“O tempo é o único bem totalmente irrecuperável. Recupera-se uma posição, um exército e até um país, mas o tempo perdido, jamais”.
Napoleão Bonaparte
O ritmo alucinante em que se desenrola a nossa vida actualmente faz com que “o tempo” se torne como um dos bens mais preciosos. A nossa vida transforma-se muitas vezes numa luta feroz contra o tempo que nos parece escapar das mãos como areia movediça. A nossa vida tornou-se, em muitas circunstâncias, escrava do tempo.
Este facto traz consigo inúmeras consequências quer ao nível pessoal, quer para a sociedade em geral. Sentimo-nos muitas vezes profundamente divididos - por um lado sentimo-nos comprometidos a aproveitar bem o tempo e a administrar da melhor forma um conjunto de oportunidades que nos são dadas; por outro lado sentimos que nos falta tempo para realizar coisas essenciais e nem sempre somos capazes de gerir bem as opções que se nos deparam. É aqui que se joga tantas vezes o sentido da vida e da nossa realização pessoal - saber distinguir o essencial do acessório é o segredo duma vida realizada e feliz.
Impõe-se por isso a grande questão: que fizeste do tempo? Da resposta a esta pergunta depende a nossa qualidade de vida. Podemos distinguir vários tempos entre os quais a nossa vida se desenrola: tempo para Deus, tempo para mim, tempo para os outros, tempo para as coisas. Todos eles são importantes, mas, dependendo da hierarquia que nós fizermos deles, assim definimos as prioridades da nossa vida e, consequentemente, o maior ou menor sentido da nossa realização.
Em primeiro lugar devemos estabelecer o tempo para Deus. É Ele que nos dá todo o tempo, é a Ele que nós devemos oferecer o nosso tempo - quando rezamos ou trabalhamos, quando descansamos ou nos divertimos, quando estudamos ou convivemos, tudo são oportunidades imperdíveis de louvar o Senhor de todas as coisas. Quando ouvimos dizer às pessoas que não têm tempo para rezar, então é sinal que o Senhor do tempo fica fora do nosso tempo. Que ingratidão!
Muito importante é também o tempo para mim. É necessário que eu prescinda do ritmo rotineiro da vida que me projecta constantemente para o exterior para poder mergulhar dentro de mim e pensar a minha vida. Fazer projectos, avaliar resultados, redefinir caminhos… são condições essenciais para que a minha qualidade de vida melhore. Às vezes limitamo-nos a ser escravos do tempo em vez de sermos administradores do tempo, porque nos falta encontrar este momento especial de encontro connosco próprios.
O tempo para os outros deve ser resultado do reconhecimento óbvio da nossa condição de seres humanos que vivem em sociedade e em família. Não vivemos isolados, dependemos uns dos outros e temos necessidade de dar de nós o melhor em reconhecimento pelo muito que recebemos dos outros e dessa grande herança que nos foi legada ainda antes de nós o merecermos. Dar tempo aos outros fazendo da vida uma missão de serviço, administrar a vida sempre com o sentido de quem põe ao serviço do bem comum o melhor que há em si, dá-nos uma sensação de paz, de dever cumprido, de realização. “Dar de si, antes de pensar em si” - este lema rotário lembra-nos a necessidade de focalizarmos o objectivo nos outros em vez de o focalizarmos em nós, desprende-nos do nosso egoísmo e torna-nos pessoas melhores. “Há mais alegria em dar do que em receber”, diz Jesus.
Finalmente o tempo para as coisas. Também é importante dedicar tempo às coisas de que gostamos. Ter tempo para apreciar a natureza e cultivar um jardim ou uma horta, ter tempo para o lazer e o desporto, ter tempo para a aventura e o descanso, ter tempo para cuidar da casa e da sua imagem, etc. Tudo é importante na vida quando realizado com amor e há pequenos pormenores nas nossas ocupações que fazem grandes diferenças. O que marca essa diferença é sempre o objectivo que nos move em cada realização.
Administrar bem o tempo é, pois, o grande desafio que se coloca diante de nós. Um dia, quando comparecermos diante do Senhor do tempo, Ele nos perguntará: que fizeste do Meu tempo? A resposta a esta pergunta deparar-se-á diante de nós em ecrã gigante e a verdade das nossas prioridades definirá a assertividade ou não da nossa vida. De uma coisa podemos estar certos - não teremos nova oportunidade para viver o que foi vivido. O tempo é coisa tão rara quanto preciosa, não nos podemos permitir desperdiçar as oportunidades que nos foram dadas com amor.
Quando o nosso tempo coincidir com o tempo de Deus, então seremos plenamente felizes, mas esse momento deixará de chamar-se tempo e será eternidade!
Pe. José Augusto
Amém! Belíssimo texto.
ResponderEliminarAtualmente observamos muitas pessoas deprimidas, com crise do pânico, enfim, presas no cárcere de suas emoções.
O mundo oprime as pessoas e as deixam angustiadas. Não tem tempo para comer e dormir direito, para ficar com sua família e muito menos para ouvir sua voz interior.
Não se permitem conhecer a si mesmas.
Temos que ter consciência que Tudo vem no tempo de DEUS. De nada adianta angustiar-se e atropelar o caminho, se não os seus planos não forem os mesmos de Deus em sua vidas.