No dia 21 de maio, o Papa Francisco deslocou-se à Casa Dom de Maria, estrutura desejada e inaugurada pelo beato João Paulo II, da responsabilidade das Missionárias da Caridade, congregação criada pela beata Madre Teresa de Calcutá.
Amados irmãos e irmãs, boa tarde!
Dirijo uma saudação carinhosa a todos vós; de modo totalmente especial a vós, queridos hóspedes desta Casa, que é sobretudo vossa, porque para vós foi pensada e instituída. Agradeço a quantos, de vários modos, contribuem para esta bonita realidade no Vaticano. A minha presença esta tarde quer ser, antes de tudo, um agradecimento sincero às Missionárias da Caridade, fundadas pela Beata Teresa de Calcutá, que trabalham aqui há vinte e cinco anos, com numerosos voluntários, a favor de muitas pessoas que necessitam de ajuda. Obrigado de coração! Vós, prezadas Irmãs, juntamente com os Missionários da Caridade e com os colaboradores, tornais visível o amor da Igreja pelos pobres. Mediante o vosso serviço quotidiano, sois — como reza um Salmo — a mão de Deus que sacia a fome de cada ser vivo (cf. Sl 145, 16). Ao longo destes anos, quantas vezes vos inclinastes sobre os necessitados, como o bom samaritano, os fitastes nos olhos e os ajudastes a erguer-se! A quantas bocas destes de comer com paciência e dedicação! Quantas feridas, especialmente espirituais, curastes! Hoje, gostaria de meditar sobre três palavras que vos são familiares: Casa, Dom e Maria.
Esta estrutura, desejada e inaugurada pelo Beato João Paulo II — mas trata-se de algo entre santos, entre beatos! João Paulo II, Teresa de Calcutá; e a santidade passou; isto é bonito! — é uma «casa». E quando dizemos «casa» referimo-nos a um lugar de acolhimento, a uma morada, a um ambiente humano onde estar bem, encontrar-se a si mesmo, sentir-se inserido num território, numa comunidade. Ainda mais profundamente, «casa» é uma palavra com um sabor tipicamente familiar, que evoca o entusiasmo, o carinho e o amor que se podem experimentar no seio de uma família. Então, a «casa» representa a riqueza humana mais preciosa, a do encontro, a dos relacionamentos entre as pessoas, diferentes por idade, por cultura e por história, mas que vivem unidas e que, juntas, se ajudam a crescer. Precisamente por isso, a «casa» é um lugar decisivo na vida, onde a vida se desenvolve e se pode realizar, porque se trata de um lugar onde cada pessoa aprende a receber amor e a doar amor. Esta é a «casa». E é isto que procura ser, desde há vinte e cinco anos, também esta casa! No limite entre Vaticano e Itália, ela constitui uma vigorosa exortação a todos nós, à Igreja e à Cidade de Roma, a ser cada vez mais família, «casa» onde devemos permanecer abertos ao acolhimento, à atenção e à fraternidade.
Depois, há uma segunda palavra muito importante: o termo «dom», que qualifica esta Casa e define a sua identidade típica. Com efeito, trata-se de uma Casa que se caracteriza pela dádiva, pelo dom recíproco. Que quero dizer com isto? Quero dizer que esta Casa vos oferece acolhimento, ajuda material e espiritual, a vós estimados hóspedes, provenientes de várias regiões do mundo; mas também vós constituís uma dádiva para esta Casa e para a Igreja. Vós dizeis-nos que amar Deus e o próximo não é algo de abstracto, mas de profundamente concreto: significa ver em cada pessoa o rosto do Senhor para servir, e para o servir concretamente. E vós, caros irmãos e irmãs, sois a face de Jesus. Obrigado! Vós «ofereceis» a quantos trabalham neste lugar, a possibilidade de servir Jesus naqueles que se encontram em dificuldade, em quem precisa de ajuda. Então, esta Casa constitui uma transparência luminosa da caridade de Deus, que é um Pai bom e misericordioso para com todos. Aqui vive-se uma hospitalidade aberta, sem distinção de nacionalidade ou de religião, segundo o ensinamento de Jesus: «Recebestes de graça, dai também de graça» (Mt 10, 8). Todos nós temos o dever de recuperar o sentido do dom, da gratuidade e da solidariedade. Um capitalismo selvagem tem ensinado a lógica do lucro a qualquer custo, do dar para obter, da exploração sem considerar as pessoas... e podemos ver os resultados na crise que estamos a viver! Esta Casa é um lugar que educa para a caridade, uma «escola» de caridade que ensina a ir ao encontro de cada pessoa, não para obter lucro, mas por amor. A música — por assim dizer — desta Casa é o amor. E isto é bonito! E gosto que seminaristas do mundo inteiro venham aqui para fazer uma experiência directa de serviço. Assim, os futuros sacerdotes podem viver de forma concreta um aspecto essencial da missão da Igreja e fazer valorizar isto para o seu ministério pastoral.
Finalmente, há uma última característica desta Casa: ela qualifica-se como um dom «de Maria». A Virgem Santa fez da sua existência uma dádiva incessante e inestimável a Deus, porque amava o Senhor. Maria é um exemplo e um estímulo para aqueles que vivem nesta Casa, e para todos nós, a viver a caridade em relação ao próximo não devido a uma espécie de dever social, mas a partir do amor de Deus, da caridade de Deus. E também — como ouvimos a Madre dizer — Maria é aquela que nos leva a Jesus e nos ensina como ir até Ele; e a Mãe de Jesus é a nossa e forma uma família connosco e com Jesus. Para nós, cristãos, o amor ao próximo nasce do amor de Deus e constitui a sua expressão mais límpida. Aqui procura-se amar o próximo, mas também deixar-se amar pelo outro. Estas duas atitudes caminham juntas, pois uma não pode existir sem a outra. No papel timbrado das Missionárias da Caridade estão impressas estas palavras de Jesus: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (Mt 25, 40). Amar Deus nos irmãos e amar os irmãos em Deus.
Dilectos amigos, mais uma vez obrigado a cada um de vós. Rezo a fim de que esta Casa continue a ser um lugar de acolhimento, de dom e de caridade no coração da nossa Cidade de Roma. A Virgem Maria vele sempre sobre vós, e acompanhe-vos a minha Bênção. Obrigado!
Dirijo uma saudação carinhosa a todos vós; de modo totalmente especial a vós, queridos hóspedes desta Casa, que é sobretudo vossa, porque para vós foi pensada e instituída. Agradeço a quantos, de vários modos, contribuem para esta bonita realidade no Vaticano. A minha presença esta tarde quer ser, antes de tudo, um agradecimento sincero às Missionárias da Caridade, fundadas pela Beata Teresa de Calcutá, que trabalham aqui há vinte e cinco anos, com numerosos voluntários, a favor de muitas pessoas que necessitam de ajuda. Obrigado de coração! Vós, prezadas Irmãs, juntamente com os Missionários da Caridade e com os colaboradores, tornais visível o amor da Igreja pelos pobres. Mediante o vosso serviço quotidiano, sois — como reza um Salmo — a mão de Deus que sacia a fome de cada ser vivo (cf. Sl 145, 16). Ao longo destes anos, quantas vezes vos inclinastes sobre os necessitados, como o bom samaritano, os fitastes nos olhos e os ajudastes a erguer-se! A quantas bocas destes de comer com paciência e dedicação! Quantas feridas, especialmente espirituais, curastes! Hoje, gostaria de meditar sobre três palavras que vos são familiares: Casa, Dom e Maria.
Esta estrutura, desejada e inaugurada pelo Beato João Paulo II — mas trata-se de algo entre santos, entre beatos! João Paulo II, Teresa de Calcutá; e a santidade passou; isto é bonito! — é uma «casa». E quando dizemos «casa» referimo-nos a um lugar de acolhimento, a uma morada, a um ambiente humano onde estar bem, encontrar-se a si mesmo, sentir-se inserido num território, numa comunidade. Ainda mais profundamente, «casa» é uma palavra com um sabor tipicamente familiar, que evoca o entusiasmo, o carinho e o amor que se podem experimentar no seio de uma família. Então, a «casa» representa a riqueza humana mais preciosa, a do encontro, a dos relacionamentos entre as pessoas, diferentes por idade, por cultura e por história, mas que vivem unidas e que, juntas, se ajudam a crescer. Precisamente por isso, a «casa» é um lugar decisivo na vida, onde a vida se desenvolve e se pode realizar, porque se trata de um lugar onde cada pessoa aprende a receber amor e a doar amor. Esta é a «casa». E é isto que procura ser, desde há vinte e cinco anos, também esta casa! No limite entre Vaticano e Itália, ela constitui uma vigorosa exortação a todos nós, à Igreja e à Cidade de Roma, a ser cada vez mais família, «casa» onde devemos permanecer abertos ao acolhimento, à atenção e à fraternidade.
Depois, há uma segunda palavra muito importante: o termo «dom», que qualifica esta Casa e define a sua identidade típica. Com efeito, trata-se de uma Casa que se caracteriza pela dádiva, pelo dom recíproco. Que quero dizer com isto? Quero dizer que esta Casa vos oferece acolhimento, ajuda material e espiritual, a vós estimados hóspedes, provenientes de várias regiões do mundo; mas também vós constituís uma dádiva para esta Casa e para a Igreja. Vós dizeis-nos que amar Deus e o próximo não é algo de abstracto, mas de profundamente concreto: significa ver em cada pessoa o rosto do Senhor para servir, e para o servir concretamente. E vós, caros irmãos e irmãs, sois a face de Jesus. Obrigado! Vós «ofereceis» a quantos trabalham neste lugar, a possibilidade de servir Jesus naqueles que se encontram em dificuldade, em quem precisa de ajuda. Então, esta Casa constitui uma transparência luminosa da caridade de Deus, que é um Pai bom e misericordioso para com todos. Aqui vive-se uma hospitalidade aberta, sem distinção de nacionalidade ou de religião, segundo o ensinamento de Jesus: «Recebestes de graça, dai também de graça» (Mt 10, 8). Todos nós temos o dever de recuperar o sentido do dom, da gratuidade e da solidariedade. Um capitalismo selvagem tem ensinado a lógica do lucro a qualquer custo, do dar para obter, da exploração sem considerar as pessoas... e podemos ver os resultados na crise que estamos a viver! Esta Casa é um lugar que educa para a caridade, uma «escola» de caridade que ensina a ir ao encontro de cada pessoa, não para obter lucro, mas por amor. A música — por assim dizer — desta Casa é o amor. E isto é bonito! E gosto que seminaristas do mundo inteiro venham aqui para fazer uma experiência directa de serviço. Assim, os futuros sacerdotes podem viver de forma concreta um aspecto essencial da missão da Igreja e fazer valorizar isto para o seu ministério pastoral.
Finalmente, há uma última característica desta Casa: ela qualifica-se como um dom «de Maria». A Virgem Santa fez da sua existência uma dádiva incessante e inestimável a Deus, porque amava o Senhor. Maria é um exemplo e um estímulo para aqueles que vivem nesta Casa, e para todos nós, a viver a caridade em relação ao próximo não devido a uma espécie de dever social, mas a partir do amor de Deus, da caridade de Deus. E também — como ouvimos a Madre dizer — Maria é aquela que nos leva a Jesus e nos ensina como ir até Ele; e a Mãe de Jesus é a nossa e forma uma família connosco e com Jesus. Para nós, cristãos, o amor ao próximo nasce do amor de Deus e constitui a sua expressão mais límpida. Aqui procura-se amar o próximo, mas também deixar-se amar pelo outro. Estas duas atitudes caminham juntas, pois uma não pode existir sem a outra. No papel timbrado das Missionárias da Caridade estão impressas estas palavras de Jesus: «Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes» (Mt 25, 40). Amar Deus nos irmãos e amar os irmãos em Deus.
Dilectos amigos, mais uma vez obrigado a cada um de vós. Rezo a fim de que esta Casa continue a ser um lugar de acolhimento, de dom e de caridade no coração da nossa Cidade de Roma. A Virgem Maria vele sempre sobre vós, e acompanhe-vos a minha Bênção. Obrigado!
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