sábado, 24 de novembro de 2012

Solenidade de Cristo Rei - ano B - 25 de novembro

XXXIV Domingo do Tempo Comum - ano B

       1 – Última etapa da peregrinação de Jesus. O Seu CAMINHO leva-O à Cruz e logo à Ressurreição. Chegou a Jerusalém, acompanhado com os seus discípulos e muitas pessoas que O seguiram desde a Galileia. Pessoas que O seguem de todo o coração. Pessoas que vão no grupo, fazendo o que outros fazem. Pessoas que, por curiosidade, O acompanham para ver o que acontecerá pela festa da Páscoa e para ver a atitude das autoridades do templo e da religião para com Ele.
       Entretanto, o Evangelho que nos é proposto, encerrando o ano litúrgico com a Solenidade de Cristo Rei, reconhecendo a soberania de Deus sobre a história, o mundo, o tempo, coroa a postura de Jesus Cristo, como temos visto nos domingos precedentes: Ele vem para servir, para dar a vida por todos, para enfrentar, por amor, o mundo inteiro, levando até à última gota a oferenda por nós.
       A realeza expectável por parte dos discípulos, e de muitos dos ouvintes de Jesus, seria imposta pelo poder revolucionário, com um forte exército, ajudado com o poder de Deus, com a violência levada aos extremos, se necessário, substituindo os que se encontram no poder pelos seguidores mais fiéis, os Apóstolos, que temos visto a discutir a ver qual será o mais favorecido.
       A pergunta do poder instituído – «Tu és o Rei dos Judeus?» –, assume o que se diz no meio do povo, e o que se esperava: que o Messias-Rei libertasse o povo do jugo romano.
       Jesus, de forma inequívoca esclarece as dúvidas: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui».
       O diálogo prossegue e Jesus clarifica a Sua missão: «Sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
       2 – O discípulo de Jesus não tem outra escolha que não seja AMAR e SERVIR: amar servindo, servir amando. Incluem-se todos os outros valores do evangelho: amizade, ternura, partilha, comunhão, vida nova, verdade, paz, liberdade, justiça, felicidade. Amar e servir, dois verbos, duas palavras, uma escolha de vida, seguimento do Mestre. É o serviço e o amor que nos torna discípulos de Jesus. Como diria santo Agostinho, “quem não vive para servir, não serve para viver”.
       Com efeito, Ele é glorificado pela entrega, pelo amor levado às últimas consequências, elevado até à eternidade de Deus.
“Jesus Cristo é a Testemunha fiel, o Primogénito dos mortos, o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama e pelo seu sangue nos libertou do pecado e fez de nós um reino de sacerdotes para Deus seu Pai, a Ele a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Ámen. Ei-l’O que vem entre as nuvens, e todos os olhos O verão, mesmo aqueles que O trespassaram; e por sua causa hão de lamentar-se todas as tribos da terra. Sim. Ámen. «Eu sou o Alfa e o Ómega», diz o Senhor Deus, «Aquele que é, que era e que há de vir, o Senhor do Universo».
       É o Senhor do Universo pela Omnipotência e sobretudo pelo AMOR a favor da humanidade. É o amor que gera a vida. Somos o transbordar do amor de Deus. Ele não nos larga, não nos deixa ao abandono, entregues ao pecado, à nossa fragilidade e finitude. Criou-nos livres, mas não cessa de vir até nós, como Pai/Mãe desafiando-nos a uma vida abundante e feliz.
       3 – Vivemos tempos conturbados. Não basta o que vemos à nossa volta, em nossa casa, ou em nós, ainda somos bombardeados com doses industriais de informações pejadas de violência e sofrimento extremo, que atravessa todas as idades, todas as cidades, com todo o tipo de problemas, de crimes, de abusos, de miséria, de conflito, nas famílias, em grupos rivais, em países inteiros, destruídos por décadas de conflito armado, guerras que não terminam mais.
       De tanta desgraça vermos, às tantas tornamo-nos insensíveis ao sofrimento alheio. Ou ficamos doentes, depressivos, desanimando, querendo que venha alguém para resolver. Olhando para a história, não é nada de novo. Sempre houve momentos de grande convulsão. Nessas ocasiões, surgiram profetas, pessoas com a capacidade de mobilizar e rasgar os céus à esperança.
       Na primeira leitura, Daniel, numa toada profética, apocalíptica, desperta todo o povo para a certeza de que Deus nunca abandona aqueles que criou por amor:
“Contemplava eu as visões da noite, quando, sobre as nuvens do céu, veio alguém semelhante a um filho do homem. Dirigiu-Se para o Ancião venerável e conduziram-no à sua presença. Foi-lhe entregue o poder, a honra e a realeza, e todos os povos, nações e línguas O serviram. O seu poder é eterno, não passará jamais, e o seu reino não será destruído”.
       A realeza de Deus é a garantia do nosso futuro e da nossa vida. Ele não nos larga à nossa sorte. Ele virá. Ele vem em nosso auxílio. Desengane-se, uma vez mais, quem pensar que a fé e a esperança em Deus nos desmobilizam. Pelo contrário, fique bem claro, somos responsáveis uns pelos outros, desde sempre, e pelo mundo, como casa comum. Olhar a história a partir da realeza de Deus, a partir do FIM, compromete-nos com o entretanto, com a VIDA a construir, com o mundo a edificar, para vivermos como irmãos, sentindo-nos em casa, sendo a casa uns dos outros.
       Importa apressar o futuro, não cronologicamente, mas em qualidade de vida. Para quem está bem consigo, com os outros, com o mundo e com Deus, o tempo passa a correr. Façamos com que o tempo tenha a pressa da caridade e do perdão, nos aproxime de Deus e dos outros. Não deixemos para amanhã ou para outros a transformação do mundo que habitamos.


Textos para a Eucaristia (ano B): Dan 7, 13-14; Ap 1, 5-8; Jo 18, 33b-37.

Sem comentários:

Enviar um comentário