RANIERO CANTALAMESSA (2017). Para que nada se perca. Novos pensamentos sobre o Concílio Vaticano II. Lisboa: Paulus Editora. 128 páginas.
Raniero Cantalamessa é o Pregador oficial da Casa Pontifícia, há mais de 30 anos, desde 1980. Nos tempos fortes do Advento e da Quaresma, é ele quem, habitualmente, orienta os retiros do Papa, dos Cardeais e de outros signatários da Cúria vaticana. Cantalamessa, italiano, nascido a 22 de julho de 1934, é frade franciscano capuchinho.
No 50.º aniversário do Encerramento do Concílio Ecuménico Vaticano II, o autor teve a ideia de refletir sobre o mesmo nos retiros seguintes a realizar na Casa Pontifícia, Advento (2015) e Quaresma (2016). Muito já se refletiu sobre o Vaticano, Cantalamessa procurou abordar os principais documentos, as quatro Constituições: Lumen Gentium, sobre a Igreja; Sacrosanctum Concilium, sobre a Liturgia; Dei Verbum, sobre a Palavra de Deus, e Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo, refletindo também sobre o Decreto sobre o Ecumenismo, Unitatis redintegratio.
A reflexão proposta visa uma dinâmica sobretudo espiritual dos documentos, acentuando os compromissos dos cristãos e da Igreja já em andamento ou ainda a cumprir, desafiando-nos de novo a debruçar-nos sobre a riqueza do Concílio e dos documentos gerados para bem da Igreja e do compromisso dos cristãos para este tempo da história, deixando que o Espírito Santo continue a a inspirar-nos para acolhermos e transparecermos Jesus Cristo e assim nos assumirmos, em definitivo, filhos do mesmo Pai.
É um saboroso contributo para viver a fé na e com a Igreja, Corpo de Cristo, do qual somos membros, povo de Deus convocado pela palavra e pela caridade. Fica mais perto de nós o sopro do Espírito Santo que inspirou os Padres conciliares do Vaticano II.
Algumas frases sugestivas proferidas pelo autor e agora passadas a livro:
É um saboroso contributo para viver a fé na e com a Igreja, Corpo de Cristo, do qual somos membros, povo de Deus convocado pela palavra e pela caridade. Fica mais perto de nós o sopro do Espírito Santo que inspirou os Padres conciliares do Vaticano II.
Algumas frases sugestivas proferidas pelo autor e agora passadas a livro:
Mérito do então Cardeal Ratzinger ao ter realçado a relação intrínseca entre as duas imagens: «A Igreja é Corpo de Cristo porque é Esposa de Cristo... Corpo de Cristo que é Igreja com o Corpo de Cristo que é a Eucaristia... Sem a Igreja e sem a Eucaristia, Cristo não teria "corpo" no mundo».
«O que conta não é o lugar que ocupo na Igreja, mas o lugar que Cristo ocupa no meu coração!».
«Se a Igreja é o corpo de Cristo, a adesão pessoal a Ele é o único modo de começar, existencialmente, a fazer parte dela».
«Jesus já não é uma personagem, mas uma pessoa; já não é alguém de quem se fala, mas alguém a quem e com quem se pode falar, porque ressuscitado e vivo; já não é apenas uma memória, por mais liturgicamente viva e operante, mas uma presença... A fecundidade da Igreja depende do seu amor a Cristo».
«Não nos salvamos pelas boas obras, mas não nos salvamos sem as boas obras... A criança não pode fazer absolutamente nada para ser concebida no ventre da mãe, precisa do amor de dois progenitores... no entanto, depois de ter nascido, tem de acionar os seus pulmões para respeirar e mamar; em suma tem de fazer alguma coisa, senão a vida que recebeu acabará... a fé sem as obras morre».
«O contrário de santo não é pecador, mas fracassado».
Madre Teresa de Calcutá: «A santidade não é um luxo, é uma necessidade».
«É sobretudo quando a oração se torna cansaço e luta que se descobre toda a importância do Espírito Santo para a nossa vida de oração. Então o Espírito Santo torna-se a força da nossa oração 'débil', a luz da nossa oração extinta; numa palavra, a alma da nossa oração. Na verdade, Ele 'irriga o que é árido'... O fosso que existe entre nós e o Jesus da história é preenchido pelo Espírito Santo. Sem Ele, na liturgia tudo é apenas memória; com Ele, tudo também é presença».
Santo Inácio de Antioquia: «Que nada se faça sem o teu consentimento; mas tu não faças naa se o consentimento de Deus».
«Não há missão, nem envio, sem uma prévia saída. Falamos frequentemente de uma Igreja 'em saída'. Mas devemos dar-nos conta de que a primeira porta que temos de sair não é da Igreja,da comunidade, das instituições ou das sacristias; é a do nosso 'eu'. O Papa Francisco explicou-o muito bem em determinada ocasião: 'Estar em saída - dizia - significa antes de tudo sair do centro para deixar no centro o lugar a Deus'».
«Antes de ferir os ouvintes, a palavra deve ferir o anunciador, mostrar-lhe o seu pecado e impeli-lo à conversão».
«Quanto mais aumenta o volume da atividade, tanto mais deve aumentar o volume da oração».
«A palavra não faltará, certamente, porque, ao contrário, quanto menos se ora, mais se fala, mas são palavras ocas, que não chegam a ninguém».
«O Evangelho do amor só se pode anunciar por amor. Se não nos esforçarmos por amar as pessoas que temos diante de nós, as palavras transformam-se-nos facilmente nas mãos em pedras que ferem e das quais nos protegemos como nos protegemos de uma saraivada».«É preciso amar Jesus, porque só quem está apaixonado por Jesus pode proclamá-l'O ao mundo com íntima convicção. Só se fala com entusiasmo daquilo por que se está apaixonado. Quando, no anunciador, existe o amor também existe a alegria, o que é o fator determinante para o sucesso do anúncio».
«Abrir-se ao outro sexo é o primeiro passo para se abrir ao outro que é o próximo, até ao Outro com maiúscula que é Deus. O matrimónio nasce no sinal da humildade; é o reconhecimento de dependência e, portanto, da própria condição de criatura. Apaixonar-se por uma mulher ou por um homem é fazer o ato mais radical de humildade. É fazer-se mendigo e dizer ao outro: 'Não e basto a mim mesmo, preciso do teu ser'... Diante de Deus, podemos dizer que a sexualidade humana é a primeira escola de religião».
«O predomínio do homem sobre a mulher faz parte do pecado do homem, não do projeto de Deus».
«Deus é amor e o amor exige comunhão, permuta interpessoal; requer que haja um 'eu' e um 'tu'. Não há amor que não seja amor por alguém; onde só há um sujeito não pode haver amor, mas apenas egoísmo ou narcisismo. Onde Deus é concebido como Lei ou como Poder absoluto não há necessidade de uma pluralidade de pessoas... O Deus revelado por Jesus Cristo é amor, é único e só, mas não é solitário; é uno e trino...».
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