Aproximaram-se de Jesus alguns fariseus para O porem à prova e
disseram-Lhe: «É permitido ao homem repudiar a sua esposa por qualquer
motivo?». Jesus respondeu: «Não lestes que o Criador, no princípio, os fez homem e mulher e disse: ‘Por isso o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa e serão os dois uma só carne?’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Eles objectaram: «Porque ordenou então Moisés que se desse um certificado de divórcio para se repudiar a mulher?». Jesus respondeu-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos permitiu repudiar as vossas mulheres. Mas no princípio não foi assim»(Mt 19, 3-12).
Um tema recorrente na atualidade, mas presente ao longo da história da humanidade é o da relação entre o homem e a mulher e a vivência na exclusividade. Muitas culturas assumem-se poligâmicas. O judaísmo contemplava a relação poligâmica. Veja-se por exemplo o caso do Rei David, que poderia ter mais que uma mulher. Ainda assim com o dever de protecção/pertença. David, no plano moral, tem uma atitude que se lhe condena, o facto de desejar a mulher do próximo, sabendo que não podia desposar tal mulher por esta já ser mulher de Urias. A solução foi arranjar forma de matar Urias para depois tomar a sua mulher.
No entanto, o judaísmo vai, pouco a pouco, refletindo sobre a relação monogâmica, como correspondendo ao amor exclusivo de Deus para com o seu Povo. Mas numa e noutra situação, a separação, o repúdio (neste caso do homem em relação à mulher), só em casos muito excepcionais. E ainda assim, ao repudiar a mulher, Moisés exigia que os maridos lhes dessem certificados de divórcio para que a mulher pudesse refazer a vida, sem correr o risco de ser apedrejada.
Na reflexão do Evangelho, Jesus acentua uma vivência anterior em que prevalecia o amor e a união. A dureza do coração é que levou as pessoas à ruptura. Deus criou-nos para vivermos em família, não apenas a união de um homem e de uma mulher, mas também de toda a humanidade. A nossa fragilidade impede-nos de ver mais longe, e para além das limitações alheias, mas o caminho que nos salva é o caminho do amor, do perdão, da unidade.
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