sábado, 31 de julho de 2010

XVIII Domingo do Tempo Comum - 1 de Agosto

       1 - "Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens". Jesus é peremptório neste alerta. Depois de alguém Lhe dizer para ser intermediário na partilha de bens, Jesus diz aos presentes que as suas vidas não dependem da abundância dos seus bens.
       De seguida Jesus conta uma parábola sobre um homem que produziu uma colheita excelente, mandou construir um celeiro maior onde guardar toda a colheita e os seus bens, para no final poder dizer a si mesmo: "Descansa, come, bebe, regala-te". Mas nessa noite, Deus chama-o para dar contas. Então para quem serão todos os seus bens?
       Jesus conclui a parábola desta forma: "Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus".
       Em muitas ocasiões Jesus mostra a prioridade do reino de Deus. Obviamente, também Ele come e bebe e participa em festas familiares e/ou comunitárias. Por aqui conclui-se que não menospreza os bens deste mundo que nos permitem viver com dignidade. Nesse sentido, o desafio à partilha, à caridade, à concretização prática da fé professada na relação com o semelhante, prestando-lhe cuidados, como o bom samaritano, perdoando, reconciliando os desavindos.
       Mas já nesta perspectiva, acentua os bens espirituais, aquilo que nos liga aos outros, que nos torna solidários, família, nos torna irmãos, ajudando os outros e ajudando-nos a ser felizes.

       2 - O que é certo, se a abundância dos bens fosse a garantia de felicidade e disso dependesse a nossa vida, então todas as pessoas com muitos bens materiais seriam felizes, Já, pelo contrário, as pessoas com escassez de bens materiais, seriam pobres das duas maneiras, nos bens e na (in)felicidade.
       A experiência diz-nos, com efeito, que há muitas pessoas que não têm grandes riquezas materiais e são felizes, generosas, simpáticas, de bem com a vida. Ao invés, há pessoas a quem não falta nada, materialmente falando mas que estão sempre mal com a vida e com os outros. Pelo meio, há ricos, cuja generosidade e desprendimento, que se permitem ser felizes, de bem com a vida. E há pobres que tudo fariam para destruir os que têm mais, não para partilhar, mas para ocupar os seus lugares, para viverem na opulência.
       Por outro lado, a experiência mostra-nos que muitas pessoas gastam o tempo todo em trabalho e preocupações, esquecendo-se de apreciar a vida, valorizar os momentos em família, o contacto com amigos, a usufruir positivamente dos investimentos. No final, quantas pessoas que acumularam uma riqueza considerável, mas agora que têm dinheiro e bens ou não têm saúde ou não têm ninguém, por vezes até os filhos debandaram!

       3 - Neste concreto, as leituras deste domingo são demasiado claras e provocadoras. Na primeira leitura, ouvimos o desabafo em jeito de desafio: "Vaidade das vaidades – diz Coelet – vaidade das vaidades: tudo é vaidade. Quem trabalhou com sabedoria, ciência e êxito, tem de deixar tudo a outro que nada fez. Também isto é vaidade e grande desgraça. Mas então, que aproveita ao homem todo o seu trabalho e a ânsia com que se afadigou debaixo do sol?"
       O autor parece desiludido perante a vida, todos têm a mesma sorte, tenham ou não trabalhado com justiça e sabedoria. Mas no final, o autor há-de concluir que tudo é vaidade se for feito e vivido à margem de Deus. Tudo pode ter sentido, se nos orientar para o bem, para Deus.
       É também essa a dinâmica expressa por São Paulo, nesta interpelação: "Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. Porque vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus... fazei morrer o que em vós é terreno".
       A prioridade há-de ser os valores do reino: a justiça, a verdade, o perdão, a caridade, a partilha solidária, o bem, a atenção aos mais necessitados, a reabilitação dos marginalizados.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Co (Ecle) 1,2; 2,21-23; Col 3,1-5.9-11; Lc 12,13-21

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