunca tentes fazer nada sozinho...caso contrário irás falhar (Itachi).

Eu amo uma mulher, mas não vou obrigá-la a amar-me. Vou cercá-la com o meu amor, enquanto rezo pela sua felicidade (Jiraya).

Mas eu tenho fé que um dia as pessoas realmente entenderão umas as outras... (Jiraya)

Um sorriso que não vem do coração é só um grito de agonia (Shino)

Dor, tristeza e alegria... esses sentimentos permitem que entendas os outros (Gaara).

O sol já se foi, agora só nos restam as memórias daquela luz. (Naruto).

Quando uma pessoa… tem algo importante que ela quer proteger… é quando ela se pode tornar realmente forte. (Haku).

Desista de me fazer desistir! (Naruto).

sábado, 21 de agosto de 2021

Domingo XXI do Tempo Comum - ano B - 22.agosto.2021

O Grande Homem

O GRANDE HOMEM, de José Luiz Silva, in Tribuna do Norte 18/04/1982


O grande homem não ama. E não desama. Tem mulher para casa e amante para exibições mundanas. As duas, presas à sua condição de grande homem.
O grande homem tem emoções, mas controla-as através de um computador miniaturizado que carrega no ventre próspero. Tem coração, mas as suas pulsações são controladas pelo marca-passo. Tudo nele é funcional. O riso e o sorriso, a cara fechada, as piscadelas, o suor na fronte, a untuosidade, os dedos grossos, as unhas curtas encerradas. Até o pigarro é motivo para desfraldar o lenço branco e atrás esconder o seu enfado.
O grande homem não trai. Faz política. Tem jogo de cintura. Traidores são os que divergem de suas opiniões pendulares, da sua verdade granítica, os que enfarados o abandonam.
O grande homem não rouba. É negociante. Ladino. Comércio é isso desde que o mundo é mundo. Desde que surgiu na terra o primeiro grande homem. Ladrão é pequeno e desonesto, que ousou o primeiro avanço, quis imitá-lo, repetindo no varejo o que só no atacado conquista imunidades.
O grande homem não mente. Falta com a verdade. É otimista. Ilude-se com as aparências. É traído pelas perspetivas. A sua palavra é lei. A sua verdade também. Chamado a legislar, não se enquadra nos mandamentos legais, que cria para disciplinar o vulgo.
O grande homem entende que as pessoas existem em função dele. Ao seu serviço. Para ele, quando não servem são descartadas. Enquanto ele não tem contas a prestar. Às vezes, na sua intuição (o grande homem é intuitivo), vende o servidor que já não lhe interessa. Negócio é negócio.
O grande homem criou, numa de suas iluminações interiores (ele é um iluminado), um código de ética ao seu serviço. E outro para limitar os outros. Pelo seu código, “amigos, amigos, negócios à parte”. No código alheio, um descuido é traição ou dureza de coração.
O grande homem não se prende à lealdade. Leais devem ser os servos. Ele paira acima das contingências.
O grande homem não ouve ninguém fora do círculo próprio dos grandes homens. Decide. E exige obediência, coerência. Daí porque é líder. E nele descobrem veios do carisma.
O grande homem pode comercializar, negociar, instrumentalizar, atendendo aos seus interesses. O homem comum, não. Quem nada tem, deve ter vergonha na cara.
Diante de outros grandes homens, o grande homem é humilde e manso de coração. Pede. Suplica. Requer. Espera deferimento. Oferece. Dá. Diante do homem comum, é impetuoso, valente, intransigente, moralista. A humanidade, ele olha-a de cima para baixo, se possível e quando, em gesto de compunção.
O grande homem vive dos outros, dos favores, conceções, condescendência, credulidade, trocas, arreglos, advocacia administrativa, conluios, mordomias, ociosidade (se possível com dignidade). Grandes frases, grandes discursos, grandes patriotismos. O homem comum pede pouco, o sobejo da mesa, o mínimo sem o qual (Santo Tomaz de Aquino) a própria virtude não é exigível. É um impertinente, importuno, postulante, chato.

Definições do Canalha

DEFINIÇÕES DO CANALHA, segundo José Luiz Silva, Na Calçada do Café São Luiz (1982)...


O canalha é aquele que não concorda contigo, mas diz que estás certo.
O canalha é aquele que aprova sem aprovar, que aplaude sem aplaudir, que sofre sem sofrer, que manda cartões de pêsames sentindo parabéns.
Os amigos do canalha duram o tempo da função que eles exercem.
O canalha pode ser tratado permanentemente por excelência, mas jamais será excelente.
Onde reside o canalha? Em todos os lugares, todas as situações, menos nele mesmo.
O Canalha é um sertanejo às avessas. Ele é, antes de tudo, um fraco.
O canalha engorda com a inflação.
Quem diz que o canalha dorme? Ele é um eterno vigilante. Por isso, com ele os bons não conseguem sobreviver.
Quando Jesus Cristo disse que os filhos das TREVAS são mais espertos do que os filhos da LUZ, Ele via diante de Si a multidão de canalhas querendo usufruir o poder. Lá na Palestina…
Quando um canalha mora num palácio, ele se diz pragmático.
O canalha jamais aceitará um concorrente. Ele vive de jogadas. Aliás, para ele a vida é simplesmente um jogo.
O carro preto à mão de um canalha, será o carro fúnebre do povo.
As artimanhas do canalha, muitas vezes o transformam em amado. Aí reside o grande perigo. Mussolini foi amado por algum tempo. Hitler também.
Um país está em decadência, quando não consegue distinguir quem não é canalha.
Não se preocupe com o que estou escrevendo.
O CANALHA JAMAIS SOFRE.