Jesus está a afastar-se de casa. Como tantos, talvez como todos os progenitores, Maria e José sentem que, afinal, os filhos não são seus, mas pertencem a Deus, ao mundo, à sua missão, aos seus amores, à sua vocação, aos seus sonhos e, até, às suas limitações...
Maria e José são óptimos pais e, contudo, não compreendem o filho; até são profetas, visitados pelos anjos, mas não compreendem o que acontece em sua própria casa. Nem sequer os santos compreendem os santos...
Nem a melhor das famílias está isenta da incompreensão mútua.
Mas há uma diferença: eles vão juntos a Jerusalém, regressam juntos a Nazaré e juntos procuram o filho. Juntos. Este gesto cada vez mais raro para estas família, onde cada um vive o seu caminhos, as suas metas, os seus segredos; onde não se faz quase nada juntos, muito menos as coisas do Pai.
E mais uma diferença. Maria pergunta: «Porque nos fizeste isto?» Inicia um diálogo, mas um diálogo sereno, sem ressentimentos, sem acusações, que sabe interrogar e escutar, e até sabe acolher uma resposta incompreensível....
ERMES RONCHI, As casas de Maria
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